segunda-feira, 24 de outubro de 2011

David não é mais um Silva


Mais que no esporte, de Adhemar Ferreira da Silva e de Tomás Soares da Silva, o Zizinho, o sobrenome Silva sempre esteve diretamente ligado à origem da sociedade brasileira. A revista Mundo Estranho conta que os Silva, que hoje têm o lutador Anderson como seu representante mais badalado, surgiram entre os escravos que buscavam o anonimato que aquele batismo podia oferecer.

David Josué Jiménez Silva não é brasileiro e seus pais, Fernando e Eva, também não têm DNA brasileiro até onde se consta. David nasceu em Arguineguín, que faz parte da província de Las Palmas, e hoje é o mais bem acabado produto das escolas de formação do futebol espanhol. O principal construtor no massacre histórico do Manchester City sobre o United, no domingo, revelado pelo Valencia, é mais um nome a personificar esse estilo encantador do tiki-taka que hoje faz parte do jogo consistente e sempre com profundidade do líder da Premier League.

As estatísticas, frias, dão a David Silva um gol e uma assistência no triunfo de 6 a 1 conquistado em Old Trafford, mas aconteceu muito mais. David participou de forma direta em outros três: nos dois primeiros, deixou Milner em condição de servir Balotelli, e no quarto cobrou o escanteio preciso que, desviado, chegou a Lescott e acabou na conclusão de Dzeko. Mas foi sua assistência para o sexto gol, também de Dzeko, o momento de maior requinte em seu jogo, perfeito do início ao fim.

No Campeonato Inglês, ninguém serviu tanto quanto David Silva, e considere apenas os passes diretos para gol, que foram seis em nove jogos disputados. O desempenho na grande campanha do City representa definitivamente a volta do bom futebol de quem, na Eurocopa 2008, aos 22 anos, teve papel importantíssimo. Reserva na África do Sul, Silva é hoje mais um desses jogadores cerebrais que, de trás, abrem qualquer defesa com um passe rápido e preciso.

Jogador fundamental que falta à seleção brasileira de Mano Menezes, David Silva sobra na Espanha de Xavi, Iniesta, Fabregas, Busquets, Cazorla e, aos poucos, de Thiago Alcântara. Sobra a ponto de os gigantes espanhóis, Real Madrid e Barcelona, prescindirem de sua mão de obra, hoje a serviço do City. David não é mais um, é um cracaço.

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