terça-feira, 27 de novembro de 2007

Futebol brasileiro

A coluna desta semana, na Trivela, trata sobre a briga corintiana pela permanência na Série A.

Hoje, no Pacaembu e no Mineirão, o destino de Goiás e Corinthians será selado.

"É pura sorte"

Santos e Paraná Clube, Vila Capanema, último domingo: aos 27 minutos do segundo tempo, 2-0 de vantagem para os anfitriões. Dez minutos depois, virada santista e os paranistas, assim, praticamente na Série B. Os três pontos que o time de Vanderlei Luxemburgo trouxe na bagagem, mediante uma ótima virada, deram mais uma força, também, para a permanência corintiana na primeira divisão.

A vitória que garantiu o Santos na Libertadores-08, de quebra, diminuiu o ímpeto do Grêmio - adversário corintiano na última rodada - na briga por um espaço no G-4. Coube ainda ao Flamengo, com outra vitória no Maracanã, reduzir ainda mais as chances gremistas, apenas ainda não sepultadas graças aos resultados ruins novamente colhidos por Cruzeiro e Palmeiras. Enfrentar os gaúchos desanimados, no próximo domingo, naturalmente é a vontade que paira sobre o Parque São Jorge.

Mesmo com esse espírito forte, o Corinthians precisará somar pontos diante do já desanimado Vasco da Gama. Outro tropeço dentro de seus domínios, caso ocorra, pode decretar o rebaixamento corintiano na última rodada e a nada confortável situação de depender de outras equipes para não cair. Respirando fora da zona da degola, o time de Nelsinho vai ilustrando uma situação enganosa, em que parece estar em ascensão, mas venceu apenas um de seus últimos cinco jogos.

Para o decisivo duelo contra o Vasco, a equipe corintiana precisará mudar de cara mais uma vez. Será outra missão no complicado trabalho de Nelsinho à frente de um clube sem qualquer identidade. Ao longo do ano, 58 jogadores diferentes atuaram com a camisa do Corinthians, com direito a nomes longínquos como Amoroso, Paulo Almeida, Jaílson, Daniel Grando e Fágner. Para se ter uma idéia, o São Paulo, também durante 2007, só teve 37 jogadores oportunizados, mesmo fazendo nove jogos a mais.

A principal dificuldade, porém, será superar a ausência de Finazzi nos dois últimos jogos. Referência ofensiva e liderança moral, o centroavante anotou cinco dos sete gols feito pelo Corinthians nos últimos jogos, mas foi suspenso pelo STJD – o mesmo que abriu os portões do Maracanã, mas fechou os do Machadão e não teve tempo de julgar o efeito suspensivo de Valdívia.

Pênalti defendido próximo do fim, gols nos últimos minutos e resultados improváveis conspirando a favor: tudo parece ajudar o Corinthians, que também precisa se ajudar. Caso contrário, terminará com naturalidade um ano em que teve quatro treinadores, três presidentes, escândalos na Polícia Federal, CPI engavetada, pedofilia na base, desvio de verbas no time B e ainda quase 10 milhões de euros pagos a um jogador que nem estava mais no clube. Ou seja, na segunda divisão. Até aqui, os tais deuses do futebol têm colaborado.

Brilho garantido


Pequenos detalhes impedem a confirmação da terceira passagem de Juan Román Riquelme por La Bombonera. Afastado do elenco principal no Villarreal, o maior ídolo boquense das últimas décadas, será garantia de brilho na Libertadores-08. Voltando ao futebol sul-americano, Riquelme, que fará 30 anos em junho do próximo ano, praticamente encerra, dessa maneira, as chances de estabelecer seu futebol extra-classe no Velho Continente.

A verdade é que Riquelme, acima de tudo, pouco parece se preocupar com isso. Temperamental às avessas, Román precisa de espaço para brilhar, algo que ninguém, além do Boca, se dispôs a oferecer. Atlético de Madrid, Tottenham e Internazionale, três dos citados em especulações envolvendo o jogador, não foram capazes de disponibilizar um projeto sedutor para o meia que ganhou três Libertadores com a camisa azul y oro.

Nem mesmo o clube da capital espanhola, onde o argentino teria tudo para brilhar, fez muita força para abdicar de um de seus estrangeiros no elenco, abrindo assim espaço para a inscrição de Riquelme. O camisa 10 mais romântico desde Zidane, à sua maneira, vive de brilhar então nos gramados sul-americanos.

Em El Madrigal, a reputação de Riquelme foi esgotada com a categórica depressão pós-Copa que teve. Responsabilizado pela eliminação, acabou largando o Villarreal, na difícil situação do Submarino Amarelo na temporada passada. Hoje, em alta com um time jovem e nitidamente pronto para as primeiras posições, Manuel Pellegrini não tinha mesmo motivos - por mais que a imprensa brasileira simplesmente o agrida gratuitamente - para mudar a estrutura que tem dado certo.

Em solo argentino - especialmente, claro, no Boca Juniors, Riquelme será novamente o dono da cena. Com um meio-campo jogando para ele armar e conseqüentemente brilhar, Román tem tudo para manter, em 2008, a atmosfera de bicho papão que vêm tendo os xeneizes. Os brasucas que se preparem: O Boca vem aí.

O gol da semana - Renato Augusto

Renato Augusto viveu na pele a sina de ser alçado ainda cru aos profissionais. Nitidamente, o meia-atacante flamenguista se trata de um jogador privilegiado fisicamente, dono de um biotipo pouco comum aos jogadores de sua técnica.

Parece claro que o carioca, dada a precocidade de seu futebol, tem carência em alguns fundamentos, em especial a sempre criticada finalização. No gol da semana, Renato Augusto consegue controlar a bola e, de dentro da grande área, põe na gaveta do gol defendido por Viáfara.

Oportunizado por Joel Santana, o meia tem mostrado, novamente, o bom futebol do primeiro semestre. Tenham paciência com Renato Augusto!



segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O jeito Juventus de ser


Veteranos que juram ter visto o gol mais bonito da história de Pelé, na casa do Juventus. Jovens que, inexplicavemente, se juntam atrás de um dos gols e pulam e cantam durante os noventa minutos. É basicamente essa mistura que compõe a torcida juventina e que faz um jogo na Rua Javari ser um espetáculo à parte.

O cenário para a final da Copa FPF era uma Javari que há muito não se via tão repleta. Quase três mil torcedores se dirigiram ao bairro da Mooca, onde seria possível ver o Juventus, possivelmente, colocar a faixa de campeão no peito. Salvo conquistas nas segundas divisões paulista e brasileira, este poderia ser o principal título na história do Moleque Travesso, cujas maiores glórias, ao longo das últimas décadas, foram atrapalhar a vida do Corinthians.

A partida final, posterior ao jogo em Lins vencido pelo Juventus por 2-1, era cercada por boatos. Segundo os tais, alguma das equipes poderia entregar o jogo, já que o vice-campeão tinha direito a jogar a Série C de 2008, enquanto o campeão ficava com a vaga para a Copa do Brasil. O ritmo insandecido e imprevisível visto em campo pulverizou qualquer boataria.

Diante do Linense, a maior qualidade dos anfitriões se sobressaía. O Juventus pressionava e, além do primeiro gol, perdeu um pênalti com Johnny e ainda teve várias chances de marcar mais. Inexplicavemente, o time de Lins conseguiu o empate e, na segunda etapa, se agigantou. Propondo uma situação mais arrojada, foi pra cima do Moleque Travesso e fez os dois gols que precisava para ficar com o título. O terceiro, aliás, em penalidade aos 47 minutos do segundo tempo.

Nesse momento, a decepção juventina era latente. Dentro de casa e apoiado por toda a torcida, o Juventus também tinha mais camisa, experiência e jogadores vocacionados. Todos esses fatores pesaram quando, dois minutos depois, aos 49, João Paulo fez um gol choradíssimo, oriundo de um daqueles bate-rebates em grandes áreas. Foi o gol do título, mas que também pode ser chamado de imponderável ou qualquer coisa do gênero.

A casa italiana da Mooca, neste último domingo, viu um dramalhão futebolístico capaz de rivalizar com qualquer grande peleja da Squadra Azzurra. Seus torcedores caricatos, capazes por exemplo de um faixa com a imagem do mexicano Seu Madruga, fizeram da Javari, mais uma vez, um palco todo particular no mundo da bola. Um palco onde se vendem doces particulares, se vê o jogo sob uma arquibancada coberta e, ainda, não há iluminação artificial. É o jeito Juventus de ser.


Hostilidade comum aos goleiros adversários na Javari

sábado, 24 de novembro de 2007

As ausências na lista do Brasileirão


Qualquer seleção que se faça, sempre, irá resultar em discórdia. A da CBF, todavia, apresentou algumas indicações gritantes. Naturalmente, também há gente que merecia ser lembrada. O principal absurdo, em tempo, foi o esquecimento total quanto ao Cruzeiro, de Charles.

Para ler as escolhas, veja o post abaixo.

No gol:

Os três relacionados, na visão deste blogueiro, foram os mais merecedores. Fábio e Bruno, porém, fazem campanhas bastante interessantes com Cruzeiro e Flamengo, respectivamente. Não tinham como ser incluídos, mas merecem lembranças.

Nas laterais:

A direita é onde reside a menor fartura de opções. Os eleitos, de modo geral, são os que melhor corresponderam. Vale, porém, lembrar de Sidny.

Do lado esquerdo, é imponderável o deslocamento de Jorge Wagner para o meio-campo. Se fossem usados os mesmos critérios de posicionamento, Joílson também não poderia concorrer entre os laterais. A ausência gritante, porém, é do alvirrubro Júlio César, um dos melhores do torneio. Naturalmente, se colocam dúvidas sobre a indicação de André Santos, que foi regular, mas não brilhou.

No miolo de zaga:

As segmentações das posições em campo, de certa forma, criam alguns problemas. Um deles aparece na indicação de Alex Silva, que em nenhum momento do torneio jogou como quarto-zagueiro. Além disso, nada a reparar. Entre as citações dignas, três nomes: Gustavo, do Palmeiras; Chicão, do Figueirense; Zelão, do Corinthians.

Na cabeça da área:

Escandalosamente gritantes as ausências de Charles e Ramires. Os dois cruzeirenses, com facilidade, estão entre os quatro melhores do Campeonato Brasileiro. A indicação de Maldonado, desta vez, passa pelo voto inconsciente, já que a temporada inteira do chileno é apagada.

Cabem as lembranças, ainda, para: Elicarlos, Arouca, Eduardo Costa, Leandro Guerreiro, Guiñazu, Diogo e Valencia.

Nas meias:

Justíssimas escolhas, embora Jorge Wagner, sob critérios mais aceitáveis, disputasse entre os laterais. Lembremos de: Caio, Conca, Wagner e Geraldo.

Na frente:

O campeonato de Aloísio, também, não foi tão bom assim. Não fossem as lesões, Borges teria lhe tomado a preferência de Muricy, provavelmente. Kléber Pereira, Souza e Roni, com tranqüilidade, seriam opções mais razoáveis.

Craque:

Valdívia é muito bom e encanta bastante gente. Porém, não fez nada sobrenatural para merecer tal indicação. Miranda, pouco notado, seria uma indicação mais pertinente e até mesmo Felipe, de repente, também pudesse entrar na briga.

Revelações:

Os conceitos que circundam esse termo são variáveis. Definir critérios, então, soam como obrigação. Felipe já tem alguns anos de estrada, assim como o são-paulino Hernanes. A única revelação legítima é Breno. Nessa briga, fatalmente, poderia aparecer Guilherme, jóia da Toca da Raposa.

Treinadores:

Indicações perfeitas.

Árbitros:

Todos os indicados, é dever dizer, tiveram falhas gritantes, como a de Paulo César de Oliveira em Fluminense e Grêmio. Sérgio da Silva Carvalho, quase unanimidade, tem pouco marketing e acabou injustamente de fora.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Melhores do Brasileirão

O prêmio entregue pela CBF, desde 2005, vai se tornando parte importante do Campeonato Brasileiro, ao contrário do fracassado "All Star Game", que não emplacou no segundo ano.

Nesta quinta-feira, a duas rodadas do fim, foram divulgados os finalistas após contabilizados os votos de jornalistas, treinadores, ex-jogadores e jogadores da seleção brasileira.

A entrega está prevista para o dia 3 de dezembro.

Os finalistas são:

Goleiro

Diego Cavalieri (Palmeiras)
Felipe (Corinthians)
Rogério Ceni (São Paulo)

Lateral-direito

Coelho (Atlético-MG)
Joílson (Botafogo)
Leonardo Moura (Flamengo)

Lateral-esquerdo

André Santos (Figueirense)
Juan (Flamengo)
Kléber (Santos)

Zagueiro pela direita

Breno (São Paulo)
Fábio Luciano (Flamengo)
Thiago Silva (Fluminense)

Zagueiro pela esquerda

Alex Silva (São Paulo)
Miranda (São Paulo)
Juninho (Botafogo)

Volante pela direita

Hernanes (São Paulo)
Maldonado (Santos)
Pierre (Palmeiras)

Volante pela esquerda

Martinez (Palmeiras)
Richarlyson (São Paulo)
Rodrigo Souto (Santos)

Meia-direita

Diego Souza (Grêmio)
Ibson (Flamengo)
Paulo Baier (Goiás)

Meia-esquerda

Jorge Wagner (São Paulo)
Thiago Neves (Fluminense)
Valdivia (Palmeiras)

Atacante

Acosta (Náutico)
Dagoberto (São Paulo)
Leandro Amaral (Vasco)

Centroavante

Aloísio (São Paulo)
Dodô (Botafogo)
Josiel (Paraná)

Craque

Acosta (Náutico)
Rogério Ceni (São Paulo)
Valdivia (Palmeiras)

Revelação

Breno (São Paulo)
Felipe (Corinthians)
Hernanes (São Paulo)

Treinador

Caio Júnior (Palmeiras)
Joel Santana (Flamengo)
Muricy Ramalho (São Paulo)

Árbitro

Héber Roberto Lopes (PR)
Leonardo Gaciba (RS)
Paulo César Oliveira (SP)

Futebol brasileiro

Como de costume, publico hoje a coluna de futebol brasileiro que vai ao ar, originalmente, às segundas-feiras na Trivela.

Para ler os textos suplementares, acesse o link.

"Auto-flagelamento palmeirense"

As extensões contratuais de Edmundo e Caio Júnior, os dois principais personagens palmeirenses ao longo do ano, estão em aberto. Em cada entrevista nas últimas semanas, no clube, a palavra Libertadores sistematicamente se repete. A presença dentro do G-4, ao Palmeiras, se tornou mais do que uma meta. É, claramente, o resultado de êxito ou fracasso no projeto iniciado pela nova diretoria no início do ano.

Delimitar as coisas dessa maneira, um ano após a briga pelo rebaixamento e, também, pelo pouco investimento realizado, não é algo justo, nem mesmo positivo. Nos últimos anos e no próprio Campeonato Brasileiro desta temporada, o Palmeiras funciona sempre melhor quando não está pressionado.

Sérgio, Thiago Gomes, Nen e Dininho; Amaral, Francis, Wendel e Michael; Valdívia e Marcinho; Enílton. Foi com este triste onze titular que, o Palmeiras, comandado por Jair Picerni, se despediu melancolicamente do Campeonato Brasileiro 2006, onde brigou diretamente contra o rebaixamento. Candinho, Tite e Emerson Leão, vale lembrar, passaram pelo mesmo Parque Antártica na temporada passada. É impossível não dizer que, um ano depois, o cenário alviverde é absolutamente oposto.

Antes em frangalhos, até mesmo politicamente, o Palmeiras tem uma direção que, embora peque em alguns momentos, é transparente e comprometida. Mesmo em situações delicadas, como com atrasos de Paulo Baier e Edmundo, a lisura interna ficou evidente. Nesse contexto, o ano bastante regular de Caio Júnior veio a colaborar.

Abrir mão do projeto do Paraná Clube, para o treinador palmeirense, se mostrou uma escolha acertada. Praticamente rebaixada na Série A, a equipe paranista assiste, de longe, ao elogiável trabalho de Caio Júnior no Parque Antártica. Por mais que às vezes não tenha o pulso correto em questões disciplinares e, junto com o time, hesite em alguns momentos, o treinador tem muitos méritos.

A positiva insistência com Pierre, apenas agora reconhecido como um bom jogador; a solidificação de Wendel como titular absoluto; a indicação e o bom uso de Makelele e Gustavo; o espaço concedido a Valdívia; a afirmação de Caio como imprescindível e, por último, a estabilização de Rodrigão, que mesmo reconhecidamente um jogador mediano, fez cinco dos últimos dez gols palmeirenses no Campeonato Brasileiro.

Como se vê, já existe um sucesso na recuperação do Palmeiras. Entre os primeiros colocados desde o turno passado, o time faz uma seqüência, de certa forma, regular e estável ao longo do Campeonato Brasileiro. Mesmo o trauma de perder jogos no Parque Antártica, nas últimas rodadas, parece sepultado.

Portanto, imaginar a vaga na Libertadores como uma obrigação - dada a grandeza palmeirense e a trajetória na competição – já é natural. Criar um ambiente em que isso esteja condicionado, além de desnecessário, pode não ser lá muito útil.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

7 perguntas para...


Dunga, treinador da seleção brasileira:

- Você diz que as outras seleções fazem o jogo da vida contra o Brasil. Porque o seu time não faz o mesmo contra as outras seleções?

- Porque, no seu time, os laterais e volantes são sempre tão presos?

- O seu perfil como jogador, de certa forma, se reflete como treinador?

- Você não acha que, para um iniciante, poderia assumir uma postura mais amistosa no contato com a imprensa e com os atletas?

- Quais as dificuldades em não ter formação, experiência, e assumir de cara o comando técnico da maior seleção do mundo?

- Você pensa em resgatar o esquema com três volantes da Copa América?

- Você tem observado Liédson, Amauri e Deivid, possíveis alternativas para o ataque?

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PS: A seção "7 perguntas para" estréia com Dunga e terá, esporadicamente, outras edições.

O gol da semana

O gol desta semana vem do Hampden Park. Christian Panucci, que ao longo da semana havia criticado o brasileiro Kaká, fez um quase milagre.

No apagar das luzes, cabeceou no fundo das redes de Craig Gordon, deixando a Squadra Azzurra - e também a França - dentro da próxima Eurocopa. De quebra, fez com que os escoces assistam aos jogos pela televisão.

Um golaço. Afinal, ainda que não tenha sido lindo, foi importantíssimo.




Agradecimentos: Braitner Moreira - Quattrotratti

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Papelão à moda Dunga


A convicção advinda da vitória sobre o Equador, embalada pelo oba oba global e pelo Maracanã lotado, como se esperava, durou muito pouco. Assim como na Copa América, em que venceu a Argentina e apagou um histórico de atuações ridículas, o Brasil fez, em Lima, outro jogo sem inspiração e colheu mais um resultado decepcionante.

A sexta partida seguida sem vitória em Eliminatórias, como se esperava, foi de muita correria e jogo físico, especialmente por parte dos peruanos. O Brasil, como contra a Colômbia, prendeu os volantes e laterais, minando, assim, a criação de situações ofensivas fora do script previsto. Ou seja, dependeu exclusivamente de seus homens de frente. Enquanto Gilberto Silva e Mineiro - dois jogadores em nítida má fase - tocavam a bola e esperavam o tempo passar, as presenças de Maicon e Gilberto pouco significavam para a equipe, ainda que Farfán e Mendoza representassem perigo.

Ronaldinho, cuja forma física foi motivo de celeuma da imprensa ao longo da semana, não teve a inspiração e a mobilidade que um jogo no Monumental de Lima normalmente pede. Imaginar Elano ou mesmo Diego, no time titular, seria uma opção mais natural. Mais uma vez, o time se mostrou dependente de Robinho, que não esteve bem, e de Kaká, novamente o melhor em campo com camisa amarela.

Outro ponto a se tocar, também, é a indiferença que parece cada dia mais nítida. Encarar as Eliminatórias como mera formalidade, mesmo que alguns times sejam frágeis, não é uma receita aceitável, tampouco adequada. Seleções fracas como Peru e Venezuela, ou mesmo melhores como Chile, Uruguai e Paraguai, têm jogado no limite físico e mental, patamar onde o time de Dunga precisa se equiparar.

Pode parecer uma perseguição simplista, mas todos os problemas desta seleção esbarram no trabalho de Dunga. Sempre lembrado por sua inexperiência na função, o treinador tem tido dificuldades, por exemplo, em ensaiar jogadas de bola aérea, ou mesmo, de incrementar alternativas táticas ao time. Para não falar de outros pormenores.

Sem identidade e também sem vontade, o Brasil de Dunga pode ser uma presa fácil para oponentes como Chile, Paraguai e Uruguai. A resposta inicial deve ser dada na próxima quarta, no Morumbi, no primeiro jogo duro da seleção brasileira nas Eliminatórias. Até aqui, acredite, só teve moleza. E, mesmo assim, os brasileiros fizeram apenas cinco pontos.

Uruguai 2 x 2 Chile

Jogo bastante interessante e de muito arrojo por parte das duas equipes. Pelo lado uruguaio, muitos méritos para o que jogaram Gargano, que precisa ser titular, e Luis Suárez, o melhor jogador da rodada. Forlán, jogando na função de Abreu, pode fazer dos celestes uma equipe ainda mais veloz e insinuante, característica que não pode ser desprezada, como na escalação para o duelo da rodada anterior, em Assunção.

O time de Marcelo Bielsa, outra vez, mostrou ser bastante interessante e totalmente diferente do que montava Nelson Acosta. Bastante pertinente a entrada de Villanueva, que alterou o panorama, mesmo deslocado para a ponta-esquerda. Faltou, porém, maior segurança defensiva para segurar o resultado. Este, aliás, construído a partir do faro de gol de Marcelo Salas, cuja recuperação é mérito de El Loco Bielsa.

Paraguai 5 x 1 Equador

Ver os paraguaios com um 4-3-3 ousado, convenhamos, não é nada comum. Pois em casa, diante dos tricolores equatorianos, Gerardo Martino confiou nas boas fases de Cabañas, Santa Cruz e Váldez, que justificaram a aposta. Barreto e Riveros, além do bom lateral Vera, também fizeram um jogo bem interessante. Cabe, ainda, abrir o olho para Néstor Ayala, que atuou cerca de dez minutos e deixou ótima impressão, com um gol e outra bela jogada.

Os equatorianos, como já vinha sendo, foram uma equipe com pouquíssima confiança, disposição e segurança defensiva. Benítez fez o que pôde lá na frente, mas isso foi quase nada, dada a fase ruim de Edison Méndez. Confirmada a saída de Luis Fernando Suárez, há de se esperar alguma reviravolta. Caso contrário, La Tri brigará pelas últimas posições, ao contrário do que se viu em 2002 e 2006.

Argentina 3 x 0 Bolívia

Diferentemente de Dunga, o experiente Alfio Basile vai criando interessantes alternâncias táticas para os albicelestes. Contra a inofensiva Bolívia, experimentou um arrojado 4-2-1-3, bastante viável, aliás. Com Tévez, Messi e Agüero, além de Crespo também convocado, o apelo pelo ataque se justificava. Como contra a Venezuela, porém, faltou mais vontade de convencer. Os três pontos e mais um resultado positivo, porém, abafam as críticas, incapazes de atingir Riquelme, novamente em atuação de gala.

Colômbia 1 x 0 Venezuela

O primeiro gol e a primeira vitória da Colômbia, na terceira rodada, saiu dos pés do gremista Bustos, ausente nas jornadas anteriores. Um dos melhores colombianos em campo, ele fez parte de um esquema tático, mais uma vez, engessado e de pouca criatividade. Nesse sentido, os venezuelanos poderiam até ter tido mais personalidade e trazer, de Bogotá, um resultado melhor que a apertada derrota sofrida.

Fotos: Uol

domingo, 18 de novembro de 2007

Deuses da Euro


Surreal, inacreditável, inesperado. Os adjetivos, nestes casos, podem ser vários. Enquanto a Itália precisava trazer três pontos de Glasgow, a Inglaterra torcia para o já eliminado time israelense segurar a Rússia de Guus Hiddink. Façanhas tidas como improváveis, mas que tiveram, possivelmente, a mãozinha de algum Deus do futebol, daqueles que olham pelas grandes equipes. Ou que, ainda, fazem certas camisas pesar mais que outras.

Em solo escocês, a Itália foi a campo com o mesmo 4-3-2-1 no qual visitou a França, há dois meses atrás. Ainda que tenha contado com o sempre aguçado faro de Luca Toni - responsável por abrir o placar logo no início de jogo, a Squadra Azzurra fez um jogo de pouca inspiração ofensiva e muito espírito de luta. Nesse sentido, vale destacar o empenho e as atuações soberbas de Zambrotta, Gattuso e, especialmente, do sempre criticado Ambrosini - um leão em Glasgow.

Na base do histórico kick and rush, a Escócia tentava, sem muita inspiração, buscar ao menos um empate, embora isso não fosse lá muito suficiente. O time de Alan McLeish, assim, buscou a igualdade através de Barry Ferguson, claramente impedido, mas invisível ao trio de arbitragem.

Desesperados, os italianos foram ao ataque e contaram com um gol milagroso nos acréscimos, feito por Panucci, resgatado para a seleção por Roberto Donadoni. Com a derrota, Hampden Park assistiu à segunda amarelada histórica da Escócia. No mês passado, a seleção britânica havia perdido para a fraquíssima Geórgia, de maneira incrível.



A alegria dos ingleses, porém, ainda não estava completa. Após assistir ao trágico fim da brava vizinha Escócia, o English Team precisa torcer por ao menos um empate entre Israel e a Rússia, concorrente direta na vaga para a fase final da Eurocopa. A missão dos israelenses, já eliminados, era ainda mais complicada pois, Yosi Benayoun, estava lesionado.

A Rússia, que havia vencido a Inglaterra na última rodada, não foi capaz de trazer pontos de Tel-Aviv. Itzhaki, logo aos dez minutos, concluiu jogada de Barda. Só no segundo tempo, com Bilyaletdinov, os russos encontraram a igualdade que, não fosse a trave, teria sido quebrada, nos acréscimos, em lance de Sychev. No lance seguinte, porém, o caixão de Guus Hiddink foi fechado: contra-ataque, gol de Golan e vitória dos anfitriões.

A Inglaterra, que não terá Rooney, Owen e outros jogadores importantes, só precisa de um réles empate com a Croácia, na próxima quarta. Assim, irá garantir sua participação, graças a um resultado que só os Deuses do Futebol poderiam prever.

sábado, 17 de novembro de 2007

O melhor Robinho dos últimos anos


Kaká, com justiça, tem dominado os holofotes. Afinal, em poucas semanas deve receber os dois principais prêmios individuais do futebol: a Bola de Ouro da France Football e o título de Melhor do Mundo da Fifa. Ronaldinho, detentor de três das quatro últimas indicações das duas coroas, é outro que está, também, sempre em alta. Na esteira deles, vem Robinho, hoje mostrando um futebol do mesmo nível.

Ao contrário de Kaká e Ronaldinho, o ex-santista construiu uma carreira bastante sólida, no Brasil, e foi para a Europa bastante maduro. Chegou ao Real Madrid por uma quantia astronômica, recebeu a camisa 10 de Alfredo Di Stéfano e falava em ser o melhor do mundo. No entanto, a instabilidade do clube e sua própria instabilidade, aliado a supostos boatos de descomprometimento com a carreira, minaram o brilho que Robinho levou consigo para o Velho Continente.

Nos últimos meses, porém, Robinho tem dado a volta por cima e jogado o futebol que lhe consagrou no Santos. Já com algum mérito no título espanhol do Real Madrid, o Rei do Drible vem fazendo uma temporada acima da média. Ao menos, da média que mostrou desde que chegara ao Santiago Bernabéu.

Robinho, atuando como interior esquerdo - e às vezes direito, fez mais de uma partida magistral nesta temporada. Mallorca, Valencia, Olympiakos e Deportivo La Coruña foram as melhores partidas do brasileiro que, na Liga Espanhola, fez quatro gols e está atrás apenas de Raúl e Van Nistelrooy, com seis.

Além disso, Robinho também tem percorrido muito bem os últimos jogos da seleção brasileira. Na Copa América, foi o principal jogador de Dunga e, em boa parte das partidas, resolveu a parada sozinho. No amistoso contra o México, disputado em solo norte-americano, fez uma jogada maravilhosa na linha de fundo, algo que repetiria no Maracanã, sobre o equatoriano De La Cruz.

Parece claro que, nos últimos meses, o camisa 10 madridista vai cumprindo o que dele se espera. Futebol plasticamente bonito, mas também eficiente, além de resolver jogos e amadurecer taticamente.

Já que 2007 será de Ricardo, o nosso Kaká, quem sabe assim, em 2008, Robinho não dá seqüência ao roteiro inacreditável de Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho. Contra o Peru, neste domingo, pode escrever mais um capítulo.

Seleção da rodada #33


Com indesculpável atraso, a seleção da última rodada, a 36, do Campeonato Brasileiro.

Os jogos foram iniciados há sete dias, no sábado. A jornada se encerrou na quarta-feira, com a vitória palmeirense sobre o Flu.


Felipe
Sidny - Danny Moraes - Fábio Luciano - Thiago Feltri
Pierre - Toró
Conca - Alex
Edmundo - Acosta

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Futebol brasileiro

Publico, por aqui, a coluna de segunda-feira, da Trivela.

"Um time sem alma"

Criticar um segundo colocado em pontos corridos, normalmente, já é algo difícil de se fazer. Não se acha, porém, que o elenco santista seja estelar a ponto de fazer mais que isso. Tampouco, o resultado obtido contra o Flamengo no Maracanã é que pauta a coluna. Mas, ao longo das rodadas, fica bastante evidente que o Santos “pós-Zé Roberto” é um time gelado, muitas vezes sem alma, e que tem potencial técnico para pontuar mais.

Fibra, obstinação, preparo físico e, até mesmo indignação, são características essenciais de equipes capazes de buscar resultados adversos. Nos 16 jogos em que saiu perdendo, neste Campeonato Brasileiro, o Santos perdeu 11 e empatou três. Só venceu dois. Os números, neste caso, são fiéis.

Embora a torcida santista normalmente não seja das mais assíduas, os números se refletem nas arquibancadas. Nesta edição do Campeonato Brasileiro, apenas Juventude e Figueirense, longe do apelo e da tradição do Santos, conseguem ficar abaixo na média de público. Em boa parte da competição, aliás, os catarinenses estavam acima no ranking. Nem mesmo em seqüências positivas, o time de Vanderlei Luxemburgo conseguiu atrair o torcedor à Vila Belmiro. Até mesmo rebaixáveis como Paraná Clube e América - este com uma campanha que dispensa maiores apresentações – levaram mais gente ao estádio.

Uma das explicações para o “sangue frio” do Santos, nitidamente, é a formação do elenco. Primeiro porque, e é bastante nítido, Vanderlei Luxemburgo não consegue mostrar mais a mesma disposição pela vitória que tinha em seus melhores momentos. Segundo, pois, na montagem de um grupo, ter jogadores emergentes é essencial.

Petkovic, Kléber, Maldonado, Fábio Costa e Marcos Aurélio: cinco exemplos, de titulares praticamente absolutos, que transparecem alguma indiferença com as pretensões do clube. É claro que os citados têm caráter e, nos tempos recentes, têm sido bastante profissionais. Mas, aparentam não perder o sono após uma derrota. E a capacidade de indignação é um dos principais gatilhos para o sucesso.

Há, claramente, gente com sede de vitória: Renatinho, Domingos, Moraes, Vítor Júnior, Adriano, Baiano e Dionísio. Em boa parte dos casos, ou falta talento, ou falta espaço. É, basicamente dos citados no parágrafo acima, além de Kléber Pereira e Rodrigo Souto, de quem o Santos de hoje depende para triunfar.

Na imprensa santista, segundo se comenta, a possibilidade de Vanderlei Luxemburgo permanecer pela terceira temporada consecutiva é enorme. Ainda que a comissão técnica atual seja cara e o clube atravesse uma situação financeira difícil, não há como se questionar sua qualidade. Este, que fique claro, não é o objetivo da coluna. Trata-se, apenas, de uma situação esporádica. Mas, feita a opção pela continuidade, combater o marasmo será um desafio e, de repente, uma prioridade na aquisição de reforços para 2008.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Zenit e Pohang Steelers




Os campeonatos que seguem o calendário solar, de janeiro a dezembro, vão chegando ao momento final. No último fim de semana, o Zenit Saint Petersburg e o Pohang Steelers se sagraram campeões, na Rússia e na Coréia do Sul, respectivamente.

O Zenit, impulsionado pelo dinheiro da poderosa empresa Gazprom, venceu seu primeiro título russo, embora, em 1984, tenha levado o extinto campeonato soviético. De quebra, já se garantiu na fase de grupos da próxima Liga dos Campeões. Embora conte com esse respaldo e planeje a inauguração de um novíssimo estádio nos próximos meses, os Light Blues não contam com um elenco estelar. Anatoliy Tymoschuk, campeão do time, é o nome internacionalmente mais famoso.

Não há, aliás, nenhum brasileiro no plantel de Dick Advocatt, treinador holandês responsável direto pelo sucesso do clube. CSKA e Spartak, aliás, possuem elencos bem mais recheados.

Já o Pohang Steelers, pela quarta vez em sua história, levantou a taça da K-League. O título, que não vinha há quinze anos, foi assegurado com um gol de Schwenck, ex-Figueirense e Botafogo.

Na equipe sul-coreana, atua também o ex-flamenguista Andrezinho, por lá desde 2004. O atacante, que muito prometia no início de carreira, é ídolo local. A relação de brasucas, no elenco, é completada por Jonhes. Desconhecido por aqui, o jogador teve um sucesso meteórico pelo Bandeirante, no Campeonato Brasiliense.

No comando, está Sérgio Farias. Treinador com passagens pelo interior paulista, especialmente pela União Barbarense, também trilhou caminho pelas seleções de base. Hoje, é campeão sul-coreano pelo Pohang Steelers.

Do noivado ao casamento


Nesta última segunda-feira, o Atlético Paranaense confirmou o primeiro reforço para 2008. Ney Franco, responsável direto pela ascensão do Furacão nessa temporada, definiu seu destino pelo próximo ano.

Ney Franco tirou o Furacão da briga pelo rebaixamento e o colocou na metade de cima da classificação, 14 rodadas depois. Do 16º ao 10º lugar, com oito vitórias, quatro empates e quatro derrotas. O aproveitamento acumulado, 56% dos pontos disputados, só é inferior ao campeão São Paulo.

Ainda em números, o treinador mineiro acumula a invencibilidade na Kyocera Arena, onde venceu sete jogos e empatou um. O retorno do torcedor ao estádio, sem dúvida, é outro ponto relevante na guinada rubro-negra. Desde sua inauguração, a Arena vinha sendo uma arma letal do Atléico Paranaense.

Um dia após a renovação, Ney Franco fez questão de enfatizar a necessidade de manter os principais jogadores. Ferreira, Alex Mineiro e Danilo constam na lista de reforços de muitos dos grandes do país e até do exterior. Perdê-los, no início do ano, atrapalharia a solidificação do time atual. Além disso, o exemplo recente da venda de Denis Marques, para o Japão, se mostrou negativo para o time.

A renovação de contrato, selada na segunda-feira, mantém forte um casamento que parece perfeito. Ney Franco é competente e precisava de um novo ambiente. E o Atlético, forte nos últimos anos, merecia uma campanha digna.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Olheiros

Sem tempo para oferecer um "texto exclusivo", reproduzo, aqui, parte da coluna deste domingo no Olheiros.

"Círculo vicioso"

O clube que mais revela jogadores em São Paulo – senão no Brasil, apresenta Cilinho, um dos nomes mais experientes e capacitados na formação de jovens atletas. O acontecimento da semana poderia ser mais um capítulo de sucesso no roteiro da base corintiana. Poderia.

Afastado do futebol há muito tempo, Cilinho foi o nome eleito para materializar a reforma no lamaçal que é o Departamento Amador do Parque São Jorge. De cara, o novo coordenador pôde, com casos de corrupção e até pedofilia, reconhecer o universo conturbado que tem à frente.

Evanir Jesus de Moraes, o Wando, é o principal foco de sujeira no antigo departamento amador do Corinthians. O ex-gerente de futebol de base, afastado por Clodomil Orsi há poucas semanas, é reconhecidamente um dos tentáculos de Nesi Curi e foi acusado, por todos os lados, de corrupto e pedófilo. Willian, principal revelação corintiana nos últimos anos, confirmou a veracidade das histórias envolvendo o antigo dirigente.

Os casos, porém, não podem ser classificados como fato novo. Há sete anos, Wando já fora acusado de dispensar jogadores da base por não ser receber, supostamente, uma quantia de dinheiro combinada. Os relatos de muita gente inserida nos bastidores corintianos, confirmam, definitivamente, que Wando tinha mesmo assédios sexuais como manifestações de sua conduta no departamento amador do clube.

Cabe interrogar-se quanta gente boa não deve ter ficado pelo caminho. Intrigam, ainda, os outros cinco casos de membros do departamento que foram afastados. Além de não se saber quem são, os motivos para as demissões também passaram despercebidos.

Wando, que representava a extensão de Nesi Curi, está também envolvido nas fraudes que caracterizaram o time B nos últimos anos. Sem nenhum resultado expressivo, a equipe recebia jogadores sem chances no elenco principal. Estes, circunstancialmente, repartiam seus rendimentos com dirigentes responsáveis por cavar esse espaço.

Embora não possa se confirmar, o atacante Júnior Negão, proveniente do Atlético Mineiro – onde quase nunca atuou, era um dos nomes mais fortes no suposto esquema. Entre Carpegiani, Zé Augusto e Nelsinho Baptista, o jogador, cuja contratação jamais se justificou, teve 45 minutos de oportunidades com a camisa do clube. No time B, porém, tinha sempre lugar.

Casos como as sucessivas renovações contratuais de Coelho, no mesmo clube em que Fágner foi embora de graça, surpreendem. O lateral, alçado inexplicavelmente ao time titular em 2006 com status de indispensável, ganha uma fortuna de salários. Pouca gente sabe, ou diz, o porquê.

Ainda que se diga que situações como pedofilia e cobrança de propinas, infelizmente, fazem parte da vida interna de qualquer departamento amador, tais questões não podem ser relativizadas. O clube, aparentemente se estruturando, parece afim de seguir o caminho correto, encaminhando o caso para a justiça. E quem vive o Corinthians, aliás, atesta a falta de lisura na vida esportiva e civil dos acusados.

Resta aguardar, também, o que será capaz de fazer Cilinho, agora à frente da coordenação técnica do Departamento Amador. Reconhecidamente um homem do bem e que muito conhece o futebol, precisará caminhar com sabedoria e bravura em meio ao campo minado – e sujo – que estará pisando. Há alguns anos distante da bola e também um pouco debilitado, o homem que montou ‘os menudos do Morumbi’ já não é mais o mesmo.

Sua escolha, assim como a de Miguel Marques e Silva, transmite certa lisura para a base corintiana, ainda que, gente como Ronaldo, um dos maiores ídolos da história do clube, tenha torcido o nariz - seja por ciúmes, seja por pretensões pessoais.

Poderia, ainda, ter sido pior. É notório que Nesi Curi, um dos cabos da campanha de Andrés Sanchez, quis incluir gente de sua confiança no cobiçado departamento amador corintiano. Paulinho do Ouro, de histórico bem conhecido no Parque São Jorge, foi vetado.

Entre as lições que o caso a ser resolvido vai deixando, a principal é de que os clubes, em todas as esferas, precisam de profissionais sérios e, no caso da base, com a formação adequada para tal trabalho. Encaixar amigos, ex-jogadores, ou mesmo “tentáculos”, só irá favorecer aos interesses pessoais dos envolvidos.

Infelizmente, ou não, surgirá sempre um Lulinha para encobrir a sujeira, salvar as finanças, e manter o vicioso e viciado círculo em plena atividade.

Desculpas

Amigos, não tenho tido a menor condição de oferecer mais interatividade por aqui.

Comentar nos blogs com regularidade é uma coisa que muito me agrada, assim como tentar responder meus quase oito leitores.

Agradeço aos que, ainda assim, seguem fiéis ao Papo de Craque. E entendo aqueles que não o fazem. Sem nenhum problema. Perdoem a ausência!

att,
Dassler

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Terceira façanha gaúcha?


Juventude vence o quinto jogo consecutivo e escapa do rebaixamento. A manchete já está pronta nos jornais de Caxias do Sul. A torcida, que pouco vai ao Alfredo Jaconi (o Ju tem a pior média entre os 20 da Série A), está acreditando. Mas ninguém, além dela e dos jogadores, consegue crer na salvação.

Já são 22 rodadas consecutivas entre os últimos, além de outras oito anteriores. Além disso, a melhor colocação do clube da Serra Gaúcha foi o 11º lugar, na 5ªrodada. Nem mesmo as heróicas vitórias sobre São Paulo e Palmeiras transmitem uma sensação de reação possível. Porém, uma olhada no retrovisor pode dar inspiração.

- Façanhas -

Há dois exemplos, porém, bastante vivos na memória dos gaúchos. Em 2003, o Grêmio passou 25 rodadas consecutivas dentro da zona de rebaixamento. Se livrou, porém, nos jogos finais: 2-0 sobre o Paysandu, 4-3 sobre o Vasco, 2-1 novamente sobre o Paysandu, 2-2 com o Santos na Vila Belmiro e, por fim, 3-o sobre o Corinthians no último jogo.

A façanha, anterior ao rebaixamento em 2004, projetou a carreira de Adílson Baptista como treinador. No time, esquecível na memória do torcedor gremista, estavam fiascos como Baloy, Gavião, Marcos Paulo, George Lucas e Marcelinho.

Um ano antes, em 2002, foi a vez do Internacional construir uma história de salvação inacreditável. O clube, que já tinha escapado do descenço em 1999 - com gol de Dunga, precisava trazer, de Belém, três pontos contra o Paysandu. Além disso, dependia de outros resultados, especialmente de Palmeiras, Paraná ou Portuguesa.

Fernando Baiano e Mahicon Librelato - falecido meses depois, fizeram os gols da vitória colorada no Mangueirão. Bahia e Vitória venceram, respectivamente, Portuguesa e Palmeiras, decretando então a permanência do Internacional. A salvação do clube gaúcho, inclusive, é tida como um período de renascimento. Cinco anos depois, Fernandão levantava as duas taças mais importantes que já entraram no Beira Rio.

- Realidade bem diferente -

Por mais que seja gostoso lembrar e que se alimente as coincidências, a situação do Juventude é muito mais delicada. Nem mesmo três vitórias, o que parece improvável, garantem a salvação do clube de Caxias. Nas próximas duas rodadas, Atlético Mineiro e Fluminense receberão o Ju, que faz, em casa, a decisão com o Sport. Jogo, eventualmente, onde pode escalar posições e derrubar os pernambucanos.

Caso faça o lógico e vá para a segunda divisão, o Juventude terminará com uma seqüência de primeira divisão iniciada em 2005. Com um ano, porém, horroroso, o clube só colhe os frutos ruins. Após um fracasso na especulada parceria com a Red Bull, já na primeira rodada do Brasileirão, Ivo Wortmann abandonou o barco. Rumo, aliás, até hoje de paradeiro desconhecido.

Seleção da rodada #32

Agora, são só mais três chances de entrar entre os onze.

Seleção da 35ªrodada:

Juninho
Gabriel - Miranda - Asprilla - Guiñazu
Jumar - Charles
Netinho - Nilmar
Roni - Carlinhos Bala

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Ranking das seleções: parte 3/3

Finalizando o trabalho iniciado, o Papo de Craque divulga a totalização de todas as seleções feitas desde a terceira até a 34ªrodada. Faltando apenas quatro eleições, esses seriam os nomes premiados.

É importante lembrar mais uma vez que a proposta não é estabelecer verdades absolutas, até porque os critérios são claramente subjetivos. Jogadores regulares, mas que fazem poucas partidas exuberantes, tendem ficar mais abaixo do que normalmente ficariam sob outros critérios. Casos, por exemplo, de Valdívia e Dodô.

De qualquer forma, absorvidas da maneira ideal, as informações são bastante relevantes.
Ao fim do Campeonato Brasileiro, claro, será divulgado o resultado final.

MEIAS

6 votos: Paulo Baier (Goiás)

5 votos: Thiago Neves (Fluminense)

4 votos: Caio (Palmeiras)

3 votos: Geraldo (Náutico), Ibson (Flamengo) e Souza (São Paulo)

2 votos: Petkovic (Santos), Valdívia (Palmeiras), Wagner (Cruzeiro), Marcinho (Atlético-Mg), Leandro Domingues (Cruzeiro), Pinga (Internacional) e Ferreira (Atlético-Pr)

1 voto: Marcelinho (Vasco), Fumagalli (Sport), Renato (Flamengo), Carlos Eduardo (Grêmio), Alex (Internacional), Lúcio (Atlético-Mg), Araújo (Cruzeiro), Zé Roberto (Botafogo), Willian (Corinthians), Marcelo Silva (Náutico), Roger (Flamengo), Roger (Internacional), Conca (Vasco), Joílson (Botafogo), Maicosuel (Cruzeiro), Arouca (Fluminense), Diego Souza (Grêmio), Lúcio Flávio (Botafogo), Pedrinho (Santos) e Tcheco (Grêmio)

ATACANTES

5 votos: Acosta (Náutico)

4 votos: Leandro Amaral (Vasco), Felipe (Náutico) e Josiel (Paraná)

3 votos: Edmundo (Palmeiras), André Lima (Botafogo), Kléber Pereira (Santos), Alecsandro (Cruzeiro) e Anderson Aquino (Sport)

2 votos: Carlinhos Bala (Sport), Alexandre Pato (Internacional), Marcos Aurélio (Santos), Aloísio (São Paulo), Finazzi (Corinthians), Borges (São Paulo), Guilherme (Cruzeiro), Somália (Fluminense), Marcelo Moreno (Cruzeiro)

1 voto: Dagoberto (São Paulo), Éder Luís (Atlético-Mg), Jorge Henrique (Botafogo), Roni (Cruzeiro), Dodô (Botafogo), Christian (Internacional), André (Juventude), Weldon (Sport), Fabrício Carvalho (Goiás), Marcel (Grêmio), Rodrigão (Palmeiras), Fernandão (Internacional), Marcelo Ramos (Atlético-Pr), Paulo Henrique (Atlético-Mg), Otacílio Neto (Figueirense), Alan Kardec (Vasco), Leandro (São Paulo), Wesley Brasília (América), Vanderlei (Atlético-Mg), Renatinho (Santos) e Tuta (Grêmio)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Que Nilmaravilha!


60 minutos de (muita!) bola e Fernandão não se conteve: "Nilmar é seleção", disse o ícone colorado. O capitão, que fez os dois gols do jogo, não conseguiu ofuscar a exuberante partida de reestréia do garoto que deixou o Beira Rio em 2004 e sabe-se lá como ainda não explodiu definitivamente em nível internacional.

Sorridente como ele, Nilmar foi também rápido, lépido e fagueiro. Foi o bom e novo Nilmar. Passou para Fernandão marcar, fugiu da marcação de Luizão e ignorou, solenemente, o temporal e o gramado pesado em São Januário.

Se a vitória colorada pode ser dita como normal em um torneio tão imprevisível, a forma com que voltou Nilmar é anormal. Se seus joelhos deixarem, o Internacional ganhou, por uma quantia acessível, um fora-de-série como Alexandre Pato. E com ele, Fernandão e Guiñazu, deve ter um time fortíssimo em 2008. Capaz de ganhar o que quiser.

domingo, 4 de novembro de 2007

Ranking das seleções: parte 2/3

Seguindo o que foi iniciado no post abaixo, os laterais e volantes.

LATERAIS-DIREITOS

4 votos: Wendel (Palmeiras)

3 votos: Leonardo Moura (Flamengo), Coelho (Atlético-Mg) e Wagner Diniz (Vasco)

2 votos: Cláudio (Atlético-Mg), Diogo (Figueirense) e Diogo (Sport)

1 voto: Jancarlos (Atlético-Pr), Alessandro (Santos), Baiano (Santos), Gerson (Atlético-Mg), Luizinho Netto (Sport), Vítor (Goiás), Bustos (Grêmio), Bruno (Juventude) e Thiago Maciel (Vasco)

LATERAIS-ESQUERDOS

5 votos: Kléber (Santos), Jorge Wagner (São Paulo) e Fernandinho (Cruzeiro)

3 votos: Júlio César (Náutico) e Juan (Flamengo)

2 votos: Marcelo Oliveira (Corinthians) e Anderson Pico (Grêmio)

1 voto: André Santos (Figueirense), Márcio Careca (Paraná), Bruno (Sport) e Luciano Almeida (Botafogo)

VOLANTES

6 votos: Ramires (Cruzeiro)

4 votos: Hernanes (São Paulo)

3 votos: Richarlyson (São Paulo), Eduardo Costa (Grêmio) e Martinez (Palmeiras)

2 votos: Renan (Juventude), Pierre (Palmeiras), Cristian (Palmeiras), Elicarlos (Náutico), Maldonado (Santos), Rodrigo Souto (Santos) e Guiñazu (Internacional)

1 voto: Henrique (Figueirense), Maurício (Fluminense), Moradei (Corinthians), Abedi (Vasco), Edinho (Internacional), Beto (Juventude), Gavilán (Grêmio), Rafael Miranda (Atlético-Mg), Makelele (Palmeiras), Valencia (Atlético-Pr), Charles (Cruzeiro), Marcão (Juventude), Francis (Palmeiras), Leandro Guerreiro (Botafogo), Túlio (Botafogo), Josué (São Paulo), Ernane (Vasco), Vampeta (Corinthians), Radamés (Náutico) e Jaílton (Flamengo)

sábado, 3 de novembro de 2007

Ranking das seleções: parte 1/3

Em 31 das 34 rodadas (exceto as três primeiras) do Campeonato Brasileiro, o Papo de Craque fez o tradicional apanhado pós-rodada, selecionando os melhores jogadores. Já na reta final, apresento, em três partes, como está o ranking.

Lembro que é algo subjetivo e que, talvez esteja, em alguns momentos, distante da realidade.

Hoje, ranking de zagueiros e goleiros.
Neste domingo, é a vez dos laterais e volantes.
Por fim, na segunda, os meias e atacantes.

Dê os seus pitacos!

GOLEIROS

5 votos: Felipe (Corinthians), Diego Cavalieri (Palmeiras) e Rogério Ceni (São Paulo)

3 votos: Júlio César (Botafogo)

2 votos: Fábio Costa (Santos)

1 voto: Bruno (Flameng0), Roger (Botafogo), Max (Botafogo), Édson (Atlético-Mg), Harlei (Goiás), Fernando Henrique (Fluminense), Fábio (Cruzeiro), Gatti (Cruzeiro), Flávio (Paraná) e Magrão (Sport)

ZAGUEIROS

6 votos: Breno (São Paulo)

4 votos: Thiago Silva (Fluminense)

3 votos: Miranda (São Paulo), Alex Silva (São Paulo), Felipe Santana (Figueirense), Chicão (Figueirense) e Nen (Palmeiras)

2 votos: Marcos (Atlético-Mg), César (Sport), Juninho (Botafogo), Nílton (Corinthians), Marcelo (Santos), Dininho (Palmeiras), Fábio Ferreira (Corinthians) e Gustavo (Palmeiras)

1 voto: Zelão (Corinthians), Régis (Juventude), Domingos (Santos), Thiago Sales (Flamengo), Fábio Luciano (Flamengo), André Dias (São Paulo), Durval (Atlético-Pr), Luís Henrique (Paraná), Vinícius (Atlético-Mg), Betão (Corinthians), Emerson (Cruzeiro), Léo Fortunato (Cruzeiro), Leonardo (Goiás), Léo (Grêmio), Índio (Internacional), Roger (Fluminense), Marcão (Internacional) e Júlio Santos (Vasco)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

17 méritos: São Paulo e Muricy Ramalho


Muito já se comentou a respeito do título são-paulino, mais previsto que a Copa de 2014 no Brasil. E, por mais que se diga que os olhos estão sempre fechados para os erros que ocorrem no Morumbi, os acertos se impõem com enorme superioridade. Tanto é verdade que, ao longo das 34 rodadas já disputadas, não houve, sequer, um time capaz de representar oposição direta e contínua ao primeiro lugar do São Paulo.

De forma direta e categórica, o Papo de Craque lista 11 méritos do clube, além de outros 6 de seu treinador. A continuidade da parceria de Muricy com o clube, aliás, já é um fato elogiável, dada a instabilidade iniciada após a derrota de 4-1 para o São Caetano.

11 méritos do São Paulo

- O trabalho de contratações do início do ano se mostrou útil na reta final da temporada. Com jogadores negociados (Ilsinho, Josué, Lenílson, Edcarlos, Maurinho, Marcel, Rafinha e Thiago), lesionados com gravidade (Frédson, Reasco, Zé Luís e agora Alex Silva), além de Hugo suspenso, o elenco, ainda assim, conseguiu resistir bem.

- O suporte de Juvenal Juvêncio para Muricy Ramalho foi útil. Ainda que boa parte da imprensa tenha feito alarde e sugerido imposições do presidente, o andamento da temporada mostrou que tudo não passou de uma conversa franca e de consistência duradoura.

- Ter um elenco numeroso e qualificado, muitas vezes, significa problemas. Júnior, Jadílson e Souza foram alguns dos que, em um ou outro momento, reclamaram do banco de reservas. Além é claro de Muricy, os assuntos foram bem costurados internamente. Tanto é verdade que, Júnior, foi fundamental nos últimos jogos e terá seu contrato renovado para 2008.

- Ao contrário de clubes rivais, em especial o Corinthians, a estabilidade política do São Paulo é enorme e permite um cotidiano bastante tranqüilo.

- Por mais que se usem poucos jovens jogadores no elenco principal, e possa se criticar isso, o investimento na base segue intenso. O time foi vice-campeão da Copa SP e, em todas as categorias, possui um trabalho consistente.

- Assim como aconteceu com o Corinthians-05, o São Paulo desse ano soube usar bem a estrutura médica e fisiológica que tem. Mesmo em momentos delicados, como na seqüência de três derrotas, conseguiu administrar bem e seguir com um jogo físico, como ficou nítido contra o Cruzeiro.

- A contratação de Dagoberto já era costurada desde 2006. E, ainda que não tenha se tornado uma referência plena, o atacante foi extremamente importante. Em jogos delicados como contra Santos e Vasco, por exemplo, fez o que dele se espera. Com uma qualidade acima do comum para o futebol local, será bastante natural que, em 2008, ele cresça de produção.

- Há coisas que o clube faz e nem faz questão de divulgar. Uma delas, bem resolvida nos bastidores, foi a contratação em definitivo de Miranda, antes emprestado pelo Sochaux. Jorge Wagner, desde já, é prioridade.

- O feeling de que Breno se tornaria o que já é, claramente, era uma convicção dentro do clube. Se livrar de Edcarlos e Alex, dois jogadores estagnados no Morumbi, deu ao garoto ainda mais liberdade. Como se sabe, ele aproveitou muito bem o espaço.

- Os comentários e especulações em torno da sexualidade de Richarlyson foram uma constante no clube. A conduta interna, por mais difícil que pudesse ser, foi correta e deu ao jogador, vital para o título, tranqüilidade para trabalhar.

- Com o título garantido, o São Paulo, antes de muita gente, já pinça reforços. Contando com negociações inevitáveis em maio/junho, é preciso iniciar 2008 com um elenco que dê margem para superar os problemas que irão aparecer. Joílson, Acosta e outros atletas já têm sido procurados.

6 méritos de Muricy Ramalho

- Um dos trunfos do São Paulo é a multi-funcionalidade de quase todos os seus jogadores: Richarlyson (zagueiro, lateral e volante), Alex Silva (zagueiro e lateral), Breno (zagueiro e lateral), Leandro (ala, meia e atacante), Souza (ala, volante e meia), Jorge Wagner (lateral, volante e meia) e Hernanes (ala, volante e meia). Isso, claramente, é mérito do treinador.

- Leandro viveu um início de ano terrível no São Paulo. Problemas pessoais atrapalhavam sua cabeça e contribuíam negativamente dentro de campo. O treinador, como se sabe, foi parceiro. Na filosofia de jogo do time, ele era indispensável. E voltou a ser.

- Outro mérito de Muricy é a solidificação de Hernanes, melhor volante do Campeonato Brasileiro. Hoje, o pernambucano não é mais um curinga qualquer.

- Muricy também deve ser elogiado pela forma com que ultrapassou a difícil fase do início do torneio. Fosse outro, talvez, tivesse entregado os pontos, tamanha foram as insinuações de ingerência sobre o time.

- Mudar de acordo com o adversário é uma prática, por vezes, criticada. O São Paulo fez isso muitas vezes e não se apequenou. Pelo contrário. As variações, como contra o Palmeiras no Parque Antártica, foram sensivelmente benéficas.

- Reconhecidamente um sujeito incansável, e por vezes chato até, Muricy controlou os ânimos do grupo, que jamais esmoreceu. A seqüência de vitórias que empurrou o time até a liderança é prova disso.