terça-feira, 20 de julho de 2010

A vida começa em agosto


Considerando que só há um jogo do Campeonato Brasileiro em dezembro, já temos transcorridos sete dos 11 meses de futebol na temporada. Mesmo assim, há quem faça, refaça e refaça novamente o planejamento de elenco, troque treinadores e continue a gastar. É claro que há a janela para o exterior no meio do caminho, mas nem isso justifica tamanha falta de competência de quase todos os grandes clubes brasileiros.

Um caso muito peculiar é o Palmeiras, que apenas na última semana conseguiu quitar a rescisão de Vanderlei Luxemburgo, já há um ano fora do clube. Para Muricy Ramalho, seu sucessor, o clube ainda pagará R$ 3 milhões, divididos em 10 parcelas. A folha salarial, que poderia ser melhor acomodada para um elenco mais forte, ainda é comprometida pelos vencimentos de Antônio Carlos e, claro, Felipão. Em pleno fim de julho, o clube faz altos investimentos em Tinga e Kléber e ainda quer Valdívia e até mais três reforços.

Por falar em Luxemburgo, o Atlético-MG é outra vergonha. A gestão personalista de Alexandre Kalil, que até outro dia se negava contratar um diretor de futebol, já acertou com nove jogadores desde a parada da Copa do Mundo, acrescentando assim muita gente a um elenco já inchado. Só goleiros há quatro que foram contratados em menos de um ano: Fábio Costa, Marcelo, Carini e Aranha. E o clube tem Renan Ribeiro, reserva da seleção sub-20 em 2009.

O Flamengo é outro adepto do trabalho de seis meses e vive em constante mutação, fazendo um planejamento do futebol de causar inveja aos tempos da presidência de Kléber Leite. Patrícia Amorim e o Fla, com a ajuda de patrocinadores, pagam cerca de R$ 350 mil mensais para Zico, o executivo escolhido para reformular a imagem amadora que paira sobre a Gávea. Até agora, os reforços contratados por ele foram o goleiro Vinícius, o zagueiro Jean, o volante Correa, os meias Marquinhos e Renato Abreu e os atacantes Borja e Val Baiano. Vale o investimento?

Mais perspicaz parece o Internacional, que buscou jogadores identificados com o clube e que vão aprimorar o elenco, sob o qual foram feitos ajustes mais pontuais. Mesmo assim, o Beira-Rio foi mais uma casa a ter troca de treinadores. Uma prática comum a quase todos.

Entramos em agosto daqui a 10 dias, mas só seis clubes entre os 20 da Série A mantém os mesmos treinadores que tinham em janeiro. A vida, no futebol brasileiro, começa em agosto. E assim se gasta muito mais do que era preciso. Por pura incompetência.

Um comentário:

Michel Costa disse...

Acho que Zico precisa de um tempo antes de ter seu trabalho julgado, Dassler. Essas contratações citadas no post, tiveram suas tratativas iniciadas num período anterior a sua chegada à Gávea. Ele apenas deu seu aval.
Particularmente, acho que o trabalho do Galinho será bem mais profundo. É muito mais a implantação de um ambiente honesto e profissional do que qualquer outra coisa.
Vamos dar um tempinho para ele e torcer para que oposição (que inacreditavelmente existe) não atrapalhe seus planos.

Grande abraço.