O placar final de 3 a 2, em Basiléia, mostra a grandeza do duelo entre alemães e portugueses, mas é insuficiente para aferir a atitude do Nationalmannschaft na partida, finalmente comprovando o favoritismo atribuído nas prévias da Eurocopa. Mesmo sem Joachim Löw, suspenso, a Alemanha foi grande com o interino Hans-Dieter Flick e antecipou a despedida de Felipão à frente de Portugal.
Tão surpreendente quanto o ótimo primeiro tempo alemão foram as alterações promovidas por Löw e o sistema tático desta quinta-feira. O técnico sacou Gómez, Fritz e ainda não pôde contar com Frings; jogaram Hitzlsperger e Rolfes à frente da linha defensiva, e compondo um trio ofensivo, Schweinsteiger (a terceira novidade) à direita, Ballack com liberdade pelo centro e Podolski, partindo da esquerda para se juntar a Klose, o único atacante de fato no 4-2-3-1, esquema em voga, hoje, no futebol mundial.
Era uma Alemanha com ótima troca de passes, compactando os espaços e aproveitando a dificuldade de marcar da equipe portuguesa. Ballack tinha tanta liberdade que Felipão precisou trocar João Moutinho por Raúl Meireles. Mas o placar já mostrava 2 a 0 para a Alemanha, com a jogada do primeiro gol construída a partir dos pés do capitão e assistência preciosa de Podolski para Schweinsteiger.
Os alemães também tinham força na bola aérea, algo alertado por Felipão na véspera. Com Klose e depois com Ballack, a Alemanha chegou pelo alto, se aproveitando das marcações nulas de Cristiano Ronaldo e Paulo Ferreira, respectivamente no segundo e terceiro gols.
Do jeito que atua com Löw e atuava com Klinsmann, o sucesso alemão sempre depende da imposição de seu estilo de jogo, como foi contra Portugal. Quando agredida, a Alemanha sofre pela pouca marcação no meio-campo, espaço nas laterais e a posição sempre adiantada de sua linha defensiva. Para continuar vencendo, além da personalidade indiscutivelmente agressiva demonstrada nas quartas, o Nationalelf deve se impor territorialmente dentro de campo nos dois jogos restantes, caso chegue à final.
Ainda que contra Turquia ou Croácia, seleções de pouca tradição internacional, a Alemanha terá dificuldades. Os croatas deram três mostras de grande qualidade na primeira fase, batendo os próprios alemães. Os turcos vêm embalados por vitórias inacreditáveis e de virada sobre Suíça e República Tcheca – e ainda odeiam os germânicos.
A mentalidade vencedora da Alemanha, porém, é algo sob o qual nunca se pode colocar dúvidas. Foi assim, com personalidade, que Portugal já ficou pra trás. Começar a pensar na final é mais que possível.
* Originalmente publicado na coluna Enchendo o Pé, da Trivela
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