O texto abaixo é enviado pelo amigo Mozart Maragno, incontestavelmente o maior especialista em divisões de base do Brasil. Trata do Sul-americano sub-17, conquista brasileira nesse mês de março.
"Papai gostou!"
Como o esperado, a conquista de mais um título sul-americano sub-17 pela seleção brasileira confirmou a hegemonia continental na categoria, bem como o potencial da equipe dirigida por Edgar Pereira, que, aliás, faz um trabalho irretocável. A 1ª fase claudicante suscitou uma série de dúvidas acerca da qualidade coletiva e individual do time, sobretudo por aqueles que não haviam acompanhado a trajetória vencedora dos garotos, e, de certa forma, desconheciam as características da maioria deles. O desempenho arrasador no hexagonal final (cinco vitórias e um empate) sepultou todas as críticas que já começaram a ser ventiladas após as quatro partidas iniciais. Os discursos, antes e depois, são sempre interessantes: a "soberba" e a "má orientação" deram lugar à "capacidade incrível de renovação do futebol brasileiro" e à "fonte inesgotável de talentos", entre outros tradicionais clichês ufanistas (ainda que baseados numa realidade). Enfim, a coerência e a precisão não foram as maiores virtudes na cobertura do evento.
O selecionado nacional, do ponto de vista coletivo, deu continuidade à mudança ainda da fase inicial, com a saída do talentosíssimo meia-ofensivo Tales para a entrada do volante Tiago Dutra (do 4-2-2-2 para o 4-3-1-2), em que pese a menor qualidade no manejo de bola e o aumento da responsabilidade de Lulinha na criação (sempre uma ótima aposta), abriu mais espaços (com cobertura) para que o opaco Bernardo dos primeiros jogos e o pouco inspirado capitão Fábio, se soltassem e encontrassem o belo futebol que possuem. O "Sorín tricolor" ainda nos brindou com sete gols e muita presença de área. Alex e Maicon, atacantes de boa técnica, se consolidaram como dupla de ataque, que se não foi a mais goleadora, fez um trabalho de abertura de espaços e movimentação muito bons.
Ficamos todo o torneio de olho em Lulinha, o Filhão, que além de orgulhar o "papai", mereceria um texto à parte em função de sua importância para o título, por exibições extraordinárias, principalmente quando segurou a equipe nos piores momentos no Equador. Foram 12 gols, em nova marca estabelecida na competição, e também assistências e jogadas da mais apurada técnica e habilidade. A partir do grande destaque atingido, foi criada a esperada celeuma em torno do seu aproveitamento entre os profissionais do Corinthians, onde empresário, clube e treinador se engalfinham.
A expectativa para o Mundial é a melhor possível (o Pan será sub-20), mas ressalta-se que o grupo pode ser mais bem qualificado individualmente. Mesmo como líder técnico natural, seria prudente, penso, depender menos de Lulinha na Coréia do Sul, já que o nível será melhor, com, provavelmente, outras estrelas jovens. Citaria, especialmente, os espanhóis Bojan Krkic (Barcelona) e Francisco Mérida Perez, o Fran Mérida (Arsenal-ING), que neste momento, fazem à diferença no Europeu sub-17.
Independente do futuro, está claro que a seleção brasileira sub-17 de 2007 exibiu um futebol de alto nível, de menos para mais, sobretudo individualmente, confirmando ser uma equipe cheia de talentos como sua antecessora de dois anos atrás. Portanto, está construindo sua bela e vencedora história na revelação de jogadores, o que de certa forma provoca até desespero em alguns "profetas do apocalipse". Cabe acompanhar os próximos capítulos na Ásia.
Um comentário:
Excelente análise
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