Havia acabado de chegar do trabalho. Lembro-me de correr mais de 500 metros alucinadamente para alcançar o portão de casa antes que o narrador desse as duas escalações. No meio do caminho, pude ouvir televisões em alto e bom som e o tema de encerramento da novela das oito anunciava que o jogo da seleção brasileira estava prestes a começar. As ruas estavam desertas, as pessoas dentro de casa como se o estado de sítio, dos tempos da ditadura, houvesse sido declarado. Se quisesse, acho até que eu poderia ter corrido nu. Passaria despercebido. Naquela noite, todos tinham um objetivo muito mais importante: ver Pelé em campo com a camisa amarelinha.
Já dentro de casa, lembro-me bem de ouvir o narrador anunciando a escalação brasileira. Em nosso ataque estavam Ganso, Neymar, Alexandre Pato e Pelé. O Maracanã, para receber a Argentina, estava repleto. Pintado em verde e amarelo. É final de Copa do Mundo, mais de 60 anos após o Maracanazo, e a legião de grandes craques fazia o Brasil todo sonhar com o hexa. Lembro-me de Mano Menezes. Na beira do gramado, já com a bola rolando, gritava enlouquecidamente com os jogadores. Sinal claro de que aquela noite era, de fato, especial.
A sensação de medo durou muito menos do que se poderia supor. Em só 30 minutos de bola, Pelé fez o que quis. Dois belos gols e um passe preciso para Neymar deixar o dele. Com o Rei em campo, jamais poderíamos perder o hexa. Deveria haver mais uma hora de partida até o apito final para minha alegria, mas ela se encerrou subitamente com um som que parecia alfinetar meus ouvidos. Era o despertador soando de forma alucinada. Eu estava convocado para outro dia de trabalho.
Os minutos se passavam, meu rosto já estava limpo, mas a perturbação ainda tomava conta. Me perguntava por que eu não podia ter o mesmo privilégio de tantos milhões e bilhões de mais velhos e antepassados. Por que, Deus, não era merecedor daquela honraria? Por alguns minutos, em minha consciência, vi o Rei do Futebol em campo. Ao vivo e até em cores. Será que o Senhor não poderia inventar uma máquina do tempo onde voltassemos ao passado? Será que, em algum momento, poderia me permitir ver Pelé em ação?
Tudo bem, o Senhor nos ofereceu a genialidade de Messi para resolver as coisas rapidamente em um curto espaço físico com beleza e precisão. Nos deu a conclusão perfeita de Romário. Conseguimos ver Ronaldo atropelar marcadores com uma força física combinada com uma técnica singular. O Senhor também nos deu a visão de jogo e a elegância de Zidane. Ora, devo lembrar, também a potência de Cristiano Ronaldo. A liderança e o exemplo de Maldini, a classe de Redondo, as bolas paradas de Zico. O giro de Drogba sobre os zagueiros, a impulsão e o cabeceio perfeito de Batistuta. A frieza de Bergkamp. Até a malícia de um uruguaio para se livrar de um marcador desleal.
Sinceramente, a quem me ouve, acho que trocaria todos eles por Pelé. Digo mais: por um só jogo de Pelé ao vivo. Ele foi todos esses em campo e, quem já pôde ver, tenho certeza, não se esqueceu. Em um cochilo rápido, achei ter realizado meu maior sonho ludopédico. Acordado, não tive dúvidas. Ainda me sinto incompleto.
Já dentro de casa, lembro-me bem de ouvir o narrador anunciando a escalação brasileira. Em nosso ataque estavam Ganso, Neymar, Alexandre Pato e Pelé. O Maracanã, para receber a Argentina, estava repleto. Pintado em verde e amarelo. É final de Copa do Mundo, mais de 60 anos após o Maracanazo, e a legião de grandes craques fazia o Brasil todo sonhar com o hexa. Lembro-me de Mano Menezes. Na beira do gramado, já com a bola rolando, gritava enlouquecidamente com os jogadores. Sinal claro de que aquela noite era, de fato, especial.
A sensação de medo durou muito menos do que se poderia supor. Em só 30 minutos de bola, Pelé fez o que quis. Dois belos gols e um passe preciso para Neymar deixar o dele. Com o Rei em campo, jamais poderíamos perder o hexa. Deveria haver mais uma hora de partida até o apito final para minha alegria, mas ela se encerrou subitamente com um som que parecia alfinetar meus ouvidos. Era o despertador soando de forma alucinada. Eu estava convocado para outro dia de trabalho.
Os minutos se passavam, meu rosto já estava limpo, mas a perturbação ainda tomava conta. Me perguntava por que eu não podia ter o mesmo privilégio de tantos milhões e bilhões de mais velhos e antepassados. Por que, Deus, não era merecedor daquela honraria? Por alguns minutos, em minha consciência, vi o Rei do Futebol em campo. Ao vivo e até em cores. Será que o Senhor não poderia inventar uma máquina do tempo onde voltassemos ao passado? Será que, em algum momento, poderia me permitir ver Pelé em ação?
Tudo bem, o Senhor nos ofereceu a genialidade de Messi para resolver as coisas rapidamente em um curto espaço físico com beleza e precisão. Nos deu a conclusão perfeita de Romário. Conseguimos ver Ronaldo atropelar marcadores com uma força física combinada com uma técnica singular. O Senhor também nos deu a visão de jogo e a elegância de Zidane. Ora, devo lembrar, também a potência de Cristiano Ronaldo. A liderança e o exemplo de Maldini, a classe de Redondo, as bolas paradas de Zico. O giro de Drogba sobre os zagueiros, a impulsão e o cabeceio perfeito de Batistuta. A frieza de Bergkamp. Até a malícia de um uruguaio para se livrar de um marcador desleal.
Sinceramente, a quem me ouve, acho que trocaria todos eles por Pelé. Digo mais: por um só jogo de Pelé ao vivo. Ele foi todos esses em campo e, quem já pôde ver, tenho certeza, não se esqueceu. Em um cochilo rápido, achei ter realizado meu maior sonho ludopédico. Acordado, não tive dúvidas. Ainda me sinto incompleto.
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