Aos fãs do futebol, não haveria melhor maneira de apreciar a antevéspera natalina. Os dois clássicos que melhor combinam rivalidade e técnica, na Europa, brindaram àqueles que abriram mão da praia (ou do passeio no parque), do almoço com os amigos ou da macarronada da sogra.
Internazionale e Milan, ao contrário do que ocorre sistematicamente no dérbi milanês, protagonizaram uma partida movimentada e com muitas alternativas. Na Catalunha, Real Madrid e Barcelona, por sua vez, deixaram poucos espaços, em um duelo marcado pela maior segurança merengue ao longo dos 90 minutos.
Além disso, ficou claro o momento de transição pelo qual passam as quatro equipes. Real e Inter, além de vencedores, foram dominantes em todo o tempo, cenário inimaginável nas últimas temporadas. E, nas duas partidas, foi na faixa central dos meios-campos que apareceram os dois protagonistas do domingo: Cambiasso e Júlio Baptista.
- Um Tanque no Camp Nou -
Cerca de 99 mil pessoas brindaram o “clássico dos clássicos” e, muitas delas, dariam a Júlio Baptista o prêmio de dono do jogo. Na verdade, JB só comprovou a bela fase que atravessa e que, é dever dizer, se iniciou na Copa América. Acumulando sucessivos bons jogos, minou as chances de Guti atuar entre os titulares. E, se sabe bem, o meia espanhol é um jogador muito influente no dia-a-dia merengue, algo que amplia os méritos de Júlio.
Encaixado por Schuster como meio-campista interno, o brasileiro se beneficia da enorme segurança defensiva que oferecesse o malinês Diarra. Teoricamente, Júlio Baptista é um dos dois volantes, atrás dos meias externos (Robinho e Sneijder) e dos atacantes (Raúl e Van Nistelrooy). Mas, várias vezes, JB se apresentou à frente, o que ocasionalmente significa um 4-1-3-2. Nessa situação, o destaque do clássico apresenta suas maiores virtudes: força física para romper pela marcação, rapidez no deslocamento e excelente finalização de média e curta distância.
Júlio Baptista, em inúmeras situações da carreira, pagou pelo rótulo de coringa. Por ser forte demais, já foi usado como primeiro homem de meio-campo – ou, até, como centroavante. Entender suas características, nitidamente algo que faz Schuster, só lhe traz benefícios. Vale lembrar que, no Sevilla, JB fez 39 gols em duas temporadas: números indiscutíveis, assim como sua atuação deste domingo.
- Volante-meia e meia-volante –
As atuações de Cambiasso, nos gramados alemães em 2006, foram pouco reconhecidas. Aliás, em razão do que fizeram Frings, Pirlo e Vieira, passaram despercebidas. Na atual temporada, o volante argentino só comprova a evolução e consolidação de seu futebol. Hoje, é um dos principais jogadores da posição em toda a Europa. E, no dérbi de Milão, o interista, além do gol da vitória (com enorme colaboração do decadente Dida), brindou os admiradores do futebol moderno com mais uma performance acima da média.
A importância de Cambiasso, antes de tudo, aparece quando Figo, Vieira, Stankovic e Dacourt –concorrentes das outras três vagas no meio-campo de Roberto Mancini – estão lesionados. Em sua plenitude física, o argentino segue comandando o setor, ponto alto da Internazionale que perdeu um de seus últimos 57 jogos na Série A.
Volante-meia ou meia-volante? A verdade é que Cambiasso, da natureza de seu futebol, cumpre todos os fundamentos com excelência. Após sua carreira perder o foco e as comparações com Fernando Redondo murcharem, o interista é mais que realidade. É, ao lado de Ibrahimovic, o dono do time. Time que, aliás, tem tudo para ser tricampeão no plano doméstico.
2 comentários:
Verdade né? Até temporadas atrás, o cenário era bem diferente...
O Júlio Baptista ainda é um cara que me deixa com pé atrás, mas certamente não é esse monstro que pintam ae.
Cambiasso é um puta volante moderno. Joga muita bola.
Dois jogaços e dois brasileiros decidindo ambas partidas. JB pro Real e Dida...pra Inter.
Abraço!
Muito obrigado Dassler pelo "decante" Dida algo que na imprensa esportiva é muito pouco comentada.......
Um time com o Milan deve rever alguns jogadores....
Julio Baptista o reconhecimento no Brasil é complicado, saiu do São Paulo barato e sem uma posição realmente definida.
No Sevilla foi espetacular os números dizem tudo em uma equipe diferente da atual.
Na sua primeira temporada de Real Madrid fez mais gols que Robinho !!
Sua passagem pelo Arsenal teve poucos momentos de brilho mas reacendeu a chama na Copa América, aguardou o tempo e deixou Guti queridinho da torcida no banco !E Schuster acertou o Real Madrid !
Cambiasso não é de hoje que vem jogando bem, mas na seleção argentina não consegue jogar metade do que joga na Inter.d
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