domingo, 24 de outubro de 2010

Do que se alimenta Felipão


Trabalhar durante a semana de um Corinthians e Palmeiras exige muito dos treinadores. O ambiente deve ser muito bem preparado, entrevistas devem ser contidas e os jogadores devem ser mais motivados. Nos treinamentos, todos os detalhes da marcação são definidos, a bola parada é cercada de cuidados e é fundamental tentar dificultar as informações que o adversário vai receber. Ninguém no futebol brasileiro, quiçá mundial, domina tão bem esses dias quanto Felipão.

O bom e velho Luiz Felipe Scolari, terceiro colocado do returno do Brasileiro e em voo tranquilo na Copa Sul-Americana, reapareceu definitivamente nesta semana. Anunciou que Valdívia estava fora do clássico, mas já na quarta-feira surpreendeu a todos por colocá-lo em campo contra o Universitário Sucre - o chileno sequer estava relacionado. Felipão ainda anunciou uma estranha contusão de Pierre, promoveu o jovem lateral Luís Felipe e disse que poderia lhe escalar e até considerou utilizar o meia-atacante Patrick nesta função.

Felipão, que naturalmente fechou os treinamentos de sexta e sábado, ainda utilizou artimanha que deve ter deixado Tite de orelha em pé. Márcio Araújo estava suspenso por terceiro cartão amarelo, mas o treinador e o Palmeiras solicitaram à CBF que revisasse os cartões, já que desconfiam que o amarelo foi dado a Tinga. A resposta desse requerimento foi secreta, mas pode colocar Márcio no clássico.

O gaúcho de Passo Fundo é mestre nesse jogo psicológico e por isso, ao longo da carreira, obteve seus grandes resultados sempre em torneios de mata-mata, competições que no futebol brasileiro, não por acaso, foi dominada por técnicos gaúchos. Como não lembrar de quando
Felipão engessou a perna de Arce antes de Grêmio e Portuguesa? Ou das provocações a Edílson antes dos duelos com o Corinthians na Libertadores? Ou de quando divulgou o peso dos atletas para denunciar os gordinhos à imprensa?

O esforço de Felipão em tentar dificultar a corrida do Corinthians pelo título e a forma como ele vive o clássico dizem muito sobre o estágio de sua carreira. Ao contrário do que se imagina, não está de barriga cheia e, por mais que tenha se tornado mais contido nas entrevistas, ainda tem fome. Scolari costuma dizer que jogador bom é jogador com fome - ele também tem isso. E se alimenta de jogos como o dérbi deste domingo.

Matérias sobre o clássico no Terra:

- Saiba mais das ligações do corintiano Tite com o Palmeiras
- Conheça o "vira casaca" que virou aposta de Felipão
- Misterioso, Tite fala pouco e reserva 2 formações no Corinthians

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um sonho ludopédico

Havia acabado de chegar do trabalho. Lembro-me de correr mais de 500 metros alucinadamente para alcançar o portão de casa antes que o narrador desse as duas escalações. No meio do caminho, pude ouvir televisões em alto e bom som e o tema de encerramento da novela das oito anunciava que o jogo da seleção brasileira estava prestes a começar. As ruas estavam desertas, as pessoas dentro de casa como se o estado de sítio, dos tempos da ditadura, houvesse sido declarado. Se quisesse, acho até que eu poderia ter corrido nu. Passaria despercebido. Naquela noite, todos tinham um objetivo muito mais importante: ver Pelé em campo com a camisa amarelinha.

Já dentro de casa, lembro-me bem de ouvir o narrador anunciando a escalação brasileira. Em nosso ataque estavam Ganso, Neymar, Alexandre Pato e Pelé. O Maracanã, para receber a Argentina, estava repleto. Pintado em verde e amarelo. É final de Copa do Mundo, mais de 60 anos após o Maracanazo, e a legião de grandes craques fazia o Brasil todo sonhar com o hexa. Lembro-me de Mano Menezes. Na beira do gramado, já com a bola rolando, gritava enlouquecidamente com os jogadores. Sinal claro de que aquela noite era, de fato, especial.

A sensação de medo durou muito menos do que se poderia supor. Em só 30 minutos de bola, Pelé fez o que quis. Dois belos gols e um passe preciso para Neymar deixar o dele. Com o Rei em campo, jamais poderíamos perder o hexa. Deveria haver mais uma hora de partida até o apito final para minha alegria, mas ela se encerrou subitamente com um som que parecia alfinetar meus ouvidos. Era o despertador soando de forma alucinada. Eu estava convocado para outro dia de trabalho.

Os minutos se passavam, meu rosto já estava limpo, mas a perturbação ainda tomava conta. Me perguntava por que eu não podia ter o mesmo privilégio de tantos milhões e bilhões de mais velhos e antepassados. Por que, Deus, não era merecedor daquela honraria? Por alguns minutos, em minha consciência, vi o Rei do Futebol em campo. Ao vivo e até em cores. Será que o Senhor não poderia inventar uma máquina do tempo onde voltassemos ao passado? Será que, em algum momento, poderia me permitir ver Pelé em ação?

Tudo bem, o Senhor nos ofereceu a genialidade de Messi para resolver as coisas rapidamente em um curto espaço físico com beleza e precisão. Nos deu a conclusão perfeita de Romário. Conseguimos ver Ronaldo atropelar marcadores com uma força física combinada com uma técnica singular. O Senhor também nos deu a visão de jogo e a elegância de Zidane. Ora, devo lembrar, também a potência de Cristiano Ronaldo. A liderança e o exemplo de Maldini, a classe de Redondo, as bolas paradas de Zico. O giro de Drogba sobre os zagueiros, a impulsão e o cabeceio perfeito de Batistuta. A frieza de Bergkamp. Até a malícia de um uruguaio para se livrar de um marcador desleal.

Sinceramente, a quem me ouve, acho que trocaria todos eles por Pelé. Digo mais: por um só jogo de Pelé ao vivo. Ele foi todos esses em campo e, quem já pôde ver, tenho certeza, não se esqueceu. Em um cochilo rápido, achei ter realizado meu maior sonho ludopédico. Acordado, não tive dúvidas. Ainda me sinto incompleto.

O erro na avaliação sobre Ronaldinho Gaúcho




A dificuldade de Mano Menezes em encontrar uma alternativa para o lugar de Paulo Henrique Ganso fez ressurgir o nome de Ronaldinho Gaúcho para a seleção brasileira. O início de temporada do craque no Milan nem é tão empolgante assim, mas se cogitou vê-lo com a amarelinha graças ao tour do treinador pela Europa. O xis da questão é que, em duelos de alto nível, há tempos Ronaldinho não serve para a função que Ganso executou próximo da perfeição contra os Estados Unidos.

Diante do Real Madrid, Ronaldinho foi vítima de um time risível perto da força que José Mourinho já consegue tirar de sua equipe. Especialmente em valores individuais, o Milan de Storari, Abate, Bonera, Zambrotta e Gattuso não tem como competir com os grandes da Europa. Pior, para os rossoneri, foi condicionar toda a produção ofensiva à performance do meia-atacante brasileiro, espremido pela marcação competente de Khedira e Xabi Alonso.

É evidente que Ronaldinho pode ser bastante útil para a seleção brasileira, mas pensar nele como alternativa a Ganso é um erro. No DNA de jogo dele está a alcunha de atacante. Suas maiores virtudes são os dribles e as conclusões, embora seja também um ótimo garçom. O tempo também fez de Ronaldinho um atleta de poucos deslocamentos pelo campo. É incompreensível imaginá-lo formando um tripé com Lucas e Ramires para iniciar o jogo da seleção na defesa. Tampouco, como tenta Allegri no Milan, fazê-lo municiar por todo o tempo Ibrahimovic e Pato, dupla que pede um trequartista eficiente e não mais um ponteiro.

Os movimentos de Ronaldinho estão todos condicionados à faixa esquerda do campo. Os dribles são diferentes, a movimentação e a visão periférica são outras, as obrigações são completamentes distintas e o acabamento que se dá às jogadas também. A marcação que se recebe na faixa central, aliás, é muito mais forte, e a velocidade de raciocínio precisa ser instantânea. São códigos de jogo que Ronaldinho não tem e é possível que nunca tenha tido.

Claro, alguém dirá que ele é um craque e craques se adaptam a outras funções. Roni, porém, dificilmente atuará a 100% como um armador: seja no 4-2-3-1 do Brasil, seja no 4-3-1-2 do Milan. Esperto e minucioso, Mano Menezes deve ter percebido isso no Bernabéu. Sensato, sabe que o fracasso rossonero contra o Real não foi culpa de Ronaldinho. Seu talento é quase único e não pode ser descartado. Deve ser aproveitado naquilo que melhor pode oferecer.


Aqui, o posicionamento tático de Ronaldinho. A imagem é do blog Olho Tático do amigo André Rocha no Globoesporte.com

domingo, 17 de outubro de 2010

Os vacilos dos líderes equilibram a tabela a oito jogos do fim


Derrota do Cruzeiro, empates de Fluminense e Corinthians e derrota do Santos. A rodada de número 30 do Brasileirão foi mais uma recente em que os times da frente não conseguiram vencer, o que vai provocando uma aproximação maior entre o G-3 e os ocupantes do meio de tabela. No ano passado, a distância entre o eventual campeão, Flamengo, e o então líder, Palmeiras, era de seis pontos. Exatamente a que os santistas, aparentemente os últimos que podem pensar em título veem para os cruzeirenses hoje. Mas será que o Grêmio, a oito da ponta, não deve sonhar também?

O Corinthians, nas sete jornadas recentes, fez só 3. E ainda perdeu um jogo atrasado. O Fluminense, de tabela dura, só somou 2 dos 12 pontos que disputou, e caiu em confrontos diretos com Santos e Cruzeiro. O Botafogo, pasme, empatou os últimos oito jogos. O Internacional, em condições normais o melhor time do Brasil, somou três dos 12 recentes. Tudo isso faz a tabela ficar com os times mais próximos do que na rodada 22.

Se considerarmos as últimas nove rodadas desde então, pouco menos de 25% do Campeonato Brasileiro, os gremistas é quem têm o melhor aproveitamento: 20 de 27 pontos disputados. O incrível Atlético-PR e o Palmeiras de Felipão fizeram 18. O Cruzeiro teve 17 e virou líder. O São Paulo venceu todos os jogos com Carpegiani e já aparece no retrovisor dos primeiros com 15 nesse período.

É importante notar que um novo campeonato começa a partir de agora, já que serão só oito jogos em sete semanas. Fluminense e Corinthians devem novamente ter times mais inteiros e as equipes de Muricy Ramalho, particularmente, sempre crescem nessa parte da competição. Tite, bom de treino, poderá arrumar o onze titular corintiano. Com o elenco fisicamente melhor, também o ultra motivado Grêmio pode jogar com ainda mais intensidade. O Cruzeiro de Cuca, muito centrado em Montillo e com vitórias apertadas, deve precisar de um salto de qualidade para manter a ponta.

Com partidas mais distantes uma das outras, a tendência é que os times mais fortes voltem a se impor mais uma vez. Mas em um país onde a diferença entre as equipes não é realmente tão grande, até o Grêmio, a oito pontos do Cruzeiro, pode sonhar. Até porque, em confronto direto, venceu o rival com ótima atuação - e uma arbitragem trágica de Paulo César de Oliveira.

Nesta rodada em particular, deve ser citado também o bom retorno de Ronaldo, acima da expectativa que era baixa, e uma razoável melhora de um ainda esfacelado Corinthians. Flu e Botafogo fizeram clássico movimentado e sem gols, diferente de Santos e São Paulo: o time de Marcelo Martelotte falhou no salto que precisava, já que chegaria à terceira posição, e Carpegiani faz Ricardo Oliveira e Dagoberto se afinarem muito bem. O Atlético-MG conta as horas para deixar a zona de rebaixamento e caminha sem Luxemburgo, que dá nova vida ao Flamengo. Que campeonato imprevisível!

A classificação do Brasileiro nas últimas nove rodadas*

1) Grêmio - 20
2) Atlético-PR - 18
3) Palmeiras - 18
4) Cruzeiro - 17
5) São Paulo - 16
6) Fluminense - 15
7) Internacional - 15
8) Santos - 14
9) Flamengo - 14
10) Corinthians - 12
11) Atlético-GO - 12
12) Goiás - 11
13) Vasco - 10
14) Ceará - 10
15) Vitória - 10
16) Atlético-MG - 10
17) Botafogo - 8
18) Avaí - 7
19) Guarani - 5
20) Grêmio Prudente - 4

* Não conta os jogos atrasados do último meio de semana

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O processo eleitoral no meio do Brasileirão do Flu


Fluminense e Cruzeiro, e quem sabe também Corinthians e Santos, devem chegar às últimas rodadas do Campeonato Brasileiro em disputa feroz pelo título. Nas Laranjeiras, isolar o elenco de um processo eleitoral que se anuncia bastante problemático será uma das grandes missões de Muricy Ramalho. O pleito, provavelmente entre Julio Bueno, apoiado por Roberto Horcades, e Peter Siemsen, apoiado pela Unimed, será apertadíssimo.

Para se ter uma ideia do clima: o presidente Horcades só precisa escolher o dia da votação com duas semanas de antecedência, desde que seja na segunda quinzena de novembro. Por isso, até aqui vem segurando a definição, o que para a chapa de Peter Siemsen é considerado uma afronta, já que uma parte razoável de seus eleitores estão espalhados pelo Brasil. Marcar o pleito em cima da hora significa atrapalhar a agenda de quem prefere Peter.

No Internacional, que passará por processo semelhante ainda em 2010, a derrocada do Grêmio no Campeonato Brasileiro é lembrada para que cuidados sejam tomados. Naquele ano, a política gremista, bastante ferrenha, chegou ao vestiário de Celso Roth. Blindar o elenco do Fluminense e evitar problemas do tipo será a maior tarefa de Muricy.

No cenário político das Laranjeiras, aliás, afastar o time de problemas é algo cotidiano. Salários de jogadores pagos pelo clube atrasam, as condições de trabalho são deficitárias e até os rendimentos de funcionários e contas básicas, como energia elétrica e água, exigem que o treinador seja equilibrista. A experiência nesse tipo de situação é ponto favorável ao Flu.

O racha, aliás, se configura. Peter Siemsen (na foto com Celso Barros) é apoiado pela Unimed, exausta dos desmandos e erros estratégicos da atual gestão, e disposta a ampliar os investimentos caso Julio Bueno não vença o pleito. Julio não se diz aliado do atual presidente e sua chapa de chama Transforma, mas tem o voto dele e de pessoas que pertecem ao mesmo grupo, como os ex-mandatários Fischel e Horta.

Um cenário político para lá de complicado e uma potencial vantagem para corintianos, santistas e, especialmente para o agora líder Cruzeiro.

PS.: Entrevista com Peter no Terra, leia aqui . Em breve, também teremos entrevista com Julio Bueno.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A interinidade no futebol brasileiro



Fábio Carille fará sua estreia como treinador do Corinthians na quarta-feira, contra o Vasco, com a perspectiva real de dirigir a equipe nos 10 jogos que restam no Campeonato Brasileiro. Se não houver acordo com Carlos Alberto Parreira e a equipe voltar a conquistar os pontos que deve, Carille fica até que se encontre um nome forte para o próximo ano.

No Parque São Jorge, o interino é visto como alguém com ideias próximas às de Mano Menezes no que diz respeito ao futebol. Gosta de equipes organizadas na defesa e que se posicionem bem em campo - um alento para quem vinha traumatizado com Adílson. Carille começou como auxiliar do Barueri, fez estágio no Corinthians e acabou convidado por Mano, em março de 2009, para continuar. Atuava em conjunto com Sidnei Lobo e Mauro próximo ao ex-treinador.

Em um clube onde claramente o elenco tem mais poder que o normal - e quase sempre faz bom uso dele, é verdade - um interino muitas vezes tende a funcionar. Se Carille ganhar o vestiário e não cometer erros, cresce no Parque São Jorge a chance de permanecer neste ano. Em que pesem as experiências infelizes com Zé Augusto e Ademar Braga nos anos passados.

É importante notar a força que esse tipo de atitude vem ganhando no Brasil. Deixar um interino por algum tempo traz efeitos positivos: se ganha tempo para tentar acertar no próximo treinador, o ambiente sempre melhora e o próprio tampão evolui profissionalmente. As experiências adquiridas por nomes como Martelotte e Sérgio Baresi, é bem possível, irão se refletir no futuro. Especialmente porque continuam como funcionários de seus clubes e constroem um lastro para saltar de função na hora correta.

O ponto negativo é que a prática denota a exaustiva troca de treinadores no futebol brasileiro, o que sempre impede progressos esportivos e administrativos. De 20 clubes da elite, só quatro não foram dirigidos por interinos em ao menos um jogo neste ano: Cruzeiro, Grêmio, Atlético-MG e Vitória, se não considerarmos Ricardo Silva um deles.

TODOS OS TIPOS DE INTERINO QUE PASSARAM PELA ELITE EM 2010:

Wladimir Araújo (Goiás) - 3 jogos - 2 empates e 1 derrota
Coutinho (Atlético-GO) - 1 jogo - 1 vitória
Reinaldo Gueldini (Atlético-GO) - 1 jogo - 1 empate
Dimas (Ceará) - 9 jogos - 3 vitórias, 4 empates e 2 derrotas
Edson Neguinho (Avaí) - 6 jogos - 1 vitória, 3 empates e 2 derrotas
Leandro Niehues (CAP) - 18 jogos - 8 vitórias, 4 empates e 6 derrotas
Enderson Moreira (Inter) - 3 jogos - 1 vitória, 1 empate e 1 derrota
Waguinho (Guarani) - 2 jogos - 1 vitória, 1 derrota
Márcio Barros (Prudente) - 2 jogos - 2 derrotas
Fábio Giuntini (Prudente) - 4 jogos - 1 vitória, 1 empate e 2 derrotas
Gaúcho (Vasco) - 10 jogos - 6 vitórias, 1 empate e 3 derrotas
Rogério Lourenço (Fla) - 20 jogos - 7 vitórias, 6 empates e 7 derrotas
Toninho Barroso (Fla) - 1 jogo - 1 derrota
Mário Marques (Flu) - 1 jogo - 1 vitória
Jair Ventura (Botafogo) - 1 jogo - 1 vitória
Parraga (Palmeiras) - 5 jogos - 1 vitória, 2 empates e 2 derrotas
Martelotte (Santos) - 6 jogos - 3 vitórias, 1 empate e 2 derrotas
Sérgio Baresi (SPFC) - 14 jogos - 5 vitórias, 3 empates e 6 derrotas