sábado, 27 de fevereiro de 2010

Da Suíça para a África do Sul


A imprensa espanhola, respaldada por declarações do técnico Vicente del Bosque, já trabalha como quase certa a lista de 23 nomes para a Copa do Mundo. São os mesmos jogadores listados por Del Bosque para o amistoso da próxima semana contra a França mas, acima de tudo, a manutenção do elenco campeão europeu há dois anos na Suíça. As mudanças, inclusive, elevam o nível do grupo espanhol.

São apenas seis mudanças em relação à última Eurocopa, duas delas por questões médicas:

Busquets por De La Red - natural pela afirmação do barcelonista como membro importante da equipe que ganhou seis títulos que disputou em 2009 e pelos problemas do madrileno, reserva na Euro e afastado do futebol por problemas de saúde. O novato é mais jogador.

Piqué por Juanito - também absolutamente natural. Piqué pode até ser titular no Mundial e foi considerado um dos três melhores zagueiros da última Liga dos Campeões. Recentemente, ganhou aumento de salário e novo contrato no clube, enquanto seu antecessor caiu para a segunda divisão com o Betis e é reserva do Atlético de Madrid. Mais um novato superior.

Diego López por Palop - uma alteração que se dá principalmente por conta da idade avançada do sevillista, 36 anos, e também pela grande sequência de López, a despeito da má fase do Villarreal. Depois de sair da sombra de Casillas no Real, se firmou como goleiro de ponta na Espanha, mas é a terceira opção de Del Bosque. Se equivalem.

Jesús Navas por Fernando Navarro - A possibilidade de usar Arbeloa como lateral pelos dois lados de campo foi mais absorvida e permite o acréscimo de um meio-campista. Navas é o grande jogador do Sevilla na temporada e tem característica diferente a de outros meias externos da Fúria. Ganha a Espanha com a troca.

Mata por Cazorla - Mais um caso médico, já que Cazorla sofreu séria lesão há pouco tempo. Pela esquerda também atua Mata, que deixou o rótulo de promessa do Real Madrid para trás e já atua em alto nível pela segunda temporada com o Valencia. Mesmo nível.

Negredo por Sergio Garcia - Curiosamente, mais um jogador não aproveitado na base do Real Madrid. Negredo fez campanha consistente com o Almería na última temporada e não baixou o nível no Sevilla, a despeito da forte concorrência de Luís Fabiano e Kanouté. García caiu com o Betis e sempre foi um jogador limitado. Ganha e muito a Espanha.

E os prováveis 23 da Espanha são:

Goleiros: Iker Casillas (Real Madrid), Pepe Reina (Liverpool/ING), Diego López (Villarreal)

Defensores: Raúl Albiol (Real Madrid), Joan Capdevila (Villarreal), Alvaro Arbeloa (Real Madrid), Carlos Marchena (Valencia), Gerard Piqué (Barcelona), Carles Puyol (Barcelona), Sergio Ramos (Real Madrid)

Meio-campistas: Xabi Alonso (Real Madrid), Sergio Busquets (Barcelona), Cesc Fábregas (Arsenal), Xavi Hernández (Barcelona), Andrés Iniesta (Barcelona), Marcos Senna (Villarreal)

Atacantes: Dani Güiza (Fenerbahçe), Juan Manuel Mata (Valencia), Jesús Navas (Sevilla), David Silva (Valencia), Alvaro Negredo (Sevilla), David Villa (Valencia), Fernando Torres (Liverpool)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

De volta às origens

Não é só o futebol brasileiro que vive um momento de grandes jogadores sendo repatriados. Shunsuke Nakamura, o melhor futebolista japonês desde Hidetoshi Nakata, se despediu da Europa após oito anos e voltou ao Yokohama Marinos a 100 dias da Copa do Mundo. Foi no Marinos que Nakamura iniciou sua carreira, em 1997, e atuou por cinco temporadas, vencendo a J League e a Copa do Japão.

Mais que isso, Nakamura, 31 anos, retorna atrás do ritmo de jogo que não conseguiu em sua rápida passagem pelo Espanyol. Contratação midiática, ele só jogou 13 partidas, sendo três completas, do Campeonato Espanhol. Não marcou gol, deu só uma assistência e saiu pela porta dos fundos, bem diferente de Reggina, onde jogou por três anos, e Celtic, quatro anos, em que foi ídolo.

Para a seleção japonesa de Takeshi Okada, que vive um mau momento, o habilidoso meia Nakamura é fundamental. Esteve em sete dos oito jogos pelas Eliminatórias da Ásia e é o quarto jogador mais lembrado em convocações, 92 vezes, e marcou 23 gols. É o mais experiente da turma e o primeiro japonês a marcar em uma partida de Liga dos Campeões.

O Japão está no Grupo E da Copa do Mundo, ao lado de Holanda, Dinamarca e Camarões, contra quem estreia no dia 14 de junho em Bloemfontein.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Duro de abrir

Não foi só Jorge Fossati, como observou Paulo Vinícius Coelho em seu blog, que tratou de ressaltar a qualidade na proposta de jogo de várias equipes sul-americanas subestimadas pelos brasileiros em geral. Mano Menezes, depois de vencer na nervosa estreia corintiana na Libertadores, fez questão de frisar que muitos desses times que atacam pouco e marcam muito também são perigosos. Mais que isso, foi correto em destacar que não se deve criticar essa estratégia e que o objetivo sempre é impor o estilo de jogo dos times brasileiros sobre os seus adversários.

E é aí que, nesta rodada de meio de semana, ficou evidente que os times brasileiros têm dificuldades. Se atentando a Internacional, Cruzeiro e Corinthians, todos tiveram grandes problemas em abrir as defesas adversárias, alargar o jogo de uma lateral até a outra e manter o adversário em sua trincheira até achar a vantagem no placar.

O Inter de Fossati, por mais que muitas vezes use os zagueiros das beiradas (Bolívar e Danilo Silva) para arrastar a bola até o meio e empurrar os alas (Nei e Kléber), não foi competente nessa proposta. Pareceu excessiva a manutenção do 3-4-2-1 como desenho tático em mais de dois terços da partida, período em que o Emelec, dobrando a marcação nos lados e vigiando bem Giuliano, controlou o Inter com facilidade. Só mesmo com Walter, Taison e Andrezinho em campo, passando a um 4-2-3-1, é que o Colorado foi competente e envolveu os disciplinados equatorianos. Trocou passes rápidos e inteligentes e, ainda que o gol da vitória tenha saído em uma jogada por dentro, deixou a lição de que o técnico uruguaio poderia ter alterado o panorama muito antes.



A vitória por 4 a 1 também não pode deixar o torcedor cruzeirense desenganado. O time de Adílson Batista, com Roger como elo de ligação no já costumeiro 4-3-1-2, foi totalmente controlado pela marcação chilena até o pênalti, a expulsão e o segundo gol. Espertos, os colocolinos exploraram as costas de Jonathan o tempo todo, exigindo a cobertura nada confiável de Leonardo Silva e principalmente Thiago Heleno. Roger não esteve bem em seu primeiro teste como titular, mas dá pinta de interessante uma formação com ele e Gilberto, à esquerda do meio-campo, juntos. Saída para um time mais criativo.



Mais um a ser vítima de uma atuação pouco criativa foi o Corinthians, que ao menos venceu, o que é fundamental quando se trata de Libertadores e a explosiva mistura do torneio com os corintianos. Foi correta a tentativa por Defederico entre os titulares, mas a bola pouco passou pelo meio na etapa inicial. Bem marcado, nervoso e errando muitos passes, os jogadores brasileiros entraram fácil no jogo uruguaio. Só mesmo a inversão no posicionamento de Ronaldo e Elias, ligados por um toque magistral de Tcheco, em um raro momento em que os visitantes avançaram sua linha defensiva, para abrir um buraco e conceder um gol para o Timão.

No segundo tempo, Mano apostou em Souza como o homem que brigaria com os zagueiros para os espaços sobrarem a Ronaldo. Foi justamente o camisa 9 que, retornando mais uma vez ao meio, iniciou a jogada para Elias, que entrou rápido por dentro da defesa e bateu. Mas, ainda assim, foi um Corinthians com dificuldade em encontrar os espaços pelos lados e lento demais na marcação lá na frente.

Em suma, os brasileiros venceram, mas um estilo de jogo não se sobressaiu exatamente sobre os rivais, como indicou Mano.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os sinais de Zago


Costuma se questionar o caráter de Antônio Carlos, muito por conta do episódio envolvendo o ex-gremista Jeovânio em 2006, mas uma coisa sim pode ser dita a seu respeito: ingênuo certamente ele não é. Também por conta desse perfil perspicaz, teve sucesso como diretor de futebol do Corinthians, por exemplo.

Pois, em poucos dias de Palmeiras, Antonio Carlos tratou de trabalhar para conquistar a confiança de todos com inteligência. Foi direto para o banco de reservas no clássico, sem alarde, atitude que certamente foi bem vista pela direção. Não rifou nenhum jogador publicamente, não fez improvisações, e não desmereceu a qualidade do elenco. Muito pelo contrário.

Questionado se gostaria de ter o tricolor Fred, especulado como reforço, foi prudente. Elogiou o atacante, mas se apressou em destacar que já existe Robert, autor de dois gols no clássico com o São Paulo e a quem deu um longo e caloroso abraço na beira do gramado.

Conquistar a confiança do conturbado ambiente palestrino é passo importante para Antônio Carlos, que como poucos conhece o modus operandi do Palmeiras. Sabedor que precisa de reforços e que a Traffic tirou o pé do acelerador nos tempos de Muricy, o novo treinador rapidamente agradou a empresa com suas escolhas.

Lançou o esquecido Lenny entre os titulares e, principalmente, sinalizou que utilizará Marquinhos. Renegado pelo técnico antigo, o ex-Vitória entrou bem na partida e ofereceu assistência para o gol de Robert. A Traffic pagou alto por ele há dois anos.

Você pode eventualmente questionar algum método de Antônio Carlos, mas jamais vai tirar dele a etiqueta de vencedor e competente, o que foi como jogador e na única experiência como diretor de futebol.

Para ser um técnico também campeão, ele parece acertar em cheio nos primeiros passos.

Desgaste antes da hora


Em poucos dias, o assunto preparação física tomou conta das discussões esportivas do futebol espanhol. Tudo por conta de duas coincidências desagradáveis: primeiro foi o Barcelona que contabilizou seis jogadores com lesões musculares, entre eles Daniel Alves e Xavi, em menos de duas semanas. Depois, o Real Madrid que após Guti e Kaká chegou com Benzema a seu terceiro caso de atleta com a sempre preocupante contusão de púbis na temporada.

Não à toa, Barcelona e Real Madrid estão entre os grandes europeus que menos rodam seus titulares ao longo da temporada. A competição acirrada no Campeonato Espanhol tem feito Guardiola, que já tem um elenco raso e cheio de garotos, e Pellegrini, em busca ainda de entrosamento e da formação titular ideal, forçar o ritmo em vários momentos.

Resta só saber como ambos os times chegarão até maio e, principalmente, como seus jogadores estarão na Copa do Mundo em junho e julho.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Kia muito vivo


Matérias em primeiríssima mão com o companheiro Samir Carvalho para o Terra.

E para quem pensa que Kia Joorabchian ainda está longe do Brasil, vale a leitura.

Conexão misteriosa pode ligar Kia a Robinho e reforços santistas
Confirma mais negócios recentes com a participação de Kia
Conheça mais sobre a dupla Zezinho e Alex Sandro

O Ranking do Olheiros e o Inter muito à frente


Iniciativa inédita na imprensa brasileira, o Ranking Olheiros para aferir qual clube possui a categoria de base mais vencedora tem nova edição. Sob o comando do amigo Maurício Vargas, está no ar desde a última quarta-feira e, como esperado, ainda é liderado pelo Internacional.

No ano passado, a Revista Trivela também fez sua versão do ranking, englobando ainda a quantidade de bons jogadores revelados e negociados. Também deu Colorado.

O trabalho do Inter é absolutamente superior e mais bem formado que o de qualquer outro clube grande brasileiro. O início do processo, que é captar bons jogadores e oferecer boa infraestrutura, é imbatível.

E no processo onde vários equipes (como o São Paulo) falham, que é a transição ao profissional, o Colorado também sabe conduzir perfeitamente.

Para os amigos que quiserem olhar e avaliar o ranking, segue o link abaixo
http://www.olheiros.net/Artigo/Home/Ler/1847

Sucesso de crítica e audiência.

Mais:
Convite também para minha coluna sobre o promissor goleiro De Gea, do Atlético de Madrid
http://www.olheiros.net/Artigo/Home/Ler/1845

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Rooney ou Ronaldinho?


É bobagem propor que a partida entre Milan e Manchester United era um duelo de Wayne Rooney com Ronaldinho Gaúcho. Por mais que um jogo possa ser definido por lances de um só jogador, como aconteceu com o inglês nesta quarta, há 22 atletas envolvidos, e enquanto o lateral de um time era Antonini o do outro era Evra, por exemplo. Os ingleses têm muito mais conjunto, o que permite até a um jogador comum, como Fletcher, brilhar. Por isso é baita injustiça não reconhecer a grande partida de Ronaldinho.

Leonardo foi infeliz na escalação, deixando o meio-campo exposto para um Manchester incisivo e louco por gols fora de casa. Isso tudo custou caro, caríssimo, e o preço deve ser a primeira vitória mancuniana contra o Milan após quatro derrotas em quatro duelos de mata-mata pela Liga dos Campeões.

Mas o camisa 80 brasileiro, sim, jogou muita bola, ainda que com uma equipe também sem articulação e sem força na transição. Ronaldinho tomou toda a iniciativa no início, fez gol, levou perigo. Mesmo em momentos ruins do Milan, foi o único lúcido e capaz de criar algo novo. Acertou todas suas três finalizações no gol e isso foi 75% do que acertou sua equipe - só Pirlo conseguiu uma bola para Van der Sar defender. Ronaldinho jogou como quem quer mostrar que pode definir uma grande partida e isso é o que deve valer para Dunga.

É óbvio e claro que o personagem da partida foi Wayne Rooney, dividindo a temporada europeia com Drogba. São 25 gols do inglês, que ainda briga em campo como antes, mas que definitivamente assumiu o posto de dono da equipe. Alex Ferguson, aliás, abdica de Berbatov e Owen em campo para ter seu melhor jogador mais livre, longe dos tempos em que corria pelas faixas do campo. Hoje, ele corre para definir. E como tem definido.

- Números de Ronaldinho na temporada
Jogos: 22
Gols: 9
Assistências: 12

Os doces reencontros e o banco de reservas


Muito interessante a ideia de pulverizar os jogos das oitavas da Liga dos Campeões em quatro dias em vez de dois. O fã de futebol pode acompanhar as oito partidas com certa tranquilidade e mesmo jogos que antigamente ficavam em segundo ano agora passam a receber mais atenção - um exemplo é Fiorentina e Bayern de Munique, um dos jogos da quarta, que provavelmente passaria despercebido no modelo anterior.

Nesta terça, a atenção total estará em dois reencontros especiais. Karim Benzema retorna ao Stade Gerland vestindo o uniforme branco do Real Madrid, enquanto David Beckham reencontrará o Manchester United pela primeira vez desde que cruzou as fronteiras da Inglaterra, mas a volta a Old Trafford será apenas para o jogo de volta.

Benzema ainda não justificou o investimento grande de quase 35 milhões de euros que foi feito por ele. Assim como havia acontecido na última Eurocopa, o ex-lionês tem grandes dificuldades em atuar em alto nível em alguns grandes momentos, por mais que tivesse dado respostas muito positivas pelo Lyon em vários dos sete títulos nacionais consecutivos e mesmo em alguns momentos pela Liga dos Campeões.

Higuaín e Cristiano Ronaldo são, hoje, os únicos homens de frente em quem o torcedor madridista pode efetivamente confiar. Benzema, seja como centroavante, seja como ponta de lança no 4-2-3-1 mais habitual de Pellegrini, mostra dificuldades em atuar com desenvoltura. Não é um ótimo armador e não consegue marcar gols com assiduidade. Neste momento, o ideal seria experimentar Ronaldo e Marcelo pelos lados em torno de Kaká e manter a linha defensiva segura, já que o Lyon usa e abusa do jogo pelos flancos. A tendência é mesmo que Benzema jogue.

Outro que deveria se reencontrar com o ex-clube a partir do banco de reservas é David Beckham. Assim como Alessandro Nesta para a produção defensiva, Alexandre Pato é hoje essencial para o ataque dos rossoneri. Daí a vitória com grande exibição contra o Udinese, partida em que a dupla retornou. Mesmo Ronaldinho se sente mais seguro com o camisa 7 em campo.

As dúvidas sobre Borrielo podem até deslocar Pato para o comando do ataque e colocar Becks à direita, mas o brasileiro não parece forte o suficiente para vencer Ferdinand e Evans. Melhor postá-lo às costas de Evra e deixar Huntelaar se batendo com os dois zagueiros do Manchester. Uma dúvida que certamente Leonardo deverá levar até o San Siro.

Os vícios de Cuca


Assim como o defasado esquema com três zagueiros, surpreendentemente propagado pelo limitado Alberto Zaccheroni em sua emergencial chegada a Juventus, a marcação individual é algo praticamente extinto no futebol moderno. Espera-se que os jogadores tenham consciência tática suficiente para saber os espaços que devem ocupar, as coberturas que devem fazer e como improvisar em situações desconfortáveis na defesa.

Do início da década de 90 a meados dos anos 2000, o futebol brasileiro viveu em um mundo anacrônico no que diz respeito a seu desenvolvimento tático, muito em parte por uma escola de treinadores ultrapassada. Um desses sintomas era sempre ter um ou dois volantes marcadores destacados para parar a qualquer custo um adversário que fosse capaz de desequilibrar.

Até mesmo Vanderlei Luxemburgo, visto como um treinador moderno e a afeito a inovações, foi um dos que utilizou tal prática. Ele que transformou Narciso, um zagueiro comum, em primeiro volante mordedor quando no Santos. Também havia sido o responsável pelo espaço dado a Amaral no Palmeiras. No Corinthians, ganhou o Campeonato Brasileiro com Gilmar Fubá sempre destacado no melhor articulador do time adversário.

Hoje em dia, pouco já se utiliza a marcação individual, mas na cartilha de Cuca essa se trata de uma ferramenta indispensável. Suas defesas são sempre montadas encaixando o posicionamento de seus marcadores com os do time adversário, tornando o desenho da equipe em campo algo quase sempre imprevisível. Também por isso, seus trabalhos nunca tiveram um início promissor, mas com o volume maior de treinamentos, dá para dizer que surtiram certo efeito.

Esse vício de Cuca pode gerar confusões na cabeça dos jogadores e ser desarranjado por uma mudança do adversário. No sábado, enquanto o Vasco estava melhor postado e executando sua proposta de jogo com correção, o Fluminense sempre ficava refém da eficácia de Diogo e Diguinho na caça a Carlos Alberto e Coutinho, os dois homens criativos do time de Mancini.

Quando o treinador vascaíno redesenhou o time, indo para um nítido 4-2-3-1 com Magno à esquerda, o Flu se perdeu e por pouco o Vasco não matou o jogo nos instantes finais. Melhor para Cuca seria ter um time bem posicionado, com laterais preocupados com a marcação, volantes cientes da cobertura e zagueiros menos expostos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Queda vertiginosa


No fim de 2008 a discussão mais comum em cada roda sobre seleção brasileira era se Amauri deveria ou não ser chamado. Dunga lembrou do atacante, mas a Juventus não liberou e depois ficou claro que a Itália seria o caminho do filho de Carapicuíba. Ainda esperando o passaporte italiano para tentar jogar a Copa do Mundo, ele vive uma fase terrível com a Juventus.

São quatro gols de Amauri ao longo de toda a temporada, sendo que dois deles saíram em um mesmo jogo, contra a Sampdoria, dia de goleada por 5 a 1. O jejum, no entanto, já dura quase quatro meses, pois o confronto com a Samp foi em 28 de outubro de 2009.

Na Itália, a presença do atacante na Copa, antes uma certeza, já perde quase 100% força. A tendência é que Gilardino seja o titular e Pazzini e Iaquinta disputem um lugar no avião para a África do Sul. Por fora, Luca Toni tenta pegar carona na boa fase da Roma para pleitear um retorno após uma péssima Eurocopa há dois anos. Para piorar as coisas, a lentidão para conseguir um passaporte mandou por terra as chances de ele ser testado por Marcelo Lippi, antes o grande entusiasta por sua presença na Azzurra.

Não são só as pretensões de Amauri que são afetadas na Juventus. Diego poderia convencer Dunga de que é o reserva ideal de Kaká, mas as exibições boas de início de temporada simplesmente sumiram. Pior ainda é a fase de Felipe Melo, mas a confiança da comissão técnica parece firme como uma rocha em sua titularidade.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

7 apagões do Cruzeiro com Adílson Batista


É inadmissível um time da qualidade, do investimento e da experiência do Cruzeiro estrear na Copa Libertadores com uma derrota diretamente ligada a um par de expulsões. tolas Apagões como esse são recorrentes de uma equipe que, mais equilibrada, serena e concentrada, exibe o melhor futebol do país, de uma forma geral, desde o início do ano passado. Mas tem cada vacilo...

Relembre sete deles além do cometido no El Fortín.

1- Final da Libertadores 2009

O jogo estava ganho contra o apenas esforçado time do Estudiantes. Henrique havia deixado o Cruzeiro com uma mão na taça, mas dois cochilos defensivos e espaço de sobra para Verón brilhar privaram o torcedor celeste de ganhar a terceira Libertadores da história.

2- A virada contra o Fluminense

É verdade que o quarto lugar, no fim das contas, foi ótimo para o Cruzeiro na Série A, mas poderia ter sido bem melhor. Bobeiras como permitir a virada do Fluminense em pleno Mineirão, com 2 a 0 de vantagem no intervalo, tiraram da equipe de Adílson a chance de título.

3- O gol de empate de Herrera

Jogo bem tranquilo e adversário entregue: o Cruzeiro, em casa, ganhava do Grêmio, estreando o interino Marcelo Rospide. Com um a mais em campo, os celestes permitiram um gol tolo marcado pelo argentino Herrera. Ouro cochilo fatal no Brasileiro.

4- Vacilo no Barradão

Mais uma vitória nas mãos que se perdeu no Brasileiro: fora de casa contra o Vitória, o placar era azul como a camisa cruzeirense, com 3 a 1 de vantagem. Ramon e Roger fizeram perto do fim e o Cruzeiro largou dois pontos em Salvador.

5- Acordou?

As esperanças de título brasileiro morreram em Goiânia na temporada 2008. O Cruzeiro foi enfrentar o Goiás no Serra Dourada e levou de 3 embaixo de muito sol. Um apagão nos minutos iniciais em cochilos defensivos permitiram três gols em 17 minutos: dois de Paulo Baier e um do zagueiro Henrique.

6 - Nas alturas

Com a classificação para a segunda fase assegurada, o Cruzeiro foi até Potosí para cumprir tabela, mas arrancou uma derrota que abalou as estruturas. Na altitude boliviana, levou de 5 a 1 diante dos frágeis adversários.

7- Pardal, o professor

Quatro dias antes do jogo na Bolívia surgiu o incômodo apelido dado a Adílson , na semifinal do Mineiro de 2008. A vantagem de 4 a 1 era tão tranquila que o treinador se permitiu fazer alterações inusitadas, mas o Ituitaba não se deu por vencido. Fez três no fim e o duelo acabou empatado.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Clube Atlético Ribeirãopretano*

Wendel: joia atleticana descoberta em Ribeirão Preto

DE CICINHO A WENDEL, TODAS GRANDES REVELAÇÕES DO GALO TÊM A MESMA ORIGEM: RIBEIRÃO PRETO


Ribeirão Preto e Belo Horizonte são cidades separadas por 520km e uma viagem de quase 6 horas de carro. Mas para jogadores de talento e um pouco de sorte, esse caminho do interior paulista à capital mineira é muito mais prático. Essa ponte feita sucessivas vezes já leva grandes promessas dos clubes ribeirãopretanos ao Atlético-MG há mais de uma década, em um negócio que recentemente se fortificou ainda mais com a chegada do Banco BMG.

No centro de todas essas negociações está uma empresa chamada Football Business, que abriu suas relações intermediando negociações de Comercial e Botafogo com o Atlético-MG. Com os dois clubes paulistas quebrados nos profissionais e nas categorias de base, ambas as partes se fortaleceram com o negócio, cujo primeiro grande fruto foi Cicinho, profissionalizado com a camisa atleticana em 2001.

A relação foi se fortificando pelos anos seguintes e, em 2005, vários jogadores oriundos de Ribeirão Preto já compunham o elenco profissional atleticano. Na temporada que culminou com rebaixamento para a segunda divisão, foram nomes como o goleiro Diego Alves, o zagueiro Lima, o volante Zé Antônio e o atacante Éder Luís os responsáveis por tentar livrar o Galo da queda que acabou sendo inevitável. Todos eles chegaram até a Cidade do Galo pela mesma via.

Atenta ao sucesso do negócio, a Football Business resolveu não ser mais uma mera intermediária. Com a boa relação com o Atlético-MG, independente de qual fosse o presidente, e dinheiro no bolso, tirou a dupla Come-Fogo da jogada e passou a ela própria captar os jogadores pela região de Ribeirão Preto e levar para o Galo, se tornando então parceira na divisão dos direitos econômicos. O lucro cresceu.

Na volta à elite, o Atlético-MG já exibia mais jogadores com o sotaque caipira do interior de São Paulo. Apostas de Emerson Leão, o volante Renan e o atacante Eduardo acabaram por não vingar, mas eram novos sinais, no time profissional, de que a relação vivia uma fase de amadurecimento e consolidação. Negócios bons para a empresa, melhores ainda para o Galo.

Apesar de toda a sua atitude normalmente radical e de ter mexido em vários setores do clube, Alexandre Kalil, eleito presidente do Atlético-MG no fim de 2008, não ousou alterar a parceria que leva jovens craques para a Cidade do Galo. É também de Ribeirão Preto que vem Renan Ribeiro, goleiro que esteve no Mundial Sub-20 com a seleção brasileira e se prepara para estrear entre os profissionais com Vanderlei Luxemburgo.

Atrás dessa promoção também está Wendel, destaque do Atlético-MG no título da Taça BH e do vice-campeonato do Brasileiro Sub-20 no último ano. Ele tinha 14 anos e atuava pelas escolinhas do Botafogo de Ribeirão Preto quando foi descoberto pela Football Business e agora já está há cinco anos com a camisa atleticana. É, da geração /91 do Galo, de longe o atleta com maior potencial. Um ano mais novo que ele, o volante Danilo também aguarda sua oportunidade.

Apesar dessa rede de sucesso, a empresa de Ribeirão Preto não tem um clube próprio, então vive de parcerias. É comum disputar competições com a camisa de outras equipes: nos Paulistas Sub-15 e Sub-17 do ano passado, o Comercial era, na verdade, a Football Business. Já na Copa São Paulo, a empresa era o Rondoniense.

Já neste ano, disputou a Copa São Paulo com a camisa do Vila Aurora-MT, adversário do Corinthians na primeira fase. O confronto com os corintianos abriu portas para três negociações: João Marcelo, Diego e Vítor - atleta mais novo da Copinha, com 15 anos - preparam mudança para o Parque São Jorge. Elder e Leonardo vão para o Fluminense.

Vila Aurora também está bem distante de Belo Horizonte, mas disputou a Copa São Paulo com o patrocínio do BMG na camisa. A negociação foi fruto de um acordo para o banco, agora também fundo de investimento, comprar direitos econômicos dos atleticanos Danilo, Renan Ribeiro e Wendel. A partir de agora, toda promessa descoberta pela Football Business, tem prioridade de compra do novo parceiro. Não custa lembrar que o BMG é o banco de propriedade de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, e ligado ao mensalão.

Se você pensou em criticar os empresários que lucram com esse baita negócio há mais de 10 anos, pense de novo. Pense e critique os dirigentes que sucatearam as categorias de base de Comercial e Botafogo, das mais tradicionais e prolíficas do estado de São Paulo. Onde há crise, incompetência e corrupção, sempre há também quem saia ganhando.


Coluna originalmente publicada no Olheiros.net

O que esperar de LINCOLN no PALMEIRAS


Esqueça o clube em que ele trabalha: quanto tempo faz que você escuta Muricy Ramalho falar que precisa de um meia canhoto? A antiga exigência (desde os tempos de São Paulo) do treinador palmeirense pode estar com os dias contados, já que o experiente Lincoln, 31 anos, preenche justamente os requisitos que normalmente pede Muricy. Cadência de jogo, toque preciso na bola, chute venenoso e principalmente facilidade para atuar por dentro (onde rende melhor) ou pelo lado esquerdo do campo.

o sucesso de nove anos na Europa com as camisas do Schalke 04 e do Galatasaray aumentam ainda mais as expectativas sobre Lincoln, que desde sua chegada precisará responder um outro velho dilema, este do Palmeiras: a dependência de Cleiton Xavier e Diego Souza. Pedras mais preciosas da Traffic, os dois jogadores dificilmente ficam para o segundo semestre - a saída de pelo menos um é 99,99% certa. O reforço apresentado nesta terça-feira precisará, rapidamente, mostrar poder ser essa solução.

O novo meia palmeirense também deve frustrar as expectativas de Deyvid Sacconi, que novamente vê o banco de reservas como caminho quase inevitável, dias após ver fracassar uma transferência para a França por conta de trapalhadas de bastidores.

Lincoln tem bola para ser o titular da meia esquerda e formar uma dupla interessante com Cleiton Xavier, que assim como ele bate na bola com qualidade e pode criar uma situação de perigo a qualquer momento - basta ter espaço para cruzar ou finalizar.

Lincoln traz consigo as dúvidas de quase todos os jogadores que retornam da Europa para o Brasil. Estará em suas condições físicas ideais? Ainda tem gana para reconquistar seu espaço no cenário nacional? Vai rapidamente adaptar seu jogo à realidade brasileira? Muricy, agora assim, deve estar mais satisfeito.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O maravilhoso mundo de Mancini


Em dezembro e janeiro, o Vasco atacou no mercado trazendo mais de 10 jogadores e, ao contrário do que espera com contratações em atacado, foi praticamente certeiro nos tiros que deu. Das boas novas no início do ano, pouco agrada mais que o trabalho de Vagner Mancini e seu elenco recheado de boas opções. Para qualquer setor que olhe, o treinador vê alternativas interessantes de sobra. A exceção talvez seja a lateral esquerda, mas o acerto para que Ramon retorne ainda é possível. Seria o fechamento de uma montagem de grupo muito bem planejada e dentro de limitações de orçamento bastante razoáveis.

O Vasco tem cinco zagueiros razoáveis, laterais que não comprometem e, do meio para a frente, opções que Mancini vem alternando muito bem. Rafael Carioca é volante que quase ninguém tem no Brasil e Nílton o cão de guarda que toma a bola como quer e constrói com naturalidade - Léo Gago uma alternativa bem interessante, Jumar uma aposta válida.

Na linha de meias, jogam pelos lados os pratas da casa Souza e Coutinho, mas ainda podem pintar Rafael Coelho, Rodrigo Pimpão e Robinho, todos muito bem na última Série B. Carlos Alberto atua muito bem por dentro e Mancini redescobriu Magno, revelação do Brasil de Pelotas encostado com Dorival. Dodô faz gols como quer e, para o returno, ainda chega Élton, indispensável para o grande ano vascaíno em 2009.

Essa montagem de grupo não seria possível sem o trabalho de bastidores de Rodrigo Caetano, indispensável para o quanto cresce o Vasco. Silencioso nos bastidores, Rodrigo é inteligente e conhece futebol, dentro e fora de campo, como pouca gente por aqui. Mancini deu sua cara ao time com naturalidade, provando novamente que pode trabalhar em clubes grandes.

O duelo contra o Fluminense no sábado de Carnaval será a prova real sobre até onde vai a evolução vascaína, mas as seis vitórias e invencibilidade na Taça Guanabara dizem muito e soam como um bom prenúncio para 0 2010 do torcedor vascaíno.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Qual zagueiro brasileiro pode parar Drogba?


O símbolo da poderosa e fortíssima fisicamente equipe do Chelsea (1o titulares têm ao menos 1,78m) é Didier Drogba, responsável por dois gols e mais uma atuação monstruosa contra o Arsenal.

Em qualquer outro torneio do mundo, os Gunners brigariam por título, mas contra os outros dois favoritos da Premier League caíram na real. Há uma semana, perderam de 3 do Manchester United. Hoje, o primeiro tempo dos Blues separou os homens, que vestiam azul, dos meninos, que vestiam vermelho.

Drogba tem 15 gols em 19 jogos do Campeonato Inglês, 3 gols em 3 jogos da Liga dos Campeões e 2 gols em 2 jogos da Copa da Liga Inglesa. É o grande nome da temporada europeia e, vale sempre se lembrar, adversário do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo. Em um dia inspirado, pode mandar o time de Dunga pra casa.

A reserva da zaga brasileira é um dos setores em que residem as maiores dúvidas na convocação. Luisão e Miranda são os dois nomes à frente, avaliando pelas últimas listas da seleção, mas cabe pesar se estão preparados para enfrentar um Drogba. Miranda optou em permanecer no futebol brasileiro e é capaz de falhar à frente de jogadores como Jobson e Arouca. Luisão joga há mais de seis temporadas com o Benfica, em Portugal, onde os atacantes também são, em geral, de segunda linha.

É importante Dunga observar a grande fase de Thiago Silva, no Milan, enfrentando grandes adversários pela Liga dos Campeões e pelo Campeonato Italiano, crescendo ao lado de Nesta e brilhando no país onde mais surgem grandes zagueiros. Também ponderar que Alex Costa, do Chelsea, tem "caixa" suficiente para enfrentar um Drogba e sempre responde bem quando acionado por Carlo Ancelotti.

Parar o grande atacante do futebol europeu no momento significa ficar bem próximo das oitavas na África do Sul.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O perfil de cada treinador


Muito interessante o trabalho feito pelo Uol a respeito da pré-temporada realizada pelos grandes clubes brasileiros, contabilizando quanto tempo cada treinador dedicou a qual tipo de treinamento. Em que pese alguma incerteza sobre a exatidão dos números compilados, se trata de uma ideia louvável e que diz muito sobre o perfil de cada comandante.

Vanderlei Luxemburgo, no Atlético-MG, focou boa parte dos treinamentos (72%) na parte física e na parte técnica, o que dá ainda mais margem para seus críticos. Diz-se que Luxa anda preguiçoso, o que já foi explicitado em matéria do Jornal Placar em 2009, e que fica ainda mais nítido com o levantamento: ambos os treinos mais comuns no Galo são realizados por outros membros da caríssima comissão técnica.

Também não é à toa que o Inter de Jorge Fossati já se apresenta como um time de mobilidade interessante, boa organização em campo e disciplina em seus movimentos. 30% dos treinamentos do uruguaio ao longo da pré-temporada foram dedicados à parte tática, o que também só foi possível por conta do baixo número de jogos: só três do time A em janeiro.

Dorival Júnior preferiu focar seu trabalho no Santos em aprimorar o time dentro de campo. Foi quem mais dedicou tempo a jogos-treino (18%) e ainda observou bastante a parte tática (20%). Com um elenco essencialmente jovem, foi possível deixar a questão física em segundo plano, exceção feita a jogadores mais experientes e voltando de lesão.

Já Andrade optou por priorizar completamente a parte física, a despeito das mudanças do time que foi campeão brasileiro e terminou o ano desgastado. Foram 49% de treinos dedicados ao condicionamento dos jogadores do Flamengo, que ainda tiveram 5% do tempo disponível para a recuperação. A parte tática teve 7% de atenção e treinos coletivos representaram 6% do período de pré-temporada.

Para ler o estudo do Uol, clique AQUI

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Neymar arrebentando. E se a Copa fosse amanhã?


Neymar completa 18 anos nesta sexta-feira e não se cansa de empilhar grandes apresentações neste novo ano. Sim, você deve pesar que estamos nos Estaduais, palco onde brilhou Lenny em 2009, por exemplo. Mas o garoto santista realmente parece um nível acima, independente do nível técnico dos torneios jogados nesse momento no Brasil. Seu crescimento salta aos olhos.

Mesmo sem o porte físico ideal, Neymar consegue se impor tecnicamente sobre os rivais e, principalmente, não se intimida com as ameaças que tem recebido rodada a rodada. Ao contrário de jogadores habilidosos com seu perfil, ele sabe finalizar com correção e lidera a artilharia do Paulista com média de um gol por jogo - também é quem mais dribla na competição, segundo o Footstats. Diante do Santo André há pouco, mais uma partidaça: golaço e passe para o gol de Ganso.

Na vida de Neymar, queimar etapas sempre foi uma constante. Assinou contrato com o Santos aos 14, estreou na Copa São Paulo e fez gol com 15, começou a jogar nos profissionais com 17 e agora, aos 18, parece pronto para um grande salto.

Ainda é cedo para ir além da especulação, mas o crescimento recente e a trajetória de Neymar dão margem para imaginá-lo na Copa do Mundo. As más fases de Nilmar e Robinho (por enquanto, ao menos) colaboram.

PS.: Este é o post de número 1001 do Papo de Craque em sua quarta temporada. Não tem sido fácil manter o nível e o pique, mas agradeço a quem ajuda a preservar esse espaço vivo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Abaixo da expectativa


O trabalho de Silas no Avaí foi fantástico. Iniciou na rabeira do Campeonato Catarinense e terminou com o sexto lugar no Campeonato Brasileiro, a melhor campanha de um clube do estado na história da Série A. Isso tudo gerou grande expectativa sobre o que poderia fazer em um bem montado elenco gremista, mas a adaptação do treinador à Azenha tem sido muito abaixo do que se esperava.

Apesar de usar o 3-5-2 na Ressacada, Silas tinha um trabalho tático elogiável. E é justamente aí que tem pecado no Grêmio. A equipe não tem padrão de jogo, não definiu seu melhor formato e os jogadores não parecem saber exatamente os seus lugares em campo. A movimentação sincronizada que tinha o Avaí é bem diferente do time gremista. A bola roda, roda e o espaço não aparece.

No Gre-Nal, foi nítida a inércia tricolor. O Internacional segurava a posse e trocava passes, enquanto o Grêmio de Silas, quando retomava a bola, tentava esticadas, dribles em excesso e, normalmente, tinha Souza carregando e cadenciando um jogo sem criatividade. Até Joílson, outro dia dispensável, virou solução.

Para piorar, a sorte também não tem acompanhado. Depois de perder Tcheco e Maxi López, duas referências em 2009, o Grêmio também não pode contar com Réver, negociado, e Souza, gravemente machucado. Silas precisará se virar e esse começo, a despeito dos resultados aceitáveis, não é nada promissor.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O preço das más companhias


A Fiorentina apresentou Keirrison nesta segunda-feira como o Chuteira de Ouro do futebol brasileiro em 2008, mas sua reputação atualmente está longe de ser aquela dos tempos de Coritiba e do início fulgurante no Palmeiras em 2009. Surpreende muito o fato de o K9, que agora é o K39 na Viola, tenha fracassado, justamente, no melhor momento do Benfica desde o título português há cinco anos.

A verdade é que a força mental de Keirrison está longe de ser a ideal para alguém com seu potencial técnico e físico. Para piorar, o jogador é muito, muito mal assessorado. Seus empresários são os mesmos que afundaram com a carreira de Dagoberto e, desde sempre, tornaram sua vida um verdadeiro terremoto.

Desde o início, da chegada do Cene-MS para o Coritiba, Keirrison esteve em confusões fora de campo. À época, a Massa Sports comprou 60% de seus direitos econômicos e repassou 2o% deles ao Coxa, que ficou então com a prioridade de comprar os 40% que seguiram com o clube mato-grossense.

Tanto o Coritiba quanto a Massa abdicaram dessa prioridade, mas um dos sócios da empresa (Gabriel Massa, filho do apresentador Ratinho) deixou-a e, imediatamente, fundou um novo clube, o Astral, e por lá comprou os tais 40% de Keirrison junto ao Cene.

A Justiça, na época, invalidou o negócio, já que o próprio Gabriel é que havia abdicado da prioridade que a Massa Sports tinha. A empresa, em seguida apenas com os irmãos Malaquias, pegou esses 40% de volta, somou aos 40% que já tinha e e vendeu tudo para a Traffic no fim de 2008. O Coritiba em seguida topou vender os 20% que ainda restavam para o Palmeiras, que se tornou sócio do jogador, dono de 24 gols no Palestra Itália, um início cheio de amores e uma saída conturbada.

Vale se lembrar que, além disso, Keirrison foi o grande pivô para a saída de Vanderlei Luxemburgo do Palmeiras, que já tinha o pescoço a prêmio. K9 deixou o clube na surdina e sequer se despediu dos companheiros. Dizia "sonhar em jogar no Barcelona". Hoje, deve agradecer aos céus pela chance na Fiorentina, uma equipe que pode lhe permitir crescer na Europa.

Pode ser a última boa oportunidade, as más companhias pesaram muito.