Como de costume, publico hoje a coluna de futebol brasileiro que vai ao ar, originalmente, às segundas-feiras na Trivela.
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"Auto-flagelamento palmeirense"
As extensões contratuais de Edmundo e Caio Júnior, os dois principais personagens palmeirenses ao longo do ano, estão em aberto. Em cada entrevista nas últimas semanas, no clube, a palavra Libertadores sistematicamente se repete. A presença dentro do G-4, ao Palmeiras, se tornou mais do que uma meta. É, claramente, o resultado de êxito ou fracasso no projeto iniciado pela nova diretoria no início do ano.
Delimitar as coisas dessa maneira, um ano após a briga pelo rebaixamento e, também, pelo pouco investimento realizado, não é algo justo, nem mesmo positivo. Nos últimos anos e no próprio Campeonato Brasileiro desta temporada, o Palmeiras funciona sempre melhor quando não está pressionado.
Sérgio, Thiago Gomes, Nen e Dininho; Amaral, Francis, Wendel e Michael; Valdívia e Marcinho; Enílton. Foi com este triste onze titular que, o Palmeiras, comandado por Jair Picerni, se despediu melancolicamente do Campeonato Brasileiro 2006, onde brigou diretamente contra o rebaixamento. Candinho, Tite e Emerson Leão, vale lembrar, passaram pelo mesmo Parque Antártica na temporada passada. É impossível não dizer que, um ano depois, o cenário alviverde é absolutamente oposto.
Antes em frangalhos, até mesmo politicamente, o Palmeiras tem uma direção que, embora peque em alguns momentos, é transparente e comprometida. Mesmo em situações delicadas, como com atrasos de Paulo Baier e Edmundo, a lisura interna ficou evidente. Nesse contexto, o ano bastante regular de Caio Júnior veio a colaborar.
Abrir mão do projeto do Paraná Clube, para o treinador palmeirense, se mostrou uma escolha acertada. Praticamente rebaixada na Série A, a equipe paranista assiste, de longe, ao elogiável trabalho de Caio Júnior no Parque Antártica. Por mais que às vezes não tenha o pulso correto em questões disciplinares e, junto com o time, hesite em alguns momentos, o treinador tem muitos méritos.
A positiva insistência com Pierre, apenas agora reconhecido como um bom jogador; a solidificação de Wendel como titular absoluto; a indicação e o bom uso de Makelele e Gustavo; o espaço concedido a Valdívia; a afirmação de Caio como imprescindível e, por último, a estabilização de Rodrigão, que mesmo reconhecidamente um jogador mediano, fez cinco dos últimos dez gols palmeirenses no Campeonato Brasileiro.
Como se vê, já existe um sucesso na recuperação do Palmeiras. Entre os primeiros colocados desde o turno passado, o time faz uma seqüência, de certa forma, regular e estável ao longo do Campeonato Brasileiro. Mesmo o trauma de perder jogos no Parque Antártica, nas últimas rodadas, parece sepultado.
Portanto, imaginar a vaga na Libertadores como uma obrigação - dada a grandeza palmeirense e a trajetória na competição – já é natural. Criar um ambiente em que isso esteja condicionado, além de desnecessário, pode não ser lá muito útil.
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