quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Futebol brasileiro

Publico, por aqui, a coluna de segunda-feira, da Trivela.

"Um time sem alma"

Criticar um segundo colocado em pontos corridos, normalmente, já é algo difícil de se fazer. Não se acha, porém, que o elenco santista seja estelar a ponto de fazer mais que isso. Tampouco, o resultado obtido contra o Flamengo no Maracanã é que pauta a coluna. Mas, ao longo das rodadas, fica bastante evidente que o Santos “pós-Zé Roberto” é um time gelado, muitas vezes sem alma, e que tem potencial técnico para pontuar mais.

Fibra, obstinação, preparo físico e, até mesmo indignação, são características essenciais de equipes capazes de buscar resultados adversos. Nos 16 jogos em que saiu perdendo, neste Campeonato Brasileiro, o Santos perdeu 11 e empatou três. Só venceu dois. Os números, neste caso, são fiéis.

Embora a torcida santista normalmente não seja das mais assíduas, os números se refletem nas arquibancadas. Nesta edição do Campeonato Brasileiro, apenas Juventude e Figueirense, longe do apelo e da tradição do Santos, conseguem ficar abaixo na média de público. Em boa parte da competição, aliás, os catarinenses estavam acima no ranking. Nem mesmo em seqüências positivas, o time de Vanderlei Luxemburgo conseguiu atrair o torcedor à Vila Belmiro. Até mesmo rebaixáveis como Paraná Clube e América - este com uma campanha que dispensa maiores apresentações – levaram mais gente ao estádio.

Uma das explicações para o “sangue frio” do Santos, nitidamente, é a formação do elenco. Primeiro porque, e é bastante nítido, Vanderlei Luxemburgo não consegue mostrar mais a mesma disposição pela vitória que tinha em seus melhores momentos. Segundo, pois, na montagem de um grupo, ter jogadores emergentes é essencial.

Petkovic, Kléber, Maldonado, Fábio Costa e Marcos Aurélio: cinco exemplos, de titulares praticamente absolutos, que transparecem alguma indiferença com as pretensões do clube. É claro que os citados têm caráter e, nos tempos recentes, têm sido bastante profissionais. Mas, aparentam não perder o sono após uma derrota. E a capacidade de indignação é um dos principais gatilhos para o sucesso.

Há, claramente, gente com sede de vitória: Renatinho, Domingos, Moraes, Vítor Júnior, Adriano, Baiano e Dionísio. Em boa parte dos casos, ou falta talento, ou falta espaço. É, basicamente dos citados no parágrafo acima, além de Kléber Pereira e Rodrigo Souto, de quem o Santos de hoje depende para triunfar.

Na imprensa santista, segundo se comenta, a possibilidade de Vanderlei Luxemburgo permanecer pela terceira temporada consecutiva é enorme. Ainda que a comissão técnica atual seja cara e o clube atravesse uma situação financeira difícil, não há como se questionar sua qualidade. Este, que fique claro, não é o objetivo da coluna. Trata-se, apenas, de uma situação esporádica. Mas, feita a opção pela continuidade, combater o marasmo será um desafio e, de repente, uma prioridade na aquisição de reforços para 2008.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não sei o quanto a culpa disto tudo é do Luxemburgo. Não que eu o exima, pelo contrário: ele tem sua parcela de culpa no estranho futebol desempenhado pelo Santos neste Brasileirão.

Porém, lembre-se: é fato que ele ainda não renovou com o Santos. Portanto, quanto disto que está se vendo na Vila Belmiro, então, é culpa da diretoria, que não dá a Luxa a segurança da continuidade de um trabalho, também?

Abraços!

Gerson Sicca disse...

contra o flamengo o santos foi um time totalmente apático. Parecia jogar de salto alto. Inadmissível para quem qujer chegar à libertadores. Alguém vai ter q mudar o sistema de premiação dos jogadores pra que eles voltem a comer a grama.

Anônimo disse...

Dassler, por artigos como esse te admiro cada vez mais. É cirúrgico, vai direto ao ponto. Critica com profundidade e argumentos. Parabéns, de verdade!

Como santista fico triste de ver que aquele time capaz de fazer um jogo espetacular com o Grêmio na Vila Belmiro pela Libertadores, é o mesmo que hoje parece estar em segundo lugar no Brasileirão quase por dádiva divina. Quiçá seja um bom presságio!

Em relação à torcida, pra mim fica cada vez mais evidente que o Santos é menos de Santos e mais do Brasil. Eu por exemplo, moro em Brasília e tenho raríssimas oportunidades de ver meu time jogar.

A mentalidade dos dirigentes, não só do Santos, mas do Corinthians, Palmeiras, etc, etc, precisa mudar; entender que a força da marca precisa ser explorada ao extremo, inclusive levando o time aonde a torcida estiver.

Anônimo disse...

Hum, e pq o Luxa quer pular fora da nau santista?! ele sabe que esse time não vai muito longe, mesmo com alguns nomes de peso e meia dúzia de bons jogadores... é uma pena ver o futebol brasileiro tão falido!


abração dassler