sábado, 30 de janeiro de 2010

Pérola francesa


A transição de ex-jogadores para a função de treinador é sempre incerta, como prova por exemplo as inconstantes passagens recentes de Zico. Laurent Blanc, grande artífice da temporada suprema do Bordeaux, já pode se dizer um vitorioso. Em seu terceiro ano no banco de reservas, o comandante francês, faz por merecer a atenção de gigantes europeus. Não à toa, teve o nome ligado à sempre especulada sucessão de Alex Ferguson.

Blanc estreou como treinador no comando do Bordeaux no início da temporada retrasada, ocupando o lugar do agora são-paulino Ricardo Gomes. De cara, foi vice e no ano seguinte encerrou a hegemonia do Lyon com uma reta final impressionante, de 11 vitórias consecutivas. Acumulou ainda o título da Copa da Liga, abrindo os olhos da Europa para seu trabalho. No ano do debute, foi eleito o principal treinador na França, ocupando o segundo lugar em 2008/09.

Nessa temporada, o trabalho no Bordeaux apresenta avanços, com o primeiro lugar na Liga dos Campeões em um grupo com Bayern de Munique e Juventus. Não é só: os girondinos estão prontos para bisar a façanha caseira, com uma vantagem na Ligue 1 que permitirá dosar os esforços para procurar às quartas europeias. Aliás, até o sorteio ajudou, já que Blanc terá pela frente o combalido Olympiacos.

Esse crescimento também tem pouca influência financeira, diga-se de passagem: para a atual temporada, o Bordeaux investiu 28 milhões de euros para suprir seu elenco, essencialmente as perdas dos titulares Obertan e Diawara. Muito menos que os 41 milhões do Olympique Marseille ou que os 80 milhões de euros do Lyon.

O que impressiona no trabalho de Blanc também é a consistência tática e organização do Bordeaux, com uma estrutura móvel para diferentes tipos de adversários, essencialmente variando entre o 4-3-1-2 e o 4-2-3-1. A recuperação de Gourcuff como um potencial World Class é outro legado do treinador, hoje já muito além do zagueiro de classe e segurança que conseguiu, por ser exemplo, vencer a Ligue 1 com o Auxerre.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

De quem Adílson não prescinde


Mais uma vez, o Cruzeiro vende um jogador imprescindível em um momento em que não parece capaz de viver sem ele. A saída de Kléber será difícil de ser suprida, haja visto a dificuldade de vários clubes em encontrar um centroavante confiável no mercado. Ernesto Farías, a não ser que provoque uma reviravolta em sua carreira, não será esse jogador. Ainda assim, Adílson Batista não deve estar muito preocupado, já que Kléber, por quem ele nunca morreu de amores, levou consigo seus cartões vermelhos, rumores constantes de saída e outros problemas.

Confiança plena é o que Adílson tem no trio Fabrício, Henrique e Marquinhos Paraná, assegurados entre os titulares do Cruzeiro pela terceira temporada consecutiva. Henrique e Marquinhos (56 e 59, respectivamente) só não jogaram mais que Fábio em 2009, ano de 68 jogos para o Cruzeiro. Com lesões e ainda três expulsões, Fabrício atuou um pouco menos (47), mas em apenas uma dessas partidas não foi titular.

Em 2008, Marquinhos Paraná também impressionou, tendo jogado em 58 das 61 partidas cruzeirenses pela temporada. Henrique ainda não era titular absoluto, já que Charles era melhor opção. Ainda assim, atuou em 35 jogos. Fabrício novamente teve problemas físicos e participou do mesmo número de duelos.

Cabe lembrar que a contratação dos três jogadores foi o primeiro motivo da insatisfação com Adílson Batista no Cruzeiro. O clube tinha Charles e Ramires voando após o Brasileiro de 2007, mas o treinador bateu o pé e exigiu os reforços. O tempo vai dando razão a Adílson.

O celeiro dos grandes treinadores

Do interior gaúcho saíram vários dos bons treinadores que apareceram nos últimos tempos, casos de Felipão, Mano Menezes, Tite e Celso Roth. Vencedores absolutos nas categorias de base da dupla Gre-Nal, Julinho Camargo e Osmar Loss, agora comandando respectivamente Caxias e Juventude, se reencontram na Serrra Gaúcha. Mais que isso, são candidatos a seguir essa tradição.

Indico então matérias sobre a dupla que publiquei nesta sexta no Terra

Apresentação - http://migre.me/i7LW
Perfil de Julinho - http://migre.me/i7Ml
Perfil de Osmar - http://migre.me/i7Mz

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Não adianta forçar


Corinthians e São Paulo tomaram atitudes bem diferentes de Palmeiras e Santos no que diz respeito à preparação física para esse início de temporada. A primeira dupla opta pelo rodízio frequente de jogadores, a fim de evitar lesões prematuras e poder forçar mais os treinamentos. A segunda parte começou 2010 com força total, repetindo a escalação em busca de entrosamento rápido e dos resultados que não vieram em 2009.

Rapidamente, se percebe o reflexo dessa política. O Palmeiras que enfrenta o Monte Azul em instantes já tem três desfalques por lesão. Léo e Diego Souza tiveram contraturas, enquanto Marcos machucou o tornozelo. No Santos, George Lucas, que viveu às voltas com lesões no ano passado, novamente teve problemas físicos e é desfalque. Fábio Costa, Maikon Leite, Maranhão e Edu Dracena já vêm de contusões anteriores.

Enquanto isso, o Corinthians, melhor dos grandes no Paulista, apesar do futebol pobre, deve chegar 100% para enfrentar o Palmeiras no domingo. O DM são-paulino apenas recebe Fernandinho, que já veio lesionado do Barueri. Ricardo Gomes pode escalar o time que quiser.

Fica nítido que não adianta forçar a barra. Ignorar os primeiros jogos do ano é necessário.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dérbi de Pandev


Foi uma semana longa de espera para o tira-teima entre Milan e Internazionale e a expectativa de que Ronaldinho Gaúcho deixasse os dois rivais empatados em pontos perdidos no Italiano. E ao rolar da bola, a partida do mês justificou a previsão de um belo duelo, com treinadores estrangeiros tornando o confronto mais aberto que nos tempos de Roberto Mancini e Carlo Ancelotti. Nesse cenário "lá e cá", ninguém brilhou mais que Pandev, o personagem da noite milanesa no San Siro.

Quis o destino que Goran Pandev deixasse Appiano Gentile em 2004 atrás das oportunidades que não teve com a camisa neroazzurra. Contratado como a grande alternativa ao posto de Eto`o, quase seis anos após sua saída, Pandev mostrou em campo todo o seu valor. É ele quem enfia a bola venenosa que fez Abate se confundir e presentear Diego Milito. No momento agudo do dérbi, é o macedônio que tira um coelho da cartola e mata Dida na cobrança da falta. Mas não foi só.

A prematura expulsão de Sneijder, por reclamação tola, ainda na primeira etapa, poderia ter provocado um grande vazio entre o meio e o ataque da Inter, mas havia Pandev em campo. O atacante foi a cola entre os dois setores, fazendo com que os contragolpes interistas sempre deixassem a defesa do Milan, desguarnecida por Nesta ausente, em estado de pânico. Essa circunstância foi decisiva para a atual tetracampeã ter o controle do jogo mesmo quando posicionada mais atrás.

Por mais que a vitória no dérbi aproxime a Inter de seu quinto título em sequência, o Milan merece elogios pela recuperação e mesmo pela atuação no clássico. Pesaram, principalmente, a falta de opções melhores para as laterais e o lugar de Nesta, além de um centroavante mais confiável e decisivo que o esforçado Borriello, mas o time seguirá sua toada de pressionar a líder. Uma condição que ainda é interista, principalmente, pelo que fez Pandev neste domingo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

A imagem do jogador brasileiro


Robinho já diz a quem queira ouvir que vai retornar ao Brasil, ainda que o Manchester City, até a publicação deste post (15h30), não tenha se pronunciado oficialmente. É o grande trunfo do jogador na tentativa de manter a confiança que Dunga deposita nele, cuja titularidade é ameaçada pela boa fase de Nilmar e também pelo que tem feito Ronaldinho Gaúcho nos últimos tempos.

Se confirmada, a volta de Robinho ao futebol brasileiro é mais uma péssima imagem que os jogadores do país pentacampeão dão aos clubes europeus. Não à toa, tradicionalmente, os atletas que saem do Brasil têm preço de mercado abaixo aos argentinos, cuja adaptação à Europa ocorre de forma mais natural. Em quatro anos no Velho Continente, Robinho movimentou algo próximo de 100 milhões de dólares com suas duas transferências, mas raramente foi um jogador decisivo. Pior: taticamente, também nunca se mostrou disposto a seguir as instruções de seus técnicos.

Curiosamente, Alex Silva, retornando ao São Paulo, é outro dessa turma. O Hamburgo, há um ano e meio, gastou algo acima de 15 milhões de euros para levá-lo junto a Thiago Neves para a Europa. Nenhum dos dois nomes se mostrou útil ao elenco hamburguês. Alex fez bico quando ouviu que precisaria atuar como volante. Thiago reclamou do tratamento concedido por Martin Jol, seu treinador na época.

Por essas e outras, atletas como Sylvinho, companheiro de Robinho no City, devem ser vangloriados. O lateral, que acaba de fazer um golaço contra o Scunthorpe, já está na Europa há 12 temporadas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Excesso de contingente


O Grêmio faz um esforço financeiro bastante razoável para contar com o meia Douglas em seus quadros na temporada 2010. As tratativas entre os dois clubes estão 99% definidas e o ex-camisa 10 corintiano deve pôr os pés na Azenha. Se há casos em que um clube pode dar um tiro no pé com um movimento errado, este parece ser um deles.

O elenco gremista, a despeito da inesperada venda de Douglas Costa para a Ucrânia, é repleto de boas opções no setor de meio-campo. Mais que isso: tem vários jogadores com expectativas de titularidade, o que pode vir a ser um problema para o ainda inexperiente Silas em seu vestiário.

Souza tem um ego e uma língua difíceis de se domar. Hugo e Borges deixaram a tranquilidade do São Paulo, justamente, para poder jogar mais. Não será possível contentar todos os gostos, até porque Douglas, a ser oficialmente confirmado, certamente voltará ao Brasil afim de atuar como titular. Há ainda Leandro e William, por quem o Grêmio fez um esforço financeiro, entre outras opções secundárias. Mais prudente seria encontrar um jogador disposto a sentar no banco e a conquistar seu espaço em médio prazo.

Ao se referir a muitas opções nesse momento, também cabe citar o Corinthians, que parece ter tomado cuidados diferentes. Mais jovens como Dentinho e Defederico podem reclamar oportunidades em algum momento, mas o elenco como um todo parece ciente da ambição alta para a temporada, dos vários jogos a fazer e da rodagem na escalação. Além de tudo, Mano Menezes domina o vestiário e é respeitado pelas principais lideranças do elenco.

O Grêmio e Silas que se cerquem de cuidados.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Oscar inglês


Considerado a grande revelação do Manchester City nos últimos anos, Daniel Sturridge deixou a cidade mancuniana no último verão para se tornar jogador do Chelsea. A transferência aconteceu por conta do fim de contrato de Sturridge com os Citizens. Portanto, saiu de graça, certo? Não, errado!

Nesta semana, um comitê especializado determinou que o Chelsea precisará pagar 3,9 milhões de euros pelo jogador, hoje com 20 anos, em um montante que pode alcançar até 7 milhões de euros a depender do número de jogos de Sturridge e eventuais participações com a seleção inglesa.

A legislação do futebol britânico protege a sete chaves o direito do clube formador, que sempre precisa ser indenizado em uma transferência livre de um atleta sub-23, por mais que Sturridge tenha agido de forma legal de acordo com a Lei Bosman.

Uma lição interessante que poderia ser aplicado em terras brasileiras. O Santos, por exemplo, joga a Copa São Paulo com pelo menos sete titulares formados em outros clubes, muitos deles contratados por brechas contratuais com custos muito baixos. Algo impensável para a realidade inglesa, onde o clube formador recebe o que lhe é de direito.

O que esperar de VAGNER LOVE no FLAMENGO


O título "O que esperar de Vagner Love no Palmeiras" ainda estava memorizado no computador de onde o blogueiro envia este post. Pois é, Love mal passou pelo Parque Antártica e já respira os ares cariocas. Apresentado como grande reforço do Flamengo para a Copa Libertadores, o centroavante vai em busca dos gols que o torcedor brasileiro não vê ele fazer há um bom tempo.

Por mais que Love tenha jogado grande futebol pelo CSKA Moscou em 2008, para os brasileiros a imagem que se tem é a pior possível, unindo a trágica não-transferência para o Corinthians em 2005, o fiasco como centroavante de Dunga e agora a frustrante volta ao Palmeiras. Brilhar na Gávea é algo como a última chance de recuperar um prestígio apagado e esquecido no tempo.

Vagner Love, que ganhava algo perto de meio milhão por mês no Palmeiras, é um atacante de grande potencial, poucos duvidam. Resta saber se terá, no Flamengo, a concentração e a tranquilidade que lhe faltaram em 2009. Ótimo no corpo a corpo, rápido e intuitivo, precisa da confiança e da sequência que Andrade parece nele depositar.

Com Love, o Fla também deve ganhar um novo desenho tático. Agrada a possibilidade de um meio-campo em losango, com um volante preso e mais Willians e Kléberson suportando um Petkovic solto. Um time, do meio para a frente, fortíssimo, mas com um vestiário que sempre inspira grandes cuidados.

O que esperar de GIOVANNI no SANTOS


É difícil mensurar a representatividade de Giovanni para o Santos. No que foi o momento mais complicado da história santista, da esquecível política pés no chão, o torcedor do clube encontrou um ídolo de verdade, que só não ganhou um Campeonato Brasileiro quase sozinho por um condenado erro de arbitragem.

O jeito introspectivo de Giovanni, para os santistas, é melhor que qualquer marketing. No retorno à Vila Belmiro em 2005, após vários anos de Europa, o Messias reforçou os laços com o clube e com os torcedores, jogando um belo futebol na pior temporada santista entre 1999 e 2007. Sem brigar por títulos, o camisa 10 agradou novamente.

Trazer Giovanni de volta tem um peso grande em resgatar o orgulho do desacreditado torcedor santista em razão dos últimos dois anos. Qualquer erro do ídolo será perdoado, mas a tendência é que a parte física diga qual é o Messias que retorna para encerrar uma carreira então já encerrada. Mesmo no Mogi Mirim, ele ficou aquém, principalmente porque suportava pouco.

Tecnicamente não há dúvidas sobre Giovanni, tipo de jogador que agrega em qualquer ambiente. A aposta em utilizá-lo como falso centroavante é adequada e o desempenho dele no jogo treino contra o Paulista de Jundiaí mostra isso. No primeiro lance, ele sai da área e dá belo passe ao jovem Breitner. No segundo, enfiado, tira da cartola uma finalização perfeita, com um toque de classe que nem cinco camisas 9 do Brasil têm hoje.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Até onde vai a razão do São Paulo


É correto e normal atribuir ao São Paulo a razão nas disputas jurídicas com Oscar, Diogo e Lucas Piazon. O investimento realizado nos atletas é grande e a confiança depositada também. Além disso, todos os contratos, procurações e coisas do gênero foram assinados em circunstâncias legais. Nenhum dos jogadores recebeu ameaçadas para isso. É importante reconhecer, no entanto, alguns vacilos são-paulinos nas histórias.

Oscar certamente se cansou de aguardar uma oportunidade entre os profissionais, que já deveria efetivamente ter acontecido no último segundo semestre. Com o time em crise, ele entrou bem contra o Corinthians e deu passe de calcanhar para Richarlyson. Na pressão dos Aflitos contra o Náutico, também mostrou as qualidades que tem de sobra. Mesmo assim, nunca esteve nos planos efetivos, tanto que a direção apostou nos problemáticos Léo Lima e Carlinhos Paraíba, ambos meias como ele.

Oscar não estava disposto a aguardar as oportunidades que Aislan e Sérgio Mota, destaques de sua geração, até hoje esperam. Sérgio fez grande papel com o pobre Toledo no Campeonato Paranaense do ano passado, mas o São Paulo jamais mostrou ter um plano para ele, o jogador mais talentoso e inteligente entre os /89 e /90 de Cotia.

Diogo, com bem menos pompa que Oscar, estava ainda mais fadado ao obscuro. Lateral esquerdo como ele, Alex Cazumba, um ano mais velho, hoje se esconde no futebol dos Estados Unidos. Bruno Formigoni, capitão do time sub-15 e sub-17, também está emprestado para o Japão.

Qualquer jogador tem o direito de querer o melhor para seu futuro. As leis são inflexíveis, mas o mundo não. A Lei Pelé, todos sabem, deu ao atleta o instrumento de definir qualquer situação diante da Justiça.

Lucas Piazon, por sua vez, também tem lá seu fundo de razão. Deixou o Atlético-PR aos 14 para ser jogador do São Paulo, que em troca fez um contrato de gaveta para ser registrado assim que o jogador completasse os 16 anos pedidos pela Justiça. A prática, vale lembrar, é ilegal. Destaque absoluto na base tricolor em 2009, marcou 10 gols em 7 jogos do Sul-Americano Sub-15. Queria, com razão, um melhor contrato. O São Paulo lhe deu as costas. E tomou um troco.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Não vai faltar talento

Dupla do Flu: o meia Wellington (/92) e o atacante Wellington Silva (/93)

O drama de que não revelamos mais talentos é constante, mas as últimas semanas têm sido ilustrativas sobre como o futebol brasileiro é uma verdadeira dádiva da natureza. É verdade que nossos jogadores não vivem o ápice na Europa, de forma geral, mas isso se deve a vários fatores que não cabem nesta dicussão. A questão é: o Brasil revela demais.

Após o vice-campeonato mundial sub-20 com os meninos classe /89 e /90, há uma geração formidável a caminho com os /91 e /92, visando a mesma competição em 2011. Os jogadores desta turma disputam um hexagonal em Punta del Este, apenas com seleções continentais. Impressiona a qualidade de gente como o goleiro botafoguense Milton Raphael, o zagueiro gremista Saimon, o volante são-paulino Wellington e o meia santista Alan Patrick. Oscar, em litígio com o São Paulo, então nem se fala.

Em conversa com o blogueiro, Rogério Lourenço, técnico da sub-20, declarou que Oscar é o jogador mais impressionante com quem já trabalhou. Nos compromissos contra Chile e Uruguai, o camisa 10 desequilibrou. Prende a bola ao pé, protege, olha mais que os outros, dribla quando precisa. Acelera e desacelera o jogo com maestria. Um craque.

Nesta mesma época, a Copa São Paulo nos brinda com mais talentos. Crystian, do Santos, e Gabriel Silva, do Palmeiras, /92 e /91 respectivamente, impressionam nas laterais. Bruno Uvine, capitão do São Paulo, um zagueiraço, destaque já na edição de 2009. No meio, olho nos "monstros" Nikão, do Santos, Jonathan, do Vasco, Wellington, do Fluminene, e João Vítor, do Flamengo. À frente, mais gente com grande capacidade: Lucas Gaúcho, outro são-paulino, Sebá, do Cruzeiro, Lucas Roggia, do Internacional.

Merece também mais espaço uma joia chamada Wellington Silva. Acionado quando o Flu perdia por 2 a 0 para o São Bernardo, o atacante mostrou que é diferente de seus pares. Desequilibrou a partida contra jogadores dois anos mais velhos (ele é um /93): fez gol do 1-2, construiu a jogada do empate - um primor! - e sofreu o pênalti da vitória e da classificação - veja o vídeo no fim do post. Em 2011, fará 18 anos e se apresentará a Arséne Wenger. Há dois anos, Wellington brilhou em Old Trafford pela Nike Cup. O treinador francês estava de olho. Azar do Fluminense, que entregou um primor de craque por uma merreca.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O que sobrou do Barueri


A confirmação de Leandro Castan como reforço do Corinthians significou a partida do décimo de 11 titulares do Grêmio Barueri na surpreedente campanha na temporada de estreia na Série A. Como já era previsto desde o fim do primeiro turno, o clube assistiu à debandada de todos os seus destaques, mostrando que a faceta de clube organizado era bem irreal.

Por mais que a direção hesite em admitir, a partida para Presidente Prudente, em definitivo, é uma mera formalidade e deve ser confirmada nos próximos dias. A mudança para Grêmio Prudentino, assim como o nascimento e o crescimento do Barueri, será impulsionada pelo investimento do prefeito Milton Carlos de Mello, do PTB.

Como já demonstrou nos três dérbis entre Corinthians e Palmeiras que recebeu em 2009, a população de Prudente não dá tanta bola assim para o futebol. A estreia de Ronaldo levou 44 mil espectadores, mas os dois jogos do Brasileiro decepcionaram: 29 mil no confronto dos três gols de Obina, pouco além de 15 mil para o empate em 2 a 2.

Pior ainda é o time que o Barueri vai montando para 2010. Os reforços mais conhecidos são Jéfferson, do Palmeiras, e Marcelo Oliveira, do Corinthians, ambos emprestados. Também chegam Carlos Eduardo, do Fluminense, Ji-Paraná, ex-seleção sub-20 e time B do Inter, e outros jogadores obscuros. No comando, Vinícius Eutrópio, que jamais deixou de ser o interino pronto para ajudar enquanto no Flu.

Ou seja: seguirá sendo um time com jogadores de aluguel e patrocinado por uma prefeitura. Enquanto isso, a milionária Arena Barueri ficará jogada às moscas.

ONDE FORAM PARAR OS TITULARES DO BARUERI:
Renê - Mirassol
Xandão - São Paulo
André Luís - São Paulo
Leandro Castan - Corinthians
Marcos Pimentel - permanece
Ralf - Corinthians
Éverton - Fluminense
Márcio Careca - Vasco
Thiago Humberto - Internacional
Fernandinho - São Paulo
Val Baiano - já saiu e negocia com outros clubes

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O que esperar de MARCELINHO PARAÍBA no SÃO PAULO


Já se vão 13 anos que o São Paulo foi buscar Marcelinho Paraíba e Alexandre Rottweiler no Rio Branco de Americana. O jogador que corria e driblava muito mas produzia pouco, logo na chegada ao Morumbi, se tornou o oposto dentro de campo agora na última parte da carreira. Marcelinho trata como poucos a bola, enxerga como ninguém o espaço vazio dentro de campo e aprendeu a finalizar com correção.

Tratado como craque pela direção do São Paulo, Marcelinho precisará dar exatamente essa resposta dentro de campo. Basicamente, brilhar dentro de um conjunto, o que raras vezes ele conseguiu ao longo da carreira. A situação no Coritiba, em que Paraíba jogava sozinho, também aconteceu no Hertha Berlin, onde ele viveu os melhores dias na Europa. Na volta ao Morumbi, precisará novamente ser o diferencial, mas em um time organizado.

Marcelinho gosta de jogar sem posicionamento fixo em campo, flutuando do meio para o ataque no espaço onde enxergue mais produtivo, e se receber essa responsabilidade será peça fundamental na possível mudança de conceito do time são-paulino com Ricardo Gomes.

Em uma equipe solta, certamente Marcelinho Paraíba fará parte desse processo. É até possível imaginar que um fiasco seu dentro de campo, difícil de se imaginar, signifique a repetição do modelo de jogo das últimas quatro temporadas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Saiu sem mostrar a que veio


Eram justas as expectativas que Douglas Costa criou antes de chegar aos profissionais gremistas. Pela base tricolor, o meia canhoto foi decisivo em competições de base importantes, conquistadas pelo Grêmio. Por exemplo, a Copa Santiago Sub-17 e a Taça BH de Juniores. A estreia, contra o Botafogo, só aumentou o teor dos comentários positivos a respeito da promessa: um jogador canhoto, habilidoso, de grande finalizaçào e mobilidade em campo. Dá para dizer que foi só.

Douglas deixa o Estádio Olímpico como, apenas, uma grande venda da direção gremista. O Shakhtar, famoso por queimar dinheiro em jogadores jovens, como fez com Ilsinho e William, entregou quase 7 milhões de euros aos gremistas, que ainda conservam 20% do valor de uma próxima transferência.

As cifras não podem ser justificadas pelo que ele mostrou no último ano. Douglas Costa sempre foi um jogador de pouca participação tática, de pouco jogo coletivo e com a bola queimando no pé. Mesmo na seleção sub-20, nunca brilhou e decepcionou quando titular.

Para quem precisava de reforço nos cofres, uma boa para o Grêmio, que assim deve manter Réver e Victor no time titular. Para Douglas, a chance de embolsar uma grana e sumir na Ucrânia. Resumindo, mais um caso de jogador diferenciado tecnicamente, mas incapaz de ser produtivo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O que esperar de ROBERTO CARLOS no CORINTHIANS


Por muito tempo, Roberto Carlos foi alvo de críticas. Enquanto comia a bola no Real Madrid, na seleção era visto como mascarado. Saiu chamuscado da Copa de 1998 por declarações mal interpretadas, por uma bicicleta infeliz contra a Dinamarca e pelas críticas de Galvão Bueno - que se repetiriam, oito anos depois, pela postura pra lá de descontraída no banco de reservas contra o Japão e no posicionamento errado no fatídico gol de Henry.

Roberto retorna ao Brasil 14 anos depois de partir para a Europa em busca do reconhecimento que lhe é de direito, mas nem tantos brasileiros são capazes de lhe dar. Sem medo de errar, é possível arriscar que é um dos três melhores da posição na história da seleção. Grande vigor físico, ótimo posicionamento defensivo, poder de fogo invejável na frente.

Se você tem dúvidas porque Roberto Carlos tem 36 anos, se lembre que ele nunca teve uma lesão grave na carreira. Nunca. Não faltou em treinos, não foi visto em baladas e nunca se escondeu em campo. No conturbado e dividido vestiário merengue, sempre foi bem aceito por todas as panelas. É, ao lado dos italianos Maldini e Cannavaro, o único defensor a figurar entre os três melhores da Fifa nas últimas duas décadas.

O acerto em uma contratação é sempre subjetivo. Há as que têm tudo para vingar e não dão certo, como Vagner Love no Palmeiras. Ou o contrário, como Petkovic no Flamengo. A "aposta" em Roberto é certeira. Um nome que se faz respeitar no futebol, algo muito importante quando os assuntos são Corinthians e Copa Libertadores, com um aniversário de três dígitos no meio do caminho.

Foto: Jornal da Tarde

Os preconceitos sobre a Copa São Paulo


Quase todo mundo acha legal quando um time da terceira divisão inglesa enfrenta um gigante e prega uma peça na FA Cup. Quase todo mundo também acha legal quando um time da quinta divisão francesa, com jogadores semi-profissionais, chega até a final da Copa da França. Mas basta ver um time pequeno em ação na Copa São Paulo para começarem os comentários preconceituosos. "Olha lá esse time de empresários. Quem é esse time?", Bla, bla, bla.

As críticas quanto ao grande número de participantes da Copa São Paulo jamais consideram o fato de que a competição oferece oportunidade única para jovens de todo o Brasil. Não são poucos os casos de atletas que se destacaram em um time pequeno do torneio e receberam a chance da vida. A Copinha é, antes de tudo, democrática.

A festa de empresários não é exclusividade da Copa São Paulo, faz parte de todo o contexto em que se inseriu o futebol brasileiro a partir da Lei Pelé. A Federação Paulista, inclusive, tentou artifícios para dar mais identidade aos clubes da Copinha. Por exemplo, cobrando alto pela inscrição e, principalmente, exigindo vínculo contratual dos atletas por um certo tempo precedendo o torneio.

O inchaço de competiçòes, diga-se, também não é exclusividade da Copa São Paulo. Acontece também no Campeonato Paulista, de 20 clubes, o mesmo da Série A. Também na Copa do Brasil, que cumpre seu papel de unir equipes de todo o país. Ocorre na Copa Libertadores, que com sua fase preliminar mobiliza mais de 40 clubes. Na Copa do Mundo, que Blatter abriu para até 32 nações. Infelizmente, são decisões políticas: agrade o maior número possível de filiados e se garanta no cargo por quanto tempo quiser. Daí o reinado de Marco Polo Del Nero, Ricardo Teixeira, João Havelange e etc.

Reduzir essas críticas à Copa São Paulo é antes de mais nada um grande clichê. E ainda há, em meio a tantos clubes pequenos e sem estrutura que viajam até de ônibus para jogar a Copinha, espaço para surpresas. Como o Marília do Maranhão, que em 2008 eliminou os estruturados Barueri e Atlético-MG na primeira fase. E enviando até atletas para Cruzeiro e o próprio Galo em seguida.

A Copa São Paulo é, sim, um grande barato. Une clubes de todos os estados brasileiros, dá margem para grandes revelações e tem dentro dela um enorme caráter democrático e social.

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E aliás, para quem quiser saber tudo sobre o torneio, acompanhe nossa cobertura no Olheiros.net

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bons e velhos perfis


A Four Four Two brasileira vivia um dilema: usar só o conteúdo internacional da revista seria garantia de qualidade e conteúdo exclusivo por aqui. Por outro lado, difícil uma publicação resistir sem conteúdo nacional. Então, fez um grande negócio: entregou perfis e entrevistas nas mãos do experiente Odir Cunha. O resultado é muito interessante.

Já há algumas edições, Odir escreve perfis deliciosos, faz entrevistas contundentes e curiosas. Na edição de dezembro da 442, ele por exemplo assina matéria bem interessante com Hernanes. Odir esteve no CT Barra Funda e bateu longo papo com o são-paulino, em quem a revista provavelmente apostasse ser o campeão brasileiro. Há trechos muito bons, como em que o camisa 10 e o repórter conversam sobre religião, sem preconceitos nem exageros. Odir aborda o tema com personalidade e isenção.

A Revista Espn apostou em fórmulas similares nas suas duas matérias de capa nas edições iniciais. Primeiro com Pelé e Walterson Sardenberg, depois com Cielo e Thiago Medaglia. As páginas com o herói nacional da natação também são interessantes, agradáveis e trazem situações desconhecidas do grande público.

Apostar em bons textos e longos perfis é uma grande sacada da dupla 442 e Espn. A FutLance! por exemplo segue editorialmente confusa. Não traz entrevistados bons, não encontra pautas interessantes - até tenta, mas tem feito escolhas infelizes -, e aposta na superficialidade. Até abaixou o preço para concorrer com as rivais, mas só se salva pela bela parte gráfica.