quarta-feira, 28 de abril de 2010

30 dias

O blogueiro está de férias. Sim, não são apenas o PVC, o Mauro Beting e o Mauro Cezar Pereira que param nas férias...o Papo de Craque fará sua pausa de 30 dias. Mas assume o compromisso de um blog totalmente novo e com postagens mais frequentes após esse período.

Estaremos às portas da Copa do Mundo, no início do Brasileiro, e você certamente irá se animar com um ritmo que sempre marcou o Papo de Craque, mas que não se manteve nos últimos meses.

Até breve!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

As conquistas não fazem bem ao Flamengo


O título brasileiro do Flamengo, completamente atípico pelo baixo aproveitamento e pela campanha de início ruim, deram sustentação a vários argumentos que não fazem bem ao futebol sério e profissional. Entre eles, o de que craques podem ter privilégios, que o treinador detalhista e bem preparado é desnecessário e que veteranos sem qualquer condição física podem ser a solução. O sucesso que Adriano, Andrade e Petkovic tiveram em 2009 é diametralmente oposto ao fracasso de 2010. O discurso dos defensores do planejamento nas coxas ruiu.

Ainda em campanha, Patrícia Amorim cobrava que o Flamengo recuperasse sua credibilidade institucional. Foi assim, por exemplo, que o Corinthians aumentou sua receita em R$ 89 milhões em dois anos. O Fla não é um clube organizado e essa imagem afasta investimentos. Não à toa, o Santos de 2010, da gestão mais transparente de Luis Alvaro, ganhará R$ 1 milhão da Herbalife por uma mera consultoria e para ceder espaço em seu banner de coletivas.

Patrícia parece ter ficado transtornada com a perda do Campeonato Carioca e com a forma como as coisas acontecem no Fla. Ela, que confessava se dedicar mais a outros esportes e setores do clube e deixou o departamento de futebol intacto e nas mãos de Marcos Braz, agora arregaça as mangas. A troca de Andrade é questão de tempo e muito mais precisa mudar na Gávea. Um treinador como Muricy, que exige seriedade do porteiro ao capitão, seria um ótimo impulso. Não espere privilégios a quem seja o sucessor de Adriano como craque do time.

O desenho para as oitavas de final da Libertadores já não é animador para o Flamengo, que pode até mesmo dar adeus com um novo Maracazo nesta quarta-feira contra o eliminado Caracas. Seria a senha para a reconstrução rubro-negra.

O fracasso de Luiz Alberto e os brasileiros na história do Boca Juniors


Soou como inacreditável o Boca Juniors contratar Luiz Alberto no início do ano. Descartado no Fluminense, não teve mercado entre os grandes clubes brasileiros, mesmo no fervente mês de janeiro. Na verdade, também mostrou o momento de desespero e crise técnica e institucional dos Xeneizes.

Mesmo vencendo o River e convencendo contra o Estudiantes, aos poucos Luiz Alberto mostrou sua insegurança. Foi dispensado definitivamente nesta terça e já surgiu o boato inacreditável de um possível retorno ao Santos - verdade seja dita, onde foi muito bem. Parece do tipo que se solta para pipocar algum interessado.

A presença de um personagem controvertido como Luiz Alberto dificilmente poderia ser positiva para um ambiente tão complicado quanto o do Boca Juniors atual. Em crise financeira, o clube vê Palermo não se dar com Riquelme, Riquelme não se dar bem com La 12, a torcida organizada.

Na história do Boca, Luiz Alberto foi o 25º brasileiro a atuar, segundo a Revista El Gráfico. Definitivamente, entrou para o rol de micos como Baiano e Jorginho Paulista. Os grandes nomes são Domingos da Guia, Paulinho Valentim, ídolo também do Botafogo (fez 67 gols, incluindo 10 no River Plate, em 109 jogos) e Orlando Peçanha. Campeão do mundo em 1958, foi três vezes vencedor na Argentina, mas por atuar no exterior perdeu a chance de defender o bi no Chile, motivo de lamento do elegante quarto-zagueiro até o fim de seus dias.

Os brasileiros do Boca em ordem cronológica:

Martín Silveyra
Moisés
Bibí
Domingo da Guia
Heleno de Freitas
Amalfi Yesso
Paulinho Valentim
Orlando Peçanha
Dino Sani
Edson Dos Santos
Maurinho
Almir Pernambuquinho
Walter Da Silva
Del Vecchio
Ayres Moraes Albuquerque
Eduardo Texeira Lima
Heraldo Bezerra
Rodrigues Neto
Gaúcho
Charles
Jorginho Paulista
Edilio Cardoso
Iarley
Baiano
Luiz Alberto

sábado, 17 de abril de 2010

Não é fácil ser grande


Não se pode dizer que o United, com medianos como Gary Neville, Evans, Gibson, Fletcher (em grande fase) e Valencia, tinha mais potencial que o milionário elenco do City. A história recente dos dois clubes na temporada também apontava para um grande equilíbrio, sobretudo pelos problemas físicos de Rooney. O fato de o jogo ser no City of Manchester Stadium, com 95% de presença de torcedores dos Citizens, fazia pender um certo favoritismo para os donos da casa.

Nada disso aconteceu quando a bola rolou. Em 90 minutos de dérbi, o Manchester United foi quem controlou o adversário durante boa parte do tempo. Não teve uma exibição tecnicamente boa, mas marcou quase sempre no campo de ataque, impediu o adversário de se aproximar e flertou com a vitória em chances perdidas por Rooney e Giggs. Até Paul Scholes, o dono do jogo, aparecer na área e usar a cabeça após belo centro de Evra para confirmar os três pontos.

O Manchester United se impôs como um clube gigantesco dentro de campo, mesmo com jogadores tecnicamente inferiores em sua maioria. Não foi por acaso que, pelo segundo dérbi consecutivo, os Red Devils venceram com gols no fim. A grandeza de uma camisa, de um técnico e de um clube se leva para dentro de campo e isso o City ainda não tem.

Cabe se recordar que o Chelsea passou por um processo semelhante na primeira metade da década. Mesmo gastando aos montes, teve um desempenho bastante lamentável sob o comando de Claudio Ranieri na temporada de estreia com o dinheiro de Abramovich. Foi necessário um treinador como José Mourinho e um mercado repleto de jogadores vencedores para pôr a mão nas taças.

Quebrar a grandeza do Big Four, ameaçado também agora por um intrépido Tottenham de vitórias em dois dérbis londrinos, não é fácil para o City. Astutos, os Citizens enfraqueceram concorrentes como Everton, Arsenal e Aston Villa, mas só no meio do caminho se convenceram de que esse processo passava também pelo comando técnico.

Mark Hughes, de mentalidade pobre, deu lugar a Roberto Mancini, cuja trajetória é marcada por grandes conquistas. É bem possível que o italiano ainda não tenha tempo suficiente, nesta temporada, para colocar o Manchester City na Liga dos Campeões. Os investidores que gastam aos tubos se darão conta de que não se vira grande do dia para a noite.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O tempo para Antônio Carlos vai se esgotando


É verdade que pouca coisa ajuda Antônio Carlos: o ambiente político é terrível, a fase de Diego Souza não é boa, a lesão de Cleiton Xavier é crucial, a contratação de reforços em má forma atrasa a montagem da equipe, o astral do elenco anda baixo...mas já passou da hora do ainda iniciante treinador encontrar um padrão de jogo e fazer o Palmeiras crescer. A tímida vitória sobre o Atlético-PR por 1 a 0 sugere que a equipe vá as quartas da Copa do Brasil, mas a produção em campo é ainda muito fraca.

Contra o Furacão no Parque Antártica, Zago montou sua estratégia em cima de Márcio Azevedo: em um 4-2-3-1, o Palmeiras teve Márcio Araújo fixo na lateral direita, para pegar o ala atleticano, e Figueroa como meia externo para ajudar na marcação e jogar às costas do adversário - pouco fez, no fim das contas, o chileno, que volta de lesão. Pior é que Diego Souza foi muito mal, Lincoln ainda não engrenou e os laterais e volantes não apoiaram.

Por enquanto, a única notícia boa é o faro de gol aguçado de Robert. No ano, sua participação em gols do Palmeiras beira os 40%. Contra o Atlético-PR, voltou às redes e dá a vantagem para ir até a Arena da Baixada em boa condição. Ainda assim, o tempo corre contra Antônio Carlos, que insatisfeito com os jogadores já até ameaçou pegar o boné.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Muy amigo

Valdez abraça Barrios: eles estarão juntos na Copa do Mundo


Em um momento qualquer de convivência pelo Borussia Dortmund, Nelson Haedo Valdez soube que o argentino Lucas Barrios, seu companheiro de clube, tinha mãe paraguaia. Valdez ficou interessado na informação e resolveu ligar para Gerardo Martino, seu treinador na seleção do Paraguai. O objetivo: sugerir a convocação de Barrios, que podia obter dupla nacionalidade, para a Copa do Mundo.

Martino topou, a papelada foi rapidamente providenciada e Barrios já é, desde a última semana, elegível para a seleção paraguaia. Lucas Barrios é desses casos curiosos de jogador de quem não se esperava muito e, tardiamente, explodiu. Chegou ao Colo-Colo em 2008, ano em que foi o principal artilheiro do futebol de todo o mundo. Partiu para o Borussia Dortmund e, nesta temporada de estreia, já soma 19 gols.

A concorrência na Argentina é pesada demais para Barrios, que certamente teria chances em boa parte das seleções mundiais. Chateado pela falta de atenção de Maradona, topou jogar pelo Paraguai, país onde sequer morou ou jogou, mas onde certamente será chamado para a Copa do Mundo, sobretudo pelo desfalque de Salvador Cabañas.

Em que pese o prestígio que tem na seleção paraguaia, é difícil imaginar Haedo Valdez como titular e Barrios no banco. Hoje, o argentino de nascimento é muito mais jogador, e deve disputar a preferência de Gerardo Martino com Roque Santa Cruz, em má fase.

Certeza mesmo é que joga Cardozo, artilheiro do Campeonato Português pelo Benfica, e que Valdez não é um sujeito egoísta. Com tantos atacantes bons ao lado, inclusive Barrios, suas chances de jogar regularmente na Copa do Mundo são bem pequenas. Ele provavelmente não se importa muito.

Com quem estão os cartolas que iam renovar o futebol brasileiro


Andrés Sanchez se tornou o presidente do Corinthians cercado de muitas esperanças, cenário que se repetiu com o botafoguense Maurício Assumpção, com o vascaíno Roberto Dinamite e, mais recentemente, com o santista Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro. Imaginava-se gente nova, com ideias renovadas, todos atentos ao futebol e diferentes de personagens como Alberto Dualib, Eurico Miranda e Marcelo Teixeira. Todos os três, ao lado de outros cinco cartolas, votaram no candidato da CBF para o Clube dos 13.

Não se imagina aqui que Fábio Koff seja a solução para o crescimento da elite do futebol brasileiro, mas isso certamente não seria possível com Kléber Leite. Sempre atrapalhado em seu retorno ao Flamengo como vice de futebol, Leite também é um dos grandes responsáveis pela dívida bilionária de um clube que não teve, com ele, nenhuma estrutura administrativa confiável, não progrediu institucionalmente e não conseguiu se desprender da imagem amadora em tantos momentos.

Também nem é preciso dizer que o papel da CBF como entidade responsável pelo crescimento do futebol brasileiro como um todo é nulo. Muitos dos grandes clubes não possuem estádios, as categorias de base são esquecidas e não têm incentivos e nem torneios suficientes, as seleções de base são marginalizadas e o importante, sempre, é aumentar os contratos publicitários. Só.

Andrés cada vez mais se alinha aos interesses da CBF, Maurício Assumpção, como mostrou a Folha, se vendeu por um empréstimo, e Luis Alvaro simplesmente fechou com quem cedeu cotas mais volumosas para o Santos. A discussão ficou apenas nesses termos.

Como se vê, cada um olha para o próprio umbigo, não vislumbra o crescimento do futebol brasileiro como um todo e não agrega novas ideias para ampliar a receita da Série A e torná-la cada vez mais rentável. É a nova cartolagem do nosso futebol.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Xavi, senhor do tempo e do espaço


Até os gandulas do Santiago Bernabéu sabiam que o Real negaria os espaços a Lionel Messi. Desde a atuação monumental contra o Arsenal, a imprensa de Madri se perguntava quem conseguiria impedir o argentino de jogar. A interpretação de Pep Guardiola foi clara: deixar o argentino, desta vez, como centroavante, dentro da área, como nos 6 a 2 da última temporada. Bastava uma fresta e Messi decidiria - e foi justamente o que aconteceu.

O Real Madrid superou as expectativas em 45 minutos: marcou firme em um 4-3-1-2 onde a única saída era Marcelo pela esquerda, resguardando os quatro homens da primeira linha, mais Xabi Alonso e Gago, para sufocar o Barça. O ponto falho foi a liberdade a Xavi, que atuava no setor a ser preenchido por Marcelo. Pois bastou uma troca de olhares entre Lionel e Xavi, na hora certa, na medida certa...passe rápido do 6, gol do 10.

A opção de Guardiola (Puyol na lateral direita, Maxwell na esquerda e Dani Alves na ponta) diminuiu o fluxo de jogo do Barcelona, mas ainda assim ficou clara a superioridade dos azuis-grenás no conjunto. O Real tentava o empate à força, o Barça tocava a bola. Tentava achar o espaço...tentava encontrar Xavi.

Achou novamente Xavi livre na volta do intervalo: lançamento para Pedro, mais um gol. O Real se descabelava por um empate e os espaços se ampliavam. Pior para os merengues é que Valdés vivia uma noite de Zubizarreta, e Xavi desfilava. Achou Messi e Pedrito soltos novamente, podia ter terminado a partida com quatro assistências perfeitas e uma goleada.

Mesmo assim, o camisa 6 deixou o Bernabéu como herói, dono do jogo, virtual campeão espanhol. Um jogador muito acima do reconhecimento que normalmente tem. Senhor do tempo e do espaço no Super Clássico.

PS.: Ótimo texto do argentino Juan Pablo Varsky, do La Nación, sobre o personagem do sábado. Clique AQUI

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ele está imune


A improvável derrota do Grêmio diante do Pelotas não pode encobrir a grande reviravolta que Silas deu em seu irregular início de trabalho na Azenha. O treinador revisou alguns conceitos na montagem do time, superou várias enfermidades, bateu o pé em convicções como a ida de Mário Fernandes para a zaga e encontrou algumas soluções que não esperava. A principal delas atende pelo nome de Maylson.

Sempre visto com pouca atenção no ambiente gremista, Maylson foi lançado ainda por Mano Menezes, na reta final do Campeonato Brasileiro de 2007. Passou dois anos praticamente no anonimato, sempre com poucas chances. No caso dele, a seleção brasileira júnior foi fundamental: no Sul-Americano e no Mundial Sub-20, respectivamente como campeão e vice, o volante sempre mostrou qualidades. Em especial a marcação firme e a vocação para se deslocar à frente.

Em cima dessas características é que Maylson virou essencial ao Grêmio, no Campeonato Gaúcho e na Copa do Brasil. Ferdinando e Adílson protegem a defesa, Douglas organiza mais avançado à esquerda e ele cobre os dois setores: marca como volante, ajuda a armar como meia e finaliza como atacante. São impressionantes nove gols em 2010, sendo oito nos últimos dez jogos.

Azar de jogadores com grife, como Fábio Rochemback, Hugo, Leandro e Souza, lesionado. Hoje, se o Grêmio funciona, e venceu 18 dos 21 jogos no ano, muito se deve ao garoto Maylson, imune à eliminação na Taça Fábio Koff.

O Real não conseguiu driblar a história


A história mostra que a ligação da Holanda com o Barcelona é muito forte. Desde que foi buscar Rinus Michels, campeão da Liga dos Campeões de 1971 com o Ajax, e finalmente Johan Cruyff, em 73, e Neeskens, em 74, ambos tricampeões europeus. A ligação Barça-Cruyff se solidificou com o maravilhoso time montado nos anos 90 por...Cruyff, cujo capitão era...Koeman! Foi novamente ligada por Van Gaal e a invasão de holandeses no Camp Nou, mais uma vez quando Frank Rijkaard virou técnico.

O Real Madrid quis ignorar isso tudo quando montou, com o alemão Schuster no comando, meio time de holandeses, de Drenthe a Nistelrooy. Não colheu sucesso e, como símbolo da saída de Calderón e a chegada de Florentino, voltou à política dos galácticos e elegeu as saídas de Sneijder e Robben como fundamentais, acrescentando ainda mais de 40 milhões de euros com a venda da dupla. Desde o começo da temporada, os dois respondem que o Real Madrid não soube aproveitá-los.

Por mais que Diego Milito, Eto’o e Motta tenham sido reforços importantes, a Internazionale é, hoje, o time de Sneijder. O holandês conquistou a empatia logo de cara com um 4 a 0 sobre o Milan e virou peça chave em qualquer que seja o esquema tático adotado por Mourinho.

Se o time joga no 4-3-1-2, Sneijder é a cola entre o meio e o ataque, o homem que dita o ritmo, volta para buscar e põe Eto’o e Milito na cara do gol – são 11 assistências na temporada, sete gols e uma importância que nem os números podem mensurar. No 4-2-1-3 adotado corajosamente por Mourinho (especialmente em Stamford Bridge), Sneijder volta firme marcar e faz o jogo interista nascer. Foi o grande nome nos confrontos com o Chelsea e reafirmou essa condição contra o CSKA.

Robben também reencontra a carreira com o Bayern de Munique, que desde Ballack também reencontra um jogador capaz de decidir partidas importantes em nível continental. Herói das classificações contra a Fiorentina, com um golaço de canhota, e contra o Manchester United, com novo “zurdazo” como diriam os espanhóis, ele só tem 26 anos, apesar das lesões e dos poucos cabelos que restam.

Salvo um bom momento com Juande Ramos na última temporada, Robben nunca foi o mesmo da Eurocopa 2004 e do primeiro título inglês com o Chelsea, em 04/05. Encontrou a química perfeita com Van Gaal, decide um jogo atrás do outro e joga pela direita do ataque o que nenhum jogador do Real Madrid conseguiu em 2009/10. São 15 gols e seis assistências do ponteiro.

Mais que tudo isso, Robben e Sneijder jogarão uma semifinal da Liga dos Campeões, o que o Real não conhece há quase uma década. Podem, inclusive, protagonizar uma final. O fracasso dos holandeses no Bernabéu mostra que driblar o que está escrito na história é sempre difícil.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Como encontrar um anti-Messi?


É impossível que Manuel Pellegrini não tenha redobrado sua preocupação com Lionel Messi e o Barcelona depois do que o Camp Nou assistiu na última terça-feira. Lionel ocupou todos os espaços, venceu jogadas em uma combinação mais que perfeita de iniciativa (primeiro gol), presença de espírito (segundo gol), técnica e velocidade (terceiro gol) e talento e perseverança (quarto gol).

A questão para Pellegrini tentar derrubar o Barcelona no sábado é a mesma que o Arsenal não conseguiu responder: onde e como marcar Messi? O posicionamento novo, como meia por dentro em um 4-2-3-1, é mero detalhe, porque Silvestre, Clichy, Diaby e Denílson (principalmente) tomaram, em seus setores, um baile do argentino.

Tentei durante toda a quarta-feira uma conversa com Denílson, que preferiu não atender a reportagem do Terra. É compreensível. E Messi esteve em todas as partes do campo, quis o jogo como queriam os grandes gênios como Pelé, Maradona, Puskas e Cruyff.

Imaginar uma marcação dupla sobre Messi é ineficaz. O Barcelona de Guardiola tocará a bola como quiser e irá encontrar, sempre, um jogador livre. Dê uma olhada nas estatísticas de passe dos jogos contra o Arsenal: no Emirates, 533 bolas de pé em pé do Barça, 283 dos Gunners. No Camp Nou, mais 519 passes dos azuis-grenás, só 245 do time de Wenger. Só Xavi, na soma das duas partidas, chegou a 200 passes - quase todo o Arsenal. É matemático: se muita gente marcar Messi, os espaços sobram para os outros.

A imprensa de Madri tenta evocar o poder defensivo de Arbeloa, candidato a anti-Messi no sábado – embora não se saiba em que parte do campo Guardiola colocará seu craque. Recorda-se o assalto do Liverpool com Kuyt, Bellamy e Riise em grande noite no Camp Nou, em 2007, e como Arbeloa parou Messi. Particularmente só vi Messi ser parado duas vezes: ambas pelo português Bosingwa, improvisado à esquerda, nas semifinais da Liga dos Campeões 2008/09. O espaço sobrou para Iniesta fazer o gol salvador.

Não queria estar na pele de Pellegrini e dos defensores do Real Madrid.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

As verdades e mentiras sobre Gaúcho e o Vasco


Gaúcho assumiu o espaço de Vagner Mancini e o Vasco, desde então, só conhece a vitória como placar final. Os resultados, porém, não devem esconder os defeitos do time. Contra o Duque de Caxias, o triunfo por 4 a 3 foi muito mais nos músculos e no talento individual de Elton, Dodô e Fagner do que na superioridade do conjunto. A defesa, então, uma tragédia, com o campo sempre aberto para o adversário.

Até mesmo uma derrota honrosa diante do Flamengo pode manter a reputação de Gaúcho em alta, criando uma sensação irreal de que o problema foi solucionado. Outro engano a se cometer é considerar o elenco vascaíno fraco, o que não é, a despeito dos problemas que tem. Falta é pulso no vestiário e talento para organizar a equipe em campo da melhor forma.

Pensar em efetivar Gaúcho é um risco. Na base do Vasco, jamais foi um treinador vitorioso e sua única conquista foi a Taça OPG do ano passado – acrescente-se aí que não relevou nenhum grande jogador desde que assumiu o cargo. Ainda assim, com os problemas de caixa em São Januário, é a solução cada vez mais clara no nublado horizonte cruzmaltino.

domingo, 4 de abril de 2010

Argentina 138 x 88 Brasil


A forma dos atacantes ilustra e bem as diferenças entre os momentos do Brasil e da Argentina a pouco mais de dois meses da Copa do Mundo. Nessa comparação, a vantagem dos argentinos é impressionante: 138 gols a 88 em partidas de clubes na temporada 2009/10.

Diego Maradona tem certo em sua lista as presenças de Higuaín, Messi, Diego Milito, Tévez, Agüero e Palermo. Já Dunga deve levar Adriano, Luís Fabiano, Robinho e Nilmar, com esperanças apenas razoáveis para Grafite e Alexandre Pato, prioritariamente.

Na Espanha, a artilharia é disputada cabeça a cabeça pelos hermanos Messi e Higuaín, enquanto Diego Milito persegue Di Natale na Itália e Tévez tem incríveis 20 apenas na Premier League, na quarta posição atrás só de Rooney, Drogba e Darren Bent.

Os argentinos ainda se dão ao luxo de desprezar Saviola, com 11 gols e em quarto lugar na briga pelo posto de goleador em Portugal, Lisandro López, com 13 gols e a vice-artilharia da Ligue 1, e até Lucas Barrios, com 15 gols e a terceira posição entre os marcadores da Bundesliga.

Por outro lado, a fase dos atacantes brasileiros na temporada é desprezível e resta apenas saber até que ponto isso irá pesar na África do Sul. Os melhores números são de Adriano, que contabilizando as partidas com o Flamengo desde agosto chega a 24 gols, mas não se livra das polêmicas e tem a convocação em risco.

ARGENTINA – 138 GOLS
Messi 35 gols
Higuaín 26 gols
Tevez 25 gols
Diego Milito 22 gols
Agüero 17 gols
Palermo 13 gols

BRASIL – 88 GOLS
Adriano – 24 gols
Luís Fabiano – 16 gols
Grafite – 16 gols
Alexandre Pato – 14 gols
Nilmar – 12 gols
Robinho – 6 gols

sábado, 3 de abril de 2010

Palmeiras vai com os meninos errados


A base do Palmeiras indiscutivelmente cresceu demais nos últimos tempos. Foi campeão paulista sub-20 no ano passado, semifinalista da Copinha deste ano, tem uma geração sub-15 bastante promissora, melhorou sua estrutura e também avançou na prospecção de bons jogadores. Nesse momento, falta é acertar no mais importante: lançar os bons valores no time profissional.

Antônio Carlos, que montou time jovem para empatar sem gols com o Oeste, parece conhecer pouco as categorias de base do Palmeiras. Aposta nos limitados Joãozinho, Gualberto e Anselmo, para quem o bonde da promoção parece já ter passado. De quebra, fez Vinícius fazer a perigosa ponte do juvenil direto para os profissionais, sempre responsável por queimar, até antes da hora, jogadores que poderiam se aprimorar nos juniores e chegar efetivamente prontos ao elenco principal – Vinícius inclusive parece ser um desses.

Enquanto aposta nos nomes errados, o Palmeiras segue vendo sua melhor geração – de jogadores /91 e /92 – fazer campanha interessante na Série A-3 do Campeonato Paulista. Segura promessas como Gilsinho, Ramos, Luís Felipe e Patrik, sedentos por uma chance.

O único da turma boa a ser utilizado por Antônio Carlos é Gabriel Silva, que paga por aquele que é o pior dos males para um jovem recém promovido: pegar um time e um clube arrasados.

Uma boa nova


Infelizmente, no Brasil, a análise tática ainda é um problema. Poucos jornalistas se interessam e se dedicam a fazer as leituras de jogo, algo muito comum em países como Inglaterra, Espanha, Itália, Portugal e Argentina.

Colabora negativamente, também, a visão atrasada de muitos treinadores brasileiros e principalmente a dificuldade que têm em expressar as formações publicamente. Pior que isso é que quem se interessa pelo assunto, muitas vezes, é visto como prolixo ou autosuficiente pelos colegas da imprensa.

Para o bem das análises, surge uma boa nova. Até então, o único blog (ao menos que eu conheço) dedicado ao tema era o Preleção, do amigo Eduardo Cecconi, na Zero Hora, mas já surge um parceiro: André Rocha, grande companheiro deste blogueiro em várias empreitadas, estreou há alguns dias o Olho Tático, no Globoesporte.com.

Vale e muito a visita: http://colunas.globoesporte.com/olhotatico/