quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Futebol brasileiro

Hoje, publico a coluna originalmente publicada na Trivela, às segundas-feiras.

Para ler o texto na íntegra, com direito a sete parágrafos sobre a crise do Remo, clique aqui:

"Mundo alternativo"

Você já imaginou Aloísio negociando um novo patrocínio para o São Paulo? Ou, ainda, Vitório Pífero e Fernandão escolhendo treinador no Internacional? Tcheco, ao invés de Mano Menezes, dando treinamento coletivo no Grêmio? Situações como essas, no futebol do século XXI, cada vez mais profissional, soam como surreais. Todas elas, porém, aconteceram no Vasco da Gama, um clube totalmente à parte na cena nacional.

Jogava-se o Campeonato Carioca e, às voltas com a iminência de seu gol mil, Romário fechou, com o conturbado Banco BMG, um patrocínio para o Vasco. A logomarca na camisa vascaína, sem estampas desde 2000, rendeu bons dividendos ao atacante. Segundo se comentou, ele ficou com pelo menos 60% dos valores.

Credor do clube e amigo pessoal de Eurico Miranda, o baixinho Romário faz o que quer em São Januário. Não é possível esquecer o constrangimento de Dário Lourenço, em 2005, vendo o atacante comandar um treinamento coletivo. Tais cenas, porém, se repetiram na última semana, em que o jogador foi treinador interino.

Após isso, ele ainda teve participação decisiva na escolha de Valdir Espinosa. Segundo foi apurado, Antônio Lopes chegou a ter cotada sua quarta passagem por São Januário. Foi o camisa 11, porém, quem vetou a contratação.

É complicado saber se o Vasco dá moral a Romário, justamente, por ter que lhe pagar uma fortuna. Estátua em São Januário e camisa 11 imortalizada, ao que parece, são requintes que o Baixinho não merecia mais que outros ídolos maiores e mais importantes, como Roberto Dinamite. Mas, seu prestígio com Eurico Miranda, é enorme. Vale lembrar das metáforas de Edmundo: “Agora, a corte está completa. O rei, o príncipe e o bobo”.

Prova disso é a contratação surpreendente de Valdir Espinosa. Suas últimas passagens pelo futebol carioca, por Fluminense em 2004, e Flamengo em 2005, foram tão esquecíveis quanto breves. Neste ano, também ficou menos de seis meses no Cerro Porteño e fez um trabalho abaixo da crítica no Santa Cruz, tendo passado ainda por São Januário como auxiliar de Renato Gaúcho. Jogador seu, em 1983, nos últimos e únicos títulos significativos de sua carreira. Esta, aliás, sempre em alta por clubes como o Vasco.

Parecem claros, porém, os motivos pela predileção ao rodado treinador. Ainda mais pela demissão de Celso Roth ter ocorrido apenas três dias após a não escalação de Romário no clássico contra o Flamengo. Experiente e com enorme jogo de cintura, Espinosa dará alguma motivação aos jogadores e não se acanhará em ceder aos caprichos do Baixinho e de Eurico Miranda.

A saída de Celso Roth, seis jogos antes do fim do Campeonato Brasileiro, não se justifica. Por mais que houvesse uma queda absurda de produção e resultados, os números e a campanha do treinador gaúcho ainda estavam acima do esperado para um elenco tão frágil como do Vasco da Gama. Sem perspectivas reais de rebaixamento, ao menos o treinador cumpriria seu contrato e, ao fim do ano, ficaria mais oportuno definir se haveria, ou não, uma mudança de planos para 2008. Mas, pensar o óbvio, nem sempre, é uma prática comum em São Januário.

O gol da semana


Alguns foram os belos gols da última semana. Nenhum, porém, como o terceiro do Manchester United na goleada sobre o Middlesbrough.

A bola chega aos pés de Anderson (2min44s) e ele coloca, com precisão, no pé direito de Tevez. Rapidamente, o argentino aciona Rooney, que em jogada de futsal, carrega e atrai a marcação, deixando, de calcanhar, Carlitos livre para bater Schwarzer.

Pintura!
http://www.youtube.com/watch?v=snQ7Uywii5k

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ouro olímpico em risco

Publico, aqui, texto originalmente do Olheiros.

Para ler a coluna completa, acesse o link:
http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=39


"Olhem para Pequim"

Júlio César, Breno, Alex Silva (Rafinha), Juan e Marcelo; Denílson e Lucas; Diego, Kaká e Anderson; Alexandre Pato. Timaço, não? Pois, sabe quantas vezes todos jogaram juntos? Nenhuma. Sabe qual o técnico desse time? Não tem. Sabe se irão três nomes mais experientes? Não, ninguém sabe.

A menos de um ano para os Jogos Olímpicos de Pequim, não há, além dos nomes, nada que represente algum planejamento para o “título que o Brasil não tem”. A única iniciativa, ao que parece, foram algumas convocações pontuais de jovens para o time principal. Casos, por exemplo, de Jô, Gladstone, Denílson e outros selecionáveis.

Ainda que se haja alguma tendência por Dunga, não parece nítida qualquer segurança em torno do nome do treinador do time principal. Segundo se comentam nos corredores, Ricardo Teixeira teme uma exposição excessiva, muito pela pressão natural que haverá pelo ouro olímpico. Um nome inexperiente como o capitão do tetra, de repente, pode não ter jogo de cintura suficiente para administrar os problemas que aparecerão.

Aliás, se falava sobre o anúncio oficial, provavelmente favorável a Dunga, após a Copa América. Ainda que tenha vencido, o treinador não convenceu ninguém. Nem mesmo Ricardo Teixeira, que aparentemente optou por aguardar alguns meses. O cartola, aliás, está bem mais preocupado com a Copa de 2014, o que, claro, relega o projeto Pequim para segundo ou terceiro plano. Já que, as Eliminatórias, são prioridade.

Mesmo que possa se questionar o que faria um treinador, sem tempo de reunir jogadores, é inevitável definir sua escolha como um primeiro passo importantíssimo. Além de materializar a preocupação com Pequim, o comandante escolhido já traçaria planejamentos, falaria com jogadores e até, de repente, negociaria liberações para o fim do primeiro semestre de 2008, época em que a preparação deve ser intensificada.

Vale lembrar que, ao contrário das últimas oportunidades, desta vez não houve torneio Pré-Olímpico, tendo servido o Sul-Americano Sub-20 como classificatório para os Jogos de Pequim. Este time, responsável por garantir o Brasil, é simplesmente outro do que irá em busca do ouro, denotando assim a estaca zero da preparação brasileira.

Talento, naturalmente, o Brasil terá outra vez. A safra de atletas é excepcional e poder contar com Kaká, já adepto do desejo pelo ouro, é maravilhoso. Porém, ao contrário de outros países fortes e com preparação caminhando, os brasileiros estarão em desvantagem, fruto de um descaso desnecessário e de passagem livre pela grande imprensa, incapaz de questionar o que já foi, ou não, feito pela seleção sub-23.

Em caso de derrota, será rodado um filme repetido: lamento por não conquistar o “título que o Brasil não tem”. Por ora, fechemos os olhos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Pitacos da rodada + seleção #31


Corinthians 2 x 1 Figueirense

Foi outro jogo ruim do Corinthians, que, desta vez, teve ao menos de onde tirar inspiração para o ataque. A ótima jogada de Bruno Bonfim é a senha de que os garotos devem ser ‘oportunizados’. O Figueira, com Gallo, só perde mesmo quando vem em São Paulo.

Sport 1 x 2 São Paulo

Jogo de campeão do São Paulo, que contou com bons desempenhos de Júnior e especialmente Aloísio. O Sport, com uma tabela complicadíssima nos próximos cinco jogos, se apresenta para a luta contra o rebaixamento. O time de Muricy Ramalho só aguarda o América para fazer a festa.

América 0 x 1 Flamengo

Quando não é Juan, é Léo Moura. Linda jogada na linha de fundo do Machadão e, Souza, também jogando bem e confiante, foi às redes. Definitivamente, o Flamengo pode ir à Libertadores. A briga pelas vagas, exceto a primeira, estão totalmente abertas.

Grêmio 4 x 3 Náutico

Jogaço no Olímpico. Muito, também, pelo brioso time do Náutico, sempre disposto a trazer pontos para casa. Foi assim contra Palmeiras e Cruzeiro, também. O Grêmio, que tem somado vitórias em seu estádio, precisará também fazer pontos fora, para retornar ao G-4.

Vasco 2 x 2 Palmeiras

Rodrigão segue fazendo o que dele se espera enquanto Valdívia não põe o cabeça no lugar. No próximo jogo, é possível que Caio Júnior promova o retorno de Martinez aos titulares. Já o Vasco, assim como o Botafogo, só faz hora para o ano terminar. Conca foi o melhor entre os vascaínos.

Juventude 1 x 1 Botafogo

Resultado sob medida para os jogadores botafoguenses, muitos deles rezando para o ano terminar. Roger, como se viu, foi extremamente infeliz no lance do gol do Ju. Cuca precisará mudar, e muito, o elenco que tem. Muito da culpa, porém, é da direção.

Paraná 1 x 0 Internacional

Mesmo com a derrota no Parque Antártica, o treinador Saulo Freitas pouco mudou no Paraná Clube. Inteligente decisão. O placar deste jogo, porém, pouco muda a situação das equipes. Os paranistas cairão e o Inter, pouco inspirado, terminará na zona morta da tabela.

Santos 3 x 0 Goiás

Luxemburgo, na base de barrações, consegue motivar seus jogadores. Ora é Marcos Aurélio que sai, e volta melhor. Ora é Rodrigo Tabata. O destaque da vez foi Pedrinho, que saiu do banco para mudar a história do jogo. Com dois pontas espetados, o Santos abriu espaços, sufocou o Goiás e construiu o placar que precisavam, ele, e o Corinthians.

Cruzeiro 1 x 1 Atlético-PR

Como em seus jogos mais recentes, o Cruzeiro iniciou bem, com Roni e Wagner no banco, mas foi desanimando e sofreu o revés. Infelicidade total do ótimo volante Charles, responsável direto pelo belo gol do colombiano Ferreira. Assim, os dois times ampliam suas seqüências: os mineiros, completaram o sexto jogo sem ganhar, trajetória que precisará ser alterada já no próximo duelo, contra o Botafogo. Os rubro-negros, porém, completaram cinco jogos sem perder.

Fluminense 1 x 1 Atlético-MG

O jogo iniciou prometendo, com o gol de Adriano Magrão, o mais rápido do Campeonato Brasileiro. Após isso, em desatenção de Thiago Feltri e especialmente Leandro Almeida, o Galo melhorou, fazendo uma razoável partida no Maracanã. Contou, também, com uma infelicidade do promissor volante tricolor Maurício. Éder Luís, que faz bom campeonato, empatou.

Seleção da rodada #31

Diego Cavalieri
Léo Moura – Marcelo – Miranda – Júlio César
Moradei – Wendel
Pedrinho – Éder Luís
Marcel - Finazzi

domingo, 28 de outubro de 2007

E a hora é de Juande Ramos


O que todos esperavam, enfim, aconteceu: Juande Ramos, após duas temporadas vindouras à frente do Sevilla, foi confirmado como treinador do Tottenham. Emergente na carreira, Ramos será, na esteira de Rafa Benítez, o segundo espanhol entre os principais clubes ingleses.

Como não poderia deixar de ser, Juande Ramos chegou em White Hart Lane elogiando o coeso e equilibrado elenco do Tottenham. Para um treinador ascendente, como é o caso do espanhol, não haveria melhor oportunidade para se afirmar na cada dia mais cotada Premier League.

Na Andaluzia, Juande Ramos deixará pra trás um trabalho excepcional, no qual suscedeu o não menos capaz Joaquín Caparrós, hoje fazendo o que pode no Athletic Bilbao. Em duas temporadas e alguns meses mais de Sevilla, foram duas Copas da Uefa, uma Copa do Rey, uma Supercopa da Espanha e outra da Europa.

Jogos como contra o Middlesbrough, pela final da Uefa, e contra o Barcelona, pela disputa da penúltima Supercopa Européia, ficaram marcados como duas das exibições mais contundentes no futebol europeu dos últimos anos. Além disso, Ramos sai do Sevilla com a sensação do dever cumprido, onde bem soube catalisar e projetar jogadores jovens e/ou emergentes, montando sempre times coesos, intensos e ofensivos. Exatamente do que precisa o Tottenham.

Já o Sevilla, com a efetivação de Manolo Jiménez, tratou de amenizar a perda que é claramente sensível. Por mais que o novo técnico viesse fazendo boas campanhas com o time B e tenha identidade com os rojiblancos, Juande Ramos ainda era o nome capaz para dar o salto definitivo para a estabilização dos sevillistas entre os times de ponta da Europa.

A intenção dos dirigentes do Tottenham, segundo se diz, é tirar Gustavo Poyet, auxiliar técnico do Leeds United, para formar com Juande Ramos a nova comissão técnica dos Spurs. O ex-meia uruguaio, de larga trajetória pavimentada no futebol inglês, pode ser útil para que Ramos faça uma transição positiva e rápida de duas concepções bem diferentes de jogo.

Em White Hart Lane, o novo treinador encontrará um elenco sem expressões individuais - como Fàbregas, Cristiano Ronaldo ou Drogba – mas com vários bons jogadores e clara margem para evolução. Se tiver liberdade para trabalhar, o que parece ter, Juande Ramos certamente poderá elevar o status do Tottenham, que tem batido na trave na tentativa de disputar a Liga dos Campeões. É a hora de Ramos.

sábado, 27 de outubro de 2007

Sul-americano Sub-15 e muito mais

Confira as novidades dos últimos dias no Olheiros, o primeiro site do país dedicado ao futebol de base.

Preview - Sul-Americano Sub-15 de seleções - por Rafael Reis, Mozart Maragno e Marcus Alves

Invasão bárbara: um caso ambíguo - Coluna do Mozart Maragno
Matando no ninho - Coluna do Maurício Vargas

Eternas promessas - Adrianinho, ex-candidato a camisa dez - Por Dassler Marques

A receita do sucesso - Coluna do Marcus Alves

Fique de Olho - Markel Sussaeta - Por Marcus Alves

Olho gordo #7


Caio César Alves dos Santos, 21 anos, 1.86 m e 82 kg. Nascido em Mirandópolis-SP.

Jogou por Barueri-SP, Guarani-SP, Barueri-SP, Internacional-RS e Palmeiras-SP.

Tímido, inconstante e, segundo se especula, alcóolatra. Esse retrospecto nada positivo vinha no pacote de Caio, oferecido ao Palmeiras no início deste ano. Tratado como promessa pelo Barueri, onde foi campeão da Série A-3 do Campeonato Paulista em 2005, o meia-direita passou um ano com Abel Braga, no Internacional. Lá, em nenhum momento, justificou a fama de jogador com grande potencial.

Aposta pessoal do treinador Caio Júnior, o meia-direita vem jogando um bolão, especialmente em setembro e outubro. Desde a lesão de Edmundo no mês passado, Caio assumiu o papel de referência ofensiva palmeirense. Seja como armador, seja como segundo atacante, tem obtido destaque e já atingiu status de indispensável para o time. Quando o Animal voltar - em cerca de 15 dias- o técnico terá a famosa dor de cabeça.

A principal característica de Caio, além da larga passada que já suscitou comparações com Raí, é o chute. Com potência e quase sempre muita precisão, o garoto é referência também nas bolas paradas.

Somente no Campeonato Brasileiro, tem oito gols, sendo cinco de setembro pra cá. Cinco do total, também, aliás, de fora da área, incluindo um gol olímpico no Santos, um de falta contra o Grêmio e outros dois sobre o Náutico - seu melhor jogo no torneio. Já deu passes precisos, através de cruzamentos, para três gols do time.

De permanência praticamente garantida para o próximo ano, Caio tem tudo para ser o futuro palmeirense ao lado do badalado Valdívia. Com eles e outros jogadores trabalhadores e de valor - como Wendel, Gustavo, Makelele e Luiz Henrique, quem sabe o Palmeiras não faz ainda mais bonito em 2008.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A hora de Jol


Um time que investe cerca de 70 milhões de euros apenas para compor o elenco, não pode, de forma nenhuma, brigar contra o rebaixamento. Foi basicamente pensado nisso que, nesta última quinta-feira, foi oficializada a saída de Martin Jol do Tottenham.

Surpreendentemente, os Spurs são o segundo expressivo clube da Premier League a trocar de treinador em apenas dez rodadas. Antes de Jol, o Chelsea já havia dispensado Jose Mourinho e admitido Avram Grant. Além destes, o Bolton também trocou Sammy Lee por Gary Megson.

Julgar a passagem de Martin Jol como ruim é, acima de tudo, uma grande injustiça. Embora sua saída – segundo se diz, em comum acordo – tenha sido correta, pois seu trabalho parecia estagnado e sem margem para uma reação, o treinador holandês fez do Tottenham, por duas vezes consecutivas, o quinto colocado da Premier League. Algo que, desde a implantação do torneio, em 1992, o clube não havia conseguido. Apenas em 1989/90, há 17 anos, os Spurs fizeram uma campanha melhor: foram 3º colocados.

Durante estes anos todos, o Tottenham sempre se manteve em posições insignificantes, ainda que tenha contado com jogadores importantes como Jürgen Klinsmann. Em quinze temporadas, a metade de cima da classificação final só viu os Spurs em cinco oportunidades. Martin Jol é um dos responsáveis por recolocar o clube do norte londrino entre os principais da cena britãnica.

Mas, ao contrário de outros expressivos treinadores da Premier League, o trabalho de Martin Jol teve um prazo de validade muito curto. Sua saída de White Hart Lane se deu em menos de quatro temporadas, passado o período em que supriu como ex-auxiliar o espaço deixado pelo francês Jacques Santini, de esquecível passagem pelo Tottenham.

Parece nítida a condição que o elenco atual do Tottenham tem para ser, pelo menos, a quinta força da Premier League. Com jogadores experientes como Robbie Keane, Dimitar Berbatov e Jermaine Jenas, o elenco dos Spurs também tem margem de crescimento, dada a enorme safra de jovens atletas colhidos em outros clubes europeus. Gareth Bale, Darren Bent, Younes Kaboul, Tom Huddlestone e Michael Dawson compõem o primeiro escalão da lista.

A instabilidade de Jol não é um fato recente e mantê-lo no cargo com certa insistência mostrou-se um equívoco. Prova disso foram as sondagens a Jose Mourinho e David Moyes, além do real convite feito ao sevillista Juande Ramos, com quem especula-se até que haja um acordo para a próxima temporada. Além disso, comenta-se que o treinador holandês não teve participação nas ações dos Spurs na última janela de transferências, algo impensável no formato dos clubes ingleses.

O fato é que o Tottenham, atual, tem bala para pensar maior. Martin Jol, cujo aproveitamento de pontos em White Hart Lane foi de 45%, deixa o clube na 18ª posição, dentro da zona de rebaixamento da Premier League. Entre seus resultados na temporada, acrescente uma derrota de virada para o Arsenal no clássico londrino, um empate sofrido no final frente ao Liverpool, outra derrota contra o Manchester United e mais outra frente ao Newcastle. Era, mesmo, a hora de Jol.

Na base da amizade


Em São Januário, que está longe de ter um ambiente internamente saudável e de amizades verdadeiras, é na base da camaradagem que tudo se resolve. O presidente Eurico Miranda, juntamente com Romário (isso mesmo!), definiu que Valdyr Espinosa será o responsável por assumir o comando do Vasco até o fim do ano.

É, também, na base da camaradagem que o Vasco, conhecido por seu relacionamento amigável com a Federação Carioca, traz alguns jogadores. Luizão, Leandro Bomfim, Abuda e Perdigão são nomes que preenchem o contexto citado. Só mesmo empresários bem relacionados poderiam "empurrar" tais atletas.

A chegada de Valdyr Espinosa lhe fará fechar o ciclo de trabalho entre os grandes cariocas. Meses antes, o treinador esteve em São Januário, onde foi auxiliar de Renato Gaúcho. Dali, provavelmente, surgiu a amizade com a cúpula (inclua Romário) vascaína. Sua contratação, porém, não se justifica.

Fazem exatos 24 anos (!) do título mundial conquistado por Espinoza com o Grêmio. Seu último caneco, no Brasil, foi em 1989, com o Botafogo. Nos últimos meses, o treinador veterano ainda passou, sem sucesso algum, pelo Santa Cruz. Lá, aliás, é persona non grata. Em 2005, pelo Flamengo, durou menos de três meses.

Quem não é amigo, no Vasco, também paga seu preço. A Espn Brasil, conhecida pelo estilo imparcial de jornalismo, muitas vezes crítico, não põe os pés em São Januário há anos. Coincidência ou não, Celso Roth foi demitido, mesmo fazendo um trabalho razoável, poucos dias após não pôr Romário em campo no clássico contra o Flamengo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Outra fiesta de Robinho


O título é do diário Marca, sempre criativo em manchetes. O motivo, foi Robinho mesmo. Sete dias e seis noites após a polêmica balada carioca, o meia-atacante brasileiro teve uma atuação de gala no Santiago Bernabéu, contra o Olympiakos, se redimindo em ótimo estilo frente a todos os madridistas presentes.

Se chegou atrasado para a reapresentação dos madridistas na última semana, sendo punido e criticado, agora Robinho foi preciso. Pontualíssimo.

Já nos primeiros instantes, foi ele quem botou Van Nistelrooy na cara de Nikopolidis, antes de Raúl abrir o placar. Após uma inesperada reviravolta dos gregos, o Real Madrid descobriu que não havia motivos para temer. Sergio Ramos foi ao fundo com a eficiência de sempre, pondo a bola com exata precisão na cabeça de Robinho, responsável por atingir o empate.

Pouco tempo depois, o craque brasileiro seguiu fazendo das suas. Sofreu, após várias pedaladas, um pênalti claro, bem marcado pela arbitragem, mas mau batido por Van Nistelrooy. Mas, não havia motivos para temer. Robinho estava em campo.

Ele, pessoalmente, fez também o gol da virada merengue. À la Romário, rei da noite carioca, Robinho pôs 3 a 2 a favor do Real Madrid, o que selava o sofrimento, desnecessário, dos torcedores presentes ao Bernabéu. Bernd Schuster saltou do banco, e foi cumprimentar o brasileiro, dono absoluto da noite.

Antes do apagar das luzes, Robinho ainda arranjou tempo para fechar o show com chave de ouro. Arrancou pela direita, de maneira irresponsável já que joga na esquerda, e deixou o garoto Balboa em totais condições para determinar o placar do jogo: 4 a 2 para Robinho.

Nessa noite, o craque, maior ídolo santista desde Pelé, foi na Europa o que um dia já foi no Brasil. Sem simplicidade, com muita fantasia e pedalada. Esse é Robinho, o dono da festa no Bernabéu.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Novidade


Com muita honra e satisfação que, nesse momento, anuncio aos fiéis leitores deste espaço, um novo ponto para a abordagem ao futebol de base, brasileiro e internacional.

Está no ar, desde já, um projeto que faço parte, ao lado de amigos jovens, dedicados e competentes. O Olheiros é, em caráter pioneiro, o primeiro site no país a cobrir o tema.

Convido todos para conhecer e visitar o site diariamente.

Em tempo: aos adeptos do Orkut, nossa comunidade. Dêem join!
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=40680328

Especial de abertura:

"Olheiros na rede"
Enfim, o futebol de base tem a cobertura que merece

Não há, em qualquer segmento que se aponte, um tratamento específico para o futebol de base na imprensa brasileira. Paradoxalmente, é dos jovens jogadores que os clubes daqui mais precisam, cada dia em maior escala, para rechear seus elencos e manter as finanças no azul. Olheiros surge, justamente, para preencher essa lacuna.

Conhecer o futebol de base é, acima de tudo, antever os fatos. Se hoje, Fàbregas e Messi assombram a Europa como protagonistas da temporada em curso, quem acompanha jovens jogadores desde a adolescência poderia, há muito tempo, prever esse sucesso. Desde já, podemos atestar a qualidade de futuros craques como Bojan Krkic, Toni Kroos e Ransford Osei.

Cabe, ainda, ressaltar o período decisivo para o ciclo da base mundial. Olheiros ganha vida, justamente, após os repercutidos Mundiais Sub-17 e Sub-20, mas meses antes dos Jogos Olímpicos de Pequim. É nesse período, principalmente, que a cobertura do futebol de base é amplificada e discutida, nem sempre como deveria ser.

Recheado por gente que estuda e acompanha jovens jogadores de todo o mundo, Olheiros traz uma proposta de cobertura através de oito colunistas semanais e seções específicas, como o “Fique de olho”, o “Meninos prodígios”, “Eternas promessas” e “Meninos ganham campeonatos”. Além disso, há, no conteúdo, especiais e entrevistas com pessoas presentes no contexto do futebol de base, como é o caso de Rodrigo Caetano, responsável pela formação de atletas como Lucas e Anderson no Grêmio, e entrevistado, pessoalmente, por nosso Gustavo Vargas.

Não por coincidência, somos também jovens e, modéstia à parte, representantes de uma nova safra de analistas que estuda e acompanha o futebol em ampla profusão. Fatalmente, não será comum ver, aqui, expressões como “fulano está mascarado” ou “ciclano sentiu a pressão”. Algumas vezes, se trata de um julgamento primário e abrigo seguro para críticos desinformados ou preguiçosos.

Sobre a linha editorial, é importante dizer que Olheiros não pretende ser um site entusiasta de garotos que, sabe-se bem, nem sempre são soluções. O objetivo primordial é preencher um filão sistematicamente ignorado pela grande mídia, mas de relevância contínua e crescente no futebol brasileiro e mundial.

Enxergar futuros talentos é, em comum, algo que dá prazer para a nossa equipe. Desde já, Olheiros está no ar.

Os Olheiros são: Dassler Marques, Gustavo Vargas, Leandro Guimarães, Marcus Alves, Maurício Vargas, Mozart Maragno, Nuno Almeida e Rafael Reis.

Colaboram, ainda: Alexandre Lozetti, André Augusto, Bárbara Barreto, Braitner Moreira, Filipe Lima, Henrique Moretti e Leandro Silva.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Matérias


Está nas bancas, desde a última semana, a nova edição da Revista Trivela.
Tenho a honra de assinar três matérias da publicação, a qual aconselho os amigos a comprarem.

- Entrevista exclusiva com Maldonado
Vida nova na seleção chilena, Vanderlei Luxemburgo, Cruzeiro, problemas do Santos..

- Má fase do Nordeste
Sobe e desce dos clubes nordestinos é esmiuçado

- Mortes em campo
Com os amigos Ubiratan Leal e Marcus Alves, mostramos que muitas das mortes em campo podem ser evitadas no futebol

Futebol brasileiro


Publico aqui, nesta terça-feira, a coluna originalmente da Trivela.

"Só Joel salva"

O título da coluna se justifica. Não foi esta atual a primeira vez em que o Flamengo, no aperto, recorreu a Joel Santana como solução aos seus problemas. Em 2007, como já havia sido há dois anos atrás, o treinador cala os críticos. À sua maneira, montou um time trabalhador, motivado e que, com o que vem fazendo nas últimas semanas, poderá se colocar entre os quatro primeiros ao fim da 38ªrodada. São três pontos atrás do G-4 e dois confrontos diretos, contra Cruzeiro e Santos. Ou seja, um cenário, sim, possível.

Os resultados, por mais incríveis que possam parecer, têm sido exuberantes. O retrospecto recente aponta para três vitórias seguidas. Outro, um pouco mais amplo, também dá um panorama ainda mais interessante: em 15 jogos, são 8 vitórias (inclusive sobre São Paulo, Cruzeiro, Grêmio e Vasco), 4 empates e 3 derrotas. São 28 pontos em 45 possíveis, contando desde a saída da zona do rebaixamento em 23 de agosto.

Feita por Joel, a reconstrução do Flamengo passa primordialmente pelo plano psicológico. Embora conte com um sistema tático que tem funcionado, boas fases de alguns jogadores e a chegada de reforços pontuais desde a saída de Ney Franco, é inegável que se passaram mudanças totais de astral e motivação, o que fatalmente pauta arrancadas fulminantes como a atual.

O símbolo disso, claro, está nas arquibancadas. Com cantos bonitos e uma participação maciça, a torcida do Flamengo comanda um movimento de ótimos públicos nas últimas semanas do campeonato. Se havia colocado 61 mil pessoas contra o Fluminense e outras 59 mil contra o São Paulo, foram outras 63 mil contra o Grêmio, quebrando pela terceira vez o recorde do Brasileirão 2007.

Entender a necessidade de cada jogo, de cada ponto, tem sido outro mérito do Flamengo. É a instabilidade, nos últimos anos, que fazia o clube sofrer, perdendo pontos em partidas aparentemente de importância menor. Em um torneio de pontos corridos, todavia, todos os jogos têm o mesmo peso. Só assim é possível se manter firme na tabela de classificação.

No plano tático, o Flamengo apresenta poucas novidades e/ou variações. Normalmente, usa um volante fazendo o papel de zagueiro pela direita. O posto era de Rômulo, jovem promovido por Joel, mas que, lesionado, passará o bastão para Jaílton ou Cristian.

A prioridade, na concepção flamenguista, é liberar para o jogo Juan e Léo Moura, seus dois maiores talentos. A dupla, justifica a ousadia: Juan tem cinco gols e oito assistências precisas. Léo Moura também tem cinco gols e deu outros cinco passes.

Com um meio-campo equilibrado, o Flamengo também pode respirar com a posse de bola e exigir algum talento que não parta dos pés de seus laterais. Se Toró e Jaílton esbanjam vitalidade, o mesmo não falta a Cristian, que pode e tem oferecido mais qualidade ainda. O dono do meio-campo, contudo, é Ibson. Perfeito em todos os fundamentos, o ex-portista é a referência técnica, tática e da confiança do time. Fez, ainda, cinco gols.

Imaginar um espaço para Kléberson, em 2008, é prudente e possível. O pentacampeão mundial prima justamente por ser um multi-funcional em campo, característica dos componentes do setor na atualidade.

À frente, Maxi parece consolidado como um valor importante, à medida em que Souza, jogo a jogo, melhora e se torna útil. Fez, contra o Vasco, um jogo interessante. Contra o Grêmio, além disso, fez gol.

Na defesa, passado o início ruim de Campeonato Brasileiro, o goleiro Bruno consegue oferecer a mesma segurança de seus primeiros meses de Gávea. A presença de Fábio Luciano, mesmo sem a velocidade de desarme dos tempos de Corinthians, Ponte Preta e Internacional, elevou o nível da zaga, fazendo Ronaldo Angelim, reconhecidamente um bom defensor, se consolidar.

A boa fase do Flamengo, como a de qualquer equipe, merece um porém. A regularidade e a ambição, descritas algumas linhas acima, devem seguir “embaixo dos travesseiros” dos atletas. Não se trata de um timaço repleto de craques, mas um time virtuoso, de camisa pesadíssima e torcida apaixonada. Com suas limitações. Mas, encantando.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Pitacos da rodada + seleções #29 e #28


Flamengo 2 x 0 Grêmio

Cristian e, especialmente Ibson, jogaram muita bola naquele que foi, pela terceira vez, quebra de recorde de público por parte dos torcedores do Flamengo. Além de mobilizar a massa, o Fla joga com vibração e faz, em todos os jogos, questão absoluta dos três pontos. Ao vencer a primeira das três decisões que têm, os rubro-negros se candidataram claramente ao G-4.

Figueirense 1 x 0 Santos

Em Florianópolis, o Santos não teve a vibração necessária de que precisa um aspirante aos quatro primeiros lugares do Brasileirão. Luxemburgo tentou surpreender, usando um 4-2-1-3, mas viu uma sólida e superior atuação do Figueirense. Destaque para, além de André Santos, a boa combinação que fazem o volante Diogo e o ala Ruy.

Internacional 3 x 0 Juventude

Em alguns momentos, o Internacional mostra que tem potencial para estar muito acima do atual 11ºlugar. Contudo, parece claro que se trata de um time em formação para fazer bonito em 2008. Neste domingo, Fernandão foi o dono do jogo no Beira Rio, fazendo outro lindo gol de cabeça, digno de invejar, no bom sentido, Dadá Maravilha. Sinal de que as coisas podem voltar ao seu lugar. Em Caxias, já seria prudente planejar a Série B.

São Paulo 1 x 0 Cruzeiro

Muricy comentou que, se a parte tática funcionasse bem, o São Paulo poderia vencer. Com um desenho próximo ao 3-3-2-2, teve uma razoável marcação ao quarteto de frente do Cruzeiro. Mesmo com alguns sustos menores, os são-paulinos foram mais seguros e, nas costas do lateral-direito cruzeirense, Diego Tardelli criou o gol de Jorge Wagner. Em uma ou duas rodadas, o caneco enfim estará no Morumbi.

Atlético-MG 1 x 0 Vasco

Com dificuldades, o Atlético Mineiro vai fazendo o que precisa para respirar: soma pontos, sobretudo em casa. Longe da tradição do clube, longe do que a direção poderia ter esboçado para 2007. Mas suficiente para respirar. O Vasco, nos últimos 30 pontos possíveis, somou só cinco. Não pode, mesmo, sonhar com Libertadores.

Atlético-PR 2 x 0 América

O América jogava melhor no início do segundo tempo, mas sofreu um gol de centroavante, do centroavante Marcelo Ramos. Com um sistema de jogo definido e escalações quase sempre iguais, o CAP tem uma identidade, uma sistemática de jogo e resultados muito bons nas últimas semanas.

Náutico 1 x 0 Corinthians

No post abaixo

Palmeiras 3 x 0 Paraná Clube

Saulo quer mexer no time, mas tem precisado mais do que queria. Sem vários titulares, o Paraná foi mais frágil do que habitualmente já é. E o Palmeiras, novamente, fez bom jogo, especialmente no segundo tempo, quando pôde dispor de contra-ataques. Rodrigão, longe de ser um grande jogador, faz gols. E, assim, já se torna muito útil aos palmeirenses, sólidos dentro do G-4.

Botafogo 3 x 1 Sport

Não importava como, mas o Botafogo precisava voltar a vencer. Com alguma consistência, venceu fazendo gols no início das duas etapas, algo fatal para um Sport carente de melhores peças do meio pra frente. A chocante lesão de Luciano Almeida significou um ano a mais de contrato para o zagueiro/lateral botafoguense. A atitude, poucas semanas após as várias destemperadas da direção do clube, soa muito bem.

Goiás 5 x 3 Fluminense

Três pontos utilíssimos ao Goiás, que vinha caindo vertiginosamente na tabela. Ainda assim, os esmeraldinos parecem adversários únicos e diretos do Corinthians, na luta pela permanência. Márcio Araújo, que fez belo trabalho no Guaratinguetá, parece poder montar um time mais instigante e veloz no ataque. É o que melhor podem fazer os goianos.

Seleção da rodada #29 (última rodada)

Felipe
Fábio Ferreira – Gustavo (Palmeiras) – Marcos (Atl-Mg) – Jorge Wagner
Cristian – Elicarlos
Ibson – Paulo Baier
Rodrigão - Fernandão

Seleção da rodada #28 (fim de semana passado)

Bruno
Alessandro – Fábio Luciano – André Dias – Anderson Pico
Perdigão - Jorge Wagner
Marcelo Silva (Náutico) – Caio
Acosta – Leandro Amaral

domingo, 21 de outubro de 2007

Descendo a ladeira..


A vida corintiana ficou ainda mais complicada após a rodada deste domingo. Nos Aflitos, jogo equilibrado e com melhores momentos alternados de Corinthians e Náutico, que teve, porém, mais chances claras de gol, quase todas barradas por Felipe. Com a derrota, o time de Nelsinho Baptista completa a sexta rodada consecutiva entre os quatro últimos. Terá, mais seis jogos, para remontar a escalada e tentar ultrapassar Náutico, Internacional, Goiás ou Atlético Mineiro. Todos venceram, neste domingo, o que é o mais preocupante para os corintianos.

Inicialmente, Roberto Fernandes foi à campo de 4-2-1-3, apostando na velocidade de Felipe e Marcelinho como ponteiros. Ferreira, espetado entre os zagueiros, cumpria o papel que tem sido de Beto Acosta. Apostando na tendência que marcou o clássico contra o São Paulo, o treinador corintiano jogou com o mesmo desenho tático e mesmo time titular, apenas trocando Héverton por Lulinha, merecidamente titular após bons momentos contra o Internacional.

Após um primeiro tempo truncado, mas de maior inspiração dos alvirrubros, Nelsinho fez uma alteração aparentemente boa. Sacou Iran, que como quase sempre jogava mal. A entrada de Bruno Bonfim transformou Fábio Ferreira e Carlão em laterais, tendo então uma linha de quatro defensores e um pouco mais de companhia para Finazzi. O isolamento do camisa nove corintiano, aliás, tem sido o crônico problema do Corinthians, que toca bem a bola, tem uma defesa segura, mas simplesmente não cria chances de gol.

Com uma torcida vibrante e especialmente motivado, o Náutico seguia em busca pela vitória, algo que já vinha conseguindo sobre todos os seus adversários pelo rebaixamento, como Atlético Paranaense, América, Juventude e Goiás. Vencer esses times vai se mostrando vital para que o alvirrubro recupere os muitos pontos perdidos no início do campeonato. Priorizá-los é um dos vários méritos de Roberto Fernandes.

Sufocando o Corinthians nos instantes finais de jogo, o Náutico se valeu de uma atitude primária de Aílton, dos mais experientes entre os corintianos. Sem necessidade, o meia empurrou Sidny em jogada de bola áerea, dentro da área, dando a Geraldo a oportunidade para bater Felipe e selar a vitória dos pernambucanos. A quinta consecutiva nos Aflitos.

Ao Corinthians, resta somar de dez a doze pontos em dezoito possíveis [Figueirense (casa), Flamengo (fora), Atlético Paranaense (casa), Goiás (fora), Vasco (casa) e Grêmio (fora)]. Uma tarefa inglória para Nelsinho Baptista. Uma missão possível, mas quase impossível.

sábado, 20 de outubro de 2007

Uma proposta diferente


Patrice Evra não é um lateral-esquerdo para a concepção inglesa de futebol. Uma linha de quatro meio-campistas com Paul Scholes e Anderson, pelo centro, também não é algo usual na Premier League. Dois wingers espetados como Ryan Giggs e Cristiano Ronaldo, embora já estivessem juntos como titulares há um tempo, também pode ser visto, pelos mais conservadores, como ultra-ofensivo. Pois este, pasmem, é o Manchester United dos últimos dois jogos.

Sem atuar no tradicional box-to-box da temporada passada, os Red Devils têm focado suas ações de jogo no campo do adversário. Longe do ápice físico – Alex Ferguson vem tendo várias lesões no elenco, a estratégia parece válida, pois o time tem técnica suficiente para acuar seus oponentes. Ao menos, tem tido.

Contra o perigoso e incisivo time do Aston Villa, neste sábado, só deu Manchester United. Mesmo sofrendo um gol de início, os Red Devils tocaram a bola com paciência e certa velocidade, esperando o momento ideal de furar a frágil linha defensiva, composta por quatro zagueiros lentos e desatentos: Mellberg, Knight, Laursen e Bouma.

A presença de Anderson como meio-campista central, dada a situação de jogo, lhe incumbia a missão de organizar as ações do Manchester United. Com ótimo tempo de bola, toques rápidos, além de muita movimentação, o gaúcho foi um dos nomes da partida, vencida por 4 gols a 1.

É o caso, aliás, de ressaltar as diferenças de um meio-campista central – em uma linha de quatro homens, para o tradicional volante do futebol brasileiro. Na função que teve, Anderson raramente precisava cobrir os laterais de seu time. Em uma organizada linha defensiva, sempre haverá uma sobra, ainda que avance um dos laterais. Além disso, o gremista teve, como dito, a função primordial de organizar o Manchester United.

Com o Aston Villa jogando também no four four two ortodoxo, não havia, simplesmente, um meia ofensivo para ser marcado. Scholes, habituado com a função, é quem fazia o “trabalho sujo” de pegar Barry ou Reo Cocker quando um deles subisse, além de fazer a sombra aos wingers do Villa.

É fato que Carrick e Hargreaves voltarão e, possivelmente, vão ficar com a posição. Mas Anderson, com seu talento e o respaldo inteligente de Ferguson, proporcionou uma opção diferente de jogar.

Seja assim dando show, ou no “boring” de várias vitórias por um a zero, o Manchester United vai colocando ordem na tabela da Premier League, muito também pelo perfeito e encantador encaixe de Rooney e Tevez. Salvo um jogo da Carling Cup com os reservas, o United acumula nove vitórias seguidas, contando com a Liga dos Campeões. Já é o segundo colocado no plano doméstico. E perto de ser o time da última temporada.

Bola gelada


Três meses antes de seu início, a tradicional Copa Africana de Nações, disputada desde 1957, e programada desta vez para Gana, conheceu quais serão seus quatro grupos.


Conhecida também por desfalcar vários clubes europeus bem no meio da temporada, a CAN segue amparada pela Fifa que já tomou algumas atitudes a fim de impedir a intervenção dos times insatisfeitos.

Nas chaves sorteadas, vida mole para Gana, no grupo A, e pedreiras no caminho da África do Sul, no grupo D. Os grupos B e C, por sua vez, ficaram mais equilibrados.

A competição também serve como aperitivo para as Eliminatórias da Copa 2010, onde evidentemente os sul-africanos já têm cadeira cativa. Muito embora, nem sempre, possa ser parâmetro. O Egito, atual campeão e também maior detentor de títulos da CAN, não esteve na última Copa do Mundo. Aliás, em todos os tempos, só jogou dois mundiais (1934 e 1990).

Grupo A: Gana, Guiné, Namíbia e Marrocos
Grupo B: Nigéria, Benin, Mali e Costa do Marfim
Grupo C: Egito, Sudão, Zâmbia e Camarões
Grupo D: Tunísia, Angola, África do Sul e Senegal

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Euro: Quem classifica?


Como no mês passado, publico aqui a atualização do texto especialmente feito para o Futebol Europeu/Trivela, traçando o panorama das Eliminatórias da Eurocopa.

"Reta final das Eliminatórias da Euro-08"

Ainda restam duas rodadas para, enfim, se conhecer todas as dezesseis seleções que disputarão a fase final da Eurocopa 2008. Nas partidas jogadas nos últimos dias, foram quatro as seleções a garantirem a classificação: Romênia, Alemanha, República Tcheca e a atual campeã Grécia.

Além das citadas, Áustria e Suíça, sedes da competição, também já estão asseguradas, restando então dez vagas em aberto para os últimos jogos em novembro. Há, ainda, países cuja classificação é mera formalidade, casos de Holanda, Espanha e Suécia, principalmente.

Para não te deixar por fora, a Trivela preparou mais um resumo de tudo que aconteceu nas duas últimas rodadas e, principalmente, das chances de classificação em cada um dos oito grupos das Eliminatórias da Eurocopa.

Grupo A, quem tem chances:

Polônia – 24 PG / 12 J de 14
Portugal – 23 PG / 12 J de 14
Finândia – 20 PG / 12 J de 14
Sérvia – 20 PG / 12 J de 14

Próximos jogos:

17/novembro
Sérvia x Cazaquistão
Finlândia x Azerbaijão
Portugal x Armênia
Polônia x Bélgica

21/novembro
Sérvia x Polônia
Portugal x Finlândia

Resultados ruins de sérvios e finlandeses, no sábado, deram uma mãozinha a Portugal, que não teve Felipão no banco, mas somou seis pontos na rodada dupla. Com três pontos de vantagem sobre seus dois perseguidores – estes citados nas linhas acima – os lusos têm, ainda, um jogo fácil contra a Armênia. Para finalizar, ainda recebe a Finlândia, em duelo, onde, teoricamente, só precisará de um simples empate, já com Scolari no banco.

Ebi Smolarek, no fim de semana, deu três pontos para a Polônia, que folgou na quarta-feira. Com três gols, ele manteve os poloneses em confortável situação, ainda líderes do Grupo A. Ainda assim, faltam dois jogos perigosos para disputar. Uma vitória, em casa, contra a Bélgica, elimina os riscos de visitar a Sérvia na última e decisiva rodada.

Grupo B, quem tem chances:
França – 25 PG / 11 J de 12
Escócia – 24 PG / 11 J de 12
Itália – 23 PG / 10 J de 12

Próximos jogos:
17/novembro
Lituânia x Ucrânia
Escócia x Itália
21/novembro
Itália x Ilhas Faroe
Ucrânia x França

Após uma contundente vitória sobre a Ucrânia dentro de casa, o pior e surpreendente ocorreu para a Escócia, tida como favorita no grupo B. A Geórgia, que já havia imposto alguma resistência aos italianos em jogo do fim de semana, venceu o time de Barry Fergunson e inverteu os papéis no grupo B. Onde, a França, tem apenas que fazer seu papel, na última rodada, frente aos já desinteressados ucranianos.

O principal duelo das últimas rodadas, porém, será no dia 17 de novembro. Nada além de três pontos interessa para a Escócia frente a Squadra Azzurra, principal beneficiada pela façanha da Geórgia, e com sobrevida declarada no grupo B.

Grupo C, quem tem chances:

Grécia – 25PG / 10J de 12
Noruega – 20PG / 10J de 12
Turquia – 18PG / 10J de 12

Próximos jogos:
17/novembro
Noruega x Turquia
Grécia x Malta

21/novembro
Malta x Noruega
Turquia x Bósnia
Hungria x Grécia

Um gol de Amanatidis, aos 79 minutos de jogo, selou a classificação da Grécia, em duelo frente aos turcos, que colheram em seus domínios um resultado horrível. Com a vaga garantida, a seleção de Otto Rehhagel conquista o direito de defender seu título europeu.

Aos turcos, só resta, agora, vencer a Noruega fora de casa, no dia 17 de novembro. Com apenas um empate, a seleção de John Arne Riise anestesia as chances da Turquia, seu único perseguidor no grupo C.

Grupo D, quem tem chances:

República Tcheca – 23PG / 10J de 12
Alemanha – 23PG / 10J de 12

Próximos jogos:

17/novembro
República Tcheca x Eslováquia
Alemanha x Chipre
País de Gales x Irlanda

21/novembro
Chipre x República Tcheca
Alemanha x País de Gales

Panorama fechado no grupo D, onde tchecos e alemães já definiram suas classificações. A Irlanda, que ainda aspirava alguma classificação, verá a Eurocopa 2008 de casa. Jogando em seus domínios, cedeu um ponto para o Nationalmannschaft, suficiente para a ratificação de uma das vagas.

Com uma surra em pleno Allianz Arena, a República Tcheca mostrou que segue um time hostil. Aniquilou os germânicos, assumindo assim a liderança da chave, e também se garantindo entre os dezesseis finalistas da Eurocopa.

Grupo E, quem tem chances:

Croácia – 26 PG / 10J de 12
Inglaterra – 23 PG / 11J de 12
Rússia – 21PG / 10J de 12

Próximos jogos:

17/novembro
Macedônia x Croácia
Israel x Rússia

21/novembro
Inglaterra x Croácia
Israel x Macedônia
Andorra x Rússia

Tudo parecia correr bem para a Inglaterra. Após somar nove pontos em seus últimos três jogos, o English Team vencia a Rússia e controlava a partida, fatal para suas pretensões de classificação. Pois, Roman Pavluchenko, em quatro minutos, fez os dois gols que aumentaram sensivelmente as chances de eliminação inglesa no grupo E.

Para classificar, a Inglaterra precisa que, em seus últimos jogos, Macedônia (11 pontos), Andorra (0 ponto) ou Israel (17 pontos), atrapalhem a vida de russos e/ou croatas. Além disso, precisará indispensavelmente vencer a consistente equipe da Croácia, já talvez classificada no dia 21 de novembro, para operar um milagre e jogar a Euro-08. Guus Hiddink tem boas chances de ampliar seu indiscutível currículo.

Grupo F, quem tem chances:

Suécia – 23PG / 10J de 12
Espanha – 22PG / 10J de 12
Dinamarca – 17PG / 10J de 12
Irlanda do Norte – 17PG / 10J de 12

Próximos jogos:

17/novembro
Espanha x Suécia
Irlanda do Norte x Dinamarca

21/novembro
Espanha x Irlanda do Norte
Dinamarca x Islândia
Suécia x Letônia

Suécia e Espanha - que venceu a Dinamarca fora de casa - fizeram bem os seus papéis e tornaram escassas as chances dos adversários no grupo F. Com dois jogos para fazer em seus domínios, a Fúria dificilmente não vencerá ao menos um, necessário para se garantir.

Com segura campanha durante todas as Eliminatórias e um recente histórico de resultados consistentes, a Suécia, líder, e anfitriã de um jogo contra a Letônia na rodada final, também dificilmente permitará um resultado adverso, o que deixa claro o panorama quase definido no grupo F. As classificações de suecos e espanhóis é mera formalidade.

Grupo G, quem tem chances:

Romênia – 26PG / 10J de 12
Holanda – 23PG / 10J de 12
Bulgária – 19PG / 10J de 12

Próximos jogos:

17/novembro
Bulgária x Romênia
Holanda x Luxemburgo

21/novembro
Bielorrússia x Holanda
Romênia x Albânia
Eslovênia x Bulgária

Um duelo em casa contra a Holanda era a situação propícia para a afirmação do time romeno, liderado por Adrian Mutu. Com a vitória e mais três pontos somados em Luxemburgo, a Romênia se colocou na ponta do grupo G, onde já é uma das classificadas.

Mesmo com o revés, a Holanda seguiu confortável após somar pontos contra a Eslovênia, em jogo não muito tenso. Basta também bater Luxemburgo, no dia 17, para a Orange enterrar as minúsculas chances da Bulgária. Panorama também selado por aqui.

Novo layout e mais novidades

Meus agradecimentos a Juliana Loreto e Maurício Vargas. Graças a eles, este blog tem, agora, um visual um pouco mais agradável. Obrigado aos dois - Ju pelo insuperável vetor e Maurício pelo lindo banner - que deram essa mão a este que vos escreve, incapaz de qualquer façanha como tais.

Aproveitando esse modesto upgrade gráfico, apresento ainda duas novas seções que lançarei por aqui:

- "Ontem e hoje": análises mensais de jogos históricos e inesquecíveis, inspiradas no quadro similar do amigo André Rocha, onde irei comparar as diferenças de ontem e hoje, além de falar detalhadamente dos personagens envolvidos e também o desenrolar da partida em questão.

- "Gol da semana": às terças-feiras, o gol mais bonito do período.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Papo com Lucas Leiva


O blogueiro que vos escreve teve a honra de bater um papo com o selecionável Lucas Leiva, volante do Liverpool e também com expressiva trajetória com a camisa do Grêmio. Dotado de técnica, liderança e futebol combativo, foi também eleito Bola de Ouro da Revista Placar em 2006.

Neste trecho da entrevista que publico aqui, Lucas fala sobre a rápida adaptação que vai tendo na Inglaterra, onde, porém, as chances de jogar têm sido bem reduzidas neste início de temporada européia. De passagem, comenta também sobre as Olimpíadas, que na verdade foi o tema principal deste contato. O material, porém, estará na Revista Trivela de novembro.

Quando topou ir para o Liverpool, você tinha ciência de que as oportunidades iniciais seriam escassas?

Sinceramente não. Sabia que seria mais complicado, não jogaria tanto como no Gremio e precisaria me adaptar. Não imaginava mesmo que seria assim, mas tenho paciência e logo jogarei mais. O futebol inglês é completamente diferente, não só por ser mais rápido, mas também pelo estilo de jogo.
Como é brigar por posição com Gerrard, Mascherano, Sissoko e Xabi Alonso?

Não é fácil, não (risos). São grandes jogadores, com currículo excelente e muitos títulos. Estou tendo paciência, tendo chances aos poucos. Sou o mais jovem do plantel. Tenho treinado forte e tive algumas chances, além de outros jogos em que fiquei no banco.

O treinador também sempre conversa, diz que gosta de mim e do meu futebol. Aos poucos conquistarei meu espaço, estou adaptado e bem fisicamente. Mas fico ansioso sim, pois no Grêmio jogava todos os jogos do ano.

Você teme ter as oportunidades na seleção prejudicadas pelo baixo número de jogos que deve fazer essa temporada?

Creio que não, até porque o Dunga acompanha muito bem não só os jogos, mas o dia a dia de todos os jogadores que têm na cabeça. Se, de repente, eu estiver na lista de possíveis convocados, ele me conhece e não haverá problemas.

Como é teu contato com o Rafa Benítez e as principais diferenças no dia a dia em relação aos tempos de Grêmio?

O contato é muito bom. Ele conversa sempre comigo, diz que está feliz com meu futebol e minha adaptação. O idioma também não é problema e eu me viro bem, mesmo na vida particular. Já estou na rotina do clube, tenho tudo para crescer.

Você se assusta um pouco com a pressão monstruosa que existe em torno da medalha de ouro?

Não assusta. Naquele momento em disputávamos o Sul-Americano sub-20 e soubemos que valeria vaga em Pequim, foi uma notícia forte que recebemos, bem no meio da preparação. Veio isso e mudaram todos os papéis. A responsabilidade aumentou e éramos jogadores muito jovens.

Na verdade, estou trabalhando por essa vaga. Sei como será difícil, pois tem muita gente. Minha preocupação é conquistar uma vaga. Penso primeiro em conquistar esse espaço e ter uma oportunidade também durante as Eliminatórias.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Futebol brasileiro

Publico hoje a coluna da semana no site da Trivela.
Para ler tudo, inclusive textos sobre o Náutico e o São Caetano, clique no link:
http://www.trivela.com/index.asp?Fuseaction=Futebol_Mundial_Pais&id_secao=17

"Campeonatos à parte"

Tem sido mesmo difícil achar argumentos para não apontar o São Paulo como iminente bicampeão brasileiro. As quedas de Vasco e Botafogo, aliás, minaram as emoções na disputa pelas vagas na Libertadores. Mas tem havido, nos últimos jogos, um fenômeno interessante e que traz atrativos consideráveis: todas as equipes que enfrentam os são-paulinos têm jogado verdadeiras decisões, pagando a partir disso os lucros ou prejuízos pelos resultados colhidos contra o líder do campeonato.

O primeiro a provar do veneno e, dos prós e contras da situação, foi o Botafogo. Tenso, o time de Cuca disputava a liderança do campeonato com o São Paulo. Em alta, definiu a vitória sobre o time de Muricy como a auto-afirmação que necessitava para ser mesmo decantado como o primeiro do Brasil. A derrota, a expulsão de Túlio e o que aconteceu de lá pra cá, ainda que tenham havido outros fatores – como o doping de Dodô e a trágica noite no Monumental de Nuñez – tornaram cinzento o horizonte botafoguense, de confiança jamais recuperada.

Quem também se abalou após perder do São Paulo foi o Vasco. Em São Januário, foi o time que mais envolveu a equipe de Muricy Ramalho no Brasileirão. Bolas na trave, pressão e chances desperdiçadas foram as marcas do jogo, porém vencido pelos líderes por 2 a 0. Até o início da partida, os cruzmaltinos eram quarto colocados. De lá pra cá, caíram vertiginosamente na classificação. Só a vitória contra o Botafogo melhorou as coisas. Antes, já eram 11º e tinham um aproveitamento de 6% desde a derrota fatídica.

Os jogos mais sintomáticos, porém, foram contra Flamengo e Corinthians. No Maracanã, o Fla recebeu mais de 60 mil torcedores, em noite onde o clima de decisão era notório. A disposição dos flamenguistas, de pretensões já mortas no torneio, foi incrível, assim como a segurança e a confiança adquirida após a vitória que colocou fim ao incrível período invicto do São Paulo. O Corinthians, de moral e auto-estima ínfimas, se engrandeceu e mudou completamente o astral após a vitória e o fim do tabu no clássico contra o São Paulo.

Vale, ainda, mencionar o duelo do Beira Rio. Contra o Internacional, os são-paulinos também foram sufocados e oprimidos pelo maior volume de jogo dos gaúchos, campeões do mundo, mas de campanha modesta e decepcionante no Campeonato Brasileiro. A atmosfera de final também esteve presente no estádio do Colorado, assim como a desilusão pela virada e conseqüente derrota puseram uma pá de areia nas pretensões do time de Abel Braga.

Estádios cheios, vibração excessiva, pressão adversária. Apenas algumas das situações que têm encontrado o São Paulo, que teve também jogo duro contra o Fluminense. Fatos que, se somados, contabilizam méritos para a façanha são-paulina. Ainda que falte alguém capaz de se aproveitar dos naturais pontos perdidos pelo time de Muricy Ramalho.

Guga

Já deixei claro aqui, muitas vezes, a admiração e idolatria que tenho pelo Gustavo Kuerten. Coloco, hoje, um link de uma entrevista interessante que Guga deu ao diário espanhol As.

A leitura é imperdível.

http://www.as.com/mas-deporte/articulo/atp-tour-tenis-conmigo-tenis/dasmas/20071016dasdaimas_5/Tes

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Faltou..


As desculpas já estavam prontas: Robinho sem ritmo, altitude de Bogotá, nervosismo da estréia..até a Colômbia jogou muito bem, disse Dunga. Completou ainda afirmando que “se jogarem sempre assim, irão para a Copa”. Tudo bem. Mas, e o Brasil? E mais: e o futebol do Brasil? Problemas, situações atípicas e adversários fortes certamente farão parte da vida brasileira na briga por uma vaga na África do Sul.

Faltou ao Brasil, acima de tudo, manter a bola no ataque. Apertar mais a Colômbia, retomar e sair em velocidade. Faltou, e falta ao time de Dunga, um jogador que pare a bola e organize o jogo. Poderia ser Lucas o homem para cumprir esse papel. Faltou, também, mais apoio das laterais, presos em virtude de Ferreira e Castrillon.

Faltou, também, ter mais variações táticas para mudar o jogo. Talvez, jogar no 4-2-1-3, no 4-1-4-4, quiçá até um aparentemente simplório 4-2-2-2. Poderia, por exemplo, se usar o Gilberto como um volante de mais técnica e abrir espaço para o Kléber na lateral. Enfim: coisas não treinadas pelo treinador.

A tendência era que, o Brasil da estréia, fosse o que venceu a Argentina, o México e os Estados Unidos, em seus três últimos jogos. Mas, infelizmente, foi o de quase toda a Copa América. Covarde, medroso, dependente de jogadas individuais. Longe do que os brasileiros querem. Principalmente, longe do que a seleção pode fazer.

domingo, 14 de outubro de 2007

Eliminatórias Sul-Americanas - Parte 3 (Colômbia, Brasil e Peru)

#3

Colômbia: “Reviravolta”


Últimas eliminatórias: em 2006 (6º) e em 2002 (6º) / Copas do Mundo: 4

Time base: Calero, Zuñiga (Bustos), Zapata (Perea), Mosquera e Vélez; Amaya; Carlos Sánchez e Castrillón; Ferreira; Falcao e Rentería

Técnico: Jorge Luis Pinto

A Colômbia sofre, até hoje, os efeitos da trágica estréia diante do Paraguai na última Copa América, quando foi batida 5 a 0 em uma das piores partidas da história do central Ivan Córdoba. Justamente ele, que havia sido o principal herói do título na edição de 2001. De lá pra cá, Jorge Luis Pinto intensificou uma reviravolta na formação do elenco. Neste processo, as animosidades com Córdoba se tornaram públicas, tendo o zagueiro se afastado do time. Yepes, outro nome significativo, também teve sua importância relativizada.

Sem poder contar com Perea, do Atlético de Madrid, a dupla de zaga colombiana terá, inicialmente, os bons Zapata e Mosquera. O crescimento de Radameo Falcao, hoje uma das referências no River Plate, propiciou a barração de Rodallega, sempre criticado por suas exibições no time principal. Vargas e Viáfara foram outros nomes que caíram no conceito de Jorge Luis Pinto, no qual Ferreira, do Atlético Paranaense, segue em alta. A presença entre os titulares de Torres e Bustos - destaques do Cúcuta na última Libertadores - são iminentes, mas não imediatas.

Com um grupo remodelado – 14 dos 20 relacionados para a estréia não estiveram na Copa América - e montado com alguns dos jogadores campeões sul-americanos sub-20 em 2005, a Colômbia viverá seu maior dilema dos últimos tempos: jogar bonito e para a frente ou ser um time pragmático? A resposta, só o tempo irá mostrar. Mas, ao que parece, os colombianos não têm cancha para fazer mais que nas últimas duas eliminatórias.

Brasil: “Talentos e dilemas”





Últimas eliminatórias: em 2006 (1º) e em 2002 (3º) / Copas do Mundo: 18


Time base: Júlio César, Maicon (Daniel Alves), Lúcio, Juan e Gilberto; Gilberto Silva e Mineiro; Robinho, Kaká e Ronaldinho; Vagner Love (Elano)


Técnico: Dunga

Como há quatro anos atrás, o Brasil inicia sua trajetória para as Eliminatórias com certa consistência e estabilidade. Por mais que Dunga venha se mostrando ranzinza e tenha uma ou outra decisão questionável, seu trabalho é coerente e parece ter superado a instabilidade inicial da última Copa América. Nos últimos jogos, o treinador conseguiu fazer o time jogar ao bel prazer do povo brasileiro, tendo seus talentos dentro de campo e atuando de maneira bastante convincente e equilibrada.

Evidente que, a vindoura safra de talentos de que dispõe, facilita o caminhar da seleção brasileira. O trio Kaká-Ronaldinho-Robinho combina fantasia com praticidade, e é a partir dele que deve se basear a montagem do time. A dupla de zagueiros também é absolutamente confiável e, nas laterais, também há material disponível. O crescimento de nomes como Alexandre Pato e Lucas, assim como a volta de Ronaldo e uma sempre esperada recuperação de Adriano, são possibilidades que permeiam o horizonte do Brasil.

Os dilemas da seleção, ainda que pese também alguma desconfiança sobre Dunga, estão no gol e no comando do ataque. Júlio César e Vagner Love, eleitos para as duas posições, ainda não despertam total segurança, embora já tenham mostrado capacidade em momentos esporádicos. A sombra pela volta de Ronaldo e o clamor nacional por Rogério Ceni, fatalmente, serão sombras com as quais o treinador terá de conviver. Mas, como sempre no futebol, tudo dependerá dos resultados. E, com o time que tem o Brasil, difícil é acreditar que eles não virão.

Peru: “Figuração”



Últimas eliminatórias: em 2006 (9º) e em 2002 (8º) / Copas do Mundo: 4

Time base: Butrón, Galliquio, Rodríguez, Acasiete e Vílchez (Hidalgo); Solano, Vargas, De La Haza e Quinteros (Pizarro); Farfán e Guerrero


Técnico:José del Solar

A missão de José del Solar não é nada fácil. Basta uma rápida olhada para o elenco peruano e ficará evidente o enorme oásis de talentos disponíveis para o treinador, admitido recentemente para o posto de Julio César Uribe. Apenas no ataque, com Farfán, Pizarro e Guerrero, é possível olhar e encontrar soluções para um país onde não têm mais surgido jogadores, como no Chile e no Uruguai, por exemplo.

Diante disso, Solar deve imaginar uma equipe com total vocação para o ataque e, se possível, aproveitando seus três jogadores de considerável reputação na Europa. A lição, sobretudo na vitória sobre o Uruguai na Copa América, foi justamente essa. Pois, na defesa, não há qualquer nome que transmita segurança.

Mesmo assim, o Peru parece incapaz de fazer algo além do que tem feito nos últimos anos. Aliás, nas últimas duas Eliminatórias, sobretudo em 2006, havia material humano mais abundante e qualificado. Hoje, são favoritos para as últimas vagas na classificação.

sábado, 13 de outubro de 2007

Eliminatórias Sul-Americanas - Parte 2 (Uruguai, Paraguai, Venezuela e Equador)

#2

Uruguai: “Grande não, médio sim”

Últimas eliminatórias: em 2006 (5º) e em 2002 (5º) / Copas do Mundo: 13

Time base: Carini, Pereira (Diogo), Scotti (Godín), Lugano e Fucile; Diego Pérez e Pablo García; Cristian Rodríguez; Luis Suárez, Abreu e Forlán.

Técnico: Oscar Tabárez

A quase classificação para a final da Copa América não foi um sinal do renascimento do futebol uruguaio. Ao longo do torneio, a seleção de Oscar Tabárez mostrou um futebol burocrático e bastante inconsistente, tendo, por exemplo, perdido para o Peru por 3 a 0. Todavia, Tabárez conseguiu montar uma equipe lutadora e de intensidade, reconhecendo a fragilidade do Uruguai perante a Brasil, Argentina e Paraguai – além do México, presente na competição.

Esta, sim, pode ser uma lição para a Celeste. Jogando firme e incansavelmente, pode se sobressair pela razoável condição técnica de seus jogadores. Forlán é há três temporadas um dos principais nomes do futebol espanhol, Cristian Rodríguez foi muito bem na Copa América e Luis Suárez desponta no Ajax – apenas para exemplificar. Edison Cavani, no Palermo, pinta como uma referência para o time a médio-prazo.

Com a combinação destas duas misturas, especialmente a de intensidade, o Uruguai pode se colocar como uma das médias seleções do continente, hoje ao lado de Equador, Paraguai e Chile. O desejo de Tábarez, naturalmente, é ficar entre os quatro primeiros, fugindo do drama da repescagem que marcou a vida do país nas últimas duas eliminatórias.

Paraguai: “Força três”

Últimas eliminatórias: em 2006 (4º) e em 2002 (4º) / Copas do Mundo: 7

Time base: Villar; Verón, Cáceres, Da Silva e Morel Rodríguez; Bonet, Santana, Riveros e Barreto; Santa Cruz e Cardozo (Cabañas)

Técnico: Gerardo Martino

Não foram só os argentinos que tiveram um dramático fim de Copa América. O Paraguai, até então soberano durante o torneio, levou 6 a 0 do México nas semifinais. O resultado surpreendeu, mas a lição a ser seguida é a do bom futebol apresentado. Isso, se repetido, dará novamente o terceiro lugar na classificação para o time do argentino Gerardo Martino.

O treinador, aliás, tem boas opções para montar um time forte no ataque, desmistificando a tradição recente de retranqueiros do Paraguai. A falta de imaginação ofensiva já se mostrou decisiva em alguns momentos, especialmente na fraca apresentação da seleção na última Copa. Santa Cruz – que está lesionado e perde as duas primeiras rodadas – parece mais maduro, e tem bons companheiros como Cardozo, Cabanãs, Cuevas e Valdez.

No meio-campo, Barreto oferece algum talento, embora pareça insuficiente. A defesa, aliás, também segue sendo muito firme. Cáceres é um nome seguro e tem as companhias dos experiente Paulo da Silva e Morel Rodríguez. Ao todo, uma equipe forte como nos últimos dez anos, fatalmente a terceira força – ao menos inicialmente, destas Eliminatórias.

Venezuela: “Lanterna nunca mais”


Últimas eliminatórias: em 2006 (8º) e em 2002 (9º) / Copas do Mundo: 0

Time base: Veja; González, Rey, Cichero e Rojas; Vera (Mea Vitali), Pérez (Páez), Guerra e Arango; Maldonado e Arismendi (Torrealba)

Técnico: Richard Paez

O sentimento de melhor time da história do futebol venezuelano é unânime. Tida historicamente como saco de pancadas da América do Sul, pela primeira vez a Venezuela chega com alguma cancha para a disputa das Eliminatórias, pela qual nunca conseguiu passar. Até mesmo o Caracas, na última Taça Libertadores, fez uma campanha digna, eliminando o River Plate na fase de grupos e fazendo jogo duro contra o Santos nas oitavas.

Há seis anos no cargo, Richard Paez terá a chance de solidificar seu trabalho. Arango, titular absoluto no Mallorca, é a referência técnica do time, que conta ainda com o bom respaldo de Guerra no meio-campo e de Maldonado, em ótima fase pelo Atlante na Liga Mexicana, tendo feito 11 gols em 11 partidas. Rey e Cichero, dupla de zaga titular, são outras figuras relevantes da equipe.

O furor causado pela recente Copa América, naturalmente, tem feito a população venezuelana olhar o esporte - que quase nunca foi uma prioridade - com mais carinho. Isto, somado ao fato de que é melhor time formado na história do país, materializa a Vinotinto como candidata a zebra das Eliminatórias, desde que a pressão não pese sobre os ombros dos atletas.

Equador: “Instabilidade”


Últimas eliminatórias: em 2006 (3º) e em 2002 (2º) / Copas do Mundo: 2

Time base: Klimowicz; De La Cruz (Campos), Hurtado, Espinoza e Ambrossi (Reasco); Valencia (Lara), Urrutia, Castillo (E.Tenório) e Méndez; Benítez e Carlos Tenório

Técnico: Luis Fernando Suárez

As duas últimas campanhas equatorianas nas Eliminatórias, além do ótimo papel cumprido na Copa da Alemanha, fazem – ou deveriam fazer – o Equador um candidato natural a uma das quatro vagas. Contudo, as três derrotas em três jogos da Copa América disputada há pouco, evidenciaram um declínio da seleção, que quase nunca é a mesma quando atua longe de Quito.

Simultaneamente, adversários antes fragilizados, como Chile e Uruguai, vivem um momento mais positivo, o que, por conseqüência, diminui as possibilidades do Equador se classificar pela terceira vez consecutiva para uma Copa do Mundo. Ainda que, mesmo envelhecida, a seleção tenha os seus valores.

Méndez, e principalmente Benítez e Valencia, são as principais figuras no processo de renovação pelo qual precisa passar o Equador. Ter Luis Fernando Suárez, há muito tempo no banco da equipe, pode ajudar. Mas, o que tem indiscutivelmente se visto, é que há outras seleções mais fortes, especialmente no surgimento de jovens talentos.