quinta-feira, 15 de julho de 2010

O maior Palmeiras x Santos do Pacaembu*


Nesta quinta-feira, Santos e Palmeiras se reencontram no Pacaembu 50 anos depois do maior clássico que já disputaram na história do estádio. Em janeiro de 1960, definiram o que ficou chamado de Supercampeonato Paulista, ainda relativo à temporada anterior. Em campo, mitos como Djalma Santos, Julinho Botelho, Jair da Rosa Pinto, Pelé e Pepe. Mas as manchetes do dia seguinte, relativas à conquista palmeirense, ficaram com um personagem bastante improvável.

Aos 3min do segundo tempo, o ponta esquerda Romeiro marcou o gol do título para os alviverdes. Revelado no América-RJ, ficou imortalizado no imaginário palestrino até hoje por conta daquele lance. "Ele vivia uma grande fase naquela época", lembra o santista Pepe, em entrevista ao Terra.

A histórica decisão do Pacaembu aconteceu em 10 de janeiro de 1960, cinco décadas antes do duelo desta quinta-feira. Foi a segunda e última vez, em oito anos, que o Santos não conquistou o Campeonato Paulista. O que dá mostras da força daquele Palmeiras.

Supercampeonato

Nem mesmo 38 rodadas foram suficientes para desempatar Santos e Palmeiras, as duas grandes equipes do Campeonato Paulista em 1959. Por isso, decidiram a taça em três jogos, todos disputados no Pacaembu, em janeiro do ano seguinte.

O campeão mundial Djalma Santos, um dos símbolos palmeirenses, recorda: "o Santos tinha uma equipe muito boa, com todos aqueles craques, mas o Palmeiras jogou de igual para igual. Sabíamos que tinha que dar tudo pela vitória, porque o adversário vinha com o moral muito elevado". Foi, de fato, o que os palestrinos fizeram.

Na primeira partida, o Santos de Pelé saiu na frente, mas Zequinha foi atrás do empate para o Palmeiras. A igualdade confirmou que mais dois jogos seriam realizados, o que fez o público, recorde de renda do Paulista de 59, sugerir que havia armação. Fato é que jogaram novamente no mesmo Pacaembu e a partida terminou em 2 a 2. Pepe fez de pênalti, Chinezinho e Getulio (contra) viraram, mas o mesmo Pepe igualou, de novo em penalidade máxima.

"Dos times do trio de ferro, o Palmeiras é que fazia mais frente ao Santos. Tinha uma defesa forte e um ataque excelente, o equilíbrio era muito grande. Em 59, mesmo não sendo campeão, foi o ano que o Santos marcou mais gols", lembra Pepe. Com 18 anos, Pelé foi o artilheiro daquele Paulista, marcando 44 gols.

A finalíssima

Com uma renda recorde de mais de 3 milhões de cruzeiros, santistas e palmeirenses foram ao Pacaembu e Pelé fez o que dele se esperava: lançado em velocidade, abriu o marcador para os santistas já aos 14min. Mas aquele era o dia de Romeiro, o ponta esquerda do Palmeiras.
Após jogada dele, Julinho Botelho, o capitão palmeirense, colocou na rede pouco antes do intervalo, aos 42min. Julinho e Djalma Santos, ambos formados na Portuguesa, ainda procuravam o primeiro grande título da carreira por clubes. Surgiu com Romeiro, que acertou um chutaço já aos 3min do segundo tempo. Era o lance da taça.

Os santistas reclamam sobre a condição física de Jair da Rosa Pinto e Pagão, dois titulares. Pepe é quem recorda. "Eles foram preparados para a partida decisiva, porque estavam lesionados. Isso foi favorável ao Palmeiras, porque se ressentiram das contusões e a gente não podia trocar. Eles ficaram no campo até o fim, mas sem condições. Como a gente diz, foram parar na ponta".

"Lembro que o Lula, nosso treinador, conversou com a gente antes do jogo e disse que os jogadores do Palmeiras ficariam preocupados, que o Santos já sairia com 1 a 0 na frente. Os dois tinham muita categoria, mas não estavam bem", recorda Pepe, que tem tudo anotado em seus já famosos caderninhos. Djalma Santos responde: "acho que se entraram em campo estavam bem".

Amigos de Seleção Brasileira de 1958, o lateral direito do Palmeiras e o ponta esquerda do Santos lembram do duelo particular. Pepe relembra: "o Djalma Santos foi o melhor lateral da Copa. Éramos e somos amigos até hoje e ainda tem aquele carinho. Eram duelos equilibrados, ninguém tinha grande superioridade". Djalma concorda. "Manda um abraço para ele", diz ao Terra.

Ficha técnica da finalíssima

PALMEIRAS 2 x 1 SANTOS
Data: 10/01/1960
Estádio: Pacaembu
Gols: Pelé, aos 14min, Julinho, aos 42 min do 1º tempo, e Romeiro, aos 3min do 2º tempo

Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Valdemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Aldemar; Julinho, Nardo, Américo, Chinezinho e Romeiro
Treinador: Osvaldo Brandão

Santos: Laércio; Urubatão, Getulio e Dalmo; Formiga e Zito; Dorval, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe
Treinador: Lula

* Publicado no Terra

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