segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Olheiros

Sem tempo para oferecer um "texto exclusivo", reproduzo, aqui, parte da coluna deste domingo no Olheiros.

"Círculo vicioso"

O clube que mais revela jogadores em São Paulo – senão no Brasil, apresenta Cilinho, um dos nomes mais experientes e capacitados na formação de jovens atletas. O acontecimento da semana poderia ser mais um capítulo de sucesso no roteiro da base corintiana. Poderia.

Afastado do futebol há muito tempo, Cilinho foi o nome eleito para materializar a reforma no lamaçal que é o Departamento Amador do Parque São Jorge. De cara, o novo coordenador pôde, com casos de corrupção e até pedofilia, reconhecer o universo conturbado que tem à frente.

Evanir Jesus de Moraes, o Wando, é o principal foco de sujeira no antigo departamento amador do Corinthians. O ex-gerente de futebol de base, afastado por Clodomil Orsi há poucas semanas, é reconhecidamente um dos tentáculos de Nesi Curi e foi acusado, por todos os lados, de corrupto e pedófilo. Willian, principal revelação corintiana nos últimos anos, confirmou a veracidade das histórias envolvendo o antigo dirigente.

Os casos, porém, não podem ser classificados como fato novo. Há sete anos, Wando já fora acusado de dispensar jogadores da base por não ser receber, supostamente, uma quantia de dinheiro combinada. Os relatos de muita gente inserida nos bastidores corintianos, confirmam, definitivamente, que Wando tinha mesmo assédios sexuais como manifestações de sua conduta no departamento amador do clube.

Cabe interrogar-se quanta gente boa não deve ter ficado pelo caminho. Intrigam, ainda, os outros cinco casos de membros do departamento que foram afastados. Além de não se saber quem são, os motivos para as demissões também passaram despercebidos.

Wando, que representava a extensão de Nesi Curi, está também envolvido nas fraudes que caracterizaram o time B nos últimos anos. Sem nenhum resultado expressivo, a equipe recebia jogadores sem chances no elenco principal. Estes, circunstancialmente, repartiam seus rendimentos com dirigentes responsáveis por cavar esse espaço.

Embora não possa se confirmar, o atacante Júnior Negão, proveniente do Atlético Mineiro – onde quase nunca atuou, era um dos nomes mais fortes no suposto esquema. Entre Carpegiani, Zé Augusto e Nelsinho Baptista, o jogador, cuja contratação jamais se justificou, teve 45 minutos de oportunidades com a camisa do clube. No time B, porém, tinha sempre lugar.

Casos como as sucessivas renovações contratuais de Coelho, no mesmo clube em que Fágner foi embora de graça, surpreendem. O lateral, alçado inexplicavelmente ao time titular em 2006 com status de indispensável, ganha uma fortuna de salários. Pouca gente sabe, ou diz, o porquê.

Ainda que se diga que situações como pedofilia e cobrança de propinas, infelizmente, fazem parte da vida interna de qualquer departamento amador, tais questões não podem ser relativizadas. O clube, aparentemente se estruturando, parece afim de seguir o caminho correto, encaminhando o caso para a justiça. E quem vive o Corinthians, aliás, atesta a falta de lisura na vida esportiva e civil dos acusados.

Resta aguardar, também, o que será capaz de fazer Cilinho, agora à frente da coordenação técnica do Departamento Amador. Reconhecidamente um homem do bem e que muito conhece o futebol, precisará caminhar com sabedoria e bravura em meio ao campo minado – e sujo – que estará pisando. Há alguns anos distante da bola e também um pouco debilitado, o homem que montou ‘os menudos do Morumbi’ já não é mais o mesmo.

Sua escolha, assim como a de Miguel Marques e Silva, transmite certa lisura para a base corintiana, ainda que, gente como Ronaldo, um dos maiores ídolos da história do clube, tenha torcido o nariz - seja por ciúmes, seja por pretensões pessoais.

Poderia, ainda, ter sido pior. É notório que Nesi Curi, um dos cabos da campanha de Andrés Sanchez, quis incluir gente de sua confiança no cobiçado departamento amador corintiano. Paulinho do Ouro, de histórico bem conhecido no Parque São Jorge, foi vetado.

Entre as lições que o caso a ser resolvido vai deixando, a principal é de que os clubes, em todas as esferas, precisam de profissionais sérios e, no caso da base, com a formação adequada para tal trabalho. Encaixar amigos, ex-jogadores, ou mesmo “tentáculos”, só irá favorecer aos interesses pessoais dos envolvidos.

Infelizmente, ou não, surgirá sempre um Lulinha para encobrir a sujeira, salvar as finanças, e manter o vicioso e viciado círculo em plena atividade.

3 comentários:

Unknown disse...

Se não estou entre os quase oito, sei que sou o nono leitor. hehe

Eu estou botando fé no Cilinho no alto de sua idade. Temos que ter fé.
Li no Blog do Paulinho dizendo que foi uma péssima escolha e mais um monte de mal dizeres sobre Cilinho, mas já faz algum tempo que esse estudante de jornalismo perdeu meus créditos, por mais corintiano que sou. Aliás, gostaria mesmo de saber qualé a deste garoto.

Abraços, Dassler!

Gerson Sicca disse...

Esse negócio de pedofilia e viadagem nas categorias de base é um caso sério. Conheço um cara, que jogou comigo alguns campeonatos amadores, que foi mandado embora de um clube profissional depois dque deu um soco na cara do treinador do time de base no vestiário. Detalhe: o soco foi uma resposta à investida do treinador, que perguntou ao guri se ele queria ajuda no banho. ele tinha ido mais cedo p/ o vestiário pq se lesionou durante o treino. Aí o mimoso foi atrás dele.
E o pior é q essa não é a única história do tal treinador...

Maurício disse...

Tá realmente foda conciliar tudo né cara? Mas vamos levando.

Abraços