A cena é uma das mais emblemáticas que já vi no futebol. O Corinthians acaba de dar adeus ao sonho da Copa Libertadores, contra o Flamengo, e torcedores descem das numeradas para deixar o Pacaembu. Chorando como criança, mais que qualquer outro no espaço, desce também Andrés Sanchez, que assim se dirige até a sala de imprensa e faz um pronunciamento emocionado. Sua melhor atitude: negar os apelos para a queda de Mano Menezes e reformulação no elenco que hoje lidera o Campeonato Brasileiro.
O torcedor de futebol médio não espera que o presidente de seu time seja exatamente íntegro. Para quem acha que vencer com gol roubado é mais gostoso, ter um dirigente que dá porrada em seus rivais é um delírio. E Andrés, convenhamos, sabe jogar para a galera. Foi com estratégias parecidas que Eurico Miranda se manteve no poder Vasco por quase duas décadas. Enquanto ninguém acreditava como isso era possível, os euriquistas eram um grupo enorme dentro de São Januário e espalhado por todo o Brasil.
Andrés e Eurico não são exatamente pessoas parecidas. O corintiano, ao que tudo indica, deixa seu cargo no fim do próximo ano, mas já tem tudo para estar entre os maiores dirigentes da história do Parque São Jorge. Truculento com repórteres, dono de negócios obscuros, amigo e incentivador de Kia Joorabchan, fiel escudeiro de Ricardo Teixeira....ele tinha tudo para ser mais um dirigente à moda antiga. Mas não é.
Em dois anos e alguns meses de cargo, Andrés fez o Corinthians ser superavitário em 2008 e 2009. Transformou um elenco ridículo em um dos mais fortes do país. Atingiu quase R$ 50 milhões anuais em patrocínio de uniforme. Deu espaço para um departamento de marketing que, de tão atuante, chega a ser brega em alguns momentos. Juntou Ronaldo e Roberto Carlos. Não vendeu nenhum jogador para o exterior neste ano. Constrói um Centro de Treinamento exemplar e promete entrar definitivamente para a história se o estádio de Itaquera sair do papel.
De Eurico Miranda, Andrés herdou o lado bom: com seus problemas e desvios, conquista os torcedores e associados a tal ponto que a oposição sequer tem corpo dentro do Parque São Jorge. Hoje, o presidente corintiano poderá escolher: Rosenberg, Mário Gobbi e André Negão. Um dos três assumirá o clube em 2012. Provavelmente, com um legado enorme para dar sequência. Eis aí a diferença para Eurico.
Um comentário:
Por vezes ele exagera nas brincadeiras com rivais, o que não é recomendável para um presidente.
Abs
Eduardo Lucizano
http://blogdolucizano.blogspot.com/
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