terça-feira, 12 de junho de 2007

Papo com Valdir Joaquim de Moraes


Falar em arqueiros e não ouvir Valdir Joaquim de Moraes é, no mínimo, uma heresia. Com brilhante e extensa história com as cores do Palmeiras e da seleção brasileira, foi também precurssor e defensor da presença do preparador de goleiros nas comissões técnicas dos clubes do país.

Com passagens marcantes pelos três grandes da capital paulista, seu Valdir teve papel fundamental na carreira de nomes como Rogério Ceni, Velloso, Zetti e Sérgio.

Atualmente, mesmo que distante da função de preparador, Valdir Joaquim de Moraes é uma das pessoas com maior capacidade para traçar um paralelo entre passado e presente no surgimento de ótimos goleiros no futebol brasileiro.

Como o senhor, sendo um dos precursores na preparação de goleiros, vê a evolução desse tipo de trabalho?

É fruto de um trabalho feito há muito tempo e de qual sou um dos precurssores, o que pessoalmente me deixa muito feliz. No tempo em que eu jogava, diziam que os goleiros precisavam ter 25, 28 anos pra estar pronto. Hoje, garotos brasileiros já são os melhores da Europa.

Até que ponto a preparação dos goleiros avançou nos últimos anos?

A gente vai mudando e se aperfeiçoa. Mas os princípios básicos não mudam. Entre três ou quatro goleiros que você trabalha, sempre é preciso cuidar dos defeitos de cada um. Cada um tem seu estilo e precisa ser corrigido, melhorado. Sempre buscamos mais.

Além disso, hoje em dia, as constantes mudanças de bola, cada dia mais rápidas, fazem com que a gente tenha que trabalhar também nesse sentido.

A mudança da regra fez com que a preparação dos fundamentos com o pé fosse mais aperfeiçoada?

Sempre me preocupei com isso. A gente passa isso pra todos, mas cada um absorve da maneira que pode. Cada um tem uma qualidade diferente. O Zetti e o Rogério Ceni, por exemplo, que eu já treinei, sempre tiveram essa facilidade.

Hoje em dia a garotada está querendo mais jogar no gol?

Sempre quis. Na verdade essa história que diz que o goleiro é o pior da turma e não vai vencer na carreira é lenda. O garoto que vai pro gol por opção, por querer ser diferente, com certeza tem mais chances de vencer.

Como o senhor vê a aglutinação de vários preparadores de goleiro por todas as categorias de base com o profissional?

Trazer os preparadores pra base foi uma das minhas lutas. Quando o Carlos Pracidelli chegou aqui no Palmeiras, desenvolvemos um trabalho de muita propriedade. Na hora que os meninos chegam prontos no profissional, facilita demais. É só burilar.

Essa nova geração já pode ser considerada realidade?

Pode, eles estão provando. Eu particularmente não vejo só as defesas, essas coisas. Observo saídas de gol, tranqüilidade, reposição e, principalmente, a segurança. O adversário olha e vê o Diego Cavalieri embaixo da trave. E ele já impõe respeito, a defesa também confia. Isso é essencial.

Porque o Palmeiras revela tanto goleiro bom?


A tradição é forte demais, desde o Oberdan Catani. O Corinthians revela um monte de jogador bom, o Palmeiras revela goleiros. Eu mesmo sou um deles. Sinto orgulho de fazer parte disso, e hoje, não só o Diego e o Marcos, mas tivemos o Sérgio, o Velloso, e ainda tem o Deola e o Bruno.

5 comentários:

Maurício disse...

'eu sou um deles' foi sensacional haha, assim como a entrevista. Muito legal!

Arthur Virgílio disse...

É sem dúvidas um dos principais arqueiros do País e pelo que consta, criou a profissão: "preparador de goleiros".

Anônimo disse...

Baita entrevista. É ler e aprender. Parabéns, cara!

PS: Ele quebrou um pouco uma das minhas teorias, hehehehe!

Luiz Fernando Bindi disse...

Entrevistar uma lenda é coisa para poucos. Parabéns, Dassão!!

Jefferson Nogueira disse...

Grande entrevista...Graças a esse homem, o Zetti jogou contra o News Old Boys na decição por penaltis sabendo o canto de cobrança de todos os jogadores...

Abraço!