quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Willian Tornado, um furacão


Uma cabeleira como há muito tempo não se via por aqui. Mas principalmente um futebol moderno e desequilibrante como há muito tempo um jogador brasileiro não demonstrava em grandes jogos da Liga dos Campeões. As referências são a Willian Borges da Silva, o ex-corintiano que teve atuações impecáveis em ambos os jogos entre seu Shakhtar Donetsk e o Chelsea, o último deles na quarta-feira. 

É visível e impressionante a evolução de Willian desde que deixou o Corinthians como a maior venda da história do clube por quase 20 milhões de dólares em 2007. Enquanto o time corintiano de início promissor se desmoronava rumo ao rebaixamento após sua saída para a Ucrânia, Willian se formava um jogador top para os padrões europeus. No Brasil, a cobrança era para que concluísse melhor a gol, e ele fez dois na despedida contra o Atlético-PR. Os dois jogos contra o Chelsea na Liga dos Campeões mostram que isso é coisa do passado. 

Willian reafirmou ser um jogador de grande capacidade física e técnica para a transição defesa-ataque, sempre a partir do lado esquerdo e com deslocamentos em diagonal de maneira prática. Chega a área para concluir com boa qualidade e, no trabalho sem bola, é um leão para perturbar os laterais do adversário. Foram inúmeras as ocasiões em que ele apareceu já perto da linha de fundo defensiva para dar combate e auxiliar o trabalho da defesa em Stamford Bridge. É perceptível a mão do técnico romeno Mircea Lucescu, que fala português e dirige o time ucraniano.

O retorno do jogador à seleção brasileira é urgente. Mano Menezes só o convocou para os amistosos contra Egito e Gabão, no fim do último ano, mas preferiu Bruno César para atuar à ponta esquerda em ambos os jogos. Desde então, Chelsea e Tottenham ofereceram mais de 30 milhões de euros, mas o Shakhtar fez jogo duro atrás de mais dinheiro. Justificável. 

Nas redes sociais, graças à cabeleira, o meia virou o novo Tony Tornado, que encantou o Brasil  no Festival da Canção em 1970 com o hit BR-3. Willian Tornado, esse sim, é um furacão. 


terça-feira, 6 de novembro de 2012

O craque do Campeonato Brasileiro 2012 é...


Faltam quatro rodadas e quase nada mais a se definir no Brasileiro de reta final menos empolgante dos últimos tempos.  Atleticanos e palmeirenses podem e devem manter a esperança, mas o que os jogos derradeiros podem definir, de fato, é quem é o principal jogador da Série A. Não está fácil, mas vamos aos candidatos:

Diego Cavalieri - São 127 defesas, média de 4 por jogo, segundo o Footstats. Ninguém defende tanto quanto o goleiro tricolor. Se o Fluminense permite  tantas finalizações e ainda assim é o time menos vazado da Série A, não pode haver outro responsável. Cavalieri tem um campeonato sem falhas e de muitos e muitos milagres, como contra o Coritiba há duas semanas, no Engenhão. Mas tem quem não goste de dar a goleiro o título de melhor de um campeonato...

Fred - O homem decisivo. De 34 rodadas, Fred melhorou seu aproveitamento normalmente marcado por lesões e jogou em 25. São 17 gols e mais cinco assistências do maior líder do elenco e do artilheiro da Série A. Ele decidiu dois Fla-Flus, dois Flu-Botafogo e seus gols, ao todo, valeram 20 pontos na campanha de 2012. Pesa contra Fred participar tão pouco dos jogos: 35 segundos de posse de bola e 13 passes por partida, 0,3 desarme por jogo...mas ele é quem decide e ponto.

Juninho Pernambucano - Que Brasileirão de Juninho! Que pecado a reta final catastrófica do Vasco para um jogador tão efetivo e que tanto se doou para uma campanha que começou brilhante. Quarto principal garçom do torneio, ele ainda marcou sete vezes e decidiu  jogos importantes, como contra o Botafogo, no primeiro turno, e teve atuações memoráveis: em São Januário, diante do Palmeiras, no Recife, contra o Sport, e novamente em casa, com o Figueirense. Só não jogou em quatro partidas.

Ronaldinho - Mais que os ótimos números. O agora R49 teve importância crucial para o Atlético-MG provavelmente repetir sua melhor campanha desde 1999. A uma equipe que flertava com a crise depois de cair contra o Goiás na Copa do Brasil, Ronaldinho deu liderança, assumiu as responsabilidades, ajudou a resgatar os atleticanos e fez todos crescerem ao seu lado, principalmente Bernard. É ainda o principal garçom do Campeonato Brasileiro com 12 assistências e sua atuação comovente nos 6 a 0 contra o Figueirense está entre os grandes momentos da Série A. Se redescobriu como um armador clássico.

Neymar - Para a rigorosa Bola de Ouro da Revista Placar, o melhor do campeonato. Mas mesmo que atue nas quatro rodadas que restam, Neymar não conseguirá completar um turno disputado - e ainda precisa enfrentar julgamento no STJD. Culpa da dona CBF e seu calendário que tira o maior talento do País de tantos jogos do Brasileiro para servir a Seleção. Em 14 rodadas, Neymar fez 12 gols e mais seis assistências, além de registrar momentos históricos: o golaço contra o Atlético-MG, o espetáculo contra o Cruzeiro, a virada relâmpago sobre o Coritiba e outra coisas das quais só ele é capaz atualmente no Brasil.

Quem você escolhe? Eu iria de Diego Cavalieri. Mas melhor aguardar mais quatro rodadas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mais David, menos Golias


A Copa da Liga Inglesa definitivamente desafia a lógica do futebol. Em só uma semana, foram 12 gols em Arsenal 7 x 5 Reading e outros nove gols em Chelsea 5 x 4 Manchester United. Quem forçar a memória pode se lembrar de 2007, quando um Júlio Baptista em má fase marcou quatro vezes em Arsenal 6 x 3 Liverpool. Apesar dos gols em profusão, David Luiz não precisava tornar as coisas tão emocionantes assim para os torcedores do Chelsea.

Titular absoluto da Seleção, David comete erro primário em saída de bola ao tentar o drible em sua intermediária defensiva e permitir gol a Chicharito Hernández. Um erro de jogador sub-13. O que pode e deve preocupar Roberto Di Matteo e Mano Menezes é a insistência do bom zagueiro revelado pelo Vitória nesse tipo de jogada. Muito técnico com a bola e bem articulado nas entrevistas, David Luiz parece confiar em si próprio mais do que deveria. A ponto de questionar os jornalistas que nunca jogaram futebol e que, segundo ele, não poderiam criticá-lo.

Gary Neville, que jogou por duas décadas no Manchester United, bem definiu David Luiz: “ele parece controlado por uma criança de 10 anos jogando Playstation”. Mesmo com 25 anos e algumas temporadas na Europa, David não sabe potencializar seu talento ao tomar as decisões erradas nas horas erradas. Dá o bote quando deve cercar, se antecipa quando precisa recuar e, principalmente, joga como camisa 10 em momentos em que só precisa aliviar. As falhas com o Chelsea, diga-se, são mais constantes que na seleção.

A confiança que domina David Luiz em excesso, por sinal, já foi observada por vários treinadores que trabalharam com o vascaíno Dedé, seu reserva imediato mas que teve uma temporada de muitos problemas. Leandro Castán, ainda que um patamar abaixo dos dois citados, é outro com boa qualidade para a saída de bola e que teve poucos erros nesse fundamento em um ano e meio como titular do Corinthians. Mano deve acompanhar sua progressão no futebol italiano com um olhar atento.