domingo, 17 de junho de 2007

Papo com Zetti


Ainda na série sobre o surgimento de promissores goleiros no futebol brasileiro, este blogueiro entrevistou Zetti, ex-goleiro e treinador do Clube Atlético Mineiro. Especialista no assunto, ele atesta a qualidade da nova safra, ainda que prefira aguardar mais algum tempo. Vale a pena conferir!

São vários jovens e ótimos goleiros no Brasil. Por quê?

Atribuo a um trabalho específico que vem acontecendo diretamente com os meninos. Esses olheiros que têm descoberto os garotos fazem diferença. Goleiros altos e com muita qualidade, como o Diego. Tem também o Guilherme do Atlético Paranaense, ótimo goleiro. Aqui no próprio Atlético Mineiro, o Edson que é o reserva imediato e o Renan, selecionável da sub-17.

Também é fundamental a orientação de quem foi da área, de quem conhece a posição. Desde o Valdir Joaquim de Morais, os preparadores fazem a diferença.

Passar um tempo na reserva é bom para estar pronto, sobretudo mentalmente, quando chegar a titularidade?

Sim, muito importante. Estar há muito tempo no clube traz um amadurecimento para quando a oportunidade chegar. Eu particularmente fiquei um bom tempo como reserva do Leão. Depois, não saí mais.

Qual a impressão que você tem do Diego, homem e profissional?

Eu vejo com um potencial muito bom, excelente. Goleiro com ótima velocidade e que tem técnica muito boa pra ficar em baixo do gol. Sabe muito bem as decisões que tem que tomar e isso é importante demais. Vem treinando muito, muito mesmo e com a condição física que tem a tendência é se firmar cada vez mais.

A preparação de goleiros avançou muito no Brasil?

Sim, é natural do avanço do futebol de modo geral. As pessoas evoluem, e amparadas pelo crescimento físico dos atletas propiciado pela tecnologia, da fisiologia e enfim, vários fatores que contribuem para um resultado sempre melhor.

O trabalho do preparador, desde a base, mudou muito do seu tempo pra cá?

Demais, mudou demais. Na minha época, tínhamos no time profissional a presença do preparador só uma vez por semana. E era maravilhoso. Hoje, cada categoria tem um treinador de goleiros específico e a tendência é corrigir e aprimorar, sempre respeitando a idade correta de cada etapa.

Os garotos cada dia mais se interessam em ser goleiro?


Não acho que é de agora. Vem há muito tempo. Eu mesmo sempre me encantei com o uniforme, com luva, com essa maneira diferente de ser. O garoto vê assim e se espelha nos ídolos como o Rogério Ceni, o Dida ou o Fábio Costa, por exemplo.

Existe hoje em dia muita restrição a jogadores baixos na seleção de goleiros. O que você pensa sobre isso?

Embora seja importante, às vezes é exagero. São duas situações distintas. Geralmente falta apurar o histórico familiar dos atletas. É fundamental saber a altura dos pais e familiares mais próximos, isso influencia muito. Eu mesmo tinha pais baixos, mas um tio, irmão da minha mãe, era alto. E acabei seguindo ele. Tem que mapear tudo isso, pois não sabemos com quantos anos o atleta vai parar de crescer.

Não vejo que seja uma regra. Há goleiros baixos que superam com agilidade e impulsão. É questão de treinamento.

Você prefere esperar mais para imaginar a nova geração já como uma realidade?


Eu acho que é muito cedo, ainda é muito do momento. Goleiro tem muito de brilhar em fases. Em grande clube quando há essas oportunidades, você é visado demais, aplausos podem rapidamente virar críticas. Sempre acham falhas de quem acha que dá pra defender tudo.

Em duas ou três temporadas de ótimo nível no futebol nacional, jogando um Campeonato Brasileiro mesmo, aí sim você pode cravar isso.

Por quais motivos tantos goleiros daqui fazendo sucesso lá fora?

Isso é muito bacana. O Taffarel foi um dos pioneiros e acabou não tendo tantas boas oportunidades. A questão do passaporte comunitário propiciou esse fato da atualidade. Hoje, os jogadores sabem que é fundamental ter isso antes de sair. E a tendência é ir aumentando, é claro.

3 comentários:

Arthur Virgílio disse...

Zetti foi o ídolo, no gol, da maioria das crianças da nossa geração. Muitos se inspiravam na calça que o então goleiro usava e sempre gritava a cada defesa realizada: "Zettiiiii".

Sempre foi um profissional qualificado e busca se consolidar agora como técnico. Tem uma ótima oportunidade no momento, treinando pela primeira vez um clube de ponta, no caso o Atlético Mineiro, que maltratou o meu Figueira.

Jefferson Nogueira disse...

O Zetti foi um excelente goleiro e com certeza será um grande técnico.

Gerson Sicca disse...

O Zetti tem futuro. Pode engrenar no galo, se tiver continuidade