quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Sul-Americana: tudo errado desde o começo


É sempre aquela história: longe da vaga à Copa Libertadores e do rebaixamento, alguns times do Campeonato Brasileiro adotam o discurso de "vamos buscar a Copa Sul-Americana". Mas, convenhamos e todos sabem, não se precisa muito além de fugir do descenço para se garantir na classe B do continente. Antes mesmo de começar, a Sul-Americana ja se desvaloriza por um grande erro.

A ideia de dar vaga a oito times do Campeonato Brasileiro é equivocada e, na prática, só serve para aumentar ainda mais o calendário nacional com duas datas para confrontos de mata-mata na Sul-Americana entre times...brasileiros! Se estivesse restrita a quinto, sexto, sétimo e oitavo colocados da Série A do ano anterior, o torneio já se iniciava com as equipes realmente fortes e teria um mata-mata mais dinâmico. A sensação de que qualquer time obtém a vaga só desvaloriza a Sul-Americana.

É claro que a falta de valor vai bem além disso: o torneio está mal posicionado no calendário e se encaixa, justamente, com as rodadas finais do Brasileiro. Os valores pagos pela Conmebol ainda são irrisórios, as torcidas geralmente não se empolgam e a cobrança, em muitos casos, é para se ignorar e não buscar o título. Tem sido difícil chegar.

O baixo astral geral quando o assunto é Sul-Americana é o que explica os vexames dos times brasileiros, sobretudo com Flamengo e Botafogo. Poucos clubes conseguem preservar titulares e, mesmo assim, manter a sensação de competitividade com quem vai a campo. Esse é o segredo do Vasco, que trouxe um resultado razoável da Bolívia com uma equipe quase C e, dentro de São Januário, construiu uma vitória marcante pelo gol de placa de Bernardo e o placar de 8 a 3.

Agora, restam oito times na Sul-Americana e um ingrediente curioso: três já têm vaga confirmada na Libertadores 2012 (Velez, Universidad do Chile e Vasco) e outros estão próximos, caso do Arsenal. Só mesmo a vontade de levantar a taça é o que deve fazer com que se mantenham empenhados até o fim. Empenho, também, para reverter a imagem de um torneio que já começa cheio de problemas e, acredite, já tem 10 edições realizadas.

3 comentários:

Dárcio Vieira disse...

Mas, Dassler, a Sulamericana também pega a fase final de campeonatos continente afora ou em fases bem avançadas. As equipes brasileiras usam essa desculpa de usar o torneio como meta quando veem que não vão a lugar nenhum no Brasileiro. Mas quando chega o próximo ano avacalham tudo. Flamengo, São Paulo e Botafogo foram eliminados porque não foram melhores que seus oponentes.

André Renato disse...

Fala, Dassler.

Acho que todos nós, que nos preocupamos como a organização do futebol nacional e continental, já bolamos ideias legais, mas sempre, SEMPRE, esbarra em televisão.

Menos datas pra Estaduais? TV não deixa. Campeonato parado em data-FIFA? TV não deixa. Fase sem mata-mata brasileiro na Sul-Americana? TV não deixa.

E não adianta a pessoa ter tal consciência e seguir dando audiência pra emissora em questão. Porque eles não estão nem aí com o modo de pensar da pessoa, e sim com os números frios da audiência. Reclamar e seguir acompanhando o campeonato, pra mim, é conivência das pessoas.


Abraços!

Dassler Marques disse...

Dárcio, concordo com você.

André, acho que os clubes mostraram, na última negociação, que podem e devem peitar mais a televisão e inverter a lógica de que eles pagam e podem escolher tudo. Falta mesmo é iniciativa.