sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O erro na avaliação sobre Ronaldinho Gaúcho




A dificuldade de Mano Menezes em encontrar uma alternativa para o lugar de Paulo Henrique Ganso fez ressurgir o nome de Ronaldinho Gaúcho para a seleção brasileira. O início de temporada do craque no Milan nem é tão empolgante assim, mas se cogitou vê-lo com a amarelinha graças ao tour do treinador pela Europa. O xis da questão é que, em duelos de alto nível, há tempos Ronaldinho não serve para a função que Ganso executou próximo da perfeição contra os Estados Unidos.

Diante do Real Madrid, Ronaldinho foi vítima de um time risível perto da força que José Mourinho já consegue tirar de sua equipe. Especialmente em valores individuais, o Milan de Storari, Abate, Bonera, Zambrotta e Gattuso não tem como competir com os grandes da Europa. Pior, para os rossoneri, foi condicionar toda a produção ofensiva à performance do meia-atacante brasileiro, espremido pela marcação competente de Khedira e Xabi Alonso.

É evidente que Ronaldinho pode ser bastante útil para a seleção brasileira, mas pensar nele como alternativa a Ganso é um erro. No DNA de jogo dele está a alcunha de atacante. Suas maiores virtudes são os dribles e as conclusões, embora seja também um ótimo garçom. O tempo também fez de Ronaldinho um atleta de poucos deslocamentos pelo campo. É incompreensível imaginá-lo formando um tripé com Lucas e Ramires para iniciar o jogo da seleção na defesa. Tampouco, como tenta Allegri no Milan, fazê-lo municiar por todo o tempo Ibrahimovic e Pato, dupla que pede um trequartista eficiente e não mais um ponteiro.

Os movimentos de Ronaldinho estão todos condicionados à faixa esquerda do campo. Os dribles são diferentes, a movimentação e a visão periférica são outras, as obrigações são completamentes distintas e o acabamento que se dá às jogadas também. A marcação que se recebe na faixa central, aliás, é muito mais forte, e a velocidade de raciocínio precisa ser instantânea. São códigos de jogo que Ronaldinho não tem e é possível que nunca tenha tido.

Claro, alguém dirá que ele é um craque e craques se adaptam a outras funções. Roni, porém, dificilmente atuará a 100% como um armador: seja no 4-2-3-1 do Brasil, seja no 4-3-1-2 do Milan. Esperto e minucioso, Mano Menezes deve ter percebido isso no Bernabéu. Sensato, sabe que o fracasso rossonero contra o Real não foi culpa de Ronaldinho. Seu talento é quase único e não pode ser descartado. Deve ser aproveitado naquilo que melhor pode oferecer.


Aqui, o posicionamento tático de Ronaldinho. A imagem é do blog Olho Tático do amigo André Rocha no Globoesporte.com

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