quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Kaká para os garotos


Quase nunca deram certo, para Kaká, as tentativas de encaixá-lo à função de ponta. Nenhuma delas foi contra um adversário tão fraco quanto o Iraque de Zico, vencido por 6 a 0 pelo Brasil de Mano Menezes nesta tarde de quinta-feira. O que importa é que o personagem do jogo – sem o peso da camisa 10 que cai redonda em Oscar – foi muito bem, obrigado.  Aberto pela esquerda, livre para se mexer e com boas companhias, Kaká deu uma sinalização inicial de que ainda pode oferecer peso à seleção brasileira.

Com a camisa 8 que o acompanhou em vários grandes momentos da carreira, se mostrou disposto para se adaptar ao novo papel. Buscou o jogo por dentro, fez jogadas de flanco e acertou duas boas finalizações de esquerda – na segunda delas, ampliou o placar em Malmö. A explosão que lhe transformou em maior do mundo, é provável, ele nunca mais deve ter. Mesmo sem ser tão fantástico quanto no passado, como costuma lembrar Mano, jogadores como Kaká ainda podem acrescentar bastante. E o Brasil precisa encontrar algum desses.

Pela experiência de quem tem três Copas do Mundo no currículo e 28 gols pelo Brasil, de quem impõe respeito ao marcador rival, de quem pode tirar soluções contra defesas mais fechadas e adversários mais compactos. Kaká sabe o que é um vestiário de Seleção, sabe o que é ser vaiado e não dar bola e ainda tem poder de definição. Seria melhor ter mais minutos em outro clube além do Real Madrid, onde Özil, Di María e agora Modric estão hoje um patamar acima. Mas não dá mais para esperar tanto por isso…

Entre boas indicações e alguns descartes, a Olimpíada deixou claro no ar o quanto a cobrança pela medalha de ouro atrapalhou o time brasileiro, o que faz Mano apressar a busca por nomes mais experientes à equipe. Casos de Diego Alves, Paulinho, Ramires e Hulk, ainda que sem uma Copa do Mundo nas costas. Robinho é reserva no Milan e Ronaldinho já teve sua chance.  O momento é de pensar mesmo mais em Kaká, que começou 2012 em alto nível e teve um fim de temporada ruim.

Passada a sequência de adversários fraquíssimos, o Brasil de Mano mira Japão e Colômbia, um degrau acima, e começará 2013 diante da Inglaterra, em Wembley. Uma estrutura de time, enfim, parece se formar. Seja ponta ou na meia, Kaká pode conquistar seu espaço. Ainda há vagas.

* Publicado no blog do Mauro Beting

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