terça-feira, 11 de janeiro de 2011

As aulas do Professor Mourinho

Mourinho: vencedor e provocador


Real Madrid x Villarreal, no último domingo. O que diriam os detratores que acusam José Mourinho de retranqueiro? O português, que de fato foi bastante defensivo em vários momentos na Inter de Milão, normalmente se defende argumentando que se adapta às características de cada cultura. Depois de vencer em Portugal, Inglaterra e Itália, ele parece entender perfeitamente o que pede o madridismo. Deixou isso muito claro no triunfo que encheu de entusiasmo o Santiago Bernabéu e a reafirmou a fase extraterrestre pela qual passa Cristiano Ronaldo.

Real Madrid do primeiro tempo: 4-2-3-1 e muita insegurança na primeira linha

As mexidas de Mourinho, seja de jogadores ou táticas, foram absolutamente decisivas para a vitória contra o Villarreal, que mesmo desfalcado de Nilmar conseguiu um primeiro tempo soberbo no Bernabéu. Enquanto o Madrid errava passes demais, o Submarino Amarillo se fartava: Borja Valero e Bruno bem trabalhavam a bola para Cani e Cazorla, sempre às costas de Sergio Ramos e Marcelo, fazerem a festa. Instável e sempre correndo riscos, os merengues dificilmente conseguiam controlar o jogo e atacar de forma ordenada e contínua. Um gol de Cristiano Ronaldo, nos acréscimos da etapa inicial, foi o golpe de sorte para um novo time na segunda etapa.


Após o intervalo: 3-4-1-2 e a retomada do domínio no jogo

Mourinho deu uma aula de como se usar três zagueiros: na primeira linha, definiu a marcação a Rubén e Rossi, deixando um homem na sobra e transformando Di María e Marcelo em alas. Khedira entrou para qualificar o passe que Lass Diarra teimava em entregar ao Villarreal e, ao lado de Xabi Alonso, também conseguiu retomar a posse de bola e atacar com agressividade e segurança. Com o time organizado, cresceu Özil. E assim cresceu o Real atrás da virada.

Juan Carlos Garrido, ao ver sua equipe nas cordas, tentou reorganizar: sacou Rubén, fez de Musacchio volante e liberou Borja Valero para organizar mais à frente, passando do 4-4-2 para o 4-2-3-1. Se tinha um homem a menos para marcar, Mourinho reapareceu: Khedira virou falso terceiro zagueiro e Albiol, que já era desnecessário, deu lugar a um leão adormecido no banco de reservas. Era Kaká, que ajudou a reavivar o madridismo, participou bem de jogadas na frente e, com a noite fantástica de Cristiano Ronaldo, definiu o 4 a 2.


O último ato: Khedira como falso terceiro zagueiro e Kaká para sufocar os volantes

Há pontos fundamentais para explicar o triunfo do Real Madrid: a atitude nos 45 minutos finais e a universalidade de Di María e dos alemães Khedira e Özil. Mourinho se mostrou, novamente, um hábil jogador e soube vencer a partida como um jogo de xadrez. Deixou claro que sistemas com três zagueiros, ocasionalmente, podem ser úteis para organizar a defesa e fazer a equipe jogar. Uma das tantas aulas do português, que um dia depois, com justiça, foi eleito o melhor treinador de 2010.

2 comentários:

Michel Costa disse...

Salve, Dassler!

Vale lembrar que quando ainda estava na Inter Mourinho chegou a utilizar um ousado 4-2-4 (com Sneijder no meio) em momentos mais agudos. Aliás, chegou a fazer coisas do tipo no Chelsea também.
Esse estigma de retranqueiro que ele adquiriu se deve muito mais aos duelos contra o Barça pela Champions do que pela tônica de sua carreira. Inclusive, arrisco dizer que esse estigma surgiu de pessoas que pouco ou nada acompanharam a trajetória do português.

Abraços.

Alexandre Anibal disse...

Post espetacular, amigão!

Salve o mestre Mourinho.