terça-feira, 26 de abril de 2011

Os pontos fortes e fracos de uma semifinal sem favoritos


CORINTHIANS
Sistema principal: 4-2-3-1
Sistema ocasional: 4-2-2-2
Quem pode decidir: Liedson
A surpresa: Paulinho

- Fortes: em primeiro lugar, a agenda mais vazia, sobretudo se for até a decisão, já que nos próximos dias o Palmeiras também não joga. Antes de enfrentar o Oeste, os titulares corintianos tiveram duas semanas sem qualquer jogo, o que tem feito a equipe de Tite jogar com uma intensidade ainda maior. Outra vantagem circunstancial é que provavelmente deseje mais o título paulista que a dupla San-São, que tem outras prioridades para o semestre.

- Fracos: a inexperiência de vários de seus titulares com grandes decisões, a irregularidade de Julio Cesar nessa temporada e a má vontade de algumas pessoas do clube com o trabalho do treinador Tite, que tem feito mais do que pode com o limitado e reduzidíssimo elenco que possui. O banco de reservas corintiano, salvo Wallace, Paulo André e Willian, é praticamente nulo.

PALMEIRAS
Sistema principal: 4-2-3-1
Sistema ocasional: 4-3-1-2
Quem pode decidir: Kléber
A surpresa: Cicinho

- Fortes: sem dúvidas, a defesa que faz uma temporada de pouquíssimos erros. Tudo isso graças à compactação defensiva incrível especialmente com Tinga e Luan pelos dois lados e a proteção à primeira linha feita por Márcio Araújo e Marcos Assunção. Deola também vive fase fantástica e Kléber, na frente, tem resolvido as coisas sempre que necessário. O espírito de equipe alviverde que Felipão disseminou no Palestra Itália faz dele novamente um treinador respeitado, o que nunca deveria ter deixado de ser. O Palmeiras tem um centímetro de vantagem sobre o Corinthians.

- Fracos: é o time que enfrenta a maior dificuldade em articular no ataque, o que pode deixar Felipão com problemas caso inicie a partida atrás do marcador. Parte disso se deve à irregularidade de Valdívia, que só tem dois gols na temporada e vive de brilhos ocasionais. O chileno, verdade seja dita, costuma aparecer nos momentos mais importantes. A ocasião é já.

SANTOS
Sistema principal: 4-3-1-2
Sistema ocasional: 4-2-3-1
Quem pode decidir: Neymar
A surpresa: Danilo

- Fortes: possui a maior oferta de talento dos quatro grandes e isso muitas vezes faz diferença em uma decisão. Apesar disso, as estrelas Neymar, Ganso e Elano não fazem temporada linear, sobretudo os dois meio-campistas. Ponto fraco do time em muitos momentos, a defesa ganhou novos números sob o comando de Muricy Ramalho, que novamente precisará conviver com a sina de falhar em jogos eliminatórios.

- Fracos: é de longe quem dá menor importância ao título paulista, que conquistou em 2010 de forma marcante. A depender do jogo contra o América do México, na próxima quarta, Muricy pode até mesmo preservar titulares para pegar o São Paulo no Morumbi. Entre os quatro, o Santos ainda é aquele que tem o elenco fisicamente mais prejudicado nesse momento.

SÃO PAULO
Sistema principal: 4-3-2-1
Sistema ocasional: 3-4-2-1
Quem pode decidir: Dagoberto
A surpresa: Ilsinho

- Fortes: dono da melhor campanha no Paulista, o São Paulo de Carpegiani precisa provar sua força em um momento agudo da temporada e diluir as dúvidas que ainda carrega. A vantagem sobre os rivais é a força e o equilíbrio do elenco tricolor, que tem um banco fortíssimo e deixa o treinador à vontade para alternar o esquema tático sempre que sente a necessidade. Lucas, se puder jogar a decisão, tem a chance de levar o primeiro título pelo clube.

- Fracos: terá jogos da Copa do Brasil entre os compromissos do Paulista, o que é sempre um ponto prejudicial. Além disso, o São Paulo é um time em formação, ainda desacostumado com grandes decisões e com uma mecânica de jogo às vezes atrapalhada pelas constantes mexidas de Carpegiani. Se recuperar o espírito vitorioso dos tempos de Muricy Ramalho, chega firme na luta pelo título.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O tiro no pé da Federação Paulista e a semana dura do líder São Paulo


Depois de quatro anos (2007, 08, 09 e 10), a Federação Paulista resolveu mexer na fórmula de disputa do Estadual, e não foi para diminuir o inchado número de 23 datas nem a absurda presença de 20 clubes. A FPF aumentou para oito o número de classificados ao mata-mata, já que apenas em uma das quatro edições, em 2009, todos os grandes avançaram ao mata-mata. Abrir o leque de times na fase seguinte significava reduzir a possibilidade de que algum grande ficasse pelo caminho, mas a Federação acabou por dar um tiro em seu próprio pé.

Afinal, os quatro primeiros colocados de 2011 foram justamente os quatro maiores clubes do futebol paulista. Com o regulamento anterior, a Federação estaria satisfeita, mas agora volta a correr riscos, já que São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos precisarão vencer seus compromissos no próximo fim de semana para que a semifinal atenda aos desejos da FPF. Apesar da tremenda disparidade na tabela entre os quatro primeiros e o quinto, sexto, sétimo e oitavo, a tarefa não será simples.

Aparentemente, Palmeiras e Corinthians, respectivamente contra Mirassol e Oeste, são os times com as partidas mais acessíveis, até porque terão semana possivelmente mais tranquila - palmeirenses pegam o Santo André na quinta com a vaga muito bem encaminhada na Copa do Brasil, e corintianos folgam. O Santos tem jogo fundamental na quarta contra o Deportivo Táchira e possivelmente um desgaste físico/psicológico grande. Três dias depois, terá pela frente a Ponte Preta, que venceu os três grandes da capital na primeira fase e empatou com os próprios santistas no jogo que iniciou o processo de fritura de Adílson Batista.

O cenário que também aparenta ser um pouco conturbado é o do São Paulo, que terá pela frente uma Portuguesa embalada pela heroica classificação e joga na Arena Barueri. O compromisso de meio de semana também é o mais duro, diante do Goiás, com viagem e em um Serra Dourada tradicionalmente desgastante - pelas condições do pesado gramado, pelo clima e pelas dimensões do campo. Na volta, encontrará a Lusa, para quem perdeu duas vezes em seis jogos nos últimos três anos, quase sempre de partidas duras. Como em 2008, quando Borges fez três gols no Canindé e encaminhou o tricampeonato brasileiro a cinco rodadas do fim.

PS.: Inicialmente, havia escrito que o jogo seria em Mogi. Na verdade, é em Barueri. Obrigado aos amigos que avisaram.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pepe e a vantagem psicológica do Real Madrid


Pepe é um pitbull e cumpre ordens com extremo rigor. José Mourinho sabe disso e designou a ele um papel essencial para a estratégia madridista no Santiago Bernabéu. Repelir as investidas azuis-grenás à frente da área do Real Madrid e, por uma coincidência natural de posicionamento, seguir Lionel Messi a todo custo. Se esperava que Pepe pudesse tentar intimidar Messi e os outros barcelonistas na base da violência, como é seu habitual, mas o personagem do primeiro clássico em 18 dias fez justamente o contrário.

Pepe jogou com enorme personalidade e até com uma dose de lealdade, a ponto de Mourinho perceber a queda do seu time quando passou o luso-brasileiro para a defesa (após a expulsão de Albiol) e desguarneceu a proteção à frente da área, ponto chave para anestesiar o poder de fogo do Barça. Quando o treinador reorganiza o time, com Arbeloa na lateral, Sergio Ramos na zaga e Pepe novamente de volante, o Real joga como protagonista, recupera bolas com mais facilidade e encontra o empate em pênalti duvidoso.

Quando seu time perdia por 1 a 0, Mourinho certamente pensava em utilizar os primeiros 45 minutos como uma lição de que o Real poderia enfrentar o Barcelona. O empate conseguido com personalidade nos minutos finais dá ainda mais força para os merengues no jogo psicológico, tão importante nos clássicos. O favoritismo ainda é todo do Barça - coisa de 65% a 75% - mas os madridistas já não temem levar outra goleada como os 5 a 0 do primeiro turno. Devem agradecer muito a Pepe.

Melhor em campo: Pepe
Melhor do Barcelona: Lionel Messi
Pior em campo: Albiol
Tática do Real Madrid: 4-1-4-1
Tática do Barcelona: 4-3-3

Desenho tático reproduzido com perfeição no blog Olho Tático. Veja Pepe na proteção à área do Real

sábado, 16 de abril de 2011

A grande lição de Yaya Touré ao City


Contra o Manchester United, não havia um jogador de camisa azul com tantas conquistas quanto Yaya Touré. Você pode se lembrar de Mario Balotelli, mas o italiano era um mero reserva da Internazionale de Mourinho. Um caso bastante diferente do de Yaya, que incansavelmente ergueu sete taças em suas últimas duas temporadas de Barcelona. E que teve uma atuação primorosa, indiscutível e decisiva para que seu Manchester City desse um grito de independência ao bater o United neste sábado pelas semifinais da Copa da Inglaterra.

Nos Citizens, Yaya Touré não é mais aquele volante de posicionamento defensivo impecável, imposição física e primeiro passe correto. Joga perto do ataque, tem oito gols e sete assistências na temporada. É o meia armador de Roberto Mancini em um 4-2-3-1 que encorpa a faixa central defendida por Nigel De Jong e Gareth Barry. Ele chega sempre com força até a área, exatamente como quase abriu o marcador na etapa inicial, e da mesma forma como se aproveitou de vacilo de Carrick e avançou até o gol de Edwin Van der Sar com passadas largas e autoridade de campeão.

O goleiro holandês certamente esperava repetir Peter Schmeichel, que se despediu do futebol pelo mesmo United, há 12 anos, com uma Tríplice Coroa. Van der Sar agora vai atrás do Campeonato Inglês e da Liga dos Campeões, e a Copa da Inglaterra tem tudo para terminar nas mãos do City de Touré.

O marfinense, que conhece o caminho para as conquistas, ensina seus companheiros. A partidaça contra o United diante do maior público da história do dérbi mancuniano foi uma grande lição de Yaya Touré.

PS.: As sete taças de Yaya Touré no Barcelona: Mundial de Clubes 2009, Liga dos Campeões 2009, Supercopa Europeia 2009, Campeonato Espanhol 2009 e 2010, Copa do Rey 2009 e Supercopa Espanhola 2009

Melhor em campo: Yaya Touré
Melhor do Manchester United: Vidic
Pior em campo: Michael Carrick
Tática do Manchester City: 4-2-3-1
Tática do Manchester United: 4-2-3-1

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Flopiazon


Flop é a expressão utilizada na Inglaterra para designar um grande fracasso. O termo ainda é exagerado para designar Lucas Piazon, mas o mais promissor centroavante de todas as seleções brasileiras de base parece viver um momento de interrogração em sua carreira. Principal decepção do Brasil no último Sul-Americano Sub-17, Piazon foi o retrato de uma equipe com pouca transpiração e que, salvo exceções como Emerson, Misael e Adryan, decepcionou um bocado apesar do título.

Pouco interessado em campo, Lucas Piazon deu argumentos à tentação de o acusar de pensar no Chelsea. Ficou muito além das competições em que brilhou com intensidade, como Nike Cup e Sul-Americano Sub-15, ambas no ano retrasado. E que foram o estopim para que se iniciasse o imbróglio que teve Giuliano Bertolucci (amigo de Kia Joorabchian com trânsito livre em Benfica e Chelsea) como seu arquiteto. Lucas se portou de forma inadequada durante o processo e até chegou a treinar no Corinthians, provocação em conjunto com Andrés Sanchez, amigo de Giuliano.

Ao ter conhecimento da proposta de 7,5 milhões de euros que Bertolucci trouxe do Chelsea, Juvenal Juvêncio pediu o aval de Zé Sérgio, treinador dos juvenis do São Paulo, e avaliou junto da cúpula de Cotia que Lucas Piazon era uma bomba relógio. Cercado por pessoas que detestam as cores são-paulinas e assediado por clubes da Europa (visitou a Juventus no início do ano), devia sair logo mesmo e "pagar" por Luís Fabiano.

Na Europa, Lucas Piazon deve saber que será apenas mais um. São pouquíssimos os jogadores que chegam da base do Chelsea, para a qual ele deve ir, e se afirmam entre os profissionais. Os 7,5 milhões de euros são um investimento apenas razoável, e ele precisará repetir aquele desempenho de 2009. No futebol, um ano e meio é muita coisa. Para Lucas, a distância de seu melhor jogo.