sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Real não conseguiu driblar a história


A história mostra que a ligação da Holanda com o Barcelona é muito forte. Desde que foi buscar Rinus Michels, campeão da Liga dos Campeões de 1971 com o Ajax, e finalmente Johan Cruyff, em 73, e Neeskens, em 74, ambos tricampeões europeus. A ligação Barça-Cruyff se solidificou com o maravilhoso time montado nos anos 90 por...Cruyff, cujo capitão era...Koeman! Foi novamente ligada por Van Gaal e a invasão de holandeses no Camp Nou, mais uma vez quando Frank Rijkaard virou técnico.

O Real Madrid quis ignorar isso tudo quando montou, com o alemão Schuster no comando, meio time de holandeses, de Drenthe a Nistelrooy. Não colheu sucesso e, como símbolo da saída de Calderón e a chegada de Florentino, voltou à política dos galácticos e elegeu as saídas de Sneijder e Robben como fundamentais, acrescentando ainda mais de 40 milhões de euros com a venda da dupla. Desde o começo da temporada, os dois respondem que o Real Madrid não soube aproveitá-los.

Por mais que Diego Milito, Eto’o e Motta tenham sido reforços importantes, a Internazionale é, hoje, o time de Sneijder. O holandês conquistou a empatia logo de cara com um 4 a 0 sobre o Milan e virou peça chave em qualquer que seja o esquema tático adotado por Mourinho.

Se o time joga no 4-3-1-2, Sneijder é a cola entre o meio e o ataque, o homem que dita o ritmo, volta para buscar e põe Eto’o e Milito na cara do gol – são 11 assistências na temporada, sete gols e uma importância que nem os números podem mensurar. No 4-2-1-3 adotado corajosamente por Mourinho (especialmente em Stamford Bridge), Sneijder volta firme marcar e faz o jogo interista nascer. Foi o grande nome nos confrontos com o Chelsea e reafirmou essa condição contra o CSKA.

Robben também reencontra a carreira com o Bayern de Munique, que desde Ballack também reencontra um jogador capaz de decidir partidas importantes em nível continental. Herói das classificações contra a Fiorentina, com um golaço de canhota, e contra o Manchester United, com novo “zurdazo” como diriam os espanhóis, ele só tem 26 anos, apesar das lesões e dos poucos cabelos que restam.

Salvo um bom momento com Juande Ramos na última temporada, Robben nunca foi o mesmo da Eurocopa 2004 e do primeiro título inglês com o Chelsea, em 04/05. Encontrou a química perfeita com Van Gaal, decide um jogo atrás do outro e joga pela direita do ataque o que nenhum jogador do Real Madrid conseguiu em 2009/10. São 15 gols e seis assistências do ponteiro.

Mais que tudo isso, Robben e Sneijder jogarão uma semifinal da Liga dos Campeões, o que o Real não conhece há quase uma década. Podem, inclusive, protagonizar uma final. O fracasso dos holandeses no Bernabéu mostra que driblar o que está escrito na história é sempre difícil.

2 comentários:

João Paulo Benini disse...

Parabéns pelo texto Dassler. O Real nos últimos anos tem se mostrado uma máquina de moer dinheiro e jogadores. Independente de posturas pouco profissionais em alguns casos, o Madrid desperdiçou muito talentos. A volta de Florentino Pérez jogou a pá de cal nos atletas que vinham contestados. Será a correta a política de contratar jogadores prontos? Inclusive escrevi um texto sobre tal opção no blogdoscorneteiros.blogspot.com. Se tiver um tempinho passa por lá.

Claudio Sacramento disse...

Também tive a mesma impressão que Sneijder e Robben eram subaproveitados no Real Madrid. Eles estão entre os melhores jogadores do mundo. Sneijder pelo meio com sua capacidade de lançamento e Robben especialmente pelos lados, também tem no passe a sua maior qualidade, ganhou ainda mais poder de fogo. Isso acontece com bastante frequência com muitos jogadores de grande qualidade. E o Real é campeão nisso. Essa década que passou foi quase um desastre pro clube. Ganhou muito poucos títulos levando em consideração a grandeza do clube. É a política pouco inteligente de contratar e contratar. Enquanto não mudar a mentalidade por lá vão continuar no jejum.