quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Copa Roca: mais ou menos como bater em bêbado

Diego Souza: esquecíveis 45 minutos na altitude contra a Bolívia em 2009


Imaginar o futuro não é um exercício simples e objetivo, mas tente pensar supondo que você está em julho de 2014 na Copa do Mundo. Qual a chance de ver Borges, Diego Souza, Emerson, Renato Abreu e Cícero com a camisa da seleção brasileira em uma partida mundialista? Pois os nomes mais surpreendentes e criticáveis das duas listas de Mano Menezes para a Copa Roca dão o tom da inutilidade das partidas contra uma Argentina que, apenas com seus nomes caseiros, tem nível inferior a pelo menos um terço dos times do Campeonato Brasileiro.

Criticar Mano Menezes por levar jogadores com esse perfil para a seleção brasileira é o mais natural e até deve se fazer, mas é importante colocar a questão em um patamar mais amplo. Qual a real necessidade dos jogos contra a Argentina nessas condições? Se por um lado a cobrança sobre Mano por futebol de resultados deve existir, é difícil imaginar que seu trabalho fosse colocado em dúvida com resultados ruins. A Copa Roca é como bater em bêbado: as chances de prejuízo são bem maiores que as de ter algum lucro.

Erros de planejamento como neste caso, por sinal, são o grande defeito da gestão Mano Menezes. Da mesma forma como se perde tempo e cria o risco de desgaste com dois jogos inúteis, ele também pecou ao acreditar que poderia enfrentar, cedo demais, adversários muito mais bem preparados, caso claro da Alemanha que expôs o Brasil ao ridículo em Stuttgart. O treinador, vale recordar, não recebeu (ou abdicou de) um diretor de seleções mais experiente, desejo que havia sido exposto no início do trabalho na CBF.

É possível argumentar que todos os jogadores chamados por Mano para enfrentar a Argentina, salvo alguma exceção, vivem ótimos momentos, caso de Borges, goleador da Série A. Seleção, entretanto, não é prêmio de honra ao mérito. É necessário projetar quem pode chegar bem em 2014 ou, em casos bem específicos como o de Lúcio, podem ajudar na formação de um grupo carente de afirmação. Nem para isso serve a Copa Roca. No fundo, apenas dois jogos para cobrir a grade de televisão esvaziada neste mês de setembro.

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