segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Corinthians de Tite entre os piores*

Se levada em conta a era dos pontos corridos, desde 2003, só dois dos oito times já campeões do primeiro turno do Campeonato Brasileiro são superados pelo Corinthians de Tite. A equipe, líder após 19 rodadas mesmo com duas derrotas consecutivas, só tem melhor desempenho que o Santos de 2004 e o próprio Corinthians de 2005, times que que sagrariam campeões também ao fim da competição.

O Corinthians deste ano, ao fim do primeiro turno, soma 37 pontos e 65% de aproveitamento, mesmo índice do Internacional de 2009. Curiosamente, aquela equipe também tinha Tite como treinador, e terminou o Brasileiro como vice-campeã, já dirigida por Mário Sérgio nas rodadas finais.

Com Celso Roth em 2008, o Grêmio conseguiu aquele que é até hoje o melhor aproveitamento de campeão de turno a partir de 2003. O índice de 72%, entretanto, não foi sustentado no returno e o São Paulo levou o tri, com os gremistas ficando em segundo. São Paulo de 2007 e Cruzeiro de 2003 são os outros principais campeões de turno em índice de pontos conquistados.

O Corinthians de Tite, campeão do turno em 2011, teve 93% de aproveitamento nas 10 primeiras rodadas, com um empate e nove vitórias. Nas rodadas seguintes, esse índice caiu para 33%: são duas vitórias, três empates e quatro derrotas. Os únicos triunfos foram contra América-MG e Atlético-MG, último e penúltimo colocados do Brasileiro.

O ranking dos campeões de turno na Era dos pontos corridos:

- Grêmio-08 - 41 pontos em 19 jogos (72%)
- São Paulo-07 - 40 pontos em 19 jogos (70%)
- Cruzeiro-03 - 47 pontos em 23 jogos (68%)
- São Paulo-06 - 38 pontos em 19 jogos (66%)
- Fluminense-10 - 38 pontos em 19 jogos (66%)
- Corinthians-11 - 37 pontos em 19 jogos (65%)
- Internacional-09 - 37 pontos em 19 jogos (65%)
- Corinthians-05 - 39 pontos em 21 jogos (61%)
- Santos-04 - 41 pontos em 23 jogos (59%)

* Publicado no Terra

domingo, 28 de agosto de 2011

Nos clássicos paulistas, quem está mais próximo de ser um Barcelona?


Contra o Villarreal, neste domingo, o Barcelona inicia sua caçada por aquele que seria o segundo tetracampeonato espanhol de toda sua história. No elenco de Pep Guardiola, reforçado por Cesc Fabregas, um recorde: 11 jogadores formados em casa, o que é exatamente metade do grupo principal barcelonista. Suficiente para formar um time todo de canteranos. Valdés, Puyol, Busquets, Piqué e Fontás; Xavi, Thiago Alcântara e Fabregas; Pedro, Messi e Iniesta.

É verdade que Barcelona só tem um, mas os clássicos paulistas também deste domingo mostram que, no futebol de São Paulo, há dois clubes que pensam de maneira similar, e se enfrentam na Vila Belmiro. Em Presidente Prudente, os outros dois que vão a campo, têm conceitos muito diferentes aos barcelonistas.

Juntos, Santos e São Paulo devem colocar desde o início um total de nove ou dez crias da casa. De um lado, Rafael, Adriano, Elano, Ganso e Neymar podem sair jogando com Muricy Ramalho. E, do outro, Rogério Ceni, Juan, Casemiro, Wellington e Lucas são presenças asseguradas no onze titular de Adílson Batista. Não à toa, os dois clubes foram a base principal do Brasil Sub-20, campeão continental e mundial em 2011.

O ainda líder Corinthians e o Palmeiras, sexto colocado, vivem uma realidade completamente oposta e precisam gastar muito mais para ter times competitivos como o de seus dois rivais paulistas. No elenco corintiano - veja, elenco e não time - apenas Júlio César representa um abandonado Terrão que não revela mais ninguém. A base palmeirense, que não encontra em Luiz Felipe Scolari exatamente um aliado, só terá o lateral Gabriel Silva desde o início no Dérbi. Se você pensou em Patrik, possível substituto de Maikon Leite, esqueça: ele é cria do São Caetano.

Prospectar, formar e revelar são os verbos que constituem o trabalho de uma categoria de base de sucesso, o que se verá no clássico San-São, mas não no Dérbi. Criar seus jogadores em casa é algo que geralmente está no DNA. Por isso, o Barcelona faz seu próprio craque, Messi, e o Real Madrid compra o seu, Cristiano Ronaldo. É assim no México, com o Chivas que revela e o América que compra, e em tantas outras rivalidades do futebol mundial. Na do futebol paulista, por exemplo, hoje as divisões estão muito claras.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ele é um diamante


“Estou muito feliz pela conquista do Henrique (eleito o melhor do Mundial), mas para mim o Oscar foi a grande figura da nossa equipe”. A frase, extremamente corajosa, honesta e rara no meio do futebol, saiu da boca de Ney Franco em entrevista para a Rádio Gaúcha. Certamente, o treinador da seleção sub-20 não teve como base apenas os gols marcados contra Portugal, na decisão do Mundial.

Oscar foi soberbo em praticamente todos os momentos da competição, sobretudo o duelo contra a Espanha, em que deixou o campo por fadiga muscular. Mostrou-se competitivo ao extremo, algo raro até mesmo para ele, um talentoso meia marcado muito mais pela qualidade de seu toque na bola do que pelo envolvimento com a partida. Ao acrescentar novos ingredientes a seu jogo, o camisa 11 brasileiro se tornou imprescindível. De fato, como disse Ney, o grande nome do Mundial Sub-20.

Por trás de seu discurso, certamente, o treinador da seleção carrega um orgulho pessoal pela afirmação de Oscar. Afinal, ao longo do Sul-Americano Sub-20, bancou a titularidade do meia mesmo com atuações irregulares. Aos poucos, fez com que ele se sentisse mais à vontade na equipe, se agrupasse mais aos volantes e ganhasse status de protagonista na posse de bola. Exatamente o que ocorreu no Mundial, em que Coutinho fracassou na ideia de ser o líder do time.

O trabalho delicado e habilidoso de Ney Franco com Oscar é uma lição para os turrões, como Muricy Ramalho. Ney teve sensibilidade em perceber um jogador especial e introvertido, marca maior da personalidade do camisa 11. Se no São Paulo ele foi deixado em terceiro plano diante de jogadores como Léo Lima e Carlinhos Paraíba, na seleção sub-20 foi destacado dos demais, apontado como alguém especial.

Oscar, que sempre fugiu dos holofotes, também sempre os atraiu. Desde 2007 e sua fuga liderada por Juvenal Juvêncio. O Manchester United, atento ao que o meia havia feito no Mundialito Sub-17 da Espanha, naquela ocasião, desejava tirá-lo do Morumbi a qualquer custo. Juvenal o deixou escondido em território espanhol até que completasse 16 anos em 9 de setembro daquele ano. A história é uma das boas histórias que o envolvem e foram contadas pelo Olheiros, que em outubro de 2008 já profetizava um futuro craque.

O projeto craque demorou mais do que se esperava para se consolidar. Se hoje a ponte Cotia-Barra Funda funciona a pleno vapor, àquela época era raro um jovem da base ganhar espaço. Muricy, um admirador confesso de Oscar, não teve coragem para lançá-lo na Copa Libertadores do ano seguinte. Ricardo Gomes também deu poucas oportunidades, apesar de um lindo passe de calcanhar do meia, no Pacaembu, que terminou com gol de Richarlyson em dia de derrota para o Corinthians.

Oscar descobriu que, no futebol brasileiro, esteja no clube em que estiver, o jogador da base sempre será menos valorizado que alguém que venha de fora. Assim, após tantos meses de disputas e de ter feito brotar por si um ódio tremendo de todos os são-paulinos, desembarcou no Beira-Rio. Para que ele pudesse brilhar em 2011, o Inter até topou vender sua outra joia, Giuliano, herói da Libertadores. Tudo para que Oscar, a grande aposta de Fernando Carvalho, tivesse espaço.

Foi Falcão, sujeito tão sensível e simples quanto Ney Franco, que percebeu logo que Oscar, então fazendo trabalho de fortalecimento muscular, poderia ajudá-lo muito mais. Deu conselhos importantes de quem brilhou no futebol graças ao talento e à personalidade, nem tanto pelo físico.

Hoje já se vê Oscar aceso, vencendo bolas divididas, trombando com volantes truculentos e continuando em pé. Com a bola no pé. Assim, Oscar é tão bom quanto qualquer outro. Um diamante. Uma joia que, Mano Menezes já avisou a interlocutores, terá espaço no grupo que tenta o ouro olímpico em Londres-2012.

* Publicado no Olheiros

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A seleção sub-20 campeã e a linha que Mano não completa


Na prática, Danilo, Casemiro e Oscar são hoje ou em um futuro próximo, no máximo, os únicos jogadores campeões do Mundial Sub-20 capazes de ajudar Mano Menezes. O que não significa que não haja brilho no trabalho de Ney Franco e no pentacampeonato conquistado na Colômbia. O time brasileiro progrediu coletivamente de forma absurda desde o Sul-Americano e sequer teve seus dois melhores jogadores, Neymar e Lucas, no título do último sábado.

Mas, a partir de agora, é cada um com sua luta particular em seu clube. Gabriel tentará ser um reserva confiável para Fábio, Bruno Uvini e Henrique vão buscar algo a mais no São Paulo, Coutinho ainda se encontrar como profissional e Fernando mais um dos bons volantes revelados pelo Grêmio. O mesmo serve para Juan, Dudu, Negueba e tantos outros. Mas importante notar que, ao contrário de outros momentos, a seleção sub-20 auxiliou na formação de seus campeões. Todos devem receber oportunidades de verdade em seus clubes, dada a qualidade e a projeção do trabalho de Ney Franco e o título Mundial.

Mas, por ora, Mano Menezes sabe que só dois ou três estão em sua órbita de verdade. Ele, que fala tanto em linha de trabalho uniforme da sub-15 ao time profissional, deve saber que existe um hiato muito grande entre o time júnior e o principal. É a seleção olímpica, em 2012, que fecha o ciclo formativo desses jogadores campeões com a camisa verde-amarela. E justamente aí, onde simplesmente não existe um time que treine e jogue junto, o hiato que pode não dar a Mano mais do que esses dois ou três.

Mano, que comanda a seleção olímpica daqui pouco mais de 11 meses, em Londres, nunca reuniu todos os jogadores que devem participar dos Jogos. Há uma base, sobretudo na frente, mas a linha de trabalho que começa aos 15 anos, hoje, ainda não passa dos 20. No Velho Continente, os Europeus Sub-17, Sub-19 e Sub-21 fazem esse papel com perfeição, já que à fase final do último chegam atletas com 22 ou até 23 anos. De lá, saem prontos para assumir responsabilidades - a geração alemã campeã sub-21 foi a base para a Copa 2010, por exemplo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A lista completa de bons jogadores sem sete jogos na Série A 2011


Tem torcedor respirando aliviado quando jogador do seu time completa sete jogos. Tem motivo. Afinal, a criação de um limite de partidas para a transferência dentro do Campeonato Brasileiro gera, há anos, situação desconfortável para atletas e equipes, como ocorre atualmente com Fred, o Fluminense e seus seis jogos disputados na edição 2011, e também já aconteceu com Kléber e o Palmeiras, por exemplo.

Na Europa, há dois períodos em que é possível fazer transferências: até 30 de agosto, no início da temporada, e no inverno europeu, durante o mês de janeiro. Também é permitida a mudança de jogadores independente do número de jogos que tenham realizado.

Abaixo, confira uma relação com mais de 100 jogadores razoavelmente interessantes que ainda não têm sete partidas disputadas na Série A 2011. Entre parênteses, o número de jogos realizados e a posição de cada um. (G = goleiro, LD = lateral direito, Z = zagueiro, LE = lateral esquerdo, V = volante, M = meia e A = atacante).

América-MG: Micão (Z-6), otávio (Z-4), Carleto (LE-6), Eliandro (A-6) e Léo (A-6)

Atlético-GO: Leonardo (Z-3), Rômulo (V-2), Diogo Campos (A-2) e Juninho (A-5)

Atlético-MG: Werley (Z-5), Leandro (LE-6), Guilherme Santos (LE-6), Fillipe Soutto (V-3), Renan Oliveira (M-4), Mancini (M-6), Giovanni Augusto (M-6), Daniel Carvalho (M-6), Wesley (A-5) e Jonatas Obina (A-6)

Atlético-PR: Wagner Diniz (LD-3), Wendel (V-6), Fransérgio (V-1), Robston (V-4) e Paulo Roberto (V-2)

Avaí: Aleksander (G-5), Cássio (Z-5), Acleisson (V-6) e Maurício Alves (A-5)

Bahia: Omar (G-1), Thiego (Z-4), Danny Morais (Z-2), Fabinho (V-5), Zezinho (M-0), Nikão (M-1), Jones (M-4), Carlos Alberto (M-5) e Souza (A-6)

Botafogo: Renan (G-5), Lucas (LD-6), Somália (V-5), Loco Abreu (A-3) e Alex (A-6)

Ceará: Diego Macedo (LD-3), Erivélton (Z-4), Eusébio (V-5) e Enrico (M-6)

Corinthians: Alessandro (LD-3), Paulo André (Z-1), Moradei (V-4) e Ramírez (V-2)

Coritiba: Vanderlei (G-2), Lucas Mendes (LE-4), Triguinho (LE-3), Leandro Donizete (V-5) e Leonardo (A-6)

Cruzeiro: Diego Renan (LE-5), Dudu (M-6) e Thiago Ribeiro (A-6)

Figueirense: Wellington Nem (M-5)

Flamengo: Rafael Galhardo (LD-3), Jean (Z-2), Fernando (V-2), Fierro (M-2) e Vander (M-1)

Fluminense: Ricardo Berna (G-4), Leandro Euzébio (Z-4), André Luís (Z-0), Júlio César (LE-6), Diogo (V-2), Fred (A-6), Araújo (A-2) e Matheus Carvalho (A-6)

Grêmio: Marcelo Gröhe (G-6), Bruno Collaço (LE-4), Vílson (Z-3), Adílson (V-4), Willian Magrão (V-6), Fernando (V-4), Diego Clementino (A-1) e Roberson (A-5)

Internacional: Índio (Z-6), Wilson Matias (V-3), Andrezinho (M-4) e Alex (A-3)

Palmeiras: Deola (G-2), Leandro Amaro (Z-3), João Vítor (V-5), Pierre (V-0), Rivaldo (V-3), Valdívia (M-5), Tinga (M-5) e Vinícius (A-2)

Santos: Bruno Aguiar (Z-6), Bruno Rodrigo (Z-5), Adriano (V-3), Possebon (V-6), Ganso (M-4), Neymar (A-3), Elano (M-5), Felipe Anderson (M-5), Diogo (A-4) e Tiago Alves (A-5)

São Paulo: Denis (G-1), Ilsinho (LD-5), Bruno uvini (Z-5), Henrique (A-5) e Willian José (A-2)

Vasco: Douglas (Z-2), Fellipe Bastos (V-2), Nílton (V-0), Jéferson (M-4) e Allan (M-5)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dellatorre, promessa da Traffic no reino do Sonda


Guilherme Dellatorre carrega muito mais histórias do que aparenta. Artilheiro da última Copa São Paulo, o centroavante lançado por Osmar Loss contra o Atlético-GO no Internacional é também o primeiro grande candidato a craque que surge das categorias de base do Desportivo Brasil, o clube da Traffic. Della, como costuma ser chamado, pode inaugurar um momento importante no futebol brasileiro, visto a qualidade do trabalho de base que o Desportivo faz.

Com uma infraestrutura invejável, profissionais muito capacitados e que são referências na base, o DB também atua de forma agressiva, muitas vezes pouco ética, na captação de atletas. O potencial de muitos de seus jogadores deve causar impacto no universo da base a médio prazo e Dellatorre tem tudo para ser o marco zero disso. Uma lição a Corinthians, Botafogo, Palmeiras e outros que revelam muito menos do que poderiam.

Há algo ainda mais curioso por trás da história de Dellatorre, que chegou ao Beira-Rio no início do ano em um parceria no modelo 50% a 50% entre Internacional e Traffic. Nada de anormal, não fosse o Colorado dono de uma parceria quase familiar com o Grupo Sonda.

Delcir Sonda participou de momentos importantes na reabilitação do Inter nos últimos anos, sobretudo contratando nomes como Nilmar, D'Alessandro e Kléber, por exemplo. Ao Grupo, pertencem muitos atletas de potencial da base colorada, e aparentemente não há melindre pela chegada de um concorrente histórico ao Beira-Rio.

Resta observar, sobretudo Guilherme Dellatorre. Centroavante típico, tem força, qualidade e principalmente muito faro de gol. Certamente será preparado para ocupar a lacuna que deixará Leandro Damião. Osmar Loss o colocou como titular contra Atlético-GO e Cruzeiro. Mais oportunidades serão dadas, principalmente se realmente chegar Dorival Júnior, favorito expresso ao cargo.

domingo, 7 de agosto de 2011

Cícero e sua incrível média de gols com a cabeça


Os torcedores de Figueirense, Fluminense e Hertha Berlin já conhecem muito bem. Os do São Paulo também já vão se familiarizando: Cícero, um dos reforços da boa leva são-paulina para o Campeonato Brasileiro, tem uma incrível capacidade de marcar gols de cabeça. Herói com dois gols da vitória tricolor na Ressacada, ele estreou como titular justamente na cidade em que despontou de verdade para o futebol, Florianópolis. Estreou justamente, também, marcando numa cabeçada.

Em sua melhor temporada pelo Fluminense, a do vice-campeonato da Copa Libertadores 2008, Cícero teve uma incrível marca: oito gols no primeiro semestre, sendo quatro de cabeça - dois deles na própria Libertadores, contra Libertad e LDU. Em outra campanha de quase, a do Hertha Berlin quase campeão alemão de 2008/09, brilhou com sete gols na Bundesliga. Quatro também foram com a cabeça. Na época, o Bayern de Munique por pouco não o contratou.

Os números não seriam tão bons se Cícero, prata da casa do Bahia, fosse um centroavante. Mas ele é um meia. Não seriam tão impressionantes se ele fosse alto, mas só tem 1,81m. O desempenho do novo são-paulino nesse tipo de jogadas é um misto de técnica na finalização, ótimo posicionamento e uma impulsão fora do normal. No sistema de Adílson Batista, justamente o treinador responsável por projetá-lo no Figueirense/2006 ao lado de Soares e Schwenck, pode ser ainda mais útil.

Com homens de frente rápidos e baixos, Adílson quer que o meia-atacante, sempre que possível, aproveite os espaços abertos e apareça na bola alta. Assim, Rivaldo marcou como centroavante contra o Atlético-GO. Poupado neste domingo, viu seu substituto aparecer como camisa 9 após um escanteio muito bem batido por Dagoberto. Os dois podem até jogar juntos, basta sacar Carlinhos Paraíba. No Fluminense, Cícero formava um losango com Ygor, Arouca e Conca. É o mesmo 4-3-1-2 são-paulino.

O pé calibrado de Dagoberto, aliás, é um ótimo ingrediente para que Cícero aproveite as bolas aéreas. Garçom dos dois gols na Ressacada, o camisa 25 chegou a 13 assistências na temporada em que também já marcou 17 vezes. Com tantas alternativas, caso da bola aérea forte com Cícero, o São Paulo pode perfeitamente entrar firme na briga pelo título.

sábado, 6 de agosto de 2011

Agora, o 4-2-3-1 é o remédio contra a crise


Celso Roth chegou ao Grêmio disposto a pôr as coisas em seus devidos lugares e apagar a crise no Estádio Olímpico, respaldado por um Paulo Pelaipe quase incendiário em suas atitudes e declarações. Roth, que nunca se furtou a recorrer ao sistema de três zagueiros para trancar times instáveis, adota um desenho diferente na quarta passagem pela Azenha: o 4-2-3-1 foi colocado em prática contra o Palmeiras, neste sábado.

Com o esquema tático, Roth teve sempre pelo menos oito ou nove jogadores de linha atrás da bola, deixando evidente toda a falta de imaginação e alternativas do Palmeiras de Luiz Felipe Scolari que não marcou desta vez nas faltas de Marcos Assunção. O remédio adotado por Celso ao Grêmio não é diferente ao de muitos treinadores: antes visto só como um sistema ofensivo, o 4-2-3-1, difundido principalmente a partir do Grêmio de Mano Menezes, se tornou a melhor opção para ter a zaga protegida.

É assim, por exemplo, que Abel Braga rapidamente vai colhendo frutos com o Fluminense. Antes um time estático, lento e pouco competitivo, o Flu de Abelão cresce a partir das presenças, quase sempre, de Souza e Marquinho pelos lados em um 4-2-3-1 - às vezes, varia para 4-2-2-2. É a mesma ideia do Figueirense de Jorginho, do Corinthians de Tite e do próprio Palmeiras de Felipão, por exemplo. Não à toa, as equipes citadas têm os melhores números defensivos do Brasileiro.

Em um passado muito próximo do futebol brasileiro, entretanto, as ideias eram outras: o 3-5-2 (com todas variações possíveis) era adotado como remédio para times em crise, pois dois zagueiros encaixavam a marcação no ataque adversário, um ficava na sobra, os laterais tinham menos obrigações defensivas e a defesa ficava mais protegida. O futebol competitivo em sua essência premiou o São Paulo de Muricy Ramalho, o Atlético-PR de Geninho e o Corinthians de Antônio Lopes e Márcio Bittencourt, por exemplo.

O 4-2-3-1 não requer tantas semanas de treino para ser colocado em prática, sobretudo para proteger a defesa. Basta cobrar dos laterais um posicionamento mais defensivo, eleger volantes com boa marcação e alguma dinâmica e, principalmente, ter dois atletas cumpridores pelos lados do campo. Celso Roth deu mais liberdade a Leandro pela direita, mas certamente irá cobrar de Lúcio, que joga à esquerda, uma recomposição firme. É o principal componente do novo remédio dos treinadores brasileiros contra a crise.