quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Neymar, o calendário e o Brasileiro subestimado


Pela segunda vez neste semestre, Neymar deve jogar duas partidas em um intervalo de 48 horas.  Na verdade, menos que isso. Foi destaque na vitória sobre o Japão com a Seleção Brasileira, em partida que acabou por volta das 11h de Brasília. Tentará (a notícia ainda não é oficial, mas ele deve jogar) também ser destaque contra o Atlético-MG na noite desta quarta-feira, na sua Vila Belmiro. Um intervalo de 33 horas para recuperação, em que metade foi gasta no trajeto Breslávia-Santos. Na chegada, pela manhã, ele acusou cansaço. Onde está o Sindicato dos Atletas Profissionais?

Difícil, muito difícil, criticar o Santos neste caso. Essa seria a 35ª partida em menos de dois anos em que o clube que paga os salários de Neymar não iria colocá-lo em campo por conta da Seleção Brasileira. Efetivamente, a cada quatro jogos em que escala o time desde 2011, Muricy Ramalho não tem seu principal jogador em um.

O mesmo Muricy merece críticas pelas dificuldades em remodelar o time para o segundo semestre, mesmo com 11 reforços, e até a diretoria pela falta de qualquer plano B para Neymar. Mas o impacto das ausências do jogador é direto na fraca campanha do Santos no Campeonato Brasileiro. Neymar esteve em 10 rodadas, nas quais a equipe santista teve seis vitórias, três empates e uma derrota. Esse aproveitamento de 70%, por mais que represente um recorte de toda a competição, daria a vice-liderança ao Santos.

Também não critique Mano Menezes pelas convocações, afinal o papel do treinador da Seleção é esse. Critique então o modelo de calendário, que já foi anunciado sem mudanças nesse sentido pela CBF para 2013. Sem as datas Fifa, perdem os clubes e perde o Campeonato Brasileiro, que não teve seu melhor jogador em campo em 16 rodadas por causa da Seleção. Quase metade do Brasileirão! Imagine o Campeonato Espanhol sem Messi ou Ronaldo por 16 rodadas, o Inglês sem Rooney, o Francês sem Ibrahimovic.

Da mesma forma como jogou a favor do campeão Corinthians em 2011, o calendário cheio de particularidades joga a favor do líder Fluminense no Brasileiro. O time de Abel Braga joga com força máxima desde a segunda rodada, pois saiu cedo da Libertadores (Corinthians e Santos, não), raramente perde jogadores importantes para as seleções da América do Sul e também não teve baixas durante uma surreal janela de transferências em meio à competição.

Diante desse quadro, não é necessário nenhum exercício de futurologia para imaginar que Santos, Corinthians,  Internacional e até Coritiba e Palmeiras poderiam ter melhor sorte se o Campeonato Brasileiro fosse como deve ser. Sem coincidência de datas com Copa do Brasil e Libertadores nas primeiras rodadas. Sem concorrência com as seleções. Sem janela de transferências no meio da competição. Para a CBF, impossível. Para o resto do mundo, natural.

Publicado no blog do Mauro Beting

Um comentário:

Huelke Alves disse...

Nesse momento que vemos que o mlk, não só é craque, como honra a camisa tanto da seleção quanto do santos, no qual voltou "cansado" e deu uma aula de futebol bonito.

obs: Quero parabenizar pelo blog, muito bacana mesmo, eu e meu primo criamos um essa semana, estamos engatinhando ainda, se der para dar um força e nos seguir tbm, agradeço, valeu e abraço.

furingol.blogspot.com.br/