terça-feira, 23 de outubro de 2007
Futebol brasileiro
Publico aqui, nesta terça-feira, a coluna originalmente da Trivela.
"Só Joel salva"
O título da coluna se justifica. Não foi esta atual a primeira vez em que o Flamengo, no aperto, recorreu a Joel Santana como solução aos seus problemas. Em 2007, como já havia sido há dois anos atrás, o treinador cala os críticos. À sua maneira, montou um time trabalhador, motivado e que, com o que vem fazendo nas últimas semanas, poderá se colocar entre os quatro primeiros ao fim da 38ªrodada. São três pontos atrás do G-4 e dois confrontos diretos, contra Cruzeiro e Santos. Ou seja, um cenário, sim, possível.
Os resultados, por mais incríveis que possam parecer, têm sido exuberantes. O retrospecto recente aponta para três vitórias seguidas. Outro, um pouco mais amplo, também dá um panorama ainda mais interessante: em 15 jogos, são 8 vitórias (inclusive sobre São Paulo, Cruzeiro, Grêmio e Vasco), 4 empates e 3 derrotas. São 28 pontos em 45 possíveis, contando desde a saída da zona do rebaixamento em 23 de agosto.
Feita por Joel, a reconstrução do Flamengo passa primordialmente pelo plano psicológico. Embora conte com um sistema tático que tem funcionado, boas fases de alguns jogadores e a chegada de reforços pontuais desde a saída de Ney Franco, é inegável que se passaram mudanças totais de astral e motivação, o que fatalmente pauta arrancadas fulminantes como a atual.
O símbolo disso, claro, está nas arquibancadas. Com cantos bonitos e uma participação maciça, a torcida do Flamengo comanda um movimento de ótimos públicos nas últimas semanas do campeonato. Se havia colocado 61 mil pessoas contra o Fluminense e outras 59 mil contra o São Paulo, foram outras 63 mil contra o Grêmio, quebrando pela terceira vez o recorde do Brasileirão 2007.
Entender a necessidade de cada jogo, de cada ponto, tem sido outro mérito do Flamengo. É a instabilidade, nos últimos anos, que fazia o clube sofrer, perdendo pontos em partidas aparentemente de importância menor. Em um torneio de pontos corridos, todavia, todos os jogos têm o mesmo peso. Só assim é possível se manter firme na tabela de classificação.
No plano tático, o Flamengo apresenta poucas novidades e/ou variações. Normalmente, usa um volante fazendo o papel de zagueiro pela direita. O posto era de Rômulo, jovem promovido por Joel, mas que, lesionado, passará o bastão para Jaílton ou Cristian.
A prioridade, na concepção flamenguista, é liberar para o jogo Juan e Léo Moura, seus dois maiores talentos. A dupla, justifica a ousadia: Juan tem cinco gols e oito assistências precisas. Léo Moura também tem cinco gols e deu outros cinco passes.
Com um meio-campo equilibrado, o Flamengo também pode respirar com a posse de bola e exigir algum talento que não parta dos pés de seus laterais. Se Toró e Jaílton esbanjam vitalidade, o mesmo não falta a Cristian, que pode e tem oferecido mais qualidade ainda. O dono do meio-campo, contudo, é Ibson. Perfeito em todos os fundamentos, o ex-portista é a referência técnica, tática e da confiança do time. Fez, ainda, cinco gols.
Imaginar um espaço para Kléberson, em 2008, é prudente e possível. O pentacampeão mundial prima justamente por ser um multi-funcional em campo, característica dos componentes do setor na atualidade.
À frente, Maxi parece consolidado como um valor importante, à medida em que Souza, jogo a jogo, melhora e se torna útil. Fez, contra o Vasco, um jogo interessante. Contra o Grêmio, além disso, fez gol.
Na defesa, passado o início ruim de Campeonato Brasileiro, o goleiro Bruno consegue oferecer a mesma segurança de seus primeiros meses de Gávea. A presença de Fábio Luciano, mesmo sem a velocidade de desarme dos tempos de Corinthians, Ponte Preta e Internacional, elevou o nível da zaga, fazendo Ronaldo Angelim, reconhecidamente um bom defensor, se consolidar.
A boa fase do Flamengo, como a de qualquer equipe, merece um porém. A regularidade e a ambição, descritas algumas linhas acima, devem seguir “embaixo dos travesseiros” dos atletas. Não se trata de um timaço repleto de craques, mas um time virtuoso, de camisa pesadíssima e torcida apaixonada. Com suas limitações. Mas, encantando.
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