sexta-feira, 29 de junho de 2007

Camisa dez


William jogará neste sábado. Não pelo Corinthians, que tem clássico importante contra o Palmeiras, mas sim pela seleção brasileira sub-20. E aí que mora o principal problema da equipe de Paulo César Carpegiani. Durante as cinco primeiras partidas, o garoto foi o diferencial corintiano e, sem ele, o sistema tático que vinha sendo fundamental, foi todo desmontado.

Carpegiani não precisará desmontar seu esquema tático. Dinélson, recrutado junto ao Paraná Clube, está de volta ao Parque São Jorge. Não parece, mas já faz mais de três anos que ele chegou ao Corinthians, quando ainda era uma jovem promessa do Guarani. E ele, aparentemente mais maduro, tem seu grande momento para mostrar serviço no clube.

Taticamente, Dinélson pode fazer a mesma função de William, que aliás, é dois anos mais novo. O primeiro, possível titular para o sábado contra o Palmeiras, tem mais capacidade de organizar o jogo, embora também não lhe falte talento com a bola nos pés. Por sua vez, William tem uma arrancada forte e vertical, poucas vezes possível de ser brecada. As características, são diferentes, mas as funções podem ser iguais.

Anteriormente, o Corinthians atuava em um 3-4-1-2, em que um dos alas, normalmente Edson, recuava sem a posse de bola, transformando a defesa em uma linha de quatro homens e deixando o meio-campo em losango, pois Rosinei tem afinidade pelo lado direito do campo. Quando Everton Santos recuava e se juntava a William, normalmente surgiam bons lances.

Contra o Paraná Clube, único jogo sem o camisa 10, o desenho tático da equipe foi todo modificado. Rosinei, Pedro e Marcelo Oliveira ganharam liberdade, mas nenhum destes é capaz de produzir o volume de jogo que William tem. Além disso, o time se perdeu pois já não tinha a mesma identidade das outras rodadas, em que havia vencido três jogos e empatado dois.

Para o clássico deste sábado, Carpegiani não precisa de grandes mudanças. Deve dar uma chance concreta para Dinélson, até porque serão muitos os jogos sem William, que ainda corre o risco de sequer voltar, já que é cobiçado em clubes europeus como o Benfica e a Fiorentina.

Mexer menos, nesse caso, significa seguir evoluindo. Mais que isso: Dinélson merece uma chance de “vestir a camisa 10”. Mostrou serviço em outros clubes, especialmente Paraná Clube, e sua vez, ao que parece, chegou.

Mais do mesmo



Argentina 4 x 1 Estados Unidos

É normal comparar situações que envolvem Brasil e Argentina. Além de serem seleções referências com a bola nos pés, são arquirrivais e, naturalmente, o que é bom pra um não é bom pro outro. Um dia após o time de Dunga ser derrotado, os hermanos tinham pela frente um remendado Estados Unidos, sem nove de seu elenco campeão da Copa Ouro. O que poderia terminar como na quarta-feira, considerando os primeiros minutos da partida, acabou por não acontecer.

Na volta de Riquelme e Verón, os personagens decisivos jogaram mais à frente: Messi e Crespo. Se Vágner Love e Afonso Alves não fizeram gols, a Argentina provou o gosto de ter um centroavante matador. No momento em que um cochilo da zaga resultou em gol norte-americano - através de pênalti convertido por Johnson – os ‘albicelestes’ acharam um gol. Bola aérea, hesitação na saída de Keller e... gol de Hernan Crespo. Os hermanos certamente saíram de campo com ar de decepção, mas com o empate, convenhamos, ficaram no lucro.

A equipe travada do primeiro tempo ficou no vestiário. Na segunda etapa, especialmente a partir da entrada de Aimar, os argentinos sobraram em campo. Verón que atuava à direita em um meio-campo em losango, passou a jogar como segundo volante, centralizado, ditando o jogo à frente de Mascherano. Com dois meias mais livres e um Messi bastante a fim de jogo, o placar naturalmente aconteceu.

Crespo, novamente como um finalizador que é, recebeu de Messi e marcou. Heinze, incrivelmente foi ao fundo, e botou na cabeça de Aimar, que foi às redes com estilo. Por fim, ainda sobrou tempo para Tevez entrar em campo e fechar o caixão. Para a alegria dos argentinos. Possivelmente para a alegria do venezuelano Chávez. E para deixar claro quem tem tudo para sair da Venezuela com o caneco embaixo do braço. E não é o Brasil.
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Paraguai 5 x 0 Colômbia

Em um grupo onde os argentinos devem avançar naturalmente, Colômbia e Paraguai se enfrentaram com clima de decisão, embora fosse uma estréia. Como os Estados Unidos utilizarão praticamente todo o time reserva, é evidente que somar três pontos nesta partida deixaria o vencedor em ótima condição. Sem fugir ao que tem sido peculiar nos últimos anos, os ‘albirrojos’ mostraram uma consistência muito grande e construíram um placar fabuloso em Maracaibo.

Não faltava talento ao meio-campo colombiano que, durante boa parte da etapa inicial, dominou as ações da partida. A força física de Viáfara, a organização de Vargas e a dinâmica de Ferreira faziam com que a seleção ‘cafetera’ chegasse com mais perigo ao ataque. Por outro lado, o paraguai se mantinha firme na defesa que, de certa forma, conseguia fazer com que o ímpeto adversário não se transformasse em chances claras de gol.

A maior técnica dos colombianos, porém, não superou o pragmatismo e a eficiência do Paraguai. Em contra-ataques esporádicos, quase sempre propiciados por rateios monstruosos de Yepes e especialmente Ivan Córdoba, a seleção paraguaia construiu um placar bem elástico, até mesmo incomum por seu histórico de jogo mais focado na defesa.

Santa Cruz, o melhor dos paraguaios, fez um hat-trick com enorme colaboração de Córdoba em todos os lances. Na defesa, Cáceres e Da Silva, bem protegidos, bloquearam quase todas investidas do pouco inspirado dueto Rodallega-Perea. Por fim, Cabañas, artilheiro da Libertadores, jogou pouco mais que 20 minutos e com dois gols, mostrou ser bem mais interessante que o titular Cardozo.

O resultado, aliás, faz uma das vagas cair no colo do Paraguai. Fieis à sua tradição, os ‘albirrojos’ jogaram com o enfoque no sistema defensivo, sobretudo por um meio-campo de alta competitividade e pouca inspiração. Justamente o contrário da Colômbia que, por sua vez, precisará de mais inteligência para reverter um 5-0 desconcertante.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Primeiros erros


Criticar em profusão o desempenho de algum brasileiro pelos 45 minutos iniciais de ontem é fácil. Diego foi tímido, contrariando justamente sua principal característica, a de chamar o jogo a todo instante. Elano errou tudo que tentou. E por aí vai, não falando ainda de Doni, Mineiro e Vágner Love, outros que decepcionaram.

Mas faltaram, acima de tudo, conjunto e brio. Coisas que sobraram, quando no segundo tempo, o Brasil recuperava a bola quase sempre com facilidade, admitindo, claro, o declínio físico dos mexicanos. Robinho foi o melhor brasileiro, com sobras. Afonso e especialmente Anderson, que caminha para a titularidade, deram outra dinâmica, até porque a parte tática ajudou.

No 4-2-3-1 inicial e quase sempre habitual, é vital que os atletas, mais que em qualquer outro desenho tático, saibam de suas funções. O centroavante não pode ficar isolado, mas não pode deixar seu espaço vazio. Os meias da linha de três precisam se aproximar e abrir espaço para volantes e laterais, que não podem ficar plantados nem tampouco se mandarem à frente. Dunga teve tempo de sobra para dar noções básicas para o time se posicionar adequadamente.

Para o próximo jogo, gostaria de ver Afonso e Anderson iniciando o jogo, nos lugares de Mineiro e Love. Puro palpite. A formação, pouco importa, se a inspiração for a dos 45 minutos iniciais.
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Falando rapidamente dos outros integrantes da Copa América:

Uruguai: Lotado de problemas defensivos, especialmente nas duas laterais, mesmo que tenha uma das melhores duplas de zaga da competição. Também faltou à Celeste se impor em campo, tal qual fez Fossati aos microfones, dizendo que entrariam para brigar pelo título. À essa altura, uma das vagas como terceiro colocado já está ótimo.

Peru: Um bom técnico usa aquilo que tem de melhor pra montar um time. E os peruanos tê quatro ótimos atacantes, considerando o padrão de futebol local: Pizarro, Farfán, Guerrero e Mendoza. Precisam ser bem aproveitados. E foram.

Venezuela: Está claro que, mesmo com chave fraca e apoio de quem joga em casa, a Venezuela é um país em evolução no futebol. Já está, pelo menos, no mesmo nível da Bolívia. Jogadores como Guerra, Rey e Arango, atuariam com tranquilidade em outras seleções de médio porte do continente. E exatamente tudo isso mostraram na estréia.

Bolívia: Confesso que, dos times da competição, é quem menos conheço. Prefiro observar melhor, mas pelo que ouvi, já que não pude ver o jogo, o empate foi um baita lucro.

Equador: Valencia joga melhor pela seleção do que em clubes. Isso é fato. Outro jogo que não pude ver, prefiro esperar mais.

Chile: Grande safra, ainda sem Alexis Sanchez, outro notável. Valdivia e Matías Fernández precisam acelerar mais o jogo, embora sejam ótimos jogadores. Suazo é o típico camisa 9, fazedor de gols.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Entrevista

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Domingo passado falei por telefone com o amigo e jornalista Maurício Vargas, apresentador do Domingo Esportivo na Rádio Azul Celeste, afiliada à Rádio Bandeirantes.

Em pauta, um panorama geral sobre a Taça Libertadores. E de minha parte, uma satisfação enorme em participar desse papo. Imperdível :)

Visite também o blog do Maurício

Pernambuco na Série A

O brilhante texto abaixo reproduzido é de autoria de Frederico Lira. Com a propriedade de quem vive de perto a realidade do futebol pernambucano, escreve para me ajudar com um trabalho particular, mas não poderia deixar de incluir aqui. É enorme, mas é conciso. E vale a pena.

Visite aqui o blog do Futebol Pernambucano, tocado por Frederico, Hugo, Luiz Eduardo e Gabriel. Desculpem se faltou alguém.

"Pernambuco na Série A"

Entre 1971 (ano da primeira edição do campeonato brasileiro) e 2001, Pernambuco jamais havia deixado de ser representado na primeira divisão. O primeiro ano do novo milênio terminou com o rebaixamento dos dois times pernambucanos que disputavam a Série A àquela altura: Sport e Santa Cruz. Sucederam-se, então, quatro anos de sofrimento para os pernambucanos, com seus três principais clubes, outrora motivos de orgulho para o estado, na segundona.

Longos anos de sucessivas más administrações resultaram na deterioração dos patrimônios, no sucateamento das divisões de base, e imensas dívidas trabalhistas, responsáveis por tornar escassos os recursos para a gestão de futebol.


Apesar do quadro amplamente desfavorável, Náutico, Sport e Santa Cruz, sobreviveram. Amparados única e exclusivamente pela fidelidade de suas torcidas e o esforço - quase amador -de pessoas abnegadas que investiram do próprio bolso para prover o sustento dos clubes.

A impressão de quem acompanha de perto o futebol do estado, é que os clubes do Recife “pararam no tempo”. O novo modelo de gestão de futebol requer extremo profissionalismo, estrutura moderna de administração, marketing e sobretudo, auto-suficiência nos negócios. Equipara-se o clube a uma empresa, o futebol a um produto, e o torcedor ao mercado consumidor.


Tais práticas, porém, estão longe de serem atingidas, sendo praticamente ignoradas pelos mesmos dirigentes amadores que se perpetuam nos clubes há décadas. A falta de transparência na gestão profissional alcança patamares absurdos. São administrações nebulosas, não fiscalizadas e, agravando a situação, há muitos que usam os clubes como “trampolim” para aspirações políticas.

A estrutura de divisões de base foi por algum tempo esquecida e só agora, ainda timidamente, volta a receber investimentos. Pernambuco já revelou para o mundo jogadores como Ademir Menezes, Vavá, Rildo, Juninho Pernambucano e Rivaldo – de modo que soa incompreensível tamanho descaso com a “prata da casa”. Nesse início de novo milênio, pouquíssima gente saiu da terra para se destacar no cenário nacional. Cleber Santana, Jorge Henrique e Carlinhos Bala – oriundos das divisões de base de Sport, Náutico e Santa Cruz, respectivamente – foram aqueles que obtiveram algum êxito. Pouco, não?

Ainda assim, algumas peculiaridades e erros de planejamento foram decisivos para as más campanhas dos pernambucanos na Série A em 2006 e 2007.

Santa Cruz

2005 foi um ano mágico para o Santinha: Campeão estadual invicto saindo de uma fila de quase 10 anos no primeiro semestre; vice-campeão da Série B e retorno è elite do futebol nacional no segundo. Nada mais natural que o ano seguinte fosse cercado de enorme expectativa. A direção optou por dar respaldo ao elenco que conseguiu o acesso. Manteve o técnico Givanildo Oliveira e jogadores importantes como Carlinhos Bala, Rosembrick, Osmar e Adriano. Contudo, ao mesmo passo, renovou com jogadores de qualidade técnica muito discutível, criticados desde a disputa da segundona, e não repôs à altura a saída de alguns pilares da equipe: o seguro goleiro Cléber, o eficiente volante Andrade e o artilheiro Reinaldo.

Ainda assim, caminhava para um fácil bi-campeonato estadual, mesmo apresentando um futebol pouco convincente, até a saída de Givanildo, para o Atlético-PR. Para o seu lugar veio o pouco gabaritado Giba. O time perdeu o estadual, numa eletrizante disputa de pênaltis com o Sport, e a serenidade no trabalho implantado.

Daí pra frente, se sucederam inúmeros equívocos: dispensas precipitadas, constantes trocas no comando (foram 5 técnicos ao longo do brasileiro), contratações de jogadores sem a mínima condição técnica de disputar uma primeira divisão e, principalmente, atrasos de salários - os jogadores chegaram a ficar 4 meses sem ver a cor do dinheiro.

Veio o natural rebaixamento e a derrota do grupo que presidia o Santa, liderado por Romerito Jatobá, nas eleições do clube – pela primeira vez em 93 anos de história, a oposição foi vitoriosa, com o delegado de polícia aposentado Edson Nogueira, o ”Edinho”.

Sport

Saber dimensionar a si próprio e aos objetivos planejados é algo muito importante, e que jamais deve ser desprezado no futebol. Para o ano de 2007, o Sport manteve a base vitoriosa da Série B. Os principais jogadores ficaram, e os que saíram foram bem substituídos. O time ganhou o estadual com muita tranqüilidade, fruto, além do bom elenco, do trabalho bem feito de Alexandre Gallo. Talvez, isso tenha gerado uma confiança excessiva, a ponto do diretor de futebol, Homero Lacerda, dizer que a briga seria pelo título ou, no mínimo, pela vaga na Libertadores.


A torcida acreditou, e a eliminação na Copa do Brasil, para o modesto Ipatinga, na Ilha do Retiro, causou proporções devastadoras na Praça da Bandeira. O mau começo no brasileiro gerou um tremendo desconforto, que terá de ser muito bem administrado daqui pra frente.

Gallo saiu. Para o seu lugar, veio Giba – o mesmo que deixou o Santa cruz na lanterna da Série A, após 6 rodadas, no ano passado. Bastaram, outra vez, seis rodadas para que ele pedisse demissão, alegando que o grupo não estava plenamente comprometido com o Sport. Fato que aumentou as especulações de que o elenco estava dividido, com vários conflitos entre os jogadores.

Luciano Henrique e Vítor Júnior, dois dos destaques na conquista do estadual, também partiram. Agora, Geninho terá trabalho para controlar os egos e buscar as peças ideais para completar o elenco. Ao contrário dos rivais, o Sport conta com uma generosa cota do Clube dos 13 – algo em torno de 12 milhões de reais. Mas boa parte dessa cota foi adiantada para quitar débitos com o elenco do ano passado e com “investidores”, como os ex-dirigentes Luciano Bivar e Gustavo Dubeux, os quais colocaram muito dinheiro no clube para vê-lo de volta à Série A.

Náutico

Do elenco que conseguiu um histórico acesso à primeira divisão, após 12 anos de ausência, vários jogadores importantes saíram: o goleiro Eduardo, o zagueiro Leandro Euzébio, o volante Tozo e os meias Netinho e Nildo, por exemplo. Da cota de TV de aproximadamente 3,5 milhões de reais, boa parte foi logo antecipada para quitar débitos com jogadores, comissão técnica e credores.

Foi com esse cenário não muito animador que o Náutico começou o ano. O planejamento para a disputa da Série A, então, iria necessitar de minucioso cuidado e acertos substanciais na estruturação do elenco. Erros sucessivos, porém, minaram todo o planejamento do alvirrubro de Conselheiro Rosa e Silva, e as perspectivas não são das melhores.

Estima-se que tenham entrado nos cofres dos Aflitos, desde o começo do ano e descontadas as rendas dos jogos, cerca de 7 milhões reais. A extrema falta de transparência e incompetência da Diretoria faz com que os torcedores se questionem: onde foi parar esse dinheiro? Na estruturação do elenco, diversos erros foram cometidos, desde a total autonomia dada ao treinador Hélio dos Anjos – conhecido no Nordeste pela ligação a empresários do mundo futebolístico – para formação do plantel, passando pela contratação de jogadores totalmente desqualificados para defender a tradição centenária do Náutico.

Hélio foi pra Arábia Saudita, e PC Gusmão, um técnico com passagens em diversos clubes de ponta do país, e pouco sucesso obtido, foi seu substituto. Uma escolha que o tempo mostrou não ter sido das mais acertadas. Com apenas 5 pontos conquistados dentre 21 disputados, o Náutico vê-se agora na missão de remontar seu frágil elenco para a disputa do campeonato, e buscar uma difícil reação.




Os 4 fantásticos


A imagem provém do nada imparcial Sport, diário catalão.
Vale o registro, pois é pertinente e muito bem feita. E vocês, o que fariam com os quatro?

Eu venderia Eto'o e encaixaria Henry no time. Para o banco, ainda apostaria em um nome emergente, como o boquense Palacio, um nome ventilado.

terça-feira, 26 de junho de 2007

“A maldição de Vagner Love”


Eram meados de 2004 e Vagner Love se foi do Palmeiras. O atual camisa 9 da seleção brasileira na Copa América, após um ano e meio de grande desempenho no clube, foi vendido por uma bagatela ao CSKA Moscou. E deixou saudades. Em 77 jogos, anotou 48 gols, levando o Verdão de volta a primeira divisão. Mais que isso: foi um grande ídolo, coisa que, excetuando Marcos, a torcida não tinha desde que a Parmalat se foi.

De lá pra cá, após cerca de três anos e inúmeras tentativas, a lacuna segue aberta. Foram mais de vinte outros atacantes a passar pela função sem convencer jamais. A dificuldade em encontrar um camisa 9 é tida como um dos fatores principais para a baixa maré pela qual passa o time de Caio Júnior. O fenômeno negativo pode ser chamado de “A maldição de Vagner Love”.

* Fatos apenas de 2007:

1-) Alemão havia chegado e após um bom jogo contra o São Caetano, teve grave lesão em clássico diante do Corinthians. Só volta em 2008.

2-) Osmar nunca foi o centroavante dos sonhos do Palmeiras, tanto que já vivia sua segunda passagem pelo clube, após uma série de empréstimos. Tinha nove gols na temporada, quando também teve problema no joelho. Só volta em 2008.

3-) Cristiano chegou e imediatamente virou titular de Caio Júnior. O ex-paranista, entretanto, teve lesões e nunca jogou o mesmo futebol de 2006. Está totalmente desprestigiado.

4-) Alex Afonso vive sua terceira passagem no Palmeiras. Mais uma vez, só acumula críticas e piadas dos rivais.

5-) Florentín soava como uma válida aposta quando chegou ao Palmeiras. O centroavante paraguaio, entretanto não convenceu, e deixou o clube alegando muita pressão para trabalhar.

6-) Denis Marques foi o primeiro. Após ele, Alex Mineiro “chegou a colocar um pé no Parque Antártica”. Na última semana, Kleber teve tudo certo com o Palmeiras, mas optou por uma oferta maior do Santos. Todos negócios alinhavados pela direção, mas não concretizados por detalhes. Após lançar os garotos Luís e Max no último domingo, o treinador Caio Júnior contará com Rodrigão, reforço emergencial que parece incapaz de corresponder as expectativas deixadas desde a saída de Vagner Love.


* Os “amaldiçoados”

Em 2004: Osmar, Ricardinho, Renaldo, Adriano Chuva, Kahê, Alex Afonso, Thiago Gentil e Muñoz

Em 2005: Marcinho, Warley, Washington, Adriano Chuva, Gioino,Ricardinho e Thiago Gentil

Em 2006: Enílton, Neto Baiano, Cláudio, Muñoz, Roger Silva, Gioino, Washington e Alex Afonso

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Seleção #4 + Curtas da rodada


A cornetável seleção da rodada:

Gatti
Coelho - Breno - Léo Fortunato - André Santos
Beto - Gavillan
Lúcio - Araújo (+ ou - improvisado)
Aloísio - Fabrício Carvalho
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Curtas da rodada:

Paraná x Sport

Jogo fraco dos paranistas. O segundo consecutivo, aliás. Pintado tem elenco para montar time mais ofensivo e Geninho, de acordo com quem viu o jogo, melhorou a cara do Leão.

Juventude x Figueirense

Esperava mais dos catarinenses, que só não saíram derrotados por que Radamés ainda é ruim e o goleiro Wilson, que deveria voltar rapidamente ao Flamengo, pegou um pênalti.

Santos x SP

Muito bom o primeiro tempo do São Paulo. Ilsinho, como de praxe, fez belo jogo na Vila. Outros apareceram bem: Breno, Hugo, Dagoberto e especialmente Aloísio, o melhor em campo.

Me parece claro que o Santos precisa de alguém no meio, na função do Zé Roberto. Não é Pedrinho, não é Tabata, e também não são Cesar Gonzalez e Vítor Jr. Outra carência é a quarta-zaga: Domingos é tenebroso. Seria o caso, a meu ver, de apostar no garoto Marcelo, que bem respondeu quando foi acionado.

Mesmo com um segundo tempo meio preguiçoso, o time de Muricy saiu com um bom resultado, justamente contra uma equipe que, mais cedo ou mais tarde, deve crescer na tabela.

Palmeiras x Atlético-PR

Não pude ver bem a partida, mas tenho a sensação de que Caio Jr, dessa vez, falhou. Não havia motivo para usar três zagueiros, deixando de fora justamente Caio, dos poucos que se salvaram no Serra Dourada. Com Edmundo e Michael de volta, era o caso de reativar uma linha de três forte à frente dos volantes.

Ainda que a pressão forte dos torcedores ao longo dos 90 minutos tenha sido grande, a exibição dos paranaenses foi soberba. Potencial esse time tem, e muito. Precisa acreditar mais.

América-RN x Fluminense

O Fluminense quer o título nacional e vai deixando claro que pode pensar nisso. Ao ponto que Renato Gaúcho já tem um time acertado, é fato que ele dispõe de um elenco numeroso e de qualidade, considerando o padrão dos clubes grandes daqui. O Mecão parece fadadíssimo para chegar em dezembro como o lanterna absoluto.

Cruzeiro x Atlético-MG

Tenho a impressão de que o Dorival Jr já conseguiu dar cara ao time, além de padrão tático e uma vocação grande para contra-atacar. Estive mais preso ao clássico paulista, mas Wagner e Guilherme precisarão de lugar nesse time.

O Galo também está no caminho certo, ao contrário do que se imaginou nas primeiras rodadas da competição. Ainda pensaria em dois ou três reforços, mas a vitória poderia ter ficado também com os alvi-negros, já que Marcinho desperdiçou um pênalti que poderia ser decisivo para a vitória, tal qual havia feito Coelho no jogo contra o Atlético-PR.

Internacional x Grêmio

Grêmio aguerrido, disciplinado. Inter apático, pouco criativo. Resumiria assim.
Ramón e Lúcio, os dois externos, bastante presos, quase formando uma linha com os volantes. A marcação gremista foi aplicadíssima.

Incrível como o Ramón é fraco. Parece um zagueiro trombador que pensa que é meia. Amoroso, com a lesão sofrida no início do jogo, aumenta sua cova no Olímpico.

Everton, de jogadas incrivelmente bisonhas, fez boa jogada no segundo gol. Mas é incrível: o Grêmio só joga com cone no ataque. Mano tem méritos, principalmente, pelo brio da equipe. Nem parecia ter perdido uma Libertadores há três dias.

Náutico x Goiás

Em tempos em que a maioria dos clubes brasileiros se ressentem da falta de um centroavante fazedor de gols, o Goiás tem dois: Welliton e Fabrício Carvalho. Atuação bem abaixo da crítica essa do Náutico, onde aliás PC Gusmão já parece perder um pouco a mão, embora ainda precise colocar o que tem de melhor em campo. Mas contra o esmeraldino, jogando em casa, não poderia e não deveria perder.

sábado, 23 de junho de 2007

Uma Holanda diferente


Não houve carrossel com movimentações imprevisíveis, triangulações rapidíssimas e futebol total. Também não tinham ponteiros na Holanda de Foppe de Haan. Mas tivemos resultados pródigos e jogadores bem interessantes neste Europeu Sub-21, conquistado pela Orange em caráter inquestionável.

Jogando em casa e defendendo o título da competição, a Holanda se impôs com naturalidade sobre a maioria dos adversários (Israel, Bélgica, Portugal, Inglaterra e Sérvia). Com um quase losango no meio-campo, alternou seu estilo de jogo tradicional (4-3-3) e o mais importante: mostrou destaques.

Como já havia dito aqui anteriormente, Babel, Drenthe, Zuiverloon, Maduro e De Ridder são belíssimos jogadores. Outros como Vlaar, Rigters e Bakaal, se bem lapidados, também podem dar suco. E o título, foi bastante justo.
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Destaques da competição:

Holanda: Drenthe, Babel, Maduro e Zuiverloon.
Sérvia: Milanovic, Kahriman, Jankovic e Basta.
Inglaterra: Lita, Reo-Cocker, Ashley Young.
Bélgica: Mirallas e Vanden Borre.
Itália: Rosina, Montolivo e Aquilani.
Portugal: Miguel Veloso e Manuel da Costa.
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Adversários europeus do Brasil em Pequim-08:
Holanda, Sérvia, Bélgica e Itália*
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* Os italianos, mesmo fora das semifinais, garantiram a quarta vaga para os Jogos Olímpicos. Isso já que a Inglaterra, teoricamente a outra classificada, não possui representação olímpica, pois disputa como Reino Unido. Dessa maneira, os italianos venceram Portugal, nos pênaltis, em jogo extra pela classificação.

Senha para a continuidade


Os burburinhos sobre a saída de Rijkaard e a possível chegada de Mourinho parecem encerrados no Barcelona. Mesmo que derrotados no fim da Liga Espanhola, os azuis-grenás deixaram claro que são ainda um time muito forte que, na próxima temporada, pode vencer tudo novamente como nos anos anteriores. Se tiver harmonia, claro.

A vinda de Thierry Henry para o Barcelona - transferência mais fabulosa dos últimos tempos - soa, particularmente a meu ver, como a senha para a continuidade da equipe bicampeã espanhola e dona da Europa em 2005-2006. A ascenção de Lionel Messi, fator mais positivo da atual temporada, além da confiança em Ronaldinho (contrato por mais três temporadas) fazem com que Samuel Eto'o possa ser a carta fora do baralho.

Neste texto trabalho em hipóteses, apenas uma percepção. Pressinto que Eto'o será vendido - Liverpool e Milan são interessados - e Henry entra sob medida em seu lugar. Parte dos desgastes internos, vitais para a queda de produção no início do ano, foram criados direta ou indiretamente pela presença do camaronês.

Particularmente, como fã do futebol, agradeço. O Barcelona de Rijkaard, Ronaldinho, do 4-3-3, muito de Eto'o também é verdade, foi a equipe mais sensacional que vi jogar nos últimos anos. E pelo que vejo, ainda estará em evidência por pelo menos mais uma temporada.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Curtas: Lucas / Insúa


- Injustiça e destempero acusar Lucas de qualquer coisa pela derrota do Grêmio no Estádio Olímpico. Ao longo de toda a trajetória no clube, o camisa 8 foi exemplo de dedicação, profissionalismo e maturidade. Não fosse ele, o tricolor gaúcho certamente não teria chegado sequer na Copa Libertadores.

Bola de ouro em 2006, o todo-campista - como diz Mauro Beting - será capitão no Mundial Sub-20 e tem tudo para brilhar no Liverpool. Não merecia as vaias. Não merecia ser excluído dos aplausos ao time.
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- Federico Insúa foi confirmado como reforço do América do México para o próximo semestre. Meia-canhoto de muita técnica, foi o principal nome do Boca Juniors durante a passagem recente de Alfio Basile pelo clube xeneize. Com 27 anos e sem mercado na Europa, paga por escolhas infelizes ao longo da carreira.

Voltar ao futebol europeu para defender o Borussia Mönchengladbach foi uma furada enorme e lhe queimou, como já ocorrera quando jogou pelo Málaga. Saber gerenciar a vida profissional é um dos pontos fundamentais para um grande jogador. E isso, Insúa não sabe fazer.

Outro ponto é a desatenção dos clubes brasileiros para jogadores desse tipo. Com um pouco mais de astúcia e observação, Insúa poderia ter sido buscado por qualquer uma das 20 equipes da Série A. Vestiria a camisa dez em qualquer um.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Geninho e o 3-5-2


Nem mesmo o mais fanático torcedor do Sport pode se lembrar com facilidade da última vez que o Leão da Ilha foi à campo com três zagueiros. Geninho provavelmente não pensou nisso quando, já no primeiro treinamento coletivo, optou por armar a equipe no 3-5-2 para o duelo de sábado contra o Paraná Clube. Interessante é que, especialmente de bons zagueiros e laterais que o elenco do time se ressente.

Ao longo da carreira, Geninho, que tem muitos méritos, desprezou na maioria das vezes a utilização de qualquer outro sistema tático. Desde 2001, quando foi campeão brasileiro utilizando o desenho no Atlético Paranaense, ignora a tese de que o melhor é sempre observar as características do elenco que tem em mãos, para então adotar a formação ideal.

O forte do Sport de hoje são os meias. Vítor Júnior, Rosembrick, Fumagalli e Luciano Henrique - este provavelmente de saída para o Inter - jogue quem jogar, criam muitas jogadas em velocidade, o que é a forte marca do time desde que teve Gallo no comando. Se não utilizar ao menos dois destes, Geninho já estará "traindo" o que o elenco do Leão da Ilha tem de melhor.

O rubro-negro, ao contrário de América e Náutico, não tem time para brigar na zona inferior de tabela e poderia estar no meio dela. Mas trabalha de maneira equivocada. Giba se mostrou uma escolha infeliz e, justamente nos jogos em que escalou três volantes, foi derrotado (Grêmio e Fluminense).

Ser fiel ao elenco e a tradição de um clube deve ser premissa na cabeça de qualquer treinador. E Geninho, que soava como uma boa opção, não começa bem.

Merecimento


O Grêmio foi entusiasmante, quase imortal.
O Cúcuta encantou e surpreendeu.
O Santos foi consistente e competente em quase todos os jogos. Mas faltava algo.
O Defensor parecia ser imbatível. Não morria nunca. Mas morreu.
O Libertad mostrou como enfrentar o Boca em La Bombonera.
O Nacional teve um goleiraço e uma equipe jovem com sede de vitória.
O América encantou enquanto quis. Depois não quis mais.

Mas o Boca..

Ganhou quando quis. Ganhou como quis.Jogou quando precisou. E como jogou. Jogou quando quis Riquelme. E como ele quis.

Riquelme é triste, também é lento. Riquelme não marca, não integra a recomposição do time sem bola. E nem precisa. Ele só precisa dela.E a bola quis Riquelme.

Quis no primeiro tempo trucidante do Boca contra o Toluca, lá no começo da competição. Quis também quando precisava vencer por 3 ao Bolívar. E fez 7. A bola também clamou por Riquelme para despachar um favorito caseiro já nas oitavas. Três a zero, naturalmente, em La Bombonera.

Ela grudou em seu pé para que juntos, fizessem o gol mais belo da competição, contra o Libertad, no Paraguai. O gol da vaga.Tudo se repetiu na neblina de Buenos Aires, na noite em que o Cúcuta não pôde ver a bola. Ela só queria Riquelme, que também venceu o Grêmio como quis, quando quis. E mereceu.

O Boca mereceu vencer. E Riquelme, que volta para a seleção, mostra ao povo argentino que merece respeito. Merece mais, merece reverências.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Kléber e Denílson


Todos sabem da necessidade que o Palmeiras tem de encontrar um centroavante que lhe garanta gols. Osmar e Alemão, contundidos com gravidade, até poderiam tentar cumprir o papel, o que sequer podem fazer Cristiano, Florentin e Alex Afonso, embora eu tenha ainda expectativas quanto ao ex-Paraná Clube.

Não fossem propostas confirmadas de Santos e América do México, a contratação de Kleber já teria sido consumada no Parque Antártica. O centroavante - campeão brasileiro em 2001 com o Atlético Paranaense - tem feito até mesmo seu procurador perder a paciência: "Se não fechar com o Palmeiras, eu não trabalho mais com ele", chegou a dizer o agente em entrevista para a Rádio Bandeirantes.

A questão é que em agosto o centroavante completará 32 anos e sua conduta nesse caso tem sido bastante decepcionante. Kleber tem empurrado a situação com a barriga e aguarda propostas mais vantajosas, mesmo que as cifras que oferece o Palmeiras sejam bem consideráveis.

Seu sucesso não parece uma certeza, mas o mercado não oferece opções melhores. Denis Marques, Alecsandro e Alex Mineiro poderiam chegar, mas são cartas fora do baralho. Dessa maneira, a aposta em Kleber é válida. Mas não passa de aposta.

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Denílson, outro trintão (ele mesmo!), tem se exercitado nas instalações do clube, o que antes de qualquer coisa prova a evolução interna no CT palmeirense. Sem jogar em bom nível há alguns anos, o meia que passou recentemente pelo oriente médio, seduz Caio Júnior. O treinador, com um elenco carente, deixou transparecer que o reforço do ponta ex-Betis e São Paulo seria providencial. A direção tratou de esclarecer que um acerto com o atleta não está nos planos.

Pois, na opinião deste blogueiro, a aposta em Denílson - por valores moderados - seria interessante. E Caio Júnior sabe disso.

Os melhores


A Libertadores terminará hoje e creio já ser possível apontar a seleção da competição. Em todos os tempos, foi a edição que melhor acompanhei e me sinto em condições de opinar um time.

Titulares:

Muslera (Nacional)
Bustos (Cúcuta)
Teco (Grêmio) e Morel Rodríguez (Boca)
Kléber (Santos)
Guiñazu (Libertad) e Zé Roberto (Santos)
Riquelme (Boca) e Diego Souza (Grêmio)
Carlos Eduardo (Grêmio) e Blas Pérez (Cúcuta)
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Reservas:

Zapata (Cúcuta)
Ibarra (Boca)
Rey (Caracas) e Sorondo (Defensor)
Lúcio (Grêmio)
Sandro Goiano (Grêmio) e Banega (Boca)
Torres (Cúcuta) e Ledesma (Boca)
Cabañas (América) e Martínez (Cúcuta)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Seleção #3


Amigos, estarei durante esta segunda e esta terça em SP. Por isso, é provável que o blog fique sem atualizações. Na volta, falo mais sobre o Real Madrid.

Por enquanto, minha seleção desta rodada.
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Flávio (Paraná)
Paulo Baier (Goiás) - Thiago Silva (Flu) - Luis Henrique (Paraná) - Juan (Fla)
Ramires (Cruzeiro) - Rafael Miranda (Atl-Mg)
Alex (Internacional) - Marcinho (Atl-Mg)
André Lima (Botafogo) - Borges (SP)

domingo, 17 de junho de 2007

Papo com Zetti


Ainda na série sobre o surgimento de promissores goleiros no futebol brasileiro, este blogueiro entrevistou Zetti, ex-goleiro e treinador do Clube Atlético Mineiro. Especialista no assunto, ele atesta a qualidade da nova safra, ainda que prefira aguardar mais algum tempo. Vale a pena conferir!

São vários jovens e ótimos goleiros no Brasil. Por quê?

Atribuo a um trabalho específico que vem acontecendo diretamente com os meninos. Esses olheiros que têm descoberto os garotos fazem diferença. Goleiros altos e com muita qualidade, como o Diego. Tem também o Guilherme do Atlético Paranaense, ótimo goleiro. Aqui no próprio Atlético Mineiro, o Edson que é o reserva imediato e o Renan, selecionável da sub-17.

Também é fundamental a orientação de quem foi da área, de quem conhece a posição. Desde o Valdir Joaquim de Morais, os preparadores fazem a diferença.

Passar um tempo na reserva é bom para estar pronto, sobretudo mentalmente, quando chegar a titularidade?

Sim, muito importante. Estar há muito tempo no clube traz um amadurecimento para quando a oportunidade chegar. Eu particularmente fiquei um bom tempo como reserva do Leão. Depois, não saí mais.

Qual a impressão que você tem do Diego, homem e profissional?

Eu vejo com um potencial muito bom, excelente. Goleiro com ótima velocidade e que tem técnica muito boa pra ficar em baixo do gol. Sabe muito bem as decisões que tem que tomar e isso é importante demais. Vem treinando muito, muito mesmo e com a condição física que tem a tendência é se firmar cada vez mais.

A preparação de goleiros avançou muito no Brasil?

Sim, é natural do avanço do futebol de modo geral. As pessoas evoluem, e amparadas pelo crescimento físico dos atletas propiciado pela tecnologia, da fisiologia e enfim, vários fatores que contribuem para um resultado sempre melhor.

O trabalho do preparador, desde a base, mudou muito do seu tempo pra cá?

Demais, mudou demais. Na minha época, tínhamos no time profissional a presença do preparador só uma vez por semana. E era maravilhoso. Hoje, cada categoria tem um treinador de goleiros específico e a tendência é corrigir e aprimorar, sempre respeitando a idade correta de cada etapa.

Os garotos cada dia mais se interessam em ser goleiro?


Não acho que é de agora. Vem há muito tempo. Eu mesmo sempre me encantei com o uniforme, com luva, com essa maneira diferente de ser. O garoto vê assim e se espelha nos ídolos como o Rogério Ceni, o Dida ou o Fábio Costa, por exemplo.

Existe hoje em dia muita restrição a jogadores baixos na seleção de goleiros. O que você pensa sobre isso?

Embora seja importante, às vezes é exagero. São duas situações distintas. Geralmente falta apurar o histórico familiar dos atletas. É fundamental saber a altura dos pais e familiares mais próximos, isso influencia muito. Eu mesmo tinha pais baixos, mas um tio, irmão da minha mãe, era alto. E acabei seguindo ele. Tem que mapear tudo isso, pois não sabemos com quantos anos o atleta vai parar de crescer.

Não vejo que seja uma regra. Há goleiros baixos que superam com agilidade e impulsão. É questão de treinamento.

Você prefere esperar mais para imaginar a nova geração já como uma realidade?


Eu acho que é muito cedo, ainda é muito do momento. Goleiro tem muito de brilhar em fases. Em grande clube quando há essas oportunidades, você é visado demais, aplausos podem rapidamente virar críticas. Sempre acham falhas de quem acha que dá pra defender tudo.

Em duas ou três temporadas de ótimo nível no futebol nacional, jogando um Campeonato Brasileiro mesmo, aí sim você pode cravar isso.

Por quais motivos tantos goleiros daqui fazendo sucesso lá fora?

Isso é muito bacana. O Taffarel foi um dos pioneiros e acabou não tendo tantas boas oportunidades. A questão do passaporte comunitário propiciou esse fato da atualidade. Hoje, os jogadores sabem que é fundamental ter isso antes de sair. E a tendência é ir aumentando, é claro.

sábado, 16 de junho de 2007

Batman e Robin


Já se foi o tempo que o futebol brasileiro vivia de duplas. Paulo Nunes e Jardel, Oséas e Paulo Rink, Evair e Edmundo, Donizete e Túlio - alguns exemplos, apenas dos anos 90. Sem conseguir segurar nem mesmo um craque na maioria das oportunidades, ter dois grandes jogadores juntos, ao que parece, se tornou algo impossível para os grandes do país. Dessa forma, só mesmo por acaso, ou melhor, graças às categorias de base, poderia acontecer uma outra grande junção.

Robinho e Diego foram a última grande dupla do futebol brasileiro. Irreverentes e muito habilidosos, simbolizam uma safra de boleiros politicamente corretos onde eles, que não passam de pitorescos, jamais poderiam ser tidos como bad boys. Com uma folha corrida de enormes serviços prestados ao Santos, chegou a hora dos dois escreverem alguma história boa com a camisa da seleção brasileira. Será a Copa América.

Oportunidade, aliás, Diego e Robinho já tiveram. Os dois, apoiados por outros bons jogadores como Dagoberto, ficaram estigmatizados - com boa parte de justiça - pela fracassada campanha do Brasil no Pré-Olímpico de 2004. Na ocasião, Ricardo Gomes não teve pulso com um elenco liderado pela própria dupla, que estava claramente sem foco no ouro olímpico que acabou passando longe do Brasil.

O aprendizado disso certamente foi positivo e a sequência dos tempos recolocou a carreira de Diego e Robinho nos eixos. Bem resolvidos em seus clubes, Werder Bremen e Real Madrid, os dois terão na Copa América uma chance de ouro. Encontrar quem tenha sede de vitória na competição será uma das principais missões de Dunga. Nessa linha de raciocínio, a dupla campeã brasileira pelo Santos em 2002 pode ajudar demais. Com seriedade, a tendência é que a enorme qualidade se sobressaia. E dela, não somos capazes de duvidar.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Laranja dourada


Dentre as nações européias, a Holanda é a primeira a confirmar sua vaga nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Na tarde da última quarta-feira, os jovens da Orange, com o empate de 2 a 2 diante de Portugal, ratificaram a classificação para as semifinais do Campeonato Europeu sub-21, em franca disputa em pleno território holandês.

Na lista de grandes promessas, o que não poderia faltar na Holanda, destaque para o volante/lateral Drenthe (Feyenoord) e o centroavante Ryan Babel (Ajax). Rigter (NAC Breda), parceiro deste, joga o Europeu sub-21 mas não tem idade olímpica. Além deles, menções valorosas para o zagueiro Vlaar (Feyenoord) e o volante Maduro (Ajax). Surge o primeiro obstáculo para o ouro brasileiro em Pequim. Aliás, terceiro, pois Argentina e China também estão garantidas.

De Portugal, que vem decepcionando, atenção aos 'leões' Nani, Moutinho e Miguel Veloso, todos oriundos da base do Sporting, das mais qualificadas da Europa no momento. No time de José Couceiro, ainda chamam a atenção o volante Manuel Fernandes (Benfica), Manuel Da Costa (PSV) e Hugo Almeida (Werder Bremen) .

Para avançar à fase semifinal, os portugueses precisam vencer Israel e torcer para a Holanda, já classificada, bater a Bélgica. De qualquer forma, a vaga em Pequim ainda pode chegar, mesmo que a eliminação aconteça. A Inglaterra, possível classificada da outra fase, não tem representação olímpica. Ou seja, disputa os Jogos como Reino Unido.

Caso a classificação do English Team para as semifinais do Europeu se confirme, será disputado um play-off entre os dois terceiros colocados de cada uma das duas chaves. O vencedor, também brigará pelo Ouro em Pequim.

Nos próximos dias, destaque para outras seleções.

Saiba mais sobre o Europeu Sub-21

Competição muito valorizada no Velho Continente, conta possivelmente pela primeira vez com transmissão televisionado para o Brasil, através dos canais Espn. Atenção para o critério de idade: apesar de ser tido como sub-21, a competição é, em tese, sub-23. A idade limite, no início da fase eliminatória, é com base na data de disputa da fase final.

A duração da fase eliminatória até a fase final, normalmente, é de dois anos. Isso faz com que o jogador que chegue aos últimos embates, tenha ultrapassado os 21 anos.

Na atual edição, oito seleções chegaram para a disputa final: Holanda, Portugal, Israel e Bélgica, no grupo A; Inglaterra, Itália, República Tcheca e Sérvia no grupo B. Avançam duas de cada chave para a disputa de semifinal e final, e todas estas quatro - exceto no caso da Inglaterra - garantem vaga em Pequim.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Joga dez


Quando se tem um camisa dez como Juan Román Riquelme não se precisa de muito. Não é preciso fazer um grande jogo para vencer. Não é preciso ser regular durante toda a competição para ser finalista. E Esse camisa 10, também não precisa suar. Não precisa vibrar. Precisa da Bola. Precisa Dela em seus pés. E Riquelme a teve.

Ele e Ela nasceram para viver juntos. Ela, adora ficar com Ele. Para seguir com a bola nos pés, Riquelme derruba todos que vê pela frente, sem nem precisar de brutalidade para tal. Com seu olhar triste, Ele mostra a todos seus companheiros o bem que devem fazer para Ela, Bola, que o procura a todo instante.

O Grêmio pode vencer por quanto for no jogo de volta. Pode ganhar a Libertadores. A carreira de Riquelme poderia acabar amanhã. E Ele, não à toa trocou de camisa com Zidane no dia da despedida do francês. Juan Román Riquelme é um poeta da bola, um sábio, um extra-classe. Não é jogador de futebol. É um artista.

Doze


Onze jogadores não serão suficientes para o time que, dentro de casa, venceu suas últimas onze pelejas. Será preciso que a massa, como sempre foi, seja mais um. Só assim, uma vitória, quem sabe a décima segunda (se o Grêmio empatar com o Cruzeiro no fim de semana), do que seria a façanha final.

Não será fácil, definitivamente não será. Mas na Era Mano Menezes no Grêmio, foram incontáveis façanhas. Momentos de pura superação, onde o que parecia perdido, virou inacreditável. Virou argumento para um time, tido por seus insandecidos torcedores, como imortal. Se vier, não será a primeira. Há onze exemplos a serem lembrados.

1-) Grêmio 2 x 0 Santos em 30 de maio de 2007.

Um primeiro tempo fabuloso marcou a vitória do Grêmio sobre o Santos de Vanderlei Luxemburgo, no jogo de ida das semifinais da Libertadores. O placar, sete dias depois, se mostrou decisivo. Sem tomar gols em casa e balançando as redes em duas oportunidades, o tricolor gaúcho chegou até a final graças ao que fez no Olímpico: uma partida inesquecível.

2-) Grêmio 2 x 0 Defensor em 23 de maio de 2007. Nos pênaltis, 4 a 2.

A vitória por mais de um gol era obrigatória. Perder no Uruguai por mais que o placar mínimo representava a certeza de sofrimento para os gremistas. Decidindo em casa, o time de Mano Menezes fez um grande primeiro tempo, fez o placar que precisava e parecia saber que a vaga seria selada nos pênaltis. Um 4 a 2 tranquilo na série fechou o duelo.

3-) Juventude 3 x 3 Grêmio em 29 de abril de 2007.

O ambiente hostil do Alfredo Jaconi não poderia fazer o Grêmio tremer. Mas era a final do Campeonato Gaúcho e, no jogo de ida, perder não seria nada bom. Com muita fibra e em tarde inspiradíssima de Carlos Eduardo, o tricolor empatou com Tuta já nos acréscimos e abriu caminho para a goleada no jogo de volta.

4
-) Grêmio 1 x 0 Cerro Porteño em 24 de abril de 2007.

Nada além da vitória importava ao Grêmio que precisava da classificação. Um nervosismo enorme durante 70 minutos imperou até que, o menino Éverton, saiu do banco para garantir a vaga com a cabeça. Jogo absolutamente mental. Melhor para os gremistas.

5-) Grêmio 4 x 0 Caxias em 20 de abril de 2007.

Maior façanha gremista desde a Batalha dos Aflitos, essa vitória pela semifinal do Gauchão 2007 teve proporções épicas graças ao revés no jogo de ida, com três gols a zero para os adversários do Caxias. O Grêmio fez mais. Com quatro a zero (Patrício, Tcheco, Diego Souza e Tuta), garantiu-se na final e ali, colocava a primeira mão na taça do bi.

6-) Cerro Porteño 0 x 1 Grêmio em 15 de fevereiro de 2007.
Em um jogo onde tudo que há de ruim na Libertadores esteve presente, coube a Lucas e Saja darem a vitória ao Grêmio. O camisa 8, com um belo gol, fez a favor. O goleirão argentino, ainda se ambientando ao clube, pegou um pênalti já nos acréscimos do segundo tempo. Aí choveram objetos em campo, pancadaria...

7-) Grêmio 4 x 4 Fluminense em 16 de julho de 2006.

Para muitos, o melhor jogo do Brasileirão 2006. Em tarde absolutamente eletrizante, o placar mudou de lado em várias oportunidades. Os gremistas abriram o marcador em dois a zero, antes de ver o tricolor carioca atingir a dianteira com quatro gols consecutivos. Já nos acréscimos, Rômulo e Herrera, para delírio da torcida gaúcha, buscaram o empate.

8-) Grêmio 2 x 0 Corinthians em 16 de abril de 2006.

De volta ao primeiro escalação do futebol nacional, o Grêmio tinha pela frente o atual campeão brasileiro. Com muita raça, e até jogo ríspido, o tricolor superou a dificuldade inicial – técnica, mental e estratégica - que sofre quem volta da segunda para a primeira divisão. Com limitados como Ricardinho, Alessandro, Marcelo Grohe, Evaldo e Wellington em campo, mostrou o tamanho do peso da mística gremista.

9-) Internacional 1 x 1 Grêmio em 09 de abril de 2006.

O palco era o Beira Rio e o adversário o mais rival possível. Na finalíssima do Gauchão 2006, os gremistas necessitavam da vitória ou um empate sem gols. Coube a Pedro Júnior a alcunha de herói do título, que não só deu um algo mais de vitorioso ao time de Mano Menezes, mas também impediu que o Inter, àquele momento muito superior, atingisse o pentacampeonato.

10-) Náutico 0 x 1 Grêmio em 26 de novembro de 2006.

Para os superticiosos, o grande jogo da história do Grêmio, a Batalha dos Aflitos foi o maior registro de superação e imprevisibilidade visto no futebol pelos últimos anos. Com sete jogadores – ou guerreiros - em campo e prejudicado pela arbitragem, o tricolor gaúcho contou com um pênalti defendido por Galatto e um gol de Anderson para sair do Estádio dos Aflitos com a volta para a primeira divisão ratificada.

11-) Ceará 3 x 4 Grêmio em 28 de junho de 2006.

Atuando em território cearense, o Grêmio conseguiu uma vitória inacreditável no jogo que, indiscutivelmente, marcou o nascimento gremista na Série B 2007. O placar apontava 3 a 1 para os donos da casa, porém uma virada inacreditável - com gols de Fábio Bala, Patrício e Victor Boleta contra – selou três pontos e um êxito moral que não se pode dimensionar com números.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A América que vale


Força máxima. E quanta força! Grêmio e Boca Juniors, equipes que hoje melhor encarnam o espírito competitivo que exige a Copa Libertadores, decidirão quem é o melhor do continente. Não haverá dispensas, ainda que a imprensa possa manifestar seu patriotismo hipócrita e beirar a xenofobia. Se a Copa América é cada dia mais, por inúmeros motivos, esvaziada e insossa, a mesma tese não se aplica à competição de clubes sul-americanos.

Para os valentes guerreiros de Mano Menezes, chegar na Bombonera com a possibilidade de tri-campeonato da Libertadores, um ano após a façanha colorada, já será uma vitória. Não que estejam satisfeitos. Não, claro que não. Mas para quem sobrepujou a Batalha dos Aflitos no momento ápice da Série B, fez um 2006 fantástico e despachou Santos e São Paulo, vencer o Boca será possível. E o Grêmio tem de pensar assim: é possível. Ainda que, se fosse impossível, não seria problema algum.

Pois o tricolor gaúcho, insandecidamente decantado como imortal, é pródigo para feitos épicos, isto sim, indiscutível. Com o que tem jogado, a determinação para enxergar a bola com fome, como o último prato de comida no universo, os homens de Mano Menezes poderão triunfar. E um empate, nesta quarta, já será o suficiente para comemorações.

La Bombonera, possivelmente, estará outra vez sob forte neblina. Mas todos irão ver o futebol intenso e arrojado aos acordes do Maestro Román Riquelme. Todos poderão ver em ação Palermo, o homem que exala cheiro de gol. Na platéia, provavelmente, um Maradona eufórico. Todos eles, empurrados por uma torcida que, por sua idolatria xeneize, beira a hostilidade. Por gritar e cantar o tempo todo, chega a comover. Chega a calar e a constranger.

Mas do outro lado estará o Grêmio, adversário que faltou ao Boca durante a competição, ainda que Libertad e Cúcuta tenham sido elogiáveis. A final, só pelo fato de confrontar brasileiros e argentinos, já tem um significado especial. Some a tradição, a paixão e a fibra dos oponentes, e chegará à conclusão de que o futebol é um esporte apaixonante. E a Libertadores, essa sim, é a América que vale. O continente que pulsa e que comove. Que apaixona.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Papo com Valdir Joaquim de Moraes


Falar em arqueiros e não ouvir Valdir Joaquim de Moraes é, no mínimo, uma heresia. Com brilhante e extensa história com as cores do Palmeiras e da seleção brasileira, foi também precurssor e defensor da presença do preparador de goleiros nas comissões técnicas dos clubes do país.

Com passagens marcantes pelos três grandes da capital paulista, seu Valdir teve papel fundamental na carreira de nomes como Rogério Ceni, Velloso, Zetti e Sérgio.

Atualmente, mesmo que distante da função de preparador, Valdir Joaquim de Moraes é uma das pessoas com maior capacidade para traçar um paralelo entre passado e presente no surgimento de ótimos goleiros no futebol brasileiro.

Como o senhor, sendo um dos precursores na preparação de goleiros, vê a evolução desse tipo de trabalho?

É fruto de um trabalho feito há muito tempo e de qual sou um dos precurssores, o que pessoalmente me deixa muito feliz. No tempo em que eu jogava, diziam que os goleiros precisavam ter 25, 28 anos pra estar pronto. Hoje, garotos brasileiros já são os melhores da Europa.

Até que ponto a preparação dos goleiros avançou nos últimos anos?

A gente vai mudando e se aperfeiçoa. Mas os princípios básicos não mudam. Entre três ou quatro goleiros que você trabalha, sempre é preciso cuidar dos defeitos de cada um. Cada um tem seu estilo e precisa ser corrigido, melhorado. Sempre buscamos mais.

Além disso, hoje em dia, as constantes mudanças de bola, cada dia mais rápidas, fazem com que a gente tenha que trabalhar também nesse sentido.

A mudança da regra fez com que a preparação dos fundamentos com o pé fosse mais aperfeiçoada?

Sempre me preocupei com isso. A gente passa isso pra todos, mas cada um absorve da maneira que pode. Cada um tem uma qualidade diferente. O Zetti e o Rogério Ceni, por exemplo, que eu já treinei, sempre tiveram essa facilidade.

Hoje em dia a garotada está querendo mais jogar no gol?

Sempre quis. Na verdade essa história que diz que o goleiro é o pior da turma e não vai vencer na carreira é lenda. O garoto que vai pro gol por opção, por querer ser diferente, com certeza tem mais chances de vencer.

Como o senhor vê a aglutinação de vários preparadores de goleiro por todas as categorias de base com o profissional?

Trazer os preparadores pra base foi uma das minhas lutas. Quando o Carlos Pracidelli chegou aqui no Palmeiras, desenvolvemos um trabalho de muita propriedade. Na hora que os meninos chegam prontos no profissional, facilita demais. É só burilar.

Essa nova geração já pode ser considerada realidade?

Pode, eles estão provando. Eu particularmente não vejo só as defesas, essas coisas. Observo saídas de gol, tranqüilidade, reposição e, principalmente, a segurança. O adversário olha e vê o Diego Cavalieri embaixo da trave. E ele já impõe respeito, a defesa também confia. Isso é essencial.

Porque o Palmeiras revela tanto goleiro bom?


A tradição é forte demais, desde o Oberdan Catani. O Corinthians revela um monte de jogador bom, o Palmeiras revela goleiros. Eu mesmo sou um deles. Sinto orgulho de fazer parte disso, e hoje, não só o Diego e o Marcos, mas tivemos o Sérgio, o Velloso, e ainda tem o Deola e o Bruno.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Seleção #2


Como na semana passada, e como pretendo fazer até o fim da temporada, a seleção da 5ª rodada do Brasileirão. E também como sempre digo, fiquem à vontade para discordar, mas não se esqueçam de uma justificativa pontual.


Júlio César (Bot)

Thiago Maciel (Vas) - Thiago Silva (Flu) - Chicão (Fig) - Marcelo Oliveira (Cor)

Pierre (Pal) - Abedi (Vas)
Thiago Neves (Flu) - Acosta (Nau)
Josiel (Par) - Pato (Int)

Curtas do domingo


América-RN 1 x 2 Corinthians

Na primeira etapa, o alvinegro pensou ter deixado o futebol em São Paulo. Fosse o América um adversário melhor, não teria sido possível reagir. Com bom volume de jogo, exibição inspirada de Willian e Marcelo Oliveira e boa mexida de Carpegiani (Clodoaldo por Pedro) o Corinthians teve forças para virar o placar. Os próximos dois jogos (Botafogo e Paraná) servirão como um melhor parâmetro.

Figueirense 4 x 0 Flamengo

Duas das três jogadas de gol dos catarinenses não primeira etapa são sintomáticas. O time da casa entrou tocando bola na defesa flamenguista, o que não pode acontecer. Além disso, em uma jornada desafortunada dos rubro-negros, cabe salientar outro gol de falta sofrido por Bruno, o quarto na competição. Dava pra ter ido naquela bola.

De qualquer forma, exibição soberba, especialmente no ataque, para quem acabou de perder um título.

Atlético-PR 0 x 3 Goiás

Já não é de hoje que o Furacão tem dificuldades contra equipes bem fechadas. Com um gol de escanteio, o esmeraldino fez o que precisava para executar sua proposta de jogo: contra-atacar. Em dois lances dessa natureza, transformou a vitória em goleada e aumentou a pressão sobre Vadão.

Fluminense 3 x 0 Sport

Ótimo segundo tempo do campeão da Copa do Brasil. Thiago Neves, Thiago Silva e Carlinhos jogaram muito bem e Renato Gaúcho, ao que parece, não está propenso a permitir uma ressaca no Fluminense.

São Paulo 0 x 1 Atlético-MG

Outra exibição burocrática do São Paulo que, em todo o jogo, só criou uma jogada de ataque em bola trabalhada. No mais, apenas dependeu de poucas jogadas aéreas e raríssimos lapsos individuais. A pressão sobre Muricy é enorme e justificada. Por outro lado, o Atlético Mineiro se defendeu muito bem, embora não tenha criado quase nada. Destaque para a estrela do garoto Paulo Henrique, estreando com gol no profissional.

Internacional 1 x 0 Santos

O péssimo estado do gramado do Beira Rio não pode justificar a derrota do Santos. Na última partida de Alexandre Pato antes do Mundial sub-20, sobrou disposição e faltou futebol. Alerta vermelho aceso no alvinegro praiano, vice-lanterna. No Beira Rio, terceiro resultado positivo seguido e o astral, aparentemente, está recuperado. Bom jogo de Pinga. Mais um.

Cruzeiro 2 x 3 Paraná Clube

Os problemas defensivos do Cruzeiro, enormes, atrapalharam o que poderia ser a segunda vitória consecutiva. Em um lance, falha do lateral-direito Mariano e de todos que poderiam cobrir o setor. No outro, Marcão sobe no meio de quatro defensores para concluir. No outro, o bom Gatti falhou primariamente.

Ainda que eu acredite faltar espaço para o menino Guilherme, ofensivamente o desempenho do Cruzeiro tem sido satisfatório. No Juventude, outro bom jogo e um aproveitamento muito bom no ataque. Beto, meia, fez belíssimo jogo. Surpreende ainda a boa forma de Barão, que um dia já foi promessa do Internacional.

sábado, 9 de junho de 2007

Curtas


Palmeiras 1 x 1 Botafogo

Jogo mediano no Pq Antártica. Michael e Valdívia foram bem, assim como William, que infelizmente se machucou novamente. Faltou na segunda etapa o ímpeto do primeiro tempo, embora Alex Afonso e Cristiano, lamentavelmente, tenham falhado em jogadas cruciais.
Botafogo fez um jogo fraquíssimo, abaixo de seus padrões. Sentiu a falta de Joílson e Jorge Henrique. O goleiro Júlio César, novamente, foi decisivo, assim como André Lima, ótimo centroavante.
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Náutico 4 x 4 Paraná Clube

Jogo super movimentado, como sugere o placar. Paraná tem muita qualidade na frente, especialmente com Josiel e Vandinho, este último vindo de um grande Paulistão pelo Noroeste.
O Náutico, com o surpreendente Beto Acosta, ótimo jogador, foi brioso e se superou bastante. Precisará disso pra não cair, mas o resultado apesar de ser inspirador, não é muito bom.
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Vasco 4 x 0 Grêmio

Nenhum titular do Grêmio foi ao Rio de Janeiro, onde os gaúchos colheram a segunda derrota consecutiva no campeonato. Amoroso, Lucas e Kelly jogaram, principalmente pra ganhar ritmo. Mas o ritmo forte foi mesmo o do Vasco que, com muita velocidade, especialmente de André Dias, venceu com naturalidade por 4 a 0.
Impressionante como o time de São Januário, mesmo quando faz tudo errado, tem conseguido resultados bastante satisfatórios.

Ousadia dos bávaros


Nem bem terminou a temporada européia e o Bayern de Munique, desconcertado por não terminar entre os três primeiros na Bundesliga e ficar fora da próxima Liga dos Campeões, já contabiliza seis novos reforços para 2007/08. Segundo garante a imprensa alemã, os bávaros também têm praticamente tudo certo com Miroslav Klose e Zé Roberto. Se acertar com o primeiro, é possível que Roy Makaay seja negociado.

Renovando e reforçando o elenco de maneira drástica e aparentemente competente, o Bayern de Munique se prepara para brigar com unhas e dentes pelo próximo título alemão. A chegada de jogadores de grande nível como Franck Ribéry e Luca Toni (foto), dão a dimensão das pretensões do clube que é, sem dúvida alguma, um dos maiores gigantes do Velho Continente.

Para aprofundar a renovação, foram seis os jogadores a já deixar o clube. Owen Hargreaves, cobiçado pelo Manchester United, rendeu pomposos 22 milhões de euros aos cofres bávaros. Além dele, foram liberados Claudio Pizarro (Chelsea), Ali Karimi e Hasan Salihamidzic (Juventus), além de Mehmet Scholl, aposentado. Roque Santa Cruz, outro que rende pouco na relação custo-benefício, não deve ficar.

Os seis reforços são:

Luca Toni - atacante - 11 milhões de euros

Assumirá imediatamente a condição de centroavante titular. Tem moral, sede de vitória e principalmente muita capacidade para triunfar no futebol alemão. Dependerá muito do próprio desempenho do time, mas as expectativas, não há porque não serem boas.

Franck Ribéry - meia-direita - aproximadamente 20 milhões de euros

Destaque da última Copa e muito cobiçado pelos gigantes da Europa, deve dar muitas opções e é certeza de uma presença vibrante em campo. Pode jogar pelo lado direito do meio, como meia-atacante ou até segundo atacante. A última opção é, aparentemente, a mais provável.

Marcell Jansen - lateral-esquerdo - 10 milhões de euros

Figura regular do Borussia Mönchengladbach há mais de uma temporada, o lateral que figura sempre na seleção alemã, terá enfim a oportunidade de jogar em um clube forte. Sua presença dá mais de uma opção para Ottmar Hitzfeld que, quando quiser, poderá deslocar Lahm para a direita.

Hamit Altintop - meia - custo zero

Jogador que alia vigor e técnica, foi um dos melhores nomes do Schalke 04 nos últimos dois anos. De origem turca, o reforço tem tudo para assumir a alcunha de curinga no meio bávaro, antes preenchida por Salihamidzic. Teoricamente, briga por vaga no lado direito da segunda linha de quatro.

José Sosa - meia-direita - 9 milhões de euros

A poucos dias de completar 22 anos, o argentino José Sosa chega ao Bayern de Munique para desmitificar passagens frustrantes recentes de Julio dos Santos e Roque Santa Cruz, jovens e sulamericanos como ele, mas que nada fizeram na Bavária. É tido como talentoso, foi grande destaque no último Torneo Clausura, vencido pelo Estudiantes. Atua pela direita e faixa central. Compõe o elenco inicialmente.

Jan Schlaudraff - atacante

Schlaudraff, no modesto Aachen, surpreendeu a Europa com gols magníficos durante a primeira metade da temporada. Atingiu rapidamente o Nationalelf e acertou há um bom tempo com o Bayern. Nos últimos meses, caiu seu desempenho e também o clube que defendia. Joga como meia-atacante ou mais à frente. Aparentemente e, por características, supre a lacuna deixada por Mehmet Scholl. Não será fácil de ser preenchida, mas é uma aposta bastante válida.

Análise geral

São contratações ousadas, interessantes e bem planejadas. É bem possível que o Bayern venha fortíssimo para vencer a próxima Bundesliga, especialmente por os outros oponentes fortes (Stuttgart, Werder Bremen e Schalke 04) estarem na briga pela Liga dos Campeões. Naturalmente, também brigará pela Copa da Uefa, embora esta seja um objetivo secundário.

Como deve jogar

Se mantiver a formação do fim da última temporada, Ottmar Hitzfeld deverá jogar com duas linhas de quatro com dois atacantes à frente. Na defesa, Kahn, Sagnol, Lúcio, Van Buyten e Lahm. No meio, apostaria em Altintop e Schweinsteiger pelos lados, com a faixa central preenchida por Van Bommel e Demichelis. À frente, Luca Toni com Ribéry. Este último, entrando no meio-campo, abriria vaga para outro homem de frente, possivelmente Podolski ou Klose, se chegar.

365 dias após a Febre


Há um ano atrás o Nationalelf entrava em campo para derrubar desconfianças de toda a parte. Da mesma forma, toda a Alemanha se escancarava para dar ao mundo a imagem de país feliz e renascido. A verdade é que, 365 dias depois, poucas coisas mudaram desde que Fabio Cannavaro ergueu a taça de campeão do mundo. Não todas: afinal, Zidane não joga desde então. Ainda assim, o tempo, que costuma ser o senhor da razão, ainda não provocou sensíveis mudanças após o fim da Febre Mundialista.

Os italianos, vitoriosos em território germânico, seguem envoltos por toda a sujeira do Calciocaos. Nem mesmo outro grande triunfo, como o do Milan na épica Atenas, foi capaz de apagar – ainda bem – os lamentáveis episódios de corrupção mal resolvidos e agravados com os problemas de violência na última edição da Serie A. Neste caso, a sensação é de que só mesmo uma próxima edição com futebol e organização convincentes será capaz de abrandar o fogo que ainda está longe de esfriar.

Verde e amarelo

Em terras brasileiras, ainda temos um fantoche no comando da seleção. Dunga, que seria o símbolo de uma equipe com identidade própria e personalidade, faz o jogo que convém aos dirigentes da Cbf em atitudes pouco diferentes na maioria dos casos. A camisa verde-amarela, enquanto isso, segue mais internacional do que nunca. Claro que por razões administrativas, mas pasmem, até a convocação pra Copa América foi feita fora do Brasil. Dizer que nada mudou é pessimismo. Mas os avanços, convenhamos, foram pequenos.

Por falar em sangue brasileiro, Zico, de quem se esperava mais no comando do Japão, não conseguiu brilhar pelo Fenerbahçe. É difícil, claro, quando se chega a um time onde o primeiro lugar local é obrigação. Mas a situação piora ainda mais em momentos em que o elenco é fraco, caso contrário do que o Galinho encontrou na Turquia. Não atingir êxito europeu, expectativa clara do clube, quase finalizou o trabalho de maneira precoce.

Em contrapartida, Luiz Felipe Scolari segue fazendo os portugueses sofrer. Mas no fim, até aqui, seguem também sorrindo. O inevitável processo de renovação tem sido bem conduzido pelo brasileiro que, ao que parece, levará novamente Portugal para outra aventura em Eurocopa. Tudo como há um ano atrás. Um pouco mais do mesmo.

Pra lá do Atlântico

O trabalho de Steve Mclaren até aqui, deixa claro por quais motivos os dirigentes ingleses queriam tanto Felipão. Pouco, muito pouco mudou dos tempos de Sven Göran Eriksson. Nada, nada disso foi pra melhor. Seja na parte tática, seja na parte técnica, o English Team não convence e passa longe de ser condizente com a grandeza da Premier League atual. Se faltassem jogadores, tudo bem. Mas com Gerrard, Beckham, Lampard, Terry e Rooney, até o Joel Santana faria mais. A Inglaterra, ainda, é aquela insossa da Copa.

Franceses e alemães, por outro lado, ainda colhem os louros da sensação de dever cumprido após a Copa. Domenech, não tem mais Zidane, peitou Trezeguet, mas atinge bons resultados no grupo mais complicado das Eliminatórias da Euro. A Alemanha, mesmo que beneficiada por amistosos fáceis e jogos contra San Marino, cresce diariamente pelo surgimento de jovens jogadores e pelo bem conduzido trabalho de Joachim Löw.

E Guus Hiddink, pelo que faz na Rússia, é quase um Bora Mituninovic evoluído, com o perdão do exagero. Após cravar Coréia do Sul e Austrália como seleções de porte médio do futebol mundial, partiu para um novo desafio e ninguém pode duvidar de sua capacidade.

Três anos

Três anos. Quase mil e cem dias. Intermináveis aliás. Ainda que as impressões da última Copa não tenham mudado muito, a expectativa para o que a África do Sul irá mostrar já é naturalmente gigantesca. Por ora, a sensação de que já estamos cada vez mais perto é confortante para os “flagelados” da Febre Mundialista.