Uma cabeleira como há muito tempo não se via por aqui. Mas principalmente um futebol moderno e desequilibrante como há muito tempo um jogador brasileiro não demonstrava em grandes jogos da Liga dos Campeões. As referências são a Willian Borges da Silva, o ex-corintiano que teve atuações impecáveis em ambos os jogos entre seu Shakhtar Donetsk e o Chelsea, o último deles na quarta-feira.
É visível e impressionante a evolução de Willian desde que deixou o Corinthians como a maior venda da história do clube por quase 20 milhões de dólares em 2007. Enquanto o time corintiano de início promissor se desmoronava rumo ao rebaixamento após sua saída para a Ucrânia, Willian se formava um jogador top para os padrões europeus. No Brasil, a cobrança era para que concluísse melhor a gol, e ele fez dois na despedida contra o Atlético-PR. Os dois jogos contra o Chelsea na Liga dos Campeões mostram que isso é coisa do passado.
Willian reafirmou ser um jogador de grande capacidade física e técnica para a transição defesa-ataque, sempre a partir do lado esquerdo e com deslocamentos em diagonal de maneira prática. Chega a área para concluir com boa qualidade e, no trabalho sem bola, é um leão para perturbar os laterais do adversário. Foram inúmeras as ocasiões em que ele apareceu já perto da linha de fundo defensiva para dar combate e auxiliar o trabalho da defesa em Stamford Bridge. É perceptível a mão do técnico romeno Mircea Lucescu, que fala português e dirige o time ucraniano.
O retorno do jogador à seleção brasileira é urgente. Mano Menezes só o convocou para os amistosos contra Egito e Gabão, no fim do último ano, mas preferiu Bruno César para atuar à ponta esquerda em ambos os jogos. Desde então, Chelsea e Tottenham ofereceram mais de 30 milhões de euros, mas o Shakhtar fez jogo duro atrás de mais dinheiro. Justificável.
Nas redes sociais, graças à cabeleira, o meia virou o novo Tony Tornado, que encantou o Brasil no Festival da Canção em 1970 com o hit BR-3. Willian Tornado, esse sim, é um furacão.