quinta-feira, 8 de março de 2012

O melhor Santos com Muricy e o Inter amarrado


Nos grandes jogos, provavelmente o Santos de Muricy Ramalho jamais havia tido o volume ofensivo, a intensidade e o brilho que mostrou diante do Internacional. A vitória na Vila Belmiro - que quase ninguém viu pela televisão por conta da Fox Sports e as operadores - mostrou uma equipe santista contundente, uma clara imposição de estilo que encaixotou a equipe colorada à defesa e fez surgir o cenário ideal para Neymar dar seu show. E que show.

As análises pós-jogo, lamentavelmente, mais uma vez ficaram no mesmo campo. "O Santos ganhou porque foi mais ofensivo e o Inter sucumbiu porque Dorival teve medo e jogou com três volantes". Uma contradição, já que a equipe santista foi formada com Henrique na contenção e Ibson e Arouca na infiltração à frente com Ganso na armação e quase sempre atrás dos 30 metros finais. Não foi um meio-campo cheio de homens ofensivos.

Muricy não venceu porque colocou mais atacantes, o que muitas vezes se imagina ser a receita para a vitória - prova o Barcelona que não é. O Santos ganhou porque teve defesa bem posicionada, marcação forte no meio para prender o adversário atrás do meio-campo e dinâmica para envolver sempre que ultrapassou a intermediária ofensiva e se aproximou da área. O Corinthians de Tite só não brilha tanto pela dificuldade técnica de seus homens de frente, mas domina o meio dessa mesma maneira.

Os grandes jogos de futebol, como Santos x Inter e praticamente todos da Libertadores, não se decidem só lá dentro da área. Dados do Footstats mostram que 58% dos passes do Corinthians contra o Nacional, por exemplo, ocorreram entre as duas intermediárias. Exatamente o dobro de passes trocados no último terço do campo. As finalizações são consequência de quem trabalha melhor e avança com consistência, time agrupado e tem inteligência para decidir.

D'Alessandro, depois do jogo na Vila, admitiu dificuldade para transpor a marcação. "Sempre tinha um em cima de mim", disse. Eram, quase sempre, Fucile, Henrique e Ibson. O Inter, do lento Bolatti, do descontrolado Élton e de um Guiñazu sem ritmo, perdeu principalmente pela facilidade como foi dominado nesse setor. Não porque jogou com três volantes e não três atacantes.

Foto: Ricardo Saibun - Santos FC