segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tudo ou nada para Ronaldinho


Nos últimos tempos, quase tudo não soa bem quando o assunto é Ronaldinho, titular da seleção brasileira contra a Bósnia nesta terça-feira. A começar pela visita de Andrés Sanchez e parceiros à Gávea justamente na véspera da convocação, um fato que poderia ter se evitado. O Flamengo caça patrocínios, a CBF busca apoio em momento difícil e o camisa 10 ainda é midiático. Ainda mais se também tiver a 10 da seleção.

Quando usa o argumento de que clube e seleção são temas diferentes, aliás, Mano se esquece de decisões que ele próprio tomou no passado. A mais importante delas foi retirar Neymar de convocação por conta de seu atrito com Dorival Júnior, em 2010. As medidas usadas para Ronaldinho, que já faltou a vários treinamentos do Fla em 2012, foram diferentes.

Pois ele, Ronaldinho, será titular novamente e, se não convenceu nas outras oportunidades com Mano Menezes, tem agora nova chance de fazê-lo na seleção. Hernanes deve jogar à direita, Neymar à esquerda e ele, centralizado com a incumbência de coordenar tudo. Acima disso, chamar a responsabilidade e ser o líder que Mano diz esperar que ele seja. É o tipo de jogador que dificilmente será coadjuvante ou mesmo reserva na seleção. Só precisa provar que merece constar nos planos.

Ainda que retire pressão de Neymar quando está em campo, Ronaldinho não assume o papel de líder que Mano diz dele esperar. Não assumiu em Pequim. Já Kaká, descartado em nova convocação, tem mais esse perfil, mas a última resposta do treinador a seu respeito foi forte e conclusiva. Ronaldinho é que terá agora tempo e espaço para mostrar que pode liderar os jovens. No Flamengo, está bastante distante desse papel. Não é exemplo a ser seguido.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O novo, ascendente e campeão Fluminense


O jogo mais importante da temporada, contra o Arsenal de Sarandí, foi um show de horrores tamanha a quantidade de erros cometidos na vitória de 1 a 0. A semifinal da Taça Guanabara, diante do Botafogo, dia em que a vitória pendeu mais para o outro lado. Mas a decisão com atuação irretocável e que dá o título do primeiro turno representa mais. O Flu-2012 e Abel Braga podem ter encontrado o melhor jeito de se jogar.

Isso passa por entregar, sempre que possível, a bola nos pés de Deco. Segundo principal passador do Flu no clássico, ele tranquiliza, toma a decisão correta e pouco erra - 5 só errados em 30 passes dados como quem parece jogar sem chuteiras, só de meias. Na faixa central, Deco oferece sossego a volantes tecnicamente abaixo da crítica. Seja Edinho, Diguinho, Valencia ou Jean.

Outro ponto fundamental: Wellington Nem dá refresco aos volantes porque recompõe de maneira fiel e inferniza os laterais. Rafael Sobis, Wagner, Thiago Neves e Araújo, concorrentes de posição pelos lados, não o fazem. Nem precisa ser titular nos grandes jogos. E Abel, de trato pouco delicado mas que conhece um vestiário como poucos, precisará controlar um elenco com muitos jogadores de grandes objetivos pessoais.

Se aproximar da montagem dessa equação é o grande ponto do título do Fluminense na Taça Guanabara. Se há craques em abundância, basta ter um time de verdade para ficar perto das conquistas. Do Campeonato Carioca, claro, o Flu já se aproximou.

A hora da decisão no clássico em Prudente


Ao contrário do que se pode pensar, um grande jogador não se faz apenas com qualidade técnica. Não basta. A questão também pode ser ampliada para um time. Não basta ter talento. É a lição para o São Paulo de Emerson Leão, três vezes atrás do placar contra o Palmeiras e uma equipe cujos jogadores muitas vezes tomam a decisão errada. Com e sem bola.

Casemiro, sabedor da qualidade da bola parada do rival, não pode fazer falta tola na frente da área. Cortez, a maior válvula de escape para a transição e o calcanhar de Aquiles da defesa, não pode permitir bola cruzada como a do segundo gol e que sai em sua frente. Também não pode se comportar como volante no lance do terceiro gol. A finalização de Barcos acontece no setor do lateral esquerdo. Não importa se o argentino é centroavante. Cortez devia estar ali.

O Palmeiras é justamente o contrário, porque a qualidade técnica é reduzida mas os jogadores quase sempre sabem o que fazer. Daniel Carvalho entende que não vai ganhar na corrida, mas tem inteligência para distribuir o jogo e jogar curto. Barcos, sem talento, tem na discrição e na finalização apurada sua maior virtude. São exemplos de um time que toma as decisões certas em campo. E que pode ficar forte de verdade com Wesley e Valdivia.

A nove rodadas, o São Paulo caminha para o mata-mata com uma série de problemas em campo e o verbo decidir pode realmente se tornar dor de cabeça. Pior defesa entre os seis primeiros, o time de Leão também é o que menos desarma entre os grandes, está cansado de levar gols pelo alto e foi seis vezes vazado em dois jogos. Não merecia o empate em Prudente.

PS.: Para entender melhor os lances citados, o vídeo abaixo traz os gols
http://www.youtube.com/watch?v=HrQ-yvOSqts

Marcelinho, Lucas e os clássicos


Na terceira semana de setembro de 2010, Lucas deu seu grito de independência. Até hoje não se sabe se deu sozinho, ou se Juvenal Juvêncio é quem pediu que abandonasse o apelido do mais vitorioso jogador da história do rival Corinthians. Mas Lucas deixou para trás o Marcelinho e, quatro dias depois, decidiu seu primeiro clássico. No Pacaembu, fez gol e serviu Fernandão contra o Palmeiras, 2 a 0 para o São Paulo. Foi seu cartão de visitas, sua afirmação após 40 dias de estrear entre os profissionais.

A semana que antecede o São Paulo-Palmeiras deste domingo também teve Lucas nas manchetes, mas da diretoria tricolor - com Emerson Leão no meio - em novo atrito com Andrés Sanchez, agora o homem de seleções da CBF. A briga foi para retardar a apresentação de seu mais precioso jogador para o amistoso contra a Bósnia. Leão e Juvenal sabem que ele é quem pode decidir e ele sabe que precisa decidir mais. Sabe que não é mais Marcelinho.

Desde a profissionalização de sua maior joia, o São Paulo disputou 15 clássicos e ele não entrou em campo em seis deles. Seja por seleção, acúmulo de cartões ou suspensão. Lucas jogou nove clássicos e venceu duas vezes. Fez três gols. Por mais que a responsabilidade seja dividida e que ele tenha feito parte de equipes inconsistentes, Lucas sabe que seu cartel não é digno para alguém de seu potencial.

Os números mostram objetivamente como ele está disposto a chamar a responsabilidade no novo ano. No último Brasileiro, Lucas tinha 2,5 finalizações, 5,1 dribles e 30 passes em média por jogo. Neste Paulista, ele finaliza 4 vezes por partida em média, dá 9,1 dribles e também toca mais na bola. São 33 passes. O camisa 7 do Morumbi é o segundo maior finalizador e o segundo maior driblador do Estadual.

Não basta só arrancar com a bola dominada e driblar feito um desesperado ou chutar de longe a todo momento. É preciso levar o time, conduzir. Sem Luís Fabiano, sem Rogério Ceni, sem Wellington e ainda sem uma equipe confiável, Lucas precisa decidir contra os rivais. Da última vez que isso aconteceu, ele ainda se chamava Marcelinho.

Os 15 clássicos da Era Lucas (em negrito, quando venceu ou marcou)

22/08/2010 - Corinthians 3 x 0 São Paulo (45 minutos)
19/09/2010 - Palmeiras 0 x 2 São Paulo (90 minutos e 1 gol)
17/10/2010 - Santos 4 x 3 São Paulo (45 minutos)
07/11/2010 - São Paulo 0 x 2 Corinthians (90 minutos)
30/01/2011 - São Paulo 0 x 2 Santos (seleção sub-20)
27/02/2011 - São Paulo 1 x 1 Palmeiras (80 minutos)
27/03/2011 - São Paulo 2 x 1 Corinthians (seleção)
30/04/2011 - São Paulo 0 x 2 Santos (lesionado)
26/06/2011 - Corinthians 5 x 0 São Paulo (seleção)
21/08/2011 - São Paulo 1 x 1 Palmeiras (suspenso)
28/08/2011 - Santos 1 x 1 São Paulo (87 minutos e 1 gol)
21/09/2011 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (90 minutos)
27/11/2011 - Palmeiras 1 x 0 São Paulo (suspenso)
04/12/2011 - São Paulo 4 x 1 Santos (1 gol e 86 minutos)
12/02/2012 - Corinthians 1 x 0 São Paulo (90 minutos)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Caio Júnior, o contrato e os treinadores queimados


Caio Júnior chegou cheio de sonhos ao Estádio Olímpico, onde ele sonhava repetir a passagem como jogador tricampeão gaúcho. Mas Caio, que cairia oito jogos depois, já chegou com prazo de validade. Ele sabe disso.

A queda do treinador era anunciada desde a assinatura de seu contrato, cuja multa rescisória era de apenas um mês salário. Vanderlei Luxemburgo, que curiosamente substituiu Caio Júnior, costuma atribuir sua queda no Real Madrid ao contrato sem multa, por mais que tenha caído por outras razões também. Não é por acaso que do Flamengo, em fevereiro, Vanderlei só saiu com esse pagamento: R$ 4 milhões. Muitas vezes, a sequência de um trabalho pode ser condicionada pelo contrato que impede demissões como a de Caio.

Por mais que tenha cara de bom moço, Caio Júnior não é ingênuo a ponto de desconhecer esse procedimento, mas chegar a um clube como o Grêmio, com a dupla Odone-Pelaipe e sem multa no contrato, era um risco. Calculado, mas que Caio resolveu topar. O preço que ele paga é o de arranhar ainda mais uma imagem prejudicada pelo senso geral de que não está maduro para times grandes.

O momento de Caio Júnior não é diferente ao de Adílson Batista. Ele estreou pelo São Paulo com empate contra o Atlético-GO em 23 de julho. O time, que vinha de duas vitórias com Mílton Cruz, não venceu. Adílson começou seu trabalho com vaias e a sensação é que já havia estreado demitido pelo estigma que carrega. Foi preciso um turno para cair contra o mesmo time da estreia. Já havia caído rápido de Corinthians e Santos.

Caio e Adílson Batista, que chegou a ser cotado no Grêmio, são exemplos de treinadores que carregam comentários negativos, e muitas vezes injustos, por onde passam. O carimbo de Professor Pardal está colado na testa de Adílson e de Carpegiani, outro desse gênero. Caio, pasmem, paga por parecer ser inteligente demais, ou ingênuo demais, ou por não segurar a onda nas derrotas. Osvaldo de Oliveira é mais um que será cobrado como nunca após a primeira sequência ruim. Quase uma década fora do Brasil não mudou nada sobre o que as pessoas pensam dele.

Para dar a volta por cima, os treinadores queimados poderiam se mirar em Tite, cuja demissão no Corinthians foi ventilada em intermináveis ocasiões no último ano. Seu trabalho foi pressionado pelo que conselheiros e blogueiros gostam de chamar de "processo de fritura". Escalava o time com três atacantes, mas era chamado retranqueiro. A paciência nas arquibancadas só chegou com o título brasileiro e Tite virou intocável, ao menos por enquanto. Seu time não perde há 15 jogos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

É o Brasil na Copa Libertadores


Os times brasileiros que vão à Copa Libertadores não têm um conjunto sólido, experimentado e duradouro como do Velez Sarsfield de Sebá, Papa, David Ramírez, Martínez e Augusto Fernández. Também não há um brasileiro com um treinador inovador e ascedente como Jorge Sampaoli, da Universidad do Chile. Nenhum pentacampeão como o Peñarol, vice de 2011 com base mantida. Entre as equipes brasileiras, não existe um jogador com a história de Libertadores como Juan Riquelme, vencedor em 2000, 2001 e 2007.

É evidente que as constatações (ou afirmações) acima são apenas uma parte da história e que Santos, Corinthians, Vasco, Fluminense, Flamengo e Internacional têm motivos para buscar o título com força. Em especial os três primeiros, aparentemente mais bem preparados em vários aspectos, dentro e fora de campo. A dica é não esquecer a qualidade dos rivais, lição que se evidenciou no início de maio com as quedas de quatro brasileiros nas oitavas de final.

O Santos tem os jogadores mais decisivos, carrega a taça de 2011 e tem um treinador indiscutivelmente vencedor. Mas também é verdade que não mostra futebol convincente há meses e que não é seguro apostar R$ 10 em Paulo Henrique Ganso, Elano, Henrique, Léo e Edu Dracena.

O Vasco ainda é um belo time, tem o melhor zagueiro das Américas, mas a saída de Elton enfraquece o elenco carente de bons reforços. Feltri e Rodolfo são incógnitas. Os salários estão atrasados, Rodrigo Caetano se foi e o efeito Ricardo Gomes já é coisa do passado.

O Corinthians não perdeu titulares, fez alguns bons negócios, mas precisa se tornar uma equipe mais madura, confiável, e que não vacile tanto dentro das partidas. Os deslizes do Campeonato Brasileiro são fatais em um torneio como a Libertadores e Tite ainda precisa encontrar encaixe com Douglas.

O Fluminense parece o mesmo de sempre. Craques de sobra do meio para frente, problemas em demasia na retaguarda e um time em busca de identidade. Abel Braga, motivador competente e treinador nem tanto, também precisará controlar muitos jogadores com expectativa de titularidade. É 8 ou 80.

O Flamengo tem uma dupla capaz de ganhar a Libertadores sozinha, mas a edição 2010 deixou claro que isso geralmente não basta. Joel Santana deve trazer paz e chega motivado à Gávea, mas falta companhia a Ronaldinho e Vagner Love. Falta basicamente quase tudo ao Fla fora de campo. Não há como realizar grandes previsões.

O Internacional, como nos últimos cinco anos, tem um dos dois ou três melhores elencos do Brasil, mas nem sempre isso resolve. O trio D'Alessandro-Oscar-Damião empolga e vira quarteto poderoso se Dagoberto se entrosar. Mas, na estreia de Dorival Júnior na Libertadores, é aguardar para ver o que os colorados vão produzir com a bola no pé.

E vocês, apostam em quem?