sexta-feira, 27 de abril de 2007

Vai começar


Quantas vezes, durante uma competição geralmente inchada, você já ouviu falar que “agora é que vai começar”? Pois é. Uma das frases mais recorrentes que envolve o futebol foi novamente repitida em massa após a definição dos confrontos da Taça Libertadores da América nesta quinta-feira;

Não que seja incorreta. Afinal, durante a fase de grupos da competição, preenchida por 32 postulantes (se não contarmos a fase preliminar), há várias babas. Equipes como Maracaibo, Real Potosí, El Nacional e Alianza Lima provaram não ter a mínima condição técnica de disputar um torneio continental, por mais que se diga que é preciso agrupar times de muitos países. Que se agrupe os melhores então!

O que o texto defende é que os campeonatos estão cada dia mais inchados. É inimaginável pensar em um Paulistão com 20 equipes, tomando 23 datas no calendário do futebol. Outros torneios como Copa São Paulo de Juniores, Copa do Brasil e até mesmo a Copa do Mundo, mostram que deveriam ser mais enxutos, privilegiando e enriquecendo fases preliminares e/ou eliminatórias.

Há de se basear no exemplo do Campeonato Brasileiro. Hoje, com 20 equipes, o maior torneio de futebol em âmbito doméstico, atingiu um número de participantes bastante aceitável. A consequência é, ou deveria ser, um nível técnico melhor e um calendário mais sadio. Não é porque há muitas outras competições inchadas e porque somos um país essencialmente exportador da mão-de-obra futebolística. Mas deveria ser.

Ter 20 equipes na Série A possibilitou, por exemplo, que a Série B se tornasse ano após ano um torneio que atrai visibilidade, circula muito mais dinheiro e protagoniza uma média de público que geralmente agrada. Não é por acaso que passamos a ver esse campeonato com mais atenção.

Lúcio Flávio


★ Lúcio Flávio em: “O pensador"


Se há quem bote a bola no chão e pense no time do Botafogo, este é Lúcio Flávio. Tido sempre como um jogador técnico mas pouco estável, o meia botafoguense já passou por diversos clubes do Brasil, como Internacional, São Caetano e Atlético Mineiro. Em nenhum destes repetiu o futebol vistoso dos tempos de Coritiba, onde se projetou.

Hoje envolvido por um espírito combativo exigido por Cuca, Lúcio consegue aliar a técnica de sempre com regularidade. É titular absoluto deste Botafogo que tanto instiga a imaginação do futebol ofensivo. É quem pensa, mas que sabe a hora de acelerar um time acelerado pela “irresponsabilidade” de Zé Roberto, Joílson, Dodô e Jorge Henrique. Um time que promete fazer, diante de um organizado Flamengo, a melhor final do Campeonato Carioca nos últimos anos.

Pensar no bicampeonato é que o anima ainda mais os botafoguenses. Em 2006, com uma equipe que não dava tantas mostras de eficiência e qualidade, o Glorioso venceu, muito graças ao brilho de Lúcio Flávio, melhor jogador daquele estadual. Após uma lesão gravíssima, só agora é que o meia volta a brilhar.


E tem brilhado muito. Lúcio Flávio joga de cabeça em pé, enxerga o jogo como poucos e vence a teimosia de Cuca. O treinador botafoguense relatou durante muito em tempo em lhe escalar ao lado de Zé Roberto. Hoje, nem pensa em mudar de idéia.

★ Raio-X

Lúcio Flávio
Nasceu em 03-02-1979
Jogou no Paraná Clube, Internacional, Paraná Clube novamente, Coritiba, Atlético Mineiro e São Caetano, antes de chegar ao Botafogo no início de 2006.

http://www.fotolog.com/super_craques


Alguns dos amigos daqui devem conhecer o Super_Craques, um fotolog criado por mim ainda nos tempos de faculdade. Após quase um mês fora do ar, retomei com um novo estilo, mais curto, mas com a mesma qualidade, espero eu.

As imagens excelentes são todas feitas pelo amigo Diego Brito

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Saja em: “Dia do goleiro“

Nesta quinta-feira, o mundo da bola comemora o dia do goleiro. Foi também nesta quinta-feira que o Brasil soube que, São Paulo e Grêmio, dois dos melhores times do país, farão um duelo trepidante pelas oitavas-de-final da Taça Libertadores.

Na meta gremista, estará Sebastián Saja, de ótima reputação entre os torcedores do tricolor gaúcho. Tido como grande promessa em 2001, o arqueiro argentino desperdiçou boas oportunidades ao longo da carreira. No Brescia, no América do México e até mesmo no San Lorenzo em 2006, não mostrou as qualidades do início de carreira. Descartado nos azulgranás, Saja se tornou o goleiro estrangeiro que a cúpula gaúcha procurava.

Protegido por uma defesa quase sempre bem organizada, Saja teve um início entusiasmante no Estádio Olímpico. Não só pelo desempenho técnico – quase igualou o recorde de invencibilidade de Danrlei – mas também por se adequar a algo que pode se classificar como “concepção gremista de futebol”. Sebastián Saja grita, orienta, vibra como poucos. E tem realmente agarrado muito.

Se o Grêmio pegará o São Paulo pela Libertadores, deve agradecer a Saja. Foi no primeiro jogo da campanha gremista que o arqueiro barrou César Ramírez, já no fim do duelo contra o Cerro Porteño. A defesa garantiu a vitória. E Sebastián Saja garante regularidade no gol do tricolor gaúcho.

Raio-X

Sebastían Saja Nasceu em 05-06-69

Jogou no San Lorenzo, Brescia, Rayo Vallecano, América do México, Córdoba e novamente San Lorenzo. Chegou ao Grêmio no início de 2007.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Tomo a liberdade de publicar hoje esse texto primoroso feito pelo amigo jornalista Maurício Vargas, sempre presente por aqui. Maurício fala de Kaká, indiscutivelmente o melhor jogador da Liga dos Campeões até aqui, embora de modo geral, Cristiano Ronaldo ainda mereça o título de maior do mundo, ao menos por enquanto.

Queria falar mais alguma coisa, mas não precisa, o texto diz tudo.

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--- À moda antiga ---
Por Maurício Vargas
http://jornalismoesporteclube.blogspot.com


Ricardo é daqueles homens à moda antiga. Todo dia, faz tudo sempre igual. Acorda, toma seu desjejum, abotoa o paletó impecavelmente passado a ferro e amarra os cadarços de seu sapato, impecavelmente lustrado. Dá um beijo na esposa e sai para outro dia de labuta.

O emprego de Ricardo é assaz diferente. Ele trabalha com corações, mas não é médico. Traz alegria, mas não é palhaço. Encanta, mas não é mágico. Ricardo é jogador de futebol. Mas vem de outro tempo, de quando se amarrava cachorro com lingüiça. É um daqueles homens à moda antiga.

É conhecido pelo apelido de "Kaká". Simples, como foram Vavá, Zito e Didi. Não fossem os tempos modernos, seria "Cacá", com "C" mesmo. O "K" vem do marKeting, que não entra em campo mas faz toda a diferença. Bom moço, querido da mídia, Ricardo só quer mesmo é jogar futebol. É daqueles homens à moda antiga.

Enquanto moribundos saudosistas reclamam que nada é como antigamente, Ricardo joga o futebol clássico. Torna o difícil, fácil. Joga ereto, de fraque, de terno, o mesmo que abotoa antes de sair de casa. O mesmo que veste em diversas propagandas espalhadas por toda Milão, a capital da moda. Tivesse o gol de ontem saído dos pés de Pelé ou Tostão, ninguém estranharia. Foi um gol à moda antiga.

Esqueçam a velocidade, fora com a correria sem propósito. Se o português Ronaldo é daqueles peladeiros indefectíveis, Ricardo é um gentleman. Faz os velhos sorrirem ao lembrarem de jogadas antigas. Suas jogadas, ainda que rápidas, passam em câmera lenta. Ele joga em preto e branco. É um jogador à moda antiga.

E que bom é lembrar dos tempos da bola de couro, da chuteira amaciada pelo garoto, dos tempos descompromissados de antigamente. Lembrar de um último suspiro de arte intransigente. Lembrar de Ricardo, um jogador à moda antiga.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Chelsea x Liverpool

Vingança é uma palavra sob medida para definir as pretensões do Chelsea para o confronto de proporções épicas frente ao Liverpool para as semifinais desta Liga dos Campeões. Há duas temporadas atrás, os Blues jogavam, sem dúvidas, seu melhor futebol na gestão José Mourinho, mas foram parados por um gol tão polêmico que nem mesmo a tecnologia até hoje conseguiu esclarecer.

Alheio a rivalidade que desperta o duelo entre Chelsea e Liverpool, é possível detectar uma diferença brutal, não só na montagem dos dois elencos, mas também na forma com que ambos se impuseram para chegar entre os quatro grandes da Europa. Os londrinos têm à disposição infinitas quantias para, mesmo quando não precisam, trazer um reforço do quilate de Michael Ballack. No caso dos Reds, o espanhol Rafa Benítez investiu na coesão do plantel, com jogadores da estirpe de Arbeloa, Mark González e Bellamy, pouco badalados, mas que formam uma mistura de características coletivas.

Entretanto, a principal marca do duelo será a clara representação do momento ímpar que vivem os clubes ingleses. Como já tem sido dito em profusão, nenhuma liga européia atrai tanto quanto a Premier League. Liverpool e Chelsea, duas equipes que se tornam brilhantes pela coesão tática, irão representar esse momento com muita rivalidade e se espera, bom futebol, o que não ocorreu nos duelos recorrentes das duas últimas edições. E que possivelmente não se repetirá.

★ Chelsea em: “Ponto de equilíbrio”

A diferença tática do Chelsea da atual temporada pros últimos anos coincide com uma concepção de jogo bastante diferente, mais opaca e não menos eficiente. Com um losango no meio-campo, Mourinho, ao escalar Essien e Lampard pelos flancos, praticamente brecou a verticalidade com que Robben, Duff e Joe Cole nos brindaram durante o bicampeonato inglês.

Essa transição, iniciada já em alguns momentos da temporada passada, fez com que o Chelsea se transformasse em um time muito mais equilibrado taticamente, talvez até mais lento, mas que geralmente depende de lapsos individuais de um de seus craques para definir. Essien, em pleno Mestalla, foi quem chamou a responsabilidade e no último segundo, colocou os Blues mais uma vez na semifinal européia. Anteriormente, contra o FC Porto, a estrela a brilhar foi Shevchenko, decisivo em ambos os duelos.

A segurança com que atua o Chelsea nos gramados europeus chega a transparecer pragmatismo. Prova disso é que nos últimos jogos da Liga dos Campeões, os Blues só definiram a parada no último dos quatro tempos, o que mostra certa dificuldade em se impor, mesmo que contra equipes levemente mais frágeis como Porto e Valencia. Ou que pode também representar que, quando realmente precisa, esse time define as partidas com frieza.

Envolto a todo o clima que envolve a briga pela vaga na final, estará sob análise o trabalho de Mourinho que, embora seja quase indiscutível, não foi capaz de dar ao Chelsea uma Liga dos Campeões, desejo claro da gestão Abramovich. Já que não conseguiu com a exuberância ofensiva das últimas temporadas, o português pensa possivelmente em um time mais equilibrado e pronto para atacar e defender com a mesma naturalidade. E se José Mourinho pensa, logo os Blues existem.

Time provável: Cech, Diarra (Wright Phillips), Terry, Ricardo Carvalho e Ashley Cole; Obi Mikel, Essien, Lampard e Ballack; Drogba e Shevchenko.

Artilheiro: Didier Drogba – 6 gols
Posição na Premier League: 2º
Títulos na Liga dos Campeões: Não tem

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★ Liverpool em: “Patinho feio”

Nos últimos anos, especialmente na mídia brasileira, o Liverpool é dos times grandes ingleses o menos reverenciado. Difícil é encontrar uma razão para o fato, já que em tradição internacional, nenhum dos concorrentes (Chelsea, Manchester United e Arsenal) chega perto do que os Reds já fizeram. Para a atual temporada, Rafa Benítez, despercebidamente, enrijeceu o plantel com pouco dinheiro e muita visão.

Nomes já citados no início do texto, além de por exemplo, Pennant e Mascherano, fazem com que Benítez tenha seus titulares em ótima forma física e alterne escalações diferentes sem mudar drasticamente a concepção de jogo. No desenho do treinador espanhol, as duas linhas de quatro (defesa e meio-campo) preenchem todos os espaços, não deixam o adversário trocar passes e nem contra-atacar, além de claramente fazer das extremidades do campo uma arma letal para resolver o jogo quando um espaço aparecer.

Nesse contexto, Riise e Gerrard, principais referências técnicas do time, sobram como destaques capazes de marcar, passar e finalizar – fundamentos primordiais – com eficiência acima da média. Atrás, o firme sistema defensivo tem na força de Carragher uma arma letal para barrar grandes ataques. O zagueiro, aliás, é uma das figuras mais subestimadas do futebol atual. Igualmente perfeito no alto e no chão, Jamie Carragher tem um senso de posicionamento acima da média e uma fibra sem igual.

Coincidência ou não, fibra, posicionamento e jogadores com capacidades de defender e atacar com a mesma qualidade são marcas desse belíssimo time do Liverpool, como se disse, pouco valorizado. Só não será coincidência se passar pelo Chelsea mais uma vez, pois 2005 é um ano bem registrado na memória dos Reds. Aliás, o espírito copeiro que rodeia essa equipe é nítido e fez com que, apenas de dois anos pra cá, Barcelona e Milan fossem batidos com magnitude. E a junção de todos esses fatores faz do time de Rafa Benítez uma equipe que dá a sensação de ser imbatível.

Time provável: Reina, Finnan, Carragher, Agger e Arbeloa; Gerrard, Sissoko (Mascherano), Xabi Alonso e Riise; Kuyt e Bellamy (Crouch)

Artilheiro: Crouch – 6 gols
Títulos na Liga dos Campeões: 05 (77, 78, 81, 84 e 2005)

terça-feira, 24 de abril de 2007

Manchester United (Ing) x Milan (Ita)

★ PREVIEWS – LIGA DOS CAMPEÕES
1/2 Manchester United (Ing) x Milan (Ita)

O choque entre duas diferentes e produtivas concepções de futebol é o que mais motiva público e crítica para o confronto semifinal entre Manchester United e Milan, além evidentemente da tradição das equipes. O cenário favorável para os Red Devils, reforçado pelos ótimos resultados recentes, soa como perfeito para que a traiçoeira equipe de Carlo Ancelotti atinja sua terceira final em quatro edições da Liga dos Campeões.

De um lado, estará a intensidade máxima do Manchester United, característica essencial da equipe dirigida por Alex Ferguson. Marcação sufocante à frente, deslocamentos rápidos pelos lados, busca total pelo jogo ofensivo, rotação de elenco e a magia de Cristiano Ronaldo. Alguns dos pontos que têm feito da equipe inglesa a principal favorita ao título, não só da Liga dos Campeões, mas das três frentes onde ainda batalham Ronaldo e companhia.

Diante disso, virá a campo o sempre criticado Milan, cujos resultados nos últimos anos credenciam a proposta de jogo de Carlo Ancelotti. Eficiente na defesa – só tomou um gol fora de casa na competição, os rossoneri baseiam suas ações ofensivas no aproveitamento em finalizações, fundamento que Kaká, principal valor individual da competição, domina com sobras. Se os milaneses balançarem as redes, será difícil vazar a defesa liderada por Dida, mas que já conta com Maldini e Nesta, dois monstros sagrados, a todo vapor para mais uma conquista internacional.

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★ Manchester United em: “Alívios e coincidências”

Com a penca de desfalques que tem para montar a defesa, é bem provável que Sir Alex Ferguson tenha agradecido por ter logo o Milan pela frente. Tudo bem, pode ser um exagero, mas o pouco apego que o time de Carlo Ancelotti tem em atacar irá favorecer um Manchester United que não terá Vidic, Gary Neville, Silvestre, Rio Ferdinand e talvez até Evra. Inteligente que é Ferguson tratou de ressaltar a confiança que tem em reservas como O’Shea e Brown, além de elogiar – com méritos, é claro – o grandioso Van der Sar.

Se tem problemas na primeira linha, o Manchester United vem com praticamente força total do meio pra frente, ao menos entre os titulares (Saha, Park e Richardson também são problemas). E caso a superstição entre em campo, os Red Devils se lembrarão que em 1999, ano da épica tríplice coroa, também havia dois clubes italianos pelo caminho na Liga dos Campeões. E como agora, nas quartas e semifinais, embora naquele caso, fossem Internazionale e Juventus, respectivamente.

O interessante é que em 99, só quando o Manchester United bateu a Internazionale é que todos se deram conta das características e da grandeza do time liderado por Alex Ferguson. Jogava muito pelos lados do campo, mas sem tanta verticalidade como hoje. David Beckham era essencial para as jogadas aéreas, regularmente bem concluídas pelos mortais Andy Cole e Dwight Yorke.

Oito anos depois, se nota que a implacável goleada de 7 a 1 sobre a Roma, também nas quartas-de-finais, fez o mundo inteiro se voltar para o futebol intenso que pratica o Manchester United de Cristiano Ronaldo. Mais que isso: fez pesar um favoritismo enorme, um favoritismo do tamanho da história de um Ryan Giggs, ou da fibra de um Wayne Rooney, talvez até do dinamismo de um Paul Scholes. Um favoritismo que mostrarão se podem administrar, mas que hoje, é intransferível.

Time provável: Van der Sar, Fletcher (Evra), O’Shea, Brown e Heinze; C. Ronaldo, Scholes, Carrick e Giggs; Rooney e Alan Smith.
Artilheiro: Louis Saha – 4 gols
Títulos na LC: 02 (68 e 99)

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★ Milan em: “Franco-atirador”

É difícil imaginar que uma equipe da grandeza rossonera entre em campo e assuma uma postura passiva, justamente em uma semifinal européia, mas é bem possível que ocorra. Há alguns fatores que reforçam a tese: o primeiro é que o primeiro jogo será em Old Trafford, onde nem o mais ingênuo dos analistas pode imaginar que o Milan force o jogo, ainda que haja uma série de desfalques na defesa inglesa. Até porque fora de casa, a formação italiana só sofreu um gol em toda a Liga dos Campeões.

O segundo fator, bastante preponderante, é a inércia dos avantes milanistas, talvez perturbados pela forma que Ronaldo exibe no âmbito doméstico. Não ter o Fenômeno à disposição representa um peso considerável para Ancelotti, em especial em uma fase aguda como essa. Sem poder confiar em Inzaghi, Gilardino e Ricardo Oliveira, o treinador do Milan opta por liberar Kaká - jogador que dificilmente se posiciona como atacante, e lançar mão do multiuso Ambrosini.

Por fim, o sucesso que obviamente o Milan mostrou diante do Bayern no jogo de volta. Atuação mais segura dos italianos na Liga dos Campeões, provou a liga que todos os setores do desenho tático adquiriram. Nesta e Maldini, recuperados, fizeram um jogo primoroso, sem sustos. Seedorf, melhor em campo, pareceu conceber melhor a função de compor as ações ofensivas do time, tal qual quer Carlo Ancelotti. Oddo, contratado em janeiro, já ataca e defende com a eficácia dos tempos de Lazio.

Jogar como franco-atirador não reduz a força do Milan, clube de melhor desempenho nesta década de Liga dos Campeões. Ancelotti parece ter encontrado a mistura perfeita entre o pragmatismo e a eficiência, pois joga com ênfase na defesa e é letal quando vai à frente. Todos estes componentes, somados a maturidade de jogadores rodados, faz com que o Milan, mesmo que jogue passivamente, não seja encarado como um azarão. Bem longe disso.

Time provável: Dida, Oddo, Nesta, Maldini e Jankulovski; Gattuso, Pirlo, Ambrosini; Kaká e Seedorf; Gilardino (Inzaghi).

Artilheiro: Kaká – 7 gols
Títulos na Liga dos Campeões: 06 (63, 69, 89, 90, 94 e 2003)

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Finalista moral



O primeiro registro que se tem da expressão "campeão moral" veio da Copa de 1978. Na ocasião, o Brasil de Cláudio Coutinho ficou de fora da final, mesmo tendo campanha irretocável, e àquele momento, foi prejudicado por uma suposta armação entre argentinos e peruanos, reforçada por uma atuação bizarra do goleirão Quiroga, seis vezes vazado pelos hermanos. Desde então, "campeão moral" tem sido utilizado nas mais diversas circunstâncias do mundo da bola.

Um golzinho contra o Santos e o Bragantino teria chegado àquela que seria, como em 2004, a final caipira, ou então, dos times pequenos dentro do Paulistão. Quando faltavam 15 minutos para terminar a partida, era o time de Vanderlei Luxemburgo quem buscava o jogo, mesmo que classificado pelo placar do momento, pois sentia que estava devendo. Por ironia do destino, só mesmo no finzinho é que os franco-atiradores da tarde se deram conta de que era a hora de fazer um gol, o que para a equipe de Marcelo Veiga foi um detalhe durante quase todas as duas partidas.

Entretanto, se analisarmos o sucesso com que cada uma das equipes conseguiu impor sua proposta de jogo, diremos que o Bragantino, com toda sua inferioridade técnica, sai do duelo como um finalista moral, embora eliminado. Aos santistas, brilhantes durante toda a fase anterior - o que é absolutamente indiscutível - fica a lição de que precisará fazer mais frente ao extasiado São Caetano.

Campeões solitários


Creditar qualquer êxito a ausência de um oponente forte é fato constante em qualquer acalorada discussão de boteco, não importa se com ou sem cerveja. Os famosos bordões “ganhou de ninguém” e “jogou contra o vento”, são recorrentes. No caso dos títulos ratificados por Lyon e Internazionale neste fim de semana, as afirmações são cabíveis.

Seja aqui no Brasil, na França ou na Itália, poderá ser dito que lioneses e neroazzuri tiveram grandes méritos, mas não tiveram grandes dificuldades. Evidente que as circunstâncias são diferentes e as conclusões também, o que claramente não pode desconsiderar a forma exuberante da dupla. Por outro lado, o fracasso no âmbito europeu acaba por reforçar a sensação de que a presença de uma segunda força no território nacional dificultaria as coisas para ambos.

- Lyon –

A atual temporada se iniciava com requintes supremos para um Olympique de Lyon arrasador durante todo 2006. Com dez vitórias e um empate nas onze primeira rodadas da Ligue 1, o então pentacampeão francês também sobrava na Liga dos Campeões e parecia fortalecido por um amadurecimento de Malouda, destaque francês na Copa do Mundo.

O fantasma de 2007 assombrou a forma arrebatadora da equipe como não se via há pelo menos cinco anos. Para entender melhor, além de ser eliminado pela Roma na Liga dos Campeões e falhar na Copa da França e Copa da Liga Francesa, os lioneses só venceram cinco jogos na Ligue 1 após a virada do ano. Mais que isso: nos últimos quatro, balançaram a rede uma vez e acumularam três empates sem gols. Sinal claro de piloto automático ligado.

Por incompêtencia geral, as equipes com capacidade financeira do futebol francês (Monaco, PSG e Olympique Marseille) jamais fizeram frente a um Lyon que mesmo opaco durante treze rodadas consecutivas, nunca foi ameaçado. Para a próxima época, jogadores como Juninho e Fred precisarão jogar muito mais, Houllier precisará extrair o melhor de jovens como Clerc e especialmente Benzema, além de contar com as saídas iminentes de Caçapa, Malouda e Abidal.

- Internazionale –

Famosa por tremer nos momentos em que precisa decidir, a Internazionale não teria como falhar desta vez. A verdade é que a cúpula interista mostrou coragem ao manter a base da última temporada, mesmo em meio a tantos comentários negativos após a derrota para o Villarreal na semifinal da Liga dos Campeões. Além disso, buscou reforços com pedigree campeão, entre eles Grosso, Ibrahimovic e principalmente Vieira.

Jogando um futebol característico da Juventus nas últimas temporadas, mas sem a ajuda das arbitragens, a Inter sequer nos duelos contra o Milan deu margem pro azar ao vencer com naturalidade, embora em muitos outros momentos tenha deixado a sensação de se contentar com pouco e fazer apenas o necessário para acumular três pontos.

Como tem sido dito nos quatro cantos do mundo e do orkut, a Internazionale terá uma grande provação na temporada que virá. Se o Milan perdeu pontos e foi obrigado a queimar etapas, é provável que chegue rejuvenescido e zerado. A Juventus, sempre arrebatadora, deve ir às compras com sede de vingança. A Roma de Spalletti, vice-campeã com muitos méritos, terá totais condições de reforçar o elenco, algo que faltou até aqui. Forças crescentes como Lazio, Fiorentina e Palermo também compõem uma receita que poderá, no futuro próximo, dar suporte àqueles que, em um boteco qualquer, vão dizer que a Inter “bateu em bêbado”, outro argumento típico.

sábado, 21 de abril de 2007

Nota de falecimento

É com extremo pesar que comunicamos o falecimento do Sr. São Paulo Futebol Clube, após quatro quase sucessivas paradas cardíacas no início da noite deste sábado. Ao adentrar a sala de cirurgia do Hospital Cícero Pompeu de Toledo, o paciente aparentava quadro bastante estável. Entretanto, não pôde reagir após três duros golpes, quase que simultâneos, às 19:31hrs, 19:32hrs e 19:48hrs. Segundo o Doutor Muricy Ramalho, a situação não era prevista e abalou claramente o despreparado sistema nervoso.

Doutor Muricy, responsável pelo paciente, classificou ainda como irreversíveis as paradas impostas pelo vírus São Caetano, cujos principais agentes são Canindé, Glaydsson e Douglas. A atuação destes parecia anestesiada quando o antídoto Ilsinho se mostrou eficiente para administrar a aparentemente tranqüila situação. Amparado pelo sempre eficiente enfermeiro Josué, o paciente não teve forças para reverter o quadro agravado pela implacável ação do “vírus azul”.

O falecimento do Sr. São Paulo pega todos de surpresa, haja vista a saudável vida do paciente nos meses recentes. Dessa forma, fica aqui registrado o pesar para com este homem grandioso, que com sua regularidade animadora nos brindou durante os últimos tempos. Além disso, a certeza de que a vida continua, pois há a América toda para ser percorrida. A lição para os demais é se cuidar diante dos ataques do perigoso vírus São Caetano, que nunca podem ser desprezados.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

A importância dos comentários

Se você que me lê agora, costuma vir aqui, olhar tudo e não escrever nada, receba então um puxão de orelha. Dedicar-se a um trabalho assim demanda motivação, e é justamente a interação dos colegas que projeta tudo isso.

Portanto, deixe sempre um alô, pois será muito bem vindo por mim.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Roda roda


O gol são-paulino diante do Alianza nesta quarta-feira provoca reflexão. Na jogada pelo lado esquerdo, Jorge Wagner é quem vai ao fundo, como se ainda fosse ala, e cruza ao bel prazer de Borges. O ex-paranista cabeceia com segurança para dar três pontos ao time de Muricy Ramalho. Um detalhe não pôde passar despercebido: os protagonistas da jogada são teoricamente reservas.

O velho papo de que não existem titulares e reservas dentro de um plantel tem virado coisa séria na cabeça de alguns treinadores como Ney Franco, Vanderlei Luxemburgo e principalmente Muricy Ramalho, que é beneficiado por ter um elenco mais numeroso e qualitativo.

Rodar o elenco é prática comum nos principais times da Europa, embora nunca tenha sido aceito por aqui. Até mesmo a imprensa, com manchetes do tipo "Fulano é barrado", vê com ressalvas esse tipo de situação, tal qual, por exemplo, ocorreu com Daniel Passarela quando este treinou o Corinthians em 2005.

Por vários motivos, não ter onze titulares se mostra uma prática interessante, embora logicamente dependa do que o treinador tem em mãos para trabalhar e dos resultados que ele alcança. A principal vantagem é administrar a forma física dos jogadores, sempre exauridos por várias viagens e dois jogos por semana. Nesse contexto, a presença de outros membros da comissão técnica em um trabalho conjunto com o treinador, identificará riscos de lesões e assim, quem deve ou não jogar.

Mais que isso, a rotação do elenco faz com que todos os jogadores estejam motivados e com ritmo de jogo, dando ainda ao treinador a condição de ter variações táticas.

Pegando novamente o São Paulo como exemplo, veremos que em jogos importantes os teoricamente reservas têm decidido. Lenílson e Reasco, contra o Corinthians, foram decisivos, assim como foram Hernanes, Richarlyson e Borges diante do Palmeiras. Muricy Ramalho, notoriamente reconhecido como um treinador que vê muito futebol, daqui e de fora, certamente já tem isso como lição.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Copa pro Brasil


A teórica falta de concorrentes de peso na disputa da Copa do Brasil abre um precedente interessante. Como os melhores times do país, teoricamente, jogam a Libertadores, é possível que o mata-mata mais famoso no território nacional sirva de alicerce para a construção de uma base sólida para toda a temporada.


Ainda que o Vasco também possa ser citado, o exemplo mais nítido e próximo é o Flamengo. Quase rebaixado no Brasileirão 2005 e de participação modesta no Estadual 2006, o rubro-negro carioca se projetou para a Copa do Brasil. Waldemar Lemos, o antigo técnico, conseguiu juntar algumas peças e dar cara ao time que já tinha o dedo de Joel Santana.


Em uma competição que não exige primor técnico como fator preponderante, mas sim concentração e espírito competitivo, deu confiança a um grupo de jogadores medianos, onde podem ser enquadrados, por exemplo, Obina, Léo Moura e Jônatas, este negociado.


Ao vencer a competição sobre o Vasco da Gama, o trabalho do Flamengo saiu fortalecido, em especial porque com simplicidade, Ney Franco assumiu o barco, manteve-se firme e soube, respaldado pela direção, reconstruir o plantel da equipe e dar um respiro para a folha salarial com as saídas de Sávio, Luizão e Fernando, mas não perdeu qualidade com Souza, Bruno e Juninho Paulista.


Em nítida evolução, hoje poderia ser dito que o Flamengo, com um ou outro ajuste, entraria no Campeonato Brasileiro como uma terceira força na briga pelo título. Tudo a partir de um bem sucedido projeto de reconstrução, só permitido em um campeonato como a Copa do Brasil.


É nesse exemplo que os clubes grandes, mas um pouco apequenados, devem se mirar. Corinthians, Fluminense, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo podem brigar pelo título da Copa do Brasil a partir de um mínimo de organização interna e concentração em partidas decisivas, minimizadas pela presença de várias equipes pequenas na disputa.


A partir daí, com receitas garantidas da Libertadores, passar o resto do ano projetando uma equipe capaz de fazer um ano seguinte mais regular. O exemplo é o Flamengo. E quem permite é o calendário, que faz da Copa do Brasil um artigo de luxo.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Parabéns ao "Poio"

Conheci o Maurício Vargas justamente quando iniciava meu tcc, ainda bem no começo, quando imaginava as pautas. Fanático número 1 por Copa do Mundo, ele me ajudou a conseguir entrevistas fantásticas, em especial com o PVC, além de uma série de telefones importantes.

Viramos grande amigos e parceiros, pois nessa área concorrida que escolhemos, é preciso se ajudar e ter sempre alguém competente para buscar e trocar informações. Mais que isso, torço muito por seu sucesso, o que é inegavelmente questão de tempo, pois competência ele tem de sobra.

Hoje é seu aniversário. E se não me engano, o segundo desde que nós nos conhecemos aqui na internet, prova de que grandes amizades surgem assim, como outras que também fiz.

Publicamente, se é que posso dizer isso de um blog, deixo meus parabéns e desejos de muito sucesso ao Maurício Vargas, um amigo pra todas as horas, e que espero ter o prazer de conhecer algum dia não tão distante assim.

Confusão à vista


Dos oito grupos na fase atual da Taça Libertadores, será o número 7 o último a ter seus classificados definidos. Os jogos entre Boca Juniors x Bolívar, além de Toluca x Cienciano ocorrem no dia 26 de abril, o que pode gerar algum desentendimento. Nas outras chaves, temos definições marcadas para o dia 18 (grupos 1 e 5), dia 19 (grupos 4 e 8), dia 24 (grupo 3), dia 25 (grupo 2 e 6), além do já citado grupo 7.


Como você já deve ter imaginado, isso pode gerar manipulação de resultados. Afinal, os confrontos não são dirigidos (como em Copa do Mundo), e nem sorteados (como na Liga dos Campeões). Dessa forma, os últimos clubes a decidir, em especial os que atuam nos dias 25 e 26, podem jogar de acordo com suas pretensões para fugir de um ou outro adversário.


Vocês acreditam nisso?

segunda-feira, 16 de abril de 2007

RENATO A CARPEGIANI - Clubes brasileiros buscam nova receita para vencer

Nenhum dentre os insossos duelos regionais do fim-de-semana movimentou mais o noticiário esportivo que a saída de Renato Gaúcho e a chegada de Paulo César Carpegiani. As duas novidades dão conta de que os tidos clubes grandes do país, no caso Vasco e Corinthians, se movimentam em busca de algo melhor, embora suas direções são sejam capazes de olhar ao próprio rabo, tal qual sugere a fábula do macaco soberbo.

-- Vasco --

O Vasco, ao dispensar os serviços de Renato Gaúcho, coloca fim ao trabalho de 21 meses, que mesmo não tendo trazido títulos, fez elencos fracos se transformarem em times competitivos. Em quatro oportunidades, Renato e equipe bateram na trave. Assim foi na Copa do Brasil 2006, na briga pela Libertadores no Brasileirão e nos dois turnos do Estadual 2007. Se tivesse conseguido qualquer uma das façanhas, teria possivelmente ampliado sua estadia em São Januário.

O ponto central do trabalho executado por Renato Gaúcho é a forma com que, na base de muitas manobras psicológicas, fez elencos fracos se transformarem em equipes velozes e competitivas. Mesmo que com dificuldades para organizar a defesa e lidar com algumas situações, além de uma nítida pouca visão tática, Renato se firmou como treinador emergente e que pode se transformar em uma aposta segura para outro clube grande, como o Fluminense pode fazer caso o trabalho de Joel Santana se mantenha estagnado.

Depositar na conta de Renato Gaúcho a dificuldade de lidar com o gol mil de Romário significa crucificar o treinador por uma questão mal trabalhada em todo o clube. Vasco aliás, que pouco a pouco, perdeu nomes importantes da base formada por Renato, tais quais Andrade, Diego e Jean, em um elenco que já era claramente limitado.

O horizonte não apresenta nada de animador para a temporada que ainda tem quase oito meses pra se jogar em São Januário.

-- Corinthians --

Paulo César Carpegiani foi enfim confirmado pelo Corinthians. Ou por parte do Corinthians. Experiente, o novo treinador chega como a maioria dos outros trazidos na gestão MSI: ou não era o preferido, ou não era unanimidade entre as muitas pessoas que mandam e desmandam no clube. Há quem queria Tite, há quem queria Renato, até Parreira foi sondado, mas todos preferiam Abel. E veio Paulo César Carpegiani.

Carpegiani, indiretamente, já causou alguns desconfortos em setores da imprensa onde o ego é do tamanho da popularidade. Imprensa aliás, que adora lhe rotular como Professor Pardal, algo perigoso para quem fez alguns trabalhos consistentes, embora andasse distante do centro da bola.

Pode sim se dizer que Carpegiani, vá lá, tem certo gosto por invenções. Foi ele que muito prejudicou Edmílson, hoje no Barcelona, ao lhe designar inúmeras e diferentes funções no São Paulo, onde aliás, bateu de frente com o peladão goleiro Roger (lembra?). Resumir sua história a isso parece muito pouco.

Carpegiani conhece bem o futebol, e seus bastidores também. Parece capaz de levantar a voz, mas apenas quando necessário, bastante diferente de Leão. Parece também poder trabalhar uma equipe durante um mês e lhe dar padrão de jogo e variações táticas. Pelo trabalho desenvolvido no RS, também parece saber lidar com jovens talentos, o que certamente será preciso.

Se não é uma certeza, como aliás todo o Corinthians está longe de ser, Paulo César Carpegiani parece poder se envolver em um mistura que com alguma sorte grande resultará em algo interessante para os corintianos. Caso contrário, não será diferente de todos os outros.


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PS:

* Texto originalmente enviado para a coluna no site www.papodebola.com.br

* Perdoem pelos dois dias sem atualizações. Estive focado em um outro projeto que logo chegará aqui.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Oito chutes do tamanho da América


Com exceção de Alianza Lima e São Paulo, jogo não realizado devido as bizarrices no calendário do Campeonato Paulista, a quinta rodada da fase de grupos da Libertadores chegou ao fim, deixando evidentes quais são as zebras, os favoritos, os eliminados e até mesmo, eventuais confrontos para as oitavas-de-finais.


Evidente que são situações absolutamente hipotéticas, mas vale a brincadeira, ao menos.

Entre os fato consumados, a eliminação do River Plate foi a grande zebra. Os Milionários investiram na formação de um time caro pros padrões portenhos ao repatriar Ponzio e Rosales, dois jogadores de nível médio na Europa. Ainda assim, Daniel Passarela deixou a desejar por não atingir resultados aceitáveis. E deve cair caso não vença o Boca Juniors pelo Torneio Clausura.


Outra equipe em situação embaraçosa é o Boca Juniors. Em casa contra o Bolívar, é possível que Riquelme e companhia façam o necessário. As coisas podem ficar difíceis caso, Cienciano e Toluca fiquem no empate, o que consequentemente obrigaria os xeneizes a vencer por três gols de diferença. Aliás, a fase ruim dos argentinos é marcante: apenas o Velez Sarsfield vive momento seguro.


Por fim, o atual campeão Internacional, que como se sabe, precisará vencer o Nacional por três gols de vantagem para avançar. Claro que pode acontecer, mas os gaúchos precisarão jogar o que não têm jogado desde a Libertadores passada.


Confira quais seriam os confrontos, imaginando que o SP vença o Alianza no jogo que completa a rodada.


Santos x Potosí

Flamengo x Tolima

São Paulo x Velez Sarsfield

Nacional x Caracas

Libertad x Toluca

Cienciano x Defensor Sporting

Colo Colo x América do México

Cerro x Audax


Vale lembrar que certamente muita coisa irá mudar, pois são grandes as possibilidades de Grêmio, Paraná Clube e Boca Juniors reverter o quadro.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

O novo técnico do Corinthians


A eliminação vascaína no Estadual do Rio de Janeiro pode fazer com que o Corinthians vá atrás de Renato Gaúcho, um dos nomes cogitados no Parque São Jorge. Seria um erro. Renato é um bom treinador, mas não pronto para assumir uma barca como a corintiana, situação que requer um sujeito experiente, flexível, mas de opiniões fortes.

Ao longo dos últimos meses, Renato mostrou fragilidades em seu trabalho, tais quais a dificuldade em criar alternativas na armação do Vasco, organizar uma defesa, além da parte tática, incontestavelmente uma deficiência do treinador, que em contrapartida, tem bom jogo de cintura e sabe administrar bem um elenco. Não parece a prioridade no Corinthians.

Tite ou Abel Braga seriam as melhores opções para tentar dar cara ao clube.

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Leia sobre o Botafogo no outro post de hoje, lobo abaixo.

O Fogão do Mestre Cuca

Envolvente, ultra-ofensivo, algumas vezes suicida e sempre veloz. Esse é o Botafogo de Aléxis Stival, também conhecido como Cuca. As características mais destacáveis do Glorioso estiveram presentes na vitória sobre o Vasco da Gama, nos pênaltis, pelas semifinais da Taça Rio, em um dos melhores jogos deste ano. De fora das finais da Taça Guanabara graças a um incidente, o Fogão do Mestre Cuca é favorito para o segundo turno e só perdeu duas vezes em 2007.

Marcado basicamente pela velocidade com que ataca, em especial de Zé Roberto e Jorge Henrique, o Botafogo também impressiona pela flexibilidade tática, ora um 3-4-3, ora 4-3-3. Tem em Juninho um zagueiro de vigor e relativa técnica, além do interminável Túlio, do cerebral Lúcio Flávio e Júlio César, goleiro que corresponde às expectativas, ao contrário de Lopes e Max, dois nomes pouco estáveis. O quadro titular ainda destaca Dodô, nome de sintonia ímpar em General Severiano.

No desenho tático botafoguense, Joílson é ala-direito, e tem do lado oposto Luciano Almeida, canhoto, que não apóia com tanta regularidade, mas troca posições com Leandro Guerreiro, cão-de-guarda pelo setor esquerdo do campo. Túlio e Lúcio Flávio preenchem mais a faixa central do meio, este último responsável pela armação aos três avantes já citados, Dodô, Zé Roberto e Jorge Henrique. Alex, recém-chegado ao clube, conquistou a quarta-zaga, antes território de Asprilla.

Ainda assim, nem o faro de gol de Dodô, nem a malemolência de Zé Roberto. A maior marca do time é Cuca, treinador que não desempenhava bom trabalho desde que saiu do São Paulo em 2004, com quem foi às semifinais da Taça Libertadores. Com participação direta na formação do elenco, barato, mas bem montado, o paranaense com fala mansa, pulso firme e muita visão tática, mostra capacidade nas diversas vertentes que constituem o trabalho de um grande treinador. Nesse sentido, é possível relacionar o componente psicológico, o desenho tático, a qualidade técnica e a já citada formação do grupo de atletas.

Conseqüência disto é que o Botafogo possivelmente irá às finais do Campeonato Carioca, e mesmo que perca para o Flamengo, terá um time pronto para disputar posições na metade de cima da tabela do Brasileirão, situação diferente dos anos recentes, até mesmo de 2006. E se jogar assim, de maneira veloz, insinuante e trepidante, certamente estará na disputa pela Taça Libertadores.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Valeu a pena!

Valeu a pena enforcar compromissos e correr pra casa às três e meia da tarde. Valeu abrir mão do lanche só pra não perder o início da partida. Dezoito minutos preciosos. Quarenta e cinco inquestionáveis. Noventa e poucos empolgantes. Minutos que passam a sensação de que Old Trafford viu nesta terça-feira, 10 de abril de 2007, uma das maiores exibições de uma equipe de futebol em todos os tempos. Valeu a pena.

Pena, aliás, que não tiveram os homens de Alex Ferguson, longe de serem babies, verdadeiros senhores da bola. Impiedosamente, mostraram ao ótimo time romanista que ali em campo não havia espaço para as duas equipes. Roubavam a bola lá na frente, sufocavam, se deslocavam como ninguém faz no futebol mundial. Incentivados por uma torcida que vibra o jogo inteiro, sentada, sem alambrado, sem registros de confusões, os Red Devils fizeram verdadeiras diabruras pra cima de Doni e companhia.

No gol assinalado por Wayne Rooney, o terceiro da goleada, a clara demonstração da facilidade com a qual a equipe cria alternativas por seu jogo veloz, sufocante e imparável quando consegue ser imposto em sua totalidade. É Ryan Giggs, um monstro, o left-winger, que aparece pelo corredor direito na retomada de bola. Ronaldo, teoricamente o oposto, é quem está dentro da área e leva a marcação. Por trás de todo mundo pinta Wayne Rooney, o atacante de movimentação, mas que vinha na ponta-esquerda, e finaliza pras redes.

Situações de jogo que estão longe de meras casualidades. Alternativas criadas pela junção de características do trio Ronaldo-Rooney-Giggs, onde também deveria estar Paul Scholes, o desfalque da partida. Se o futebol inglês já teve seus dias de jogo brusco e bolas aéreas, a sensação atual é de que a intensidade e os toques em velocidade são as marcas principais dessa cativante filosofia de jogo, proposta pelo Manchester United de Alex Ferguson.

Ainda que tenha grandes oponentes, como o Liverpool, a sensação é de que Cristiano Ronaldo e brilhante elenco estão escrevendo a história do futebol mundial. E vale a pena enforcar os compromissos. Ah, se vale.

sábado, 7 de abril de 2007

Blue is the color

A vitória cardíaca do São Caetano sobre o São Bento, neste sábado, praticamente decretou a classificação da equipe do ABC para as semifinais do Paulistão 2007. Mais que isso, deixou à mostra o belíssimo trabalho de reconstrução do time, projetado por Dorival Júnior no fim da temporada passada, já com uma animadora, porém ineficaz, briga contra o rebaixamento.

As 11 vitórias em 18 jogos, o que significa a terceira posição na tabela, são animadoras. A formação da equipe lembra, por alto, a projeção daquele São Caetano de Jair Picerni, duas vezes vice-campeão brasileiro, em 2000 e 2001. A característica principal é a saída rápida em velocidade, normalmente pelos lados do campo, ora com Paulo Sérgio, ora com Triguinho, dois ótimos e experientes laterais.

Outra boa figura da equipe está na zaga central e se chama Maurício, um nome a ser visto pelos clubes grandes. Nesse trabalho de garimpo, o São Caetano também buscou outra duas pérolas: Douglas, ex-Criciúma, meia-esquerda de dribles curtos e que parece ter grude no pé canhoto. Em poucos meses de clube, já fez dois ou três gols dignos de placa. A segunda cara nova é Luiz Henrique, atacante de velocidade e muita técnica, eleito em 2006 como a principal revelação da Série B do Brasileirão, onde vestiu a camisa do São Raimundo, rebaixado para a terceirona.

Ah, vale lembrar também de Somália. Sempre bem posicionado, mas também contando com o apoio irrestrito de meias e laterais, o centroavante, com 12 gols, é o principal goleador deste Paulistão, onde comprova a sintonia com o time do ABC. Canindé, Leandro Lima e Marcelinho completam a lista de destaques.

Este São Caetano serve de exemplo para outros grandes do Brasil, já que sem maiores investimentos, mas muita atenção ao mercado, montou à dedo um elenco forte e qualificado para dar trabalho ao São Paulo nas semifinais, além de quem sabe, voltar à Série A do Brasileirão.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

"Nice guys finish last"

Coluna publicada no Papo de Bola
www.papodebola.com.br

Ah, que saudade! Ah, que saudade do tempo em que o Edmundo rebolava na frente dos marcadores pra provocar. E as rixas com Romário, onde classificavam o príncipe, o rei e o bobo? Eram sensacionais! Como não lembrar de Viola, Paulo Sérgio e companhia no Corinthians, sempre com uma comemoração ensaiada, cheia de alegria? O futebol mudou, senhores. E hoje, dentro de campo, é tudo politicamente correto.

Talvez o rei da auto-promoção nos anos 90, Paulo Nunes, o Diabo Loiro, sempre foi um jogador de sucesso onde jogou. Especialmente em Grêmio e Palmeiras, com Felipão, o atacante fez muitos gols, arrumou confusões e sempre, sempre tinha uma comemoração diferente, a la Tiazinha ou Feiticeira, ou o que quer que fosse. Nem por isso foi visto como um selecionável, um atacante internacionalmente renomado. Mas sempre foi uma atração à parte.

Como também faz falta Túlio Maravilha, quando estava na capa dos noticiários! Sempre prometia um, dois gols, e quase sempre fazia. E batizava! Como o gol melancia, na chegada ao Vila Nova: verde por fora, vermelho por dentro. Túlio era um poeta, e porque não, um gênio da grande área. Impossível esquecer do gol contra a Universidad Catolica, no Maracanã, onde, sem goleiro, parou sobre a linha e concluiu de calcanhar. O maior botafoguense dos últimos tempos, sem dúvida, ainda tinha no parceiro Donizete Pantera uma figura eficiente e de muita irreverência. Outro que joga nesse time dos polêmicos saudáveis.

As grandes duplas, aliás, também estão em extinção. Oséas e Paulo Rink, Edmundo e Evair, Edílson e Marcelinho Carioca (mesmo não tão amigos assim), Giovanni e Marcelo Passos, Jardel e Paulo Nunes. Nos últimos anos, desde Diego e Robinho, o máximo que pudemos desfrutar foi Sóbis e Fernandão, bons de bola, mas fracos de boca. Sim, porque as entrevistas enlatadas estão entre as chatices batidas do futebol de hoje. Talvez por orientação, talvez pela criação de uma formatação, ninguém mais brinca na frente dos microfones. E nem pode brincar na frente do zagueiro. Tamanha idiotice!

Para o texto também não ficar politicamente correto, vale lembrar históricas pancadarias, ainda que infelizmente incentivando a violência nas arquibancadas, essas sim, lamentáveis. Quem não lembra do cruzado de Edmundo em André Luiz, ex-São Paulo? E o Animal sangrou muito diante da pancada do argentino Zandoná, do Vélez, em jogo pela Copa Mercosul, seguida por uma voadora digna de um gol, executada por Romário. Aliás, Edmundo foi o maior de todos na categoria bad boy. Tantas confusões provocou, umas até bastante trágicas e desagradáveis. Fato é que tais episódios são absolutamente raros nos dias atuais. E que o futebol nacional, hei de admitir, já foi muito mais legal de se ver.

Duelos da Liga dos Campeões: Roma x Manchester Utd

★ PREVIEWS – LIGA DOS CAMPEÕES- 4/4
Roma x Manchester United

O casamento entre equilíbrio tático e bom futebol são características naturais de Roma e Manchester United, adversários no duelo aparentemente mais esperado das quartas-de-finais desta Liga dos Campeões. Vivendo momentos especiais, ambas as equipes estão em voga no futebol europeu, em particular pela fase pessoal de Cristiano Ronaldo e Francesco Totti, dois entre os top five do momento, para não ir mais além.Pelo lado romanista, a impotência para duelar com a Internazionale pela ponta no terreno doméstico não frustra em nada a equipe chefiada por Luciano Spalletti, hoje a maior revelação entre os treinadores do cenário mundial.

Em Old Trafford, a sensação é de que o atual elenco tem potencial para repetir a tríplice coroa de 1999, embora a perda de jogadores importantes possa prejudicar o bom trabalho de rotação do elenco desenvolvido por Sir Alex Ferguson. Ingredientes que fazem deste um confronto de muitas emoções.

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★ Roma em: “Tudo novo”

Considere a inexperiência de Luciano Spalletti na Liga dos Campeões. Acrescente aí o fato de que dos titulares romanistas, apenas Chivu, Totti e Panucci têm experiência relevante na competição, onde a própria Roma não coleciona muitas páginas de sucesso – jogou só quatro edições. Pense também que a equipe supera suas expectativas para a temporada e que há poucos meses vivia uma crise financeira terrível e sem precedentes. Ainda dá pra se argumentar que a eliminação sobre o Lyon foi uma pequena zebra.

Mesmo assim, com tudo isso, é impossível ver esse time como um franco-atirador. A segurança com que a Roma vence partidas é impressionante e valoriza o trabalho de Spalletti, não só do ponto de vista tático, mas também técnico, psicológico, e até mesmo na formação do elenco. A soma destes valores resulta em uma daquelas equipes que chegam de mansinho e podem ir até a final, tal qual foram Arsenal e Liverpool nas temporadas recentes.

Para enfraquecer a tese há essa relação de argumentos do penúltimo parágrafo, e um momento do Manchester United que não pode ser desprezado. Spalletti certamente tem a consciência de que precisa desacelerar o jogo no meio-campo e apostar na velocidade de seus ponteiros, Mancini e Taddei, além de evidentemente Francesco Totti, um daqueles jogadores que não podem encerrar a carreira sem vencer uma Liga dos Campeões.

Time provável: Doni, Cassetti, Mexés, Ferrari e Panucci; De Rossi e Chivu (Pizarro); Mancini, Perrotta e Taddei; Totti.

Artilheiro: Totti – 4 gols
Posição na Serie A: 2º
Fase de grupos: 2º Roma – 10 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: -

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★ Manchester United em: “Velocidade máxima”

Não costuma demorar muito. Geralmente, ou em uma retomada de bola já no campo do adversário, ou em um contra-ataque bem tramado, o Manchester United chega em velocidade e toques simples na cara do gol. Essa intensidade, somada a uma capacidade de não deixar os oponentes sequer pensar em jogar, faz do time que tem o maior jogador do mundo na atualidade o favorito para vencer esta Liga dos Campeões.

Contudo, os problemas existem. Alex Ferguson tem sérias dificuldades para armar uma defesa confiável, isso porque perdeu três dos quatro titulares da linha defensiva: Vidic, Gary Neville e Evra, possivelmente substituídos por Brown, O’Shea e Heinze, respectivamente. Mais à frente, Park é outra dor de cabeça, embora não atue com extrema regularidade.

A queda de adversários de respeito, como Lyon, Barcelona e Internazionale, redobra o favoritismo dos Red Devils, que por falar nisso, parecem capazes de carregar o fardo, já que o respaldo de Ferguson é considerável. Tido por muitos como um aposentado em potencial, o treinador mais vitorioso da história do futebol inglês mostrou a capacidade viva em formar um plantel elogiável dentro de um projeto que evolui dia após dia. É do amadurecimento de garotos como Ronaldo, e do rejuvenescimento de gigantes como Scholes e Giggs que vem a história deste Manchester United.

Time provável: Van der Sar, O’Shea, Brown, Rio Ferdinand e Heinze; Ronaldo, Carrick, Scholes e Giggs; Rooney e Saha (Richardson).

Artilheiro: Saha – 4 gols
Posição na Premier League: 1º
Fase de grupos: 1º Manchester United - 12 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: - 02 (68 e 99)

terça-feira, 3 de abril de 2007

Duelos da Liga dos Campeões: Chelsea x Valencia

A aura de futebol que pairou sobre Chelsea e Valencia nos últimos anos não se repete na temporada atual. Muita gente que não acompanha o esporte atentamente se dará conta disso quando a dupla, ainda que times fortíssimos, entrarem em campo. Ainda assim, esse porém com relação a capacidade das equipes deve ser muito considerado, pois são adversários duríssimos de se bater.

Esse pragmatismo de Ches e Blues é composto por uma consistência defensiva inegável, além de uma eficiência no ataque que permite adotar uma postura mais segura durante as partidas. Entre os oito finalistas desta Liga dos Campeões, ninguém tem quatro avantes – Morientes, Villa, Drogba e Shevchenko – tão capazes de finalizar de qualquer maneira e em qualquer circunstância, ainda que Kaká seja o líder entre os artilheiros. Contudo, os jogadores citados podem fazer desse duelo, aparentemente feio, algo interessante de se assistir.

★ Chelsea em: “Degrau acima”

O brilhante segundo tempo realizado em Stanford Bridge facilitou as coisas para o Chelsea no confronto diante do Porto, o que não pode fazer esquecer que se esperava mais tranqüilidade para os Blues superarem essa jornada. Com 100% de seus titulares em condições, se Essien jogar, Jose Mourinho certamente exigirá uma melhor performance do time, algo que um adversário do porte do Valencia também pede.

A dificuldade encontrada por duelar com Barcelona e Werder Bremen na fase de grupos fez com que o Chelsea chegasse ao presente momento com uma pontuação aquém das equipes de seu porte, o que dá ao Valencia a vantagem de resolver dentro de casa. Mourinho, fortíssimo no trabalho psicológico e motivacional, jura que iniciar o confronto em casa também é excelente. Nessa linha de raciocínio, o retrospecto dos londrinos jogando em seus domínios dá razão ao treinador: em quatorze jogos com o português no banco, apenas uma derrota.

O iminente retorno de Joe Cole aos gramados, infelizmente, contrasta com uma cirurgia no joelho que afastará Arjen Robben dos próximos meses. Mesmo assim, a boa fase de jogadores como Kalou e Wright Phillips dá mais opções para Mourinho, circunstancialmente adotar o 4-3-3 como opção. Em que pese a fase esplendorosa de Didier Drogba, o Chelsea tem aí uma arma valiosíssima para chegar às semifinais da Liga dos Campeões pela terceira vez em quatro temporadas.

Time provável: Cech, Alou Diarra, Terry, Ricardo Carvalho e Ashley Cole; Makelele, Essien (Mikel), Lampard e Ballack; Drogba e Shevchenko.

Artilheiro: Drogba – 5 gols
Posição na Premier League: 2º
Fase de grupos: 1º Chelsea - pontos
Títulos na Liga dos Campeões: -

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★ Valencia em: “Abril despedaçado”

David Navarro, Marchena, Edu, Baraja, Regueiro e Morientes . Quique Sánchez Flores tem uma penca de problemas, especialmente na defesa, para montar a equipe que tentará barrar a força de um Chelsea sedento por um título europeu.

Voltar às quartas-de-finais após quatro anos representa que o projeto dos Ches é bem conduzido, onde a filosofia de reunir jogadores espanhóis tem sido uma tendência nas contratações. Não por acaso, a seleção espanhola tem abrigado mais jogadores do Valencia que de Real e Barça. Há quem diga que é por não ter jogadores da dupla que a Fúria não tem se mostrado tão grande, o que esbarra na aura de time vitorioso que existe sobre os Ches desde Hector Cúper.

Sem muitas opções, é possível que o Valencia opte por adiantar David Silva para o ataque, fazendo às vezes de Morientes, que só tem esperanças de jogar no Mestalla na próxima semana. Aí, abre espaço para nova tentativa com Joaquín e Vicente entre os titulares, segundo especula o Diário Marca. Nessa formação, Angulo ficaria entre os reservas. Outra improvisação é a entrada de Moretti na zaga, o que consequentemente significa o retorno de Del Horno, ex-Chelsea, ao estádio onde ficou marcado pelas pancadas em Lionel Messi. Ainda assim, e de qualquer maneira, as hipóteses nesse caso ficam em 50% para cada equipe.

Time provável: Cañizares, Miguel, Ayala, Moretti e Del Horno; Albelda, Albiol, Joaquín (Angulo) e Vicente; David Silva e David Villa.

Artilheiro: Morientes – 6 gols
Posição na Liga Espanhola: 4º
Fase de grupos: 1º Valencia - 13 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: -

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Terrão: a única saída

Por Dassler Marques

O fracasso no planejamento para 2007 se mostra nítido no horizonte do Corinthians. Apostas do clube e de Emerson Leão, como por exemplo, César, Magrão e Amoroso, não surtiram o efeito desejado. Além disso, o treinador não parece capaz de administrar um grupo como o corintiano, tampouco pode tomar a linha de frente na estruturação de um plantel, seja com muito, pouco, ou nenhum dinheiro em caixa.

As convicções foram alcançadas após o resultado pífio contra o Sertãozinho neste último sábado, onde o Corinthians ficou no 2 a 2 em pleno Pacaembu e deixou suas fraquezas evidenciadas. Especialmente no segundo tempo, se mostrou pouco motivado, além de frágil, tanto na defesa quanto no ataque. A soma de todas as lições deste Paulistão, aliada ao fato de que Emerson Leão não deixará o comando da equipe tão facilmente, só coloca uma opção para o resto do ano: apostar na ótima safra de garotos do Terrão.

Segundo apurado pela Rádio Bandeirantes, em uma das reuniões do clube na última sexta-feira, teria sido dito a Emerson Leão que o menino Lulinha, destaque absoluto no Sul-Americano Sub-17, precisa ser aproveitado com urgência, até porque, o setor de armação é um dos mais carentes no elenco montado pelo treinador. Nada mais lógico, pois o garoto é tido como um fenômeno por dez entre dez especialistas.

Ainda que eliminada precocemente na fase de oitavas-de-final, a garotada do Timão que disputou a última Copa São Paulo, mostrou qualidades que não podem ser desprezadas. Em especial, os laterais Caju e Everton, além dos atacantes Dentinho e Allison, e claro, Lulinha. Para se somar a essa realidade, ainda é fácil indicar dentro do plantel corintiano alguns jovens com capacidade de mostrar futebol, mas de um grupo mais antigo, como Willian, Eduardo Ratinho, Rosinei, Betão e Wilson.

Dessa forma, Emerson Leão poderia mostrar suas habilidades para lidar com um elenco jovem e sedento por vitórias, tal qual fez no Santos e até mesmo no Sport Recife, em sua passagem antes de assumir a seleção brasileira. Com nítidas limitações no tocante a relações humanas, Leão poderia explorar melhor algumas situações motivacionais empregadas por ele no cotidiano de um clube, inúteis em um elenco como o atual, talvez mais pertinentes no sugerido pelo texto.

Vale esclarecer ainda que nas atuais condições, onde a rescisão contratual do treinador parece um obstáculo, é que tal filosofia pode ser implantada. Outro ponto é o poder nulo que o Corinthians tem hoje para fazer grandes aquisições, em um momento em que esperar os investimentos da parceria (?) é como padecer por um copo de água no deserto.

Por outro lado, um garimpo apurado pelo interior paulista também pode oferecer opções úteis na formação de um elenco competitivo, como já foi feito em outros tempos. Nunes do Juventus, Bill e André do Bragantino, Maurício do São Caetano, Vandinho do Noroeste são nomes que devem ser vistos de perto. E é justamente visão que tem faltado nos planejamentos recentes do Timão.

Duelos da Liga dos Campeões: PSV x Liverpool

★ PREVIEWS – LIGA DOS CAMPEÕES- 2/4
PSV Eindhoven (Hol) x Liverpool (Ing)

Belos times, mas possivelmente, zebras. Assim podem ser definidos PSV e Liverpool, não por questões técnicas, e sim principalmente por terem protagonizado surpresas na fase anterior da competição. Barcelona e Arsenal, finalistas da edição passada, pararam justamente frente às equipes comandadas por Rafa Benítez e Ronald Koeman, treinadores em franca ascensão na carreira e que se mostram taticamente acima da média.

Se enfrentar não será surpresa para as duas equipes, já que na fase de grupos ambas estiveram no mesmo grupo, vencido pelo Liverpool, em especial por ter feito o resultado frente aos holandeses no confronto direto em Anfield Road. Possivelmente o menos badalado dos confrontos da fase de quartas-de-finais, este, é bem provável, primará pela consistência dos dois times, o que reduz e muito a possibilidade de um resultado amplamente favorável e deixa como mais possível um placar apertado para o vencedor.

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★ PSV em: “Em casa”

A nova filosofia de jogo pregada por Ronald Koeman a partir dessa temporada fica evidente quando comparada aos tempos recentes de Guus Hiddink no Phillips Stadium. A escola holandesa de atuar com pontas é relativizada nesse caso, já que Koeman faz uso de um 4-4-2 de forte consistência defensiva no meio-campo, mas capaz de criar oportunidades em um descuido adversário. Nesse contexto de versatilidade, Edison Mendez e Phillip Cocu são os exemplos mais concretos em um elenco tomado por estrangeiros dos quatro cantos do mundo.

Um ponto altamente significativo a favor do PSV nesse duelo será a já conhecida tradição de Ronald Koeman se dar bem em território inglês, em especial porque o jogo de volta será em Anfield Road. Apenas na última temporada, Koeman, então no Benfica, decretou a eliminação de Manchester United e Liverpool, além de ter superado o Arsenal nesta edição durante as oitavas-de-finais. Para ir mais além, é fácil se recordar do título europeu do Barcelona em 92, ratificado com gol do ex-zagueiro holandês, dentro de Wembley.

Afirmada como uma das equipes de maior consistência na Europa, o PSV Eindhoven precisará se adequar sem Alex, melhor jogador da equipe na fase anterior. Lesionado, o defensor brasileiro será uma ausência sentida, ainda que Carlos Salcido, outra rocha na retaguarda holandesa, esteja em condições. A velocidade dos contra-ataques também pode ser enfraquecida se Arouna Koné não se recupere a tempo de enfrentar os ingleses, que ainda assim devem se cuidar, pois na volta, Koeman estará em casa.

Time provável: Gomes, Kromkamp, Da Costa, Simons (Sung) e Salcido; Culina, Mendez, Cocu e Affelay (Simons); Farfán e Koné (Kluivert).

Artilheiro: Koné – 2 gols
Posição na Eredivisie: 1º
Fase de grupos: 2º - 10 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: 01 (88)

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★ Liverpool em: “Orgulho real”

Emplacar três representantes entre os oito melhores foi a prova concreta sobre o ótimo momento pelo qual atravessa o futebol inglês, tal qual havia sido quando os mesmos três, Chelsea, Liverpool e Manchester United, assim como o Arsenal, chegaram entre os dezesseis finalistas desta mesma edição. E todos como primeiro colocados dos respectivos grupos. Nas últimas temporadas, Itália (em 2003), e Espanha (em 2000), colocaram uma trinca de equipes entre os quatro semifinalistas.

Coube ao PSV Eindhoven quebrar a supremacia inglesa na competição. Justamente o PSV de Ronald Koeman, que como foi dito acima, tem certa predileção a vencer ingleses. Em contraponto, maturidade e consolidação tática são características evidentes neste Liverpool que possivelmente não irá se destemperar graças a estatísticas e coincidências. Vencer o Barcelona dentro do Camp Nou foi a prova mais concreta de que os Reds, tradicionalíssimos na Liga dos Campeões, são postulantes muito fortes ao título.

A mobilidade dentro de campo não deixa transparecer um esquema tático teoricamente engessado. Benítez pode optar, em especial fora de casa, por uma formação mais cautelosa, utilizando Gerrard mais uma vez como right winger e com Riise no outro extremo. Xabi Alonso e Sissoko são dois cabeças-de-área eficientes, mas este último pode ser sacado no caso do treinador optar por Pennant, outra arma importante pelo lado direito do campo. Kuyt e Bellamy, trabalhadores com faro de gol, são atacantes que se encaixam bem idéia de jogo proposta pelo Liverpool, levemente favorito neste caso.

Time provável: Reina, Finnan, Carragher, Agger e Arbeloa; Gerrard, Sissoko, Xabi Alonso e Riise; Kuyt e Bellamy.

Artilheiro: Crouch – 5 gols
Posição na Premier League: 3º
Fase de grupos: 1º - 13 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: 05 (77, 78, 81, 84 e 2005)

domingo, 1 de abril de 2007

Duelos da Liga dos Campeões: Bayern x Milan

Como geralmente faço, apresento textos preliminares com as expectativas para os duelos eliminatórios da Liga dos Campeões. Para iniciar, Bayern e Milan.

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★ PREVIEWS – LIGA DOS CAMPEÕES- 1/4

Milan (Ita) x Bayern (Ale)

Quando dez títulos da Liga dos Campeões entram em campo, o espetáculo certamente está garantido. Bayern e Milan, dois dos maiores gigantes do Velho Continente, se defrontarão por um lugar entre os quatro melhores times da Europa. Neste caso, a vantagem de definir a classificação em casa pende para o time alemão, que por outro lado, terá na lembrança a temporada passada quando, no San Siro, acabou eliminado nas oitavas-de-finais, em um sonoro 4 a 1.

Mesmo que distantes do momento ideal no âmbito doméstico– hoje, ambos estariam de fora da próxima Liga dos Campeões – Bayern e Milan têm demonstrado competência no cenário europeu, terreno em que o componente da tradição sempre se mostra relevante. Carlo Ancelotti e Ottmar Hitzfeld, treinadores de larga bagagem, têm no currículo o título continental, outro aspecto que transforma o vencedor do confronto em um favorito em potencial para o título.

★ Milan em: “Mais do mesmo”

Se as coincidências significam algo, o Milan certamente deve se animar por ter pela frente o Bayern de Munique neste duelo de quartas-de-finais. Há explicação: sempre que deixam os bávaros pelo caminho, os milaneses sagram-se campeões, com exceção da última temporada, quando perderam para o Barcelona nas semifinais, mas haviam eliminado os alemães nas oitavas. A máxima aconteceu em 67-68, 89-90 e 2002-2003.

Mais uma vez, como tem sido nos últimos dois anos, Carlo Ancelotti deve irritar seus inúmeros críticos com uma formação cautelosa, mas que em muitos momentos se mostra eficiente, já que nas últimas seis edições o Milan se colocou entre os oito finalistas. Diante de uma equipe tradicional e perigosa, é bem possível que Ancelotti mantenha a estrutura tática que tem utilizado nos jogos mais importantes, em especial porque Ronaldo, hoje o principal atacante milanês, não pode atuar pela Liga dos Campeões.

Nesta e Kaladze, que estiveram muito bem na temporada passada, formarão a dupla de zaga titular, até porque Maldini tem problemas físicos. Um meio-campo competitivo deve ser composto por Brocchi – ou Ambrosini, além de Gattuso, sobretudo para explorar a qualidade técnica de Andrea Pirlo e deixar Kaká, o melhor jogador da competição até aqui, livre para decidir.

Time provável: Dida, Oddo, Nesta, Kaladze e Jankulovski; Pirlo, Gattuso, Brocchi (Ricardo Oliveira) e Seedorf; Kaká e Gilardino.

Artilheiro: Kaká – 6 gols
Posição na Serie A: 5º
Fase de grupos: 1º Milan – 10 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: 6 (63, 69, 89, 90, 94 e 2003)

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★ Bayern em: “O efeito Hitzfeld “

As vibrações positivas que representam para o Bayern entrar no gramado do San Siro, precisarão se mostrar efetivamente úteis. O estádio onde os bávaros venceram seu último título europeu, em 2001, após 37 anos sem conquistas, é o local do primeiro duelo desta fase. É também onde a equipe alemã viveu seu melhor momento nessa temporada, ao vencer a Internazionale. E para sair com um resultado bom, o Bayern de Munique precisará se esforçar para superar as importantes ausências de Van Bommel e Oliver Kahn na jornada de ida.

Ainda que com dificuldades, a confiança que tem norteado o horizonte bávaro nas últimas semanas será um componente a ser pesado. Isto porque, desde a chegada de Ottmar Hitzfeld, surpreendentemente de volta ao clube, os bons resultados novamente estiveram em Munique. Resultados significativos como a classificação sobre o Real Madrid, e a vitória sobre o líder Schalke 04 na Bundesliga, mostram que Hitzfeld, que há alguns dias renovou o contrato, tem mesmo uma sintonia com o Bayern. Sintonia, aliás, que tem também com a Liga dos Campeões, vencida com os bávaros em 2001 e com o Borussia Dortmund em 1997.

Taticamente, é provável que o treinador mantenha a espinha dorsal dos duelos contra o Real Madrid, onde utilizou Salihamidzic e Schweinsteiger pelos extremos do meio-campo. Sem Van Bommel para o primeiro jogo, Hitzfeld deve naturalmente optar por Ottl, uma opção mais cautelosa, como pede a ocasião. O bom momento de Lukas Podolski também deve ser exaltado, ao passo que ter Claudio Pizarro – artilheiro da equipe na competição – como reserva, também representa uma ótima opção.

Time provável: Kahn (Rensing), Sagnol, Lúcio, Van Buyten e Lahm; Salihamidzic, Hargreaves, Van Bommel (Ottl) e Schweinsteiger; Podolski e Makaay.

Artilheiro: Pizarro – 4 gols
Posição na Bundesliga: 4º
Fase de grupos: 1º Bayern - 12 pontos
Títulos na Liga dos Campeões: 04 (74, 75, 76 e 2001)