sábado, 25 de dezembro de 2010

Leonardo, Rafa e um cenário de traições


A temporada em questão é 2003/04 e a Internazionale está em momento conturbado. Héctor Cúper, de ótimo trabalho no Valencia, está de partida e os nerazzurri recorrem a um ex-treinador do Milan. É Alberto Zaccheroni, campeão italiano com os rossoneri em 1999, que chega a Appiano Gentile para um trabalho tampão e de nenhum sucesso. Impossível não comparar o momento anterior ao atual, em que a Inter novamente aposta em um milanista para tentar sua temporada. Desde Cúper, aliás, Massimo Moratti não sacava um treinador durante o Campeonato Italiano.

Leonardo é o quinto técnico a trabalhar nos dois maiores rivais do futebol italiano. Antes dele, fizeram o caminho Ilario Castagner (1946-49 no Milan e 58 na Inter), Giuseppe Bigogno (1982 no Milan e 84 na Inter), Giovanni Trapattoni (1976 no Milan e 1986-91 na Inter) e o próprio Alberto Zaccheroni (1998-2001 no Milan e 2003-04 na Inter). Curioso perceber que todos os cinco vestiram rossonero antes de defender os nerazzurri.

O começo da história de Leonardo é mais parecido com o de Trapattoni, que foi jogador do Milan por 12 anos e começou no mesmo clube a carreira de treinador. Venceu duas Ligas dos Campeões e dois Italianos como milanista e, depois de fazer sucesso na Juventus, ganhou a Serie A e uma Copa da Uefa como interista.

A tradição interista de olhar para o quintal do inimigo é o que leva Leonardo para Appiano Gentile. O contrato de 18 meses com a atual campeã europeia é uma vitória pessoal para o treinador, que mostrou personalidade ao discordar de interferências superiores enquanto comandante do Milan. No seu trabalho inicial, Léo teve boas ideias, cometeu erros em momentos importantes, mas deixou uma impressão promissora. Perdeu dois clássicos para a Inter e caiu de forma humilhante contra o Manchester United na Liga dos Campeões, mas se sabia das muitas fragilidades do elenco rossonero.

Se Leonardo poderá dar uma grande banana para Berlusconi, Rafa Benítez sai bastante chamuscado da Inter. Venceu só metade dos jogos que disputou, teve atrito com jogadores, direção e viu seu elenco acumular um total de impressionantes 48 lesões em só seis meses de trabalho. O ultimato à direção em Abu Dhabi foi a maneira encontrada por ele para tentar melhorar sua reputação pública e ter mais respaldo para 2011. O espanhol não podia ser mais infeliz. Deve levar 3 milhões de euros pela rescisão, muito pouco para o vexame que passou.

Para o torcedor interista, o futuro também não se desenha animador. Sétimo lugar no Italiano, o clube não tem a menor pinta de que poderá conquistar um título expressivo em 2010/2011. O elenco da Tríplice Coroa está envelhecido e aparentemente sem condições de arremeter após a crise em que se enfiou. O pior é que Leonardo tem 18 meses de contrato e não parece pronto para um trabalho de campeão. A Inter precisará esperar mais para ter uma temporada como a última.

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