quarta-feira, 13 de junho de 2007

A América que vale


Força máxima. E quanta força! Grêmio e Boca Juniors, equipes que hoje melhor encarnam o espírito competitivo que exige a Copa Libertadores, decidirão quem é o melhor do continente. Não haverá dispensas, ainda que a imprensa possa manifestar seu patriotismo hipócrita e beirar a xenofobia. Se a Copa América é cada dia mais, por inúmeros motivos, esvaziada e insossa, a mesma tese não se aplica à competição de clubes sul-americanos.

Para os valentes guerreiros de Mano Menezes, chegar na Bombonera com a possibilidade de tri-campeonato da Libertadores, um ano após a façanha colorada, já será uma vitória. Não que estejam satisfeitos. Não, claro que não. Mas para quem sobrepujou a Batalha dos Aflitos no momento ápice da Série B, fez um 2006 fantástico e despachou Santos e São Paulo, vencer o Boca será possível. E o Grêmio tem de pensar assim: é possível. Ainda que, se fosse impossível, não seria problema algum.

Pois o tricolor gaúcho, insandecidamente decantado como imortal, é pródigo para feitos épicos, isto sim, indiscutível. Com o que tem jogado, a determinação para enxergar a bola com fome, como o último prato de comida no universo, os homens de Mano Menezes poderão triunfar. E um empate, nesta quarta, já será o suficiente para comemorações.

La Bombonera, possivelmente, estará outra vez sob forte neblina. Mas todos irão ver o futebol intenso e arrojado aos acordes do Maestro Román Riquelme. Todos poderão ver em ação Palermo, o homem que exala cheiro de gol. Na platéia, provavelmente, um Maradona eufórico. Todos eles, empurrados por uma torcida que, por sua idolatria xeneize, beira a hostilidade. Por gritar e cantar o tempo todo, chega a comover. Chega a calar e a constranger.

Mas do outro lado estará o Grêmio, adversário que faltou ao Boca durante a competição, ainda que Libertad e Cúcuta tenham sido elogiáveis. A final, só pelo fato de confrontar brasileiros e argentinos, já tem um significado especial. Some a tradição, a paixão e a fibra dos oponentes, e chegará à conclusão de que o futebol é um esporte apaixonante. E a Libertadores, essa sim, é a América que vale. O continente que pulsa e que comove. Que apaixona.

Um comentário:

Gerson Sicca disse...

Belo texto. Quanto à cantada imortalidade do Grêmio, tenho inúmeras razões para dizer que é uma grande jogada de marketing do clube. Em todas as conquistas do Grêmio o time tricolor era, no mínimo, igual ao oponente.
Na verdade, esse mito foi criado após a passagem de Luiz Felipe pelo Grêmio, quando montou aquele grande time dos anos 90. Mas, obviamente, as vitórias não vieram graças à camisa. Fosse assim, o grêmio jamais teria caído 2 vezes para a segundona, entre outros tantos fracassos.
No entanto, não se pode discordar q é um time vencedor, característica que o Inter perdeu por mais de duas décadas, graças a direções incompetentes.
Mano Menezes hoje vai ter como grande problema evitar a fraqueza da equipe em jogos fora de casa. Se levar 2 gols de diferença, a coisa já ficará difícil. O Boca não é o Defensor(que, aliás, teve o azar de mandar uma bola no travessão, que mataria o Grêmio). O time argentino virá ao Olímpico para jogar.