domingo, 24 de julho de 2011

A primeira conquista do Maestro


O dom de orientar esteve com Óscar Tabárez desde que ele era professor em escolas de Cerro, Paso de la Arena e La Teja. Daqueles tempos, herdou o apelido de Maestro e métodos que aplicaria no dia a dia do futebol. Campeão da Copa América no domingo, Tabárez conquistou seu primeiro troféu com a Celeste Olímpica. Ensinando e coordenando tudo, foi um dos heróis do título que realmente põe o Uruguai no radar das potências mundiais. Por mais que o quarto lugar na África do Sul tenha sido a senha, nada tem mais peso que uma taça na sala de troféus. É a confirmação.

Pela taça da Copa América, os uruguaios devem muito a Tabárez, que por alguns meses de desvantagem para Gerardo Martino, do Paraguai, não era também o treinador mais lôngevo da competição: estreou com quarto lugar na Copa América de 2007. O trabalho de longo prazo dá a ideia objetiva de quão preparado chegou o Uruguai ao torneio com a maior preparação entre as favoritas. Se Mano Menezes estava nos alicerces e Sergio Batista ainda procurava o terreno, ao Maestro só restava cobrir com o telhado. Martino não tinha todo o material necessário.

O Uruguai, com as peças certas, se formou durante a Copa América e com bases semelhantes ao que havia ficado da Copa do Mundo. Desta vez, com Cáceres na lateral e Coates na zaga, sinal de um time mais jovem. Sem Cavani, coube ao laziale Álvaro González guarnecer o flanco direito e oferecer campo para Diego Forlán, agora muito mais perto de Luis Suárez que na África do Sul. Cada vez mais maduro e pronto para façanhas ainda maiores, Luisito foi o comandante com o respaldo de Tabárez. No futuro, Cavani também deve assumir esse papel.

Há conquistas em que, por mais que tenham jogadores no protagonismo, também se nota um dedo ou a mão inteira do treinador. É o caso da Copa América de 2011. A Celeste Olímpica, como é habitual de suas raízes, joga de forma coletiva, ordenada e taticamente perfeita. A ponto de enfrentar a Argentina de Lionel Messi com um a menos por tanto tempo e conseguir propor o jogo de igual para igual. Que pena para os argentinos não terem um Tabárez...

Maestro desde os tempos em que frequentava os colégios como professor, o treinador também tem papel fundamental no momento do futebol local, de volta à Olimpíada após 84 anos e vice-campeão mundial sub-17 com talentos como o zagueiro Velázquez, nascido em 1994. A seleção se reflete nos clubes, com o Nacional forte como campeão uruguaio e o Peñarol vice da Copa Libertadores. Se reflete também no povo uruguaio, com o orgulho alto por seu momento esportivo e por sua equipe de que tanto pode se orgulhar.

Nenhum comentário: