Bate papo com Ney Franco

Este blogueiro teve a honra de, nesta sexta-feira, entrevistar por telefone Ney Franco, treinador do Flamengo. Aqui, o melhor do papo que teve como principal assunto a jovem safra de grandes goleiros do país, da qual Ney é grande conhecedor.

Nos próximos dias, outros textos, novidades e papos sobre o assunto.

Dassler Marques: Você considera que os vários grandes goleiros surgindo são apenas fruto de uma boa fase ocasional ou há, de fato, méritos e razões pra isso?

Ney Franco: Acredito que não é por acaso. É conseqüência de muito trabalho na base, especialmente nos clubes maiores. Atualmente, em cada categoria há um profissional específico da área e, todos trabalhando em conjunto, têm feito surgir essa turma toda.

DM: Passar um bom tempo na reserva de outro nome experiente também faz bem? É o caso, por exemplo, do Renan, do Diego e do Diego Cavalieri.

NF: Faz sim. O mais jovem observa o titular, sobretudo em treinos e jogos, e absorve detalhes importantes, chega melhor mentalmente. Entretanto, com a saída de jogadores, os mais jovens cada dia mais são alçados cedo.

DM: Existem, de certa forma, avanços nos métodos de treinamento para os goleiros?

NF: Sim, sem dúvida. Os treinadores mesmo evoluíram. Os preparadores físicos são cada vez melhores, cada vez mais importantes. E os preparadores de goleiros vêm nesta esteira também. Trazem sempre novas metodologias, novos tipos de materiais. A atenção a eles hoje é, sem dúvida, muito maior.

DM: Você considera que a escola brasileira de goleiros possa ser influenciada por outros países?

NF: Não acredito. Os brasileiros possuem sua própria forma de trabalho.

DM: Observamos cada dia mais que os goleiros também estão preparados pra jogar com os pés. Isso é trabalhado também? De que forma?

NF: É uma preocupação sim, afinal a regra obrigou a isso. Hoje há todo um cuidado em inserir os goleiros em treinos de dois toques, na recreação e em outros trabalhos específicos. Domínio e boa reposição são fundamentais.

DM: Existe nos grandes clubes a restrição a goleiros baixos e/ou de pequena envergadura?

NF: Existe, sem dúvida. Entre um grande e um pequeno, mesmo que os dois sejam bons, a preferência é do mais alto. Em quase todos os clubes brasileiros há essa preocupação.

DM: É cedo para cravar o futuro dessa turma toda?

NF: Acho que não. Já podemos atestar a qualidade de nomes como o Bruno, o Diego Cavalieri, o Diego, Felipe e Júlio César (Botafogo). Claro, precisaram sempre ser aprimorados. Mas já vingaram, sem dúvida.

DM: Essa nova geração é ainda melhor à de Gomes, Helton, Fábio, Júlio César (Internazionale) e Doni, por exemplo?

NF: São duas grandes safras. Essa citada na pergunta também é excelente.