quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Duro de abrir

Não foi só Jorge Fossati, como observou Paulo Vinícius Coelho em seu blog, que tratou de ressaltar a qualidade na proposta de jogo de várias equipes sul-americanas subestimadas pelos brasileiros em geral. Mano Menezes, depois de vencer na nervosa estreia corintiana na Libertadores, fez questão de frisar que muitos desses times que atacam pouco e marcam muito também são perigosos. Mais que isso, foi correto em destacar que não se deve criticar essa estratégia e que o objetivo sempre é impor o estilo de jogo dos times brasileiros sobre os seus adversários.

E é aí que, nesta rodada de meio de semana, ficou evidente que os times brasileiros têm dificuldades. Se atentando a Internacional, Cruzeiro e Corinthians, todos tiveram grandes problemas em abrir as defesas adversárias, alargar o jogo de uma lateral até a outra e manter o adversário em sua trincheira até achar a vantagem no placar.

O Inter de Fossati, por mais que muitas vezes use os zagueiros das beiradas (Bolívar e Danilo Silva) para arrastar a bola até o meio e empurrar os alas (Nei e Kléber), não foi competente nessa proposta. Pareceu excessiva a manutenção do 3-4-2-1 como desenho tático em mais de dois terços da partida, período em que o Emelec, dobrando a marcação nos lados e vigiando bem Giuliano, controlou o Inter com facilidade. Só mesmo com Walter, Taison e Andrezinho em campo, passando a um 4-2-3-1, é que o Colorado foi competente e envolveu os disciplinados equatorianos. Trocou passes rápidos e inteligentes e, ainda que o gol da vitória tenha saído em uma jogada por dentro, deixou a lição de que o técnico uruguaio poderia ter alterado o panorama muito antes.



A vitória por 4 a 1 também não pode deixar o torcedor cruzeirense desenganado. O time de Adílson Batista, com Roger como elo de ligação no já costumeiro 4-3-1-2, foi totalmente controlado pela marcação chilena até o pênalti, a expulsão e o segundo gol. Espertos, os colocolinos exploraram as costas de Jonathan o tempo todo, exigindo a cobertura nada confiável de Leonardo Silva e principalmente Thiago Heleno. Roger não esteve bem em seu primeiro teste como titular, mas dá pinta de interessante uma formação com ele e Gilberto, à esquerda do meio-campo, juntos. Saída para um time mais criativo.



Mais um a ser vítima de uma atuação pouco criativa foi o Corinthians, que ao menos venceu, o que é fundamental quando se trata de Libertadores e a explosiva mistura do torneio com os corintianos. Foi correta a tentativa por Defederico entre os titulares, mas a bola pouco passou pelo meio na etapa inicial. Bem marcado, nervoso e errando muitos passes, os jogadores brasileiros entraram fácil no jogo uruguaio. Só mesmo a inversão no posicionamento de Ronaldo e Elias, ligados por um toque magistral de Tcheco, em um raro momento em que os visitantes avançaram sua linha defensiva, para abrir um buraco e conceder um gol para o Timão.

No segundo tempo, Mano apostou em Souza como o homem que brigaria com os zagueiros para os espaços sobrarem a Ronaldo. Foi justamente o camisa 9 que, retornando mais uma vez ao meio, iniciou a jogada para Elias, que entrou rápido por dentro da defesa e bateu. Mas, ainda assim, foi um Corinthians com dificuldade em encontrar os espaços pelos lados e lento demais na marcação lá na frente.

Em suma, os brasileiros venceram, mas um estilo de jogo não se sobressaiu exatamente sobre os rivais, como indicou Mano.

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