sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Futebol brasileiro

Publico hoje a coluna originalmente divulgada na Trivela, todas as segundas-feiras. Onde, aliás, tenho a honra de assumir efetivamente o posto antes ocupado pelo polêmico e competente Caio Maia.

Aproveito para me desculpar pelo baixo número de postagens e visitas aos blogs dos amigos. Estou um tanto quanto atarefado, graças a Deus, aliás.

“Um ano antes ou um ano depois?”

Os momentos atuais específicos de Internacional e Fluminense merecem reflexões. Não se trata de oportunismo e mero julgamento após resultados convenientes, mas sim apontar erros e acertos que fazem, um e outro, colher do que foi plantado.

O que se desenha até aqui, na somatória de toda a temporada, faz com que o Flu comece 2008 com um time sólido e um elenco sujeito a apenas alguns reparos, necessários para enfrentar uma Copa Libertadores da América. Por sua vez, o Internacional, dificilmente disputará a competição, fruto de pelo menos uma remodelação de elenco e metodologia de trabalho em 2007. Dessa forma, pode se dizer que o Fluminense está um ano adiantado. E o Colorado, sem perspectivas, um ano atrasado.

Fluminense

O Fluminense, há tempos, não pode ser apontado como exato exemplo de organização. As inúmeras trocas de treinadores, desde a saída de Abel Braga ao fim de 2005, sempre materializaram as divisões entre clube e patrocinador. Contudo, desde que chegou Renato Gaúcho às Laranjeiras, a impressão era a de que poderia haver uma coalisão entre as duas partes, naturalmente interessadas no sucesso do clube. Renato, identificado com o Flu, tinha também reputação suficiente para ser apontado como uma solução para o banco de reservas.

Boa parte das contratações dos últimos tempos, inclusive, podem ser julgadas como corretas. O Fluminense, após a fracassada temporada de 2004 (onde teve Ramón, Roger, Romário e Edmundo), comandou uma mudança de foco dos clubes cariocas na hora de contratar. Em 2005, por exemplo, jogadores como Gabriel, Juan, Leandro e Juninho, foram muito úteis.

Buscar jogadores de clubes menores, especialmente de outros estados, normalmente soa como positivo se feito com critério (Cícero, Thiago Silva e Carlinhos, por exemplo). Repatriações pontuais, como as de Thiago Neves e Rafael, também merecem elogios. A fórmula se mostra bem mais eficaz que as apostas em velhos conhecidos, onde se enquadra as vindas de Roger ao Flamengo e Athirson ao Botafogo.

Nada disso, porém, funcionaria se o clube não tivesse foco, mesmo com a atual temporada teoricamente ganha. São quatro vitórias e dois empates (seriam cinco e um, não fosse o erro de Paulo César de Oliveira contra o Grêmio) nos últimos jogos, marca extraordinária, especialmente se analisarmos que os jogos do Brasileiro, entre aspas, são amistosos para o Flu.

Do jeito que está, o Fluminense deve apenas trazer cinco ou seis reforços para 2008, longe do número das últimas temporadas. Dar mais profundidade e, principalmente, estabilidade ao atual elenco, soa como o mais interessante para um campanha positiva no próximo ano e na volta do clube ao principal torneio do continente. Hoje, com o que tem feito, Renato Gaúcho faz o Flu ver o próximo ano com um esboço concreto no papel.

Internacional

O começo de temporada do Internacional foi planejado com coerência. Colocar garotos e jogadores pouco utilizados como responsáveis pelo início do Gauchão, soava como boa alternativa, já que o elenco principal tinha “feito hora-extra” em 2007, com o Mundial de Clubes. Na Libertadores, jogos como os contra o Nacional, em Montevidéu, e contra o Velez Sarsfield, no Beira Rio, foram circunstancialmente fatídicos para o ano Colorado, assim como os resultados ruins do time B no âmbito estadual.

A verdade é que, claramente, o trauma dos primeiros meses não foi digerido no Beira Rio. Além disso, as perdas de Fernandão, Pato e Iarley, um em cada momento diferente, fez com que o Internacional perdesse referências em campo, tornando-se um time comum quando via Christian ou até o bom Adriano como as únicas soluções para o ataque. Somado a isso, as constantes mudanças de plantel, com a ida e vinda – inclusive da base - de jogadores diferentes, fez com que em nenhum momento o Colorado tivesse um onze confiável no papel.

A própria saída e volta de Abel Braga, de certa forma, atesta a indecisão da direção. Estava claro não haver, no mercado, um nome com o mesmo pedigree do treinador. Alexandre Gallo, ainda sem cancha para um Internacional, foi outra situação a amarrar o desenvolvimento do clube ao longo de 2007.

Desde o início do Brasileiro, aliás, foram contratados e promovidos: Magal, Sidnei, Mineiro, Titi, Marcão, Guiñazu, Magrão, Wellington, Adriano, Gil, Sorondo, Orozco, Nilmar, Luciano Henrique, Roger e Diego. Apenas parte de um lista que poderia ser maior com alguma pesquisa mais profunda.

Nem se discute a qualidade de boa parte dos nomes presentes na relação. Contudo, a inserção dos jogadores ao time deve ser gradual e, quando não é assim, fatalmente dará errado. Outro fato comprovado é que, buscar vários atletas no exterior, no meio do ano, é ineficaz. A soma de tudo isso, intercalado com as trocas de treinadores, faz do Internacional de hoje um time sem identidade em campo e de pouco ou nenhum volume de jogo.

Em 2008, dá para fazer algo bem melhor, inclusive brigar por títulos. O elenco atual é bom e, se entrosado e bem fisicamente, está no nível que sugere a tradição do Internacional. Mas só 2008. Por ora, o Inter dificilmente fará algo e 2007 atrasa a vida do clube, que paga pelo mau desempenho na hora de planejar.

Um comentário:

Gerson Sicca disse...

O Inter errou ao não buscar jogadores no início da temporada. Achou q estava tudo bem. Depois correu atrás da máquina. E tem os panelões no beira-rio. Muito cacique e pouco índio. e tem o abel q não sabe o esquema de jogo q vai adotar. E por aí vai.
Ah, outro jogador para colocar na lista é o Jorge Luís, lateral-esquerdo, que contra o Atlético vai ser relacionado pela primeira vez.
Grande abraço