Vingança é uma palavra sob medida para definir as pretensões do Chelsea para o confronto de proporções épicas frente ao Liverpool para as semifinais desta Liga dos Campeões. Há duas temporadas atrás, os Blues jogavam, sem dúvidas, seu melhor futebol na gestão José Mourinho, mas foram parados por um gol tão polêmico que nem mesmo a tecnologia até hoje conseguiu esclarecer.
Alheio a rivalidade que desperta o duelo entre Chelsea e Liverpool, é possível detectar uma diferença brutal, não só na montagem dos dois elencos, mas também na forma com que ambos se impuseram para chegar entre os quatro grandes da Europa. Os londrinos têm à disposição infinitas quantias para, mesmo quando não precisam, trazer um reforço do quilate de Michael Ballack. No caso dos Reds, o espanhol Rafa Benítez investiu na coesão do plantel, com jogadores da estirpe de Arbeloa, Mark González e Bellamy, pouco badalados, mas que formam uma mistura de características coletivas.
Entretanto, a principal marca do duelo será a clara representação do momento ímpar que vivem os clubes ingleses. Como já tem sido dito em profusão, nenhuma liga européia atrai tanto quanto a Premier League. Liverpool e Chelsea, duas equipes que se tornam brilhantes pela coesão tática, irão representar esse momento com muita rivalidade e se espera, bom futebol, o que não ocorreu nos duelos recorrentes das duas últimas edições. E que possivelmente não se repetirá.
★ Chelsea em: “Ponto de equilíbrio”
A diferença tática do Chelsea da atual temporada pros últimos anos coincide com uma concepção de jogo bastante diferente, mais opaca e não menos eficiente. Com um losango no meio-campo, Mourinho, ao escalar Essien e Lampard pelos flancos, praticamente brecou a verticalidade com que Robben, Duff e Joe Cole nos brindaram durante o bicampeonato inglês.
Essa transição, iniciada já em alguns momentos da temporada passada, fez com que o Chelsea se transformasse em um time muito mais equilibrado taticamente, talvez até mais lento, mas que geralmente depende de lapsos individuais de um de seus craques para definir. Essien, em pleno Mestalla, foi quem chamou a responsabilidade e no último segundo, colocou os Blues mais uma vez na semifinal européia. Anteriormente, contra o FC Porto, a estrela a brilhar foi Shevchenko, decisivo em ambos os duelos.
A segurança com que atua o Chelsea nos gramados europeus chega a transparecer pragmatismo. Prova disso é que nos últimos jogos da Liga dos Campeões, os Blues só definiram a parada no último dos quatro tempos, o que mostra certa dificuldade em se impor, mesmo que contra equipes levemente mais frágeis como Porto e Valencia. Ou que pode também representar que, quando realmente precisa, esse time define as partidas com frieza.
Envolto a todo o clima que envolve a briga pela vaga na final, estará sob análise o trabalho de Mourinho que, embora seja quase indiscutível, não foi capaz de dar ao Chelsea uma Liga dos Campeões, desejo claro da gestão Abramovich. Já que não conseguiu com a exuberância ofensiva das últimas temporadas, o português pensa possivelmente em um time mais equilibrado e pronto para atacar e defender com a mesma naturalidade. E se José Mourinho pensa, logo os Blues existem.
Time provável: Cech, Diarra (Wright Phillips), Terry, Ricardo Carvalho e Ashley Cole; Obi Mikel, Essien, Lampard e Ballack; Drogba e Shevchenko.
Artilheiro: Didier Drogba – 6 gols
Posição na Premier League: 2º
Títulos na Liga dos Campeões: Não tem
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★ Liverpool em: “Patinho feio”
Nos últimos anos, especialmente na mídia brasileira, o Liverpool é dos times grandes ingleses o menos reverenciado. Difícil é encontrar uma razão para o fato, já que em tradição internacional, nenhum dos concorrentes (Chelsea, Manchester United e Arsenal) chega perto do que os Reds já fizeram. Para a atual temporada, Rafa Benítez, despercebidamente, enrijeceu o plantel com pouco dinheiro e muita visão.
Nomes já citados no início do texto, além de por exemplo, Pennant e Mascherano, fazem com que Benítez tenha seus titulares em ótima forma física e alterne escalações diferentes sem mudar drasticamente a concepção de jogo. No desenho do treinador espanhol, as duas linhas de quatro (defesa e meio-campo) preenchem todos os espaços, não deixam o adversário trocar passes e nem contra-atacar, além de claramente fazer das extremidades do campo uma arma letal para resolver o jogo quando um espaço aparecer.
Nesse contexto, Riise e Gerrard, principais referências técnicas do time, sobram como destaques capazes de marcar, passar e finalizar – fundamentos primordiais – com eficiência acima da média. Atrás, o firme sistema defensivo tem na força de Carragher uma arma letal para barrar grandes ataques. O zagueiro, aliás, é uma das figuras mais subestimadas do futebol atual. Igualmente perfeito no alto e no chão, Jamie Carragher tem um senso de posicionamento acima da média e uma fibra sem igual.
Coincidência ou não, fibra, posicionamento e jogadores com capacidades de defender e atacar com a mesma qualidade são marcas desse belíssimo time do Liverpool, como se disse, pouco valorizado. Só não será coincidência se passar pelo Chelsea mais uma vez, pois 2005 é um ano bem registrado na memória dos Reds. Aliás, o espírito copeiro que rodeia essa equipe é nítido e fez com que, apenas de dois anos pra cá, Barcelona e Milan fossem batidos com magnitude. E a junção de todos esses fatores faz do time de Rafa Benítez uma equipe que dá a sensação de ser imbatível.
Time provável: Reina, Finnan, Carragher, Agger e Arbeloa; Gerrard, Sissoko (Mascherano), Xabi Alonso e Riise; Kuyt e Bellamy (Crouch)
Artilheiro: Crouch – 6 gols
Títulos na Liga dos Campeões: 05 (77, 78, 81, 84 e 2005)
4 comentários:
Pragmatismo: a palavra-chave que define o Chelsea e que explica porque eles irão sucumbir novamente. Pelo menos na minha opinião :)
Falei sobre o gol de ontem do Kaká, dá uma olhada lá poio.
abraços
nhoiii
foto nova aqui..
adoreei³³
(L)³³³
=***
Filipi "Maik" Ramalho
Eu penso diferente do Chelsea. Eu imagino que o Mourinho mexeu demais na estrutura do Chelsea pelo simples fato de não ter como deixar jogadores como Ballack e Shev no banco de time nenhum. Daí ele precisou reorganizar o time. Tanto que quem faz as vezes de "numero 1" do meio campo é o Ballack, sendo função exercida anteriormente pelo Lampard.
Além do que, Shev e Drogba são jogadores do mesmo estilo. Impossível jogar com os dois? Não. Mas é mais uma coisa a se mexer no time.
Sinceramente eu prefiro o Chelsea no 4-3-3, com Kalou e Robben, mas ter que escolher entre um gigantesco atacante em má fase ou um excelente em grande fase... estou fora.
Abraço
P.S: acredito na classificação do Chelsea, no detalhe. E não pense que o Milan está morto, pois 2 a 1 (resultado do Manchester na Itália) classifica o Rossonero
valemu mesmo poio, vo manda!
abraço
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