domingo, 20 de novembro de 2011

Flu de Fred e Abel já está entre os maiores


Com a convincente vitória sobre o Figueirense, neste domingo em Florianópolis, o Fluminense confirmou o título do segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2011. Com 37 pontos no returno, o Flu tem seis de vantagem para a própria equipe catarinense, vice-líder da segunda metade da competição.

O aproveitamento atual de 72% pode colocar o time de Fred, Deco e Abel Braga entre os maiores da história do returno do Brasileiro na era dos pontos corridos. Caso vença os últimos dois compromissos (Vasco e Botafogo), o Fluminense sobe sua porcentagem para 75%.

Campeão de 2003, o Cruzeiro levou o segundo turno com aproveitamento de 76% e jamais foi superado. O aproveitamento daquela equipe é também o maior da história de uma time em um turno (seja primeiro ou segundo) do Campeonato Brasileiro. No ano passado, o Grêmio reagiu sob o comando de Renato Gaúcho e chegou perto dos cruzeirenses com aproveitamento de 75% e vaga na Copa Libertadores.

Confira todos os campeões de returno do Campeonato Brasileiro*

1º - Cruzeiro (2003) - 53 pontos em 23 jogos (76%)
2º - Grêmio (2010) - 43 pontos em 19 jogos (75%)
3º - São Paulo (2008) - 42 pontos em 19 jogos (73%)
3º - Fluminense (2011) - 37 pontos em 17 jogos (73%)**
5º - Flamengo (2009) - 40 pontos em 19 jogos (70%)
5º - São Paulo (2006) - 40 pontos em 19 jogos (70%)
7º - Santos (2004) - 48 pontos em 23 jogos (69%)
8º - Inter (2005) - 41 pontos em 21 jogos (65%)
9º - São Paulo (2007) - 37 pontos em 19 jogos 64%

* Considera apenas o período desde a adoção dos pontos corridos
** Ainda tem dois jogos por fazer: Vasco (casa) e Botafogo (fora)

Confira todos os campeões de 1º turno do Brasileiro

1º - Grêmio (2008) - 41 pontos em 19 jogos (72%)
2º - São Paulo (2007) - 40 pontos em 19 jogos (70%)
3º - Cruzeiro (2003) - 47 pontos em 23 jogos (68%)
4º - São Paulo (2006) - 38 pontos em 19 jogos (66%)
4º - Fluminense (2010) - 38 pontos em 19 jogos (66%)
6º - Corinthians (2011) - 37 pontos em 19 jogos (65%)
6º - Internacional (2009) - 37 pontos em 19 jogos (65%)
8º - Corinthians (2005) - 39 pontos em 21 jogos (61%)
9º - Santos (2004) - 41 pontos em 23 jogos (59%)

- Publicado no Terra

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O jogo que escancara virtudes e defeitos do provável campeão


Vencer uma partida com desempenho irregular ou perder com domínio são situações que fazem parte do futebol, mas o líder tem abusado dos opostos. O Corinthians, com tempos absolutamente distintos contra o Ceará na quarta-feira, deu um passo importantíssimo na busca pelo título brasileiro. Mais interessante é que o duelo caldeirão do Presidente Vargas deixou bem escancaradas as virtudes e os defeitos daquele que, se conservar o atual aproveitamento nas três rodadas finais, será o justo campeão brasileiro.

Em 45 minutos, o Corinthians foi lento e dispersivo na frente, o que tem relação direta com o cansaço de Liedson e Danilo, quase sempre os mais prejudicados nos jogos às quartas-feiras, a ausência de Paulinho, tecnicamente muito superior a Edenílson, seu substituto, e do posicionamento de Osvaldo e Felipe Azevedo, que jogaram, com inteligência, em cima de Alessandro e Fábio Santos. Sem equilíbrio para fazer a transição defesa-ataque e sem posse de bola ofensiva, o líder foi dominado. O rojão estourou diversas vezes lá atrás e Júlio César fez milagres e teve sorte.

Tite, o mais subestimado dos bons treinadores deste Campeonato Brasileiro, é o grande responsável pela subida de produção após o intervalo. Mesmo sem Jorge Henrique, Alex e Adriano (pois é), ele tirou um coelho da cartola com a entrada de Morais, o que empurrou Danilo para o corredor esquerdo e Emerson para a função mais avançada. Com paciência para trabalhar a bola, escorada na qualidade do toque de Morais (de 21 passes, acertou 20 e foi o segundo maior passador da etapa final), a equipe controlou o jogo à frente e só não ameaçou tanto a Fernando Henrique em função das atuações tecnicamente muito ruins de Willian e Emerson.

O segundo ato de brilho do treinador foi a entrada de Ramírez para dar novo fôlego ao corredor esquerdo de ataque, que já tinha Danilo sem pernas. Bingo! Na primeira jogada à frente, o peruano recebeu de Ralf (repare como muitos gols do Corinthians começam em seus desarmes), levou o zagueiro com facilidade e chutou por baixo para definir três pontos que são, na prática, a vantagem para o Vasco, com dois pontos e duas vitórias a menos.

O Corinthians tem tudo para ser o justo campeão brasileiro, afinal lidera a competição em 24 das 35 rodadas e é superior nos confrontos diretos contra todos os times do topo da tabela, salvo o Figueirense, mas precisará de muito mais em 2012 na Copa Libertadores - a vitória sobre o Ceará já assegurou presença ao menos na fase qualificatória.

O time de Tite, que tem culpa no cartório também por isso, é excessivamente tenso e muito coração e pouco cérebro em campo, o que se relaciona de forma direta com a perda do título de 2010 e a expectativa criada com o início surreal de 2011. Raramente consegue controlar até partidas teoricamente fáceis, como contra o Atlético-PR no último domingo, e erros desse tipo não são permitidos em jogos de Libertadores. No Brasileiro, não devem ser suficientes para tirar o título do Parque São Jorge.

domingo, 13 de novembro de 2011

Beleza americana


Há times que realmente se preparam para chegar até a Série A: é o caso do Coritiba, de temporada que consolida a evolução de um trabalho com orçamento modesto e de qualidade. Não é o caso do surpreendente Figueirense, todo remodelado em relação a 2010 e, acredite, com força para chegar na Copa Libertadores pela primeira vez na história. Tampouco é o caso do América-MG, que tem entre suas poucas seis vitórias apresenta cartel positivo contra Vasco, Corinthians e, duas vezes, o Fluminense. O último contra o Flu, sábado no Engenhão, foi o primeiro triunfo como mandante.

Graças aos gols do veterano Fábio Júnior e de um time bem arrumado por Mauro Fernandes, o América-MG arrancou na reta final da última Série B e confirmou uma promoção totalmente fora dos prognósticos. Mesmo na calmaria que é disputar o Campeonato Mineiro, a equipe sofreu transformações sucessivas, como na queda de Mauro, na troca de Flávio por Neneca no gol ou na saída de Irênio dos titulares. A trajetória errante ajuda a explicar o rebaixamento 99% certo, mas o Coelho pode dizer que cai de pé.

De longe, o América-MG é quem tem o orçamento mais modesto da elite nacional: é, ao lado de Ceará, Avaí, Figueirense e Atlético-GO, prejudicado pelo abismo das cotas de televisão para não membros do Clube dos 13. Some a isso a renda paupérrima por atuar longe de sua torcida: R$ 1,781.880 de renda em todo o Brasileiro. Mais da metade dessa fatia (R$ 961 mil) foram arrecadados contra o Corinthians em Uberlândia, o que expõe um fluxo de caixa ainda menor durante a competição.

Mesmo sem se planejar devidamente para chegar forte à Série A e com limitações orçamentárias claras, o América-MG deve retornar para a segunda divisão com a ideia de que cumpriu seu dever. Os resultados do time de Givanildo quase sempre são acima das expectativas, como no empate em 2 a 2 contra o Grêmio, com um jogador a menos, ou também em empates contra Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia e Palmeiras, todos de setembro pra cá. Ou até na sofrida derrota de virada, por 2 a 1, contra o Figueirense no Orlando Scarpelli. São 12 jogos em que a equipe americana levou gol quando tinha a vantagem no placar e deixou de pontuar mais.

Givanildo, aliás, tem aproveitamento de 38% após 20 jogos, o que deixaria o América-MG de fora da zona do rebaixamento por uma pequena porcentagem. A grande noite no Engenhão, contra um Fluminense que esperava liderar o Brasileiro (ao menos no sábado), pela primeira vez, ratifica a sensação de dever cumprido para os mineiros.

A defesa a três foi firme, especialmente com Willian Rocha e o ótimo goleiro Neneca. A saída para a frente, com Marcos Rocha inspirado pela direita e Kempes e Rodriguinho na aproximação a Fábio Júnior, levaram perigo ao Flu a todo instante. A vitória foi justíssima. Uma beleza americana.

domingo, 6 de novembro de 2011

Tudo que conspira para o raro equilíbrio do Campeonato Brasileiro


A Bundesliga, quando não tem o Bayern de Munique a 100%, é o campeonato que tem quatro ou cinco candidatos ao título. No Inglês e no Italiano, raramente sai de um grupo de três concorrentes, cenário ainda mais restrito na Espanha. Esqueça a ideia de que o Brasileiro é o melhor do mundo, mas a classificação a cinco jogos do fim mostra que equilíbrio existe mesmo é por aqui. São cinco times separados por uma diferença de três pontos e, embora o Corinthians lidere 22 das 33 rodadas, não há garantias na mesa.

O que ajuda a explicar essa situação tão peculiar do futebol brasileiro é o desequilíbrio cotidiano de nossos clubes. Uma equipe que ontem era presa fácil rapidamente se torna competitiva, como são os casos de Fluminense e Atlético-MG, provavelmente os grandes vencedores da rodada 33. Por sorte, enfrentar os times certos na hora certa ajuda a explicar sequências positivas na competição, caso exato do líder Corinthians.

Um time que teve força e incrível competência para somar 27 pontos em 10 partidas contra uma série de equipes em momentos instáveis, mas é irregular já desde o fim de julho. São mais de três meses sem duas vitórias seguidas e você provavelmente nem se deu conta.

Se não há torneio nacional equilibrado como a Série A, também não há tantos clubes sujeitos a turbulências quanto os grandes brasileiros. Administrações mal estruturadas, sujeitas a interferência de torcidas organizadas e de imprensa nas decisões, sobretudo trocas de treinadores e de jogadores, ajudam e muito a compor esse cenário que resulta na classificação a cinco rodadas do fim. Mesmo o Flamengo, desacreditado em uma semana que pipocaram os inacreditáveis atrasos nos salários de Ronaldinho, tem totais possibilidades e empurrou o Cruzeiro para a zona do rebaixamento.

Contra os cariocas, em tese, pesa a tabela de clássicos nas rodadas finais. O Vasco tem três clássicos, o Flu e o Botafogo têm dois e o Flamengo (atenção ao detalhe) apenas um, contra os vascaínos, em sua última partida. Mas, no dia em que o líder perde para um time virtualmente rebaixado com atuação muito abaixo da crítica, como fazer prognósticos?

Os confrontos diretos entre cariocas podem favorecer, mas a série final do Corinthians (Ceará, Atlético-MG, Figueirense e Palmeiras), que parecia acessível há duas semanas, hoje se anuncia muito dura. É a imprevisibilidade do Campeonato Brasileiro sem favoritos confiáveis.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O novo Pedro que Guardiola encontrou na terceira divisão


Isaac Cuenca não estava entre as grandes promessas do Barcelona, mas é surpresa altamente positiva dos últimos três jogos: Granada, Mallorca e, nesta terça-feira, Viktoria Plzen. Lançado surpreendentemente por Pep Guardiola, ocupou a ponta direita com futebol disciplinado e de talento que, dentro de um time bem organizado e costumeiramente brilhante, apareceu. Cuenca fez o primeiro gol pelo Barça no sábado e, agora pela Liga dos Campeões, contribuiu com assistência.

A história da grande surpresa do Barça nas últimas semanas é muito similar a de Pedro, lugar de quem justamente Cuenca ocupa - Alexis Sánchez e Afellay completam o trio de atacantes lesionados. Fora dos planos de Luis Enrique para o time B na última temporada, Isaac foi cedido e teve destaque com o CE Sabadell, pequeno time catalão que atuou, e conseguiu acesso pela primeira vez em 18 anos, na terceira divisão espanhola. O retorno ao Barcelona era natural, mas as chances com Guardiola nem tanto.

Pedro Rodríguez, o mais operário dos titulares barcelonistas, também surgiu para o time principal de maneira surpreendente e em circunstâncias parecidas com Cuenca. Quando Guardiola dirigia o time B na terceira divisão, Pedro fez os gols que decretaram, com o UD Cassà, as duas únicas derrotas dos azuis-grenás que subiriam de divisão. Foi contratado mas, por não se impor, chegou a ter a dispensa definida por dirigentes. Pep disse não e, em 2009, levou Pedrito para o time de cima. Não saiu mais.

Issac Cuenca, 20 anos e titular em três jogos consecutivos, com gol e assistência, vai pelo mesmo caminho e cava seu espaço no elenco.