O título para a análise sobre Santos e Corinthians não tem relação com o favoritismo dado aos santistas desde o início da semana. Claro, a superioridade estava bem evidente, mas ela é conseqüência. Quando Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão colocaram seus times no ótimo gramado da Vila Belmiro, deixaram nítidas as brutais diferenças de planejamento das equipes.
Óbvio que para montar os respectivos elencos, Corinthians e Santos tinham em mãos receitas diferentes, o que de modo algum justifica as críticas de Emerson Leão com relação ao material humano que tem em mãos. No atual elenco corintiano, pelo menos Tamandaré, Daniel, Amoroso, Gustavo, Magrão e Wellington tiveram o olho clínico (?) de Leão. Não fosse o suficiente, apostas pessoais como Marcus Vinícius, Marquinhos, Élton e Marcelo também não surtiram o efeito que se espera. Christian e Jaílson são outros casos, mas já se foram, e renderam bons dividendos. Arce e o goleiro Jean, até aqui, sejam talvez as boas sacadas.
Para vencer o Corinthians, vieram Fábio Costa, Denis, Adaílton, Antônio Carlos e Carlinhos na linha defensiva. Adriano e Rodrigo Souto na proteção para Pedrinho e Zé Roberto, armando Marcos Aurélio e Rodrigo Tiuí, logo trocado por Jonas. Veja que, com exceção do garoto Adriano, todos são nomes de Vanderlei Luxemburgo, e apenas Zé Roberto trouxe custos exorbitantes. Trocando em miúdos: Leão, se quisesse, poderia ter trazido qualquer um dos santistas para o Parque São Jorge.
Também por esse contexto é que treinador de futebol, em especial no Brasil, precisa cada vez ser mais completo. E Vanderlei Luxemburgo, inquestionavelmente, sabe farejar talentos. Descobriu ao longo dos anos, Vampeta, Ricardinho, Cléber Santana, Deivid (como grande jogador), Edu Dracena, Edílson (como atacante), Fabinho (hoje na França), Mota (hoje na Coréia), além de outros que podem ser relembrados com um exercício mais profundo de memória.
Já Leão, que já havia trazido Ricardinho (ex-Inter), Márcio Careca, Enílton, Amaral e Paulo Baier ao Palmeiras, mostra mais uma vez que deixa a desejar quando tem em mãos a incumbência de construir e planejar elencos. Coincidência ou não, como, por exemplo, não fez em Santos e São Paulo, seus melhores momentos na carreira. E o jogo? Pois é, já estava antecipado. E há muito mais tempo.
5 comentários:
Não dá pra negar, realmente o Luxemburgo gosta de contar com jogadores mais desconhecidos e lapidá-los. E alguns realmente só jogam bem sob a sua batuta, vide o caso Bóvio.
O Leão apostou em nomes muito controvertidos e de técnica duvidosa, como muitas vezes o faz.
Pra mim existe uma diferença enorme no nível de ambos.
O Luxemburgo por mais defeitos que possa ter - e tem - é muito melhor que Leão. Tanto táticamente como 'olheiro'.
Excelente texto Dassler.
Abraço. ;]
Gosto de comparar Leão e Luxemburgo pelo que fizeram no Cruzeiro.
Luxemburgo encontrou em 2002 uma equipe rachada, sem padrão tático, problemas extra-campo, jogadores desmotivados e folha salarial incompatível. Após ficar em 9º naquele campeonato, a torcida exigiu sua cabeça. A diretoria bancou, e em 2003 todos conhecemos a história. Ele fez Márcio Nobre, Aristizábal e Augusto Recife jogarem bola. E bem.
Leão encontrou em 2005 um Cruzeiro desmotivado, mas com muita qualidade. Ao contrário de Luxa, já chegou "chegando" e barrou o capitão Maldonado, o melhor jogador da equipe até o momento só por tê-lo questionado a respeito dos treinamentos. Poucos dias depois, teve atritos com Cris. Resultado? Não durou dez jogos no time.
Depois dessa passagem, a diferença só aumentou. Luxemburgo é técnico top. Leão já foi. E belo texto.
Uma correção, a tragédia Leão foi em 2004, depois da tragédia PC Gusmão.
Curiosamente, Cléber (Santana) subiu pro profissional aqui no Sport em 2001, ano posterior à saída de Leão do time pra comandar a seleção.
Curioso o destino, né? hehe
abraços, dassler!
Ah, tem outra: quando tava no Cruzeiro, o Leão barrou a contratação de Fred.
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