domingo, 20 de junho de 2010

As atuais finalistas em frangalhos pela falta de renovação repetem a história


Italianos e franceses chegaram de forma bastante convincente à decisão da Copa do Mundo de 2006, superando adversários poderosos e com destaques individuais expressivos e ambas com conjuntos muito sólidos. Apesar do sucesso, estava claro que se tratava do fim de duas gerações (Itália tinha média de 29 anos e França de 29,2) - e a falta de renovação dá sinais muito claros na África do Sul. Os Bleus dificilmente avançam e a Squadra Azzurra corre riscos muito razoáveis.

A Eurocopa realizada há dois anos já mostrou, na prática, a decadência dos dois países. Posicionados no mesmo grupo ao lado de Holanda e Romênia, apresentaram um futebol horroroso. Ambos empataram com os romenos e perderam por três gols de diferença para os holandeses. Alguém tinha que avançar e a Itália superou a França no confronto direto, mas logo parou nas quartas. Estava claro que algo precisava ser feito, mas o recado não foi compreendido.

A França inexplicavelmente manteve Raymond Domenech, que se propunha transformar a seleção com nomes como Nasri, Benzema, Flamini e Gourcuff. Apenas o último caminhou até a África do Sul, mas o plano de torná-lo um protagonista fracassou. Pior que a crise técnica e o trabalho de quatro anos só o ambiente. A seleção francesa com mais negros de sua história tem conflitos internos que refletem a sociedade do país e nos remetem à Holanda da década de 90.

É verdade que os italianos fizeram uma mudança, mas não para a frente. Roberto Donadoni foi sacado e a solução foi retornar para Marcello Lippi, que levou oito campeões mundiais para a África do Sul e disse não ao talento de Cassano e Balotelli, espécies em extinção no anacrônico Calcio atual. As caras novas são jogadores limitados e rompedores como Pepe, Di Natale e Iaquinta. Até nomes interessantes como Marchisio e Criscito não vêm bem.

O sofrimento após o fim de uma grande geração é comum na história de quase todas as seleções. O Brasil ficou 24 anos sem títulos quando Pelé parou, até hoje a Argentina sem Maradona não sabe o que é uma grande conquista, a Inglaterra sofreu por muito tempo sem seus belos nomes da década de 60 e a própria França perdeu dois mundiais consecutivos quando Platini e companhia deixaram o cenário internacional. Inclusive médios como Hungria, Polônia, Bulgária, Bélgica, República Tcheca e Turquia procuram novos grandes times. Exceção mesmo só a Alemanha.

Aparentemente, o recado enfim foi entendido pelas federações de Itália e França, que anunciaram respectivamente Cesare Prandelli e Laurent Blanc para assumir suas seleções após o Mundial. Ambos são jovens, reconhecidamente competentes e prontos para um trabalho de médio e longo prazo. Pelo que se anuncia na África do Sul, é do zero que assumirão seus cargos.

Um comentário:

Expedito Paz disse...

Será que os problemas da França são raciais, além de tudo? Me parece mais uma crise dos medalhões com técnico e federação mesmo. Domenech não parece ter tido pulso pra sustentar as escolhas dele.