quinta-feira, 4 de novembro de 2010

White Hart Lane: de cemitério a berçário


Cemitério de promessas: foi esse o rótulo que o Tottenham ganhou por pagar muito a jogadores promissores que quase nunca davam em nada. Casos de Prince Boateng, Taarabt, Postiga, Kanouté, Rebrov e tantos outros. Mas a afirmação do atual time de Harry Redknapp, responsável por uma expressiva vitória continental sobre a Internazionale na terça, vai justamente de encontro a essa sátira que orbitou por anos no entorno de White Hart Lane. Jogadores como o magistral Gareth Bale, o inventor Modric, o lépido Lennon, o gerente Huddlestone e até o estabanado Kaboul são os responsáveis pela fase incrível do Spurs.

Em comum entre todos eles o fato de serem jogadores em afirmação, o que se ratificou contra a Inter em White Hart Lane. Modric está cada vez mais habituado às funções de meia central, função que tardou a ocupar por seu estilo pouco combativo para a Premier League. Por ali, tem a visão periférica ampla para dar passes lindos como o que permitiu a Van der Vaart inaugurar o marcador contra a atual campeã europeia.

O que dizer então sobre Gareth Bale? Autor de três gols no San Siro, ele reencontrou a Inter e engoliu o melhor lateral direito do futebol mundial com extrema naturalidade. O galês, por quem os Spurs pagaram uma quantia razoável há três anos, reencontrou o futebol que encheu os torcedores do Tottenham de expectativa em sua chegada. Teve sérias lesões, perdeu a confiança, mas com Redknapp se projeta como uma das grandes figuras da temporada após ter participação decisiva na volta de sua equipe à Liga dos Campeões em 2009/10. Arrassou Arsenal e Chelsea na mesma semana, por exemplo, na última Premier League.

O crescimento de nomes como Modric e Bale, potenciais jogadores de classe mundial, faz o Tottenham sonhar grande, de acordo com suas tradições. Até faz o time gastar menos, contrariando a lógica recente da extravagante direção do presidente Daniel Levy. Na última janela, os Spurs abriram o caixa para a saída de "apenas" 20 milhões de euros - foi o mercado mais modesto do clube em oito anos.

Não quer dizer, porém, que o Tottenham não esteja atento. Metade do investimento foi feito em Sandro, a melhor aposta para o futuro a se fazer na classe de jovens volantes brasileiros. Campeão da Libertadores e virtual titular nos Jogos Olímpicos de Londres, o colorado tem tudo para ser mais um a crescer e se afirmar no White Hart Lane. De cemitério de promessas, se tornou o berçário para craques como Bale e Modric.

3 comentários:

André Augusto disse...

Muito bem posta essa comparação. Aos poucos, o Tottenham vai tentando se "desestatigmizar" da fama das últimas décadas. Destaco Modric, Bale, Lennon e até uma "melhoria" de jogadores não tão técnicos, como o Crouch. Ao Sandro, basta uma sequência, pois tem bola pra gastar no futebol inglês.

minicritico disse...

Não nos esqueçamos do foguete molhado mor, Giovanni dos Santos.

O autor disse...

Dassler,

Já venho acompanhando seu blog há um tempo, mas esqueci de propor uma parceria de links? Topa?

O meu é: http://boleiragemtatica.wordpress.com

Quanto ao Tottenham, vale lembrar que o clube é adepto infalível da política de buscar jovens talentos pelo mundo. Lembra um pouco a política de Arsène Wenger.

Abração