sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Caio Júnior, o contrato e os treinadores queimados


Caio Júnior chegou cheio de sonhos ao Estádio Olímpico, onde ele sonhava repetir a passagem como jogador tricampeão gaúcho. Mas Caio, que cairia oito jogos depois, já chegou com prazo de validade. Ele sabe disso.

A queda do treinador era anunciada desde a assinatura de seu contrato, cuja multa rescisória era de apenas um mês salário. Vanderlei Luxemburgo, que curiosamente substituiu Caio Júnior, costuma atribuir sua queda no Real Madrid ao contrato sem multa, por mais que tenha caído por outras razões também. Não é por acaso que do Flamengo, em fevereiro, Vanderlei só saiu com esse pagamento: R$ 4 milhões. Muitas vezes, a sequência de um trabalho pode ser condicionada pelo contrato que impede demissões como a de Caio.

Por mais que tenha cara de bom moço, Caio Júnior não é ingênuo a ponto de desconhecer esse procedimento, mas chegar a um clube como o Grêmio, com a dupla Odone-Pelaipe e sem multa no contrato, era um risco. Calculado, mas que Caio resolveu topar. O preço que ele paga é o de arranhar ainda mais uma imagem prejudicada pelo senso geral de que não está maduro para times grandes.

O momento de Caio Júnior não é diferente ao de Adílson Batista. Ele estreou pelo São Paulo com empate contra o Atlético-GO em 23 de julho. O time, que vinha de duas vitórias com Mílton Cruz, não venceu. Adílson começou seu trabalho com vaias e a sensação é que já havia estreado demitido pelo estigma que carrega. Foi preciso um turno para cair contra o mesmo time da estreia. Já havia caído rápido de Corinthians e Santos.

Caio e Adílson Batista, que chegou a ser cotado no Grêmio, são exemplos de treinadores que carregam comentários negativos, e muitas vezes injustos, por onde passam. O carimbo de Professor Pardal está colado na testa de Adílson e de Carpegiani, outro desse gênero. Caio, pasmem, paga por parecer ser inteligente demais, ou ingênuo demais, ou por não segurar a onda nas derrotas. Osvaldo de Oliveira é mais um que será cobrado como nunca após a primeira sequência ruim. Quase uma década fora do Brasil não mudou nada sobre o que as pessoas pensam dele.

Para dar a volta por cima, os treinadores queimados poderiam se mirar em Tite, cuja demissão no Corinthians foi ventilada em intermináveis ocasiões no último ano. Seu trabalho foi pressionado pelo que conselheiros e blogueiros gostam de chamar de "processo de fritura". Escalava o time com três atacantes, mas era chamado retranqueiro. A paciência nas arquibancadas só chegou com o título brasileiro e Tite virou intocável, ao menos por enquanto. Seu time não perde há 15 jogos.

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