quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Choque de ordem no vestiário do Santos

Aí está uma expressão da moda: choque de ordem. É o processo que se encaminha para 2011 no Santos, que terá novo treinador, jogadores mais experientes e um cenário que se anuncia favorável para o amadurecimento que se espera de Neymar. O camisa 11 indiscutivelmente sempre foi o mais prejudicado - e é claro que tem sua parcela de culpa - pelos excessos correntes no elenco santista.

Nos bastidores, Adílson Batista sempre trabalhou com rigidez a questão disciplinar nos clubes onde passou. Em conversas informais no seu tempo de Corinthians, o treinador deixava clara a pessoas próximas que discordava com veemência das atitudes de Neymar. Adílson inclusive chegou a utilizar expressões do tipo "comigo seria diferente" e por aí vai. Obsessivamente avesso a polêmicas, porém, jamais seria capaz de se manifestar publicamente, por exemplo, como fez Renê Simões dentro da Vila Belmiro.

É notório que a movimentação do Santos por reforços experientes, o que naturalmente se dá pelas exigências de Copa Libertadores, também tira o peso da ala jovem que tomou para si a voz de comando no vestiário. Jogadores como Léo, Marquinhos (que pode ser negociado) e principalmente o capitão Edu Dracena terão mais espaço e respaldo diante da turma de Neymar.

O camisa 11, inclusive, já perdeu força com a saída de André, no meio do ano, e Madson, agora emprestado ao Atlético-PR. O interesse nítido é por negociar Zé Eduardo e até o goleiro Felipe, famoso pelas afirmações descabidas na webcam, vem sendo ventilado no exterior. Esse processo certamente irá consumir ainda Zezinho, totalmente sem espaço dentro do Santos. Só mesmo a força de seu agente, Gustavo Arribas, poderá lhe dar sobrevida. Marcel, sem clima, foi liberado e saiu sem alarde apesar de ser útil em alguns momentos.


Os bons reforços que vão ao Santos também endossam essa choque de ordem. Elano é respeitadíssimo, do porteiro ao presidente, e irá se tornar uma liderança do vestiário ao natural. Charles é homem de confiança do treinador, o que geralmente confere prestígio - ou ao menos respeito - dentro de um elenco. A reaproximação com Ganso, que voltará ao convívio do grupo, é outro ponto favorável para que Neymar mantenha seu bom comportamento.

Esse cenário atual é absolutamente diferente do momento da queda de Dorival Júnior, que já antes da Copa do Mundo tinha dificuldades em manter a disciplina de Neymar, Zé Eduardo, Madson e companhia. Me lembro bem da fisionomia e das palavras do ex-treinador ao ter sua saída confirmada: "tirei um caminhão das costas", chegou a falar. Foi assim que surgiu o desgaste que foi consumindo a permanência do técnico que obtinha resultados fabulosos dentro de campo.

A presença de um interino ao longo dos últimos meses do ano foi como empurrar o problema com a barriga. Com Adilson Batista, a tendência é que as coisas caminhem de forma mais tranquila em 2011. O vestiário já não é terra de um homem só.

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