sábado, 2 de junho de 2007

Melhor da história?


O texto reproduzido abaixo é de autoria de Mozart Moragno, amigo e profundo estudioso da base, não só brasileira, como também internacional. Concordo em tudo.

"Melhor da história?"

Quando a "Revista Época" aventou a possibilidade de ver em Ronaldinho o melhor jogador da história pouco antes da Copa do Mundo de 2006, mais precisamente, questionando algumas ilustres figuras do mundo do futebol por meio de numa comparação com Pelé, vimos, posteriormente, que o resultado não foi dos melhores. Após o Mundial decepcionante e apesar dos atuais 20 gols na Liga Espanhola, o gênio gaúcho ainda terá que provar por mais alguns anos até onde poderá chegar. Diria que "recuou três casas". Como fã assumido do camisa 10 blaugrana, me aventuro, desta feita, a especular sobre o potencial (enorme!) da seleção brasileira sub-20 convocada para o Mundial do Canadá que iniciará em 30 de junho.

Os 25 jogadores chamados reúnem a qualidade que, sinceramente, nunca havia presenciado num selecionado da categoria. Em virtude dessa situação detectada e para, sem mais delongas, ir ao "ponto nevrálgico", apresento dois aspectos que considero fundamentais, bem como os possíveis entraves, no intuito de refletir acerca dessa ousada indagação:

1)Jovens "europeus".

De forma inédita em sub-20, temos alguns dos principais jogadores atuando (ou que irão atuar) em grandes da Europa (e mais, desbravando a "misteriosa" Premier League), como David Luiz, Anderson, Marcelo e Lucas. Isso atribuo, em grande parte, a excepcional qualidade da geração 87/88 (e até 89 – ano de nascimento), especialmente da seleção sub-17 de 2005, que considero um marco e a melhor já formada dentro e fora do Brasil.

Alguém com aguda sagacidade poderia fazer a seguinte ponderação: "Mas isso é normal hoje em dia. O mercado absorve os talentos brasileiros, que saem cedo pra Europa, sobretudo os que servem as seleções brasileiras de base". Devolveria com uma pergunta: "Onde estão os jogadores da seleção sub-20 de 2005, com até quatro anos a mais em idade?". Os "meninos do Nelson" (desculpem-me a infâmia) ocupam posições privilegiadas no velho continente em virtude do grande desempenho apresentado precocemente, onde desfilam nos grupos principais (algumas vezes como titulares e até protagonistas) e não nas equipes de baixo, fato bem relevante, aliás. O canhoto Jô, apesar de estar no "apenas" emergente CSKA – após rica experiência/vivência no Corinthians – é titular absoluto na Rússia com uma belíssima média de gols.

2)Não há lacunas.

A junção de talentos em todas as posições é um dos trunfos para o intento de levantar a taça pela 5ª vez (e fazer história?). Mesmo com a ausência importante de Denílson, cada vez mais utilizado por Wenger no Arsenal, não há setores com deficiências inexoráveis. Com a consolidação do goleiro Cássio no Sul-americano de janeiro, a última das dúvidas foi dissipada. O crescimento de Renato Augusto, Willian e Pato, além da ascensão de Guilherme, dão uma segurança importante. Todos eles são as principais esperanças de suas equipes no BR-07, já angariando destaque logo nas primeiras rodadas da competição nacional. Menção à zaga possivelmente formada por duas jóias da posição. O palmeirense David e o benfiquista David Luiz (ex-Vitória) prometem demais.

Riscos: Ainda há convocações contestáveis como Leandro Lima, Luiz Adriano, Carlão, Roberto (o maior risco!), entre outras. Porém, teremos quatro cortes para a lista final. Algumas contusões podem atrapalhar, pois Ji Paraná, Lucas, Anderson estão lesionados e/ou vem de infortúnios recentes. Bons nomes foram deixados de fora mais uma vez, entre eles Ramon (CSKA), Celsinho (Lokomotiv-Moscou) e Keirrison (Coritiba). Muitos mais poderia citar em lista quase interminável, o que, de certa forma, absolve o treinador.

Se essa seleção irá se materializar como a melhor da história da categoria é algo ainda incerto, mas salvo agravamento desses pequenos problemas e a perigosa presença de adversários fortes – como, por exemplo, a Argentina e o México parecem ser – as chances são muito boas. Nelson Rodrigues conseguiu sair dos cerca de 30% do potencial sub-20 brasileiro no Paraguai (o que provocou tantos sustos e sobressaltos desnecessários) para 75% no Canadá. Uma considerável melhoria para um plantel renovado em mais de 50% (11 dos 25 disputaram o torneio continental).


Não por acaso, fóruns, blogs e comunidades do Orkut, já repercutem com boa expectativa, em comparações favoráveis até para com a equipe de Dunga (que ainda poderá tirar dois ou três da sub-20 para a Copa América, o que não acredito). No final das contas, a receita para se fazer história é simples: título com o futebol vistoso e bem jogado que esse grupo tem condições de realizar. Oxalá, eu não esteja num arroubo delirante, e pior, daqueles meramente ufanistas. Espero, sobretudo, ser mais feliz que o periódico "Global".

O "onze" provável: Cássio, Ratinho, David, David Luiz e Marcelo; Roberto (Ji Paraná), Lucas, Anderson, Renato Augusto; Pato e Jô.

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