terça-feira, 30 de março de 2010

O Guarani era mesmo um time de aluguel


Causou espanto em muita gente quando Osvaldo Alvarez, o popular Vadão, disse que o Guarani de 2009 era um time de aluguel. A declaração foi dada dias antes da confirmação de um improvável acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, Vadão recebeu um elenco que havia caído para a Série A-2 do Paulistão e fez um árduo garimpo pelo interior de São Paulo e centros ainda menores. O que acontece com o Bugre em 2010 dá razão ao treinador.

O Guarani simplesmente perdeu praticamente todos os seus bons jogadores da equipe que foi vice-campeã da última Série B. Na disputa da Série A-2, que terminou sua primeira fase no último domingo, acabou na 14ª posição e até a rodada final corria risco de rebaixamento para a terceira divisão estadual. Em 2010, perdeu mais que ganhou: oito vitórias, cinco empates e nove derrotas, somando a Copa do Brasil.

Vadão surpreendentemente não é um dos nove treinadores de Série A demitidos neste ano, mas tem uma tarefa árdua para o Brasileiro: remontar um time capaz de não cair no Brasileirão.

Veja o destino de alguns dos titulares da Série B:

Maranhão - Santos
Bruno Aguiar - Santos
Márcio Alemão - Ipatinga
Andrezinho - Botafogo-SP
Eduardo - Palmeiras
Glauber - Portuguesa
Rodriguinho - Santos
Caíque - Vasco
Nei Paraíba - Leixões (POR)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Os volantes do Corinthians e os meias do São Paulo


Muito do que aconteceu no Pacaembu pode ser compreendido por uma análise: o meio-campo de Mano Menezes para o clássico com o São Paulo teve três volantes: Ralf preso, Elias saindo sempre pela direita, Jucilei mais defensivo à esquerda. O meio-campo de Ricardo Gomes, pelo contrário, três meias: Cléber Santana por dentro, meio preso, Hernanes armando pela direita, Léo Lima mais à esquerda.

Em campo, o São Paulo foi o time que tocou a bola (448 passes, 56% de posse) e encontrou poucos espaços para finalizar – dificilmente se lembrará de uma boa defesa de Rafael Santos, por exemplo. O Corinthians dos volantes é o contrário: um massacre nos desarmes, com 37 roubadas do time de Mano contra 14 do time de Ricardo Gomes.

E o retrato do clássico é justamente esse: o São Paulo passando a bola e sendo pouco incisivo, tanto que encontrou dois de seus gols na bola parada, e o Corinthians desarmando sempre e espetando bolas para Danilo, Dentinho e Ronaldo, sempre com a chegada de surpresa de Elias.

De certa forma, um retrato da personalidade dos treinadores: Ricardo Gomes, cujo time vibra pouco e perdeu todos os clássicos em 2010, e Mano Menezes, sempre competitivo ao extremo nos jogos importantes.

A fera em seu território


Carlos Alberto, o nome do clássico Vasco e Fluminense, brilhou em circunstâncias muito próprias de seu futebol. O gol para Dodô surge na bola roubada por Coutinho e no contra-ataque que Carlos liga perfeitamente, em velocidade. O gol para Fagner, em nova assistência dele, agora driblando perto da área e abrindo a defesa do Flu.

Não foi por acaso que Carlos Alberto brilhou quando esteve ao lado de José Mourinho. No Porto, campeão europeu de 2004, o meia de origem jogava no ataque – à frente de Deco, atrás do centroavante, fosse ele Benny McCarthy ou Derlei. Quando atua longe da área, Carlos tem enorme dificuldade em soltar a bola rápido, em acelerar o jogo, em entender o momento do drible agudo ou da definição.

Contra o Fluminense, Carlos Alberto atuou protegido por três volantes, a melhor formação para o Vasco empurrá-lo para perto do ataque e dar fluidez de jogo pelas duas laterais. De Carlos não se pode tirar a jogada individual: foi o jogador que sofreu mais faltas, foi quem perdeu a posse de bola mais vezes, o segundo a driblar mais.

E claro: o mais decisivo, com dois passes perfeitos para gol. Muito porque teve a bola nas circunstâncias que precisa para brilhar.

domingo, 28 de março de 2010

O melhor da Roma não vai para a Copa do Mundo


O gol da vitória saiu do pé de Luca Toni, que venceu com sobras o duelo particular com Lúcio, em grande temporada. O gol inaugural veio com De Rossi - o sexto na Serie A. Essa foi a Roma, de grande demonstração de força sobre uma Internazionale abnegada. Roma invicta há 21 partidas, período com 16 vitórias, e pronta para disputar o título italiano. Acima de tudo, a Roma de David Pizarro.

Impressionante a participação do volante chileno na vitória sobre a tetracampeã Inter. Pizarro driblou com a categoria de um latino e desarmou como um Gattuso ou um Gentile. O crescimento dele, em baixa ao fim da Era Spalletti, é um dos sintomas da chegada de Claudio Ranieri. O campeonato todo de David é ponto alto da campanha romanista: são dois gols e sete assistências no Italiano.

Em junho, Pizarro estará com 30 anos, mas não vai para a Copa do Mundo. Desde 2005 ele não veste a camisa da seleção chilena, descontente com a postura dos colegas. Até a presidente do país, Michelle Bachelet apelou por seu retorno, mas David segue irredutível e reafirmou sua posição ao fim de 2009. Em alta na Roma, é desfalque sentido no time de Marcelo Bielsa, possível adversário do Brasil nas oitavas de final.

O novo Ronaldo?


É verdade que o Corinthians pensou e ainda pensa em um goleiro experiente para fazer sombra a Felipe - Harlei, do Goiás, para ser mais exato. Mas há também no clube uma corrente forte pelo jovem Rafael Santos, nascido em 1989.

Muitos veem nele potencial suficiente para ser o novo Ronaldo, ídolo máximo do gol corintiano nas últimas décadas. Seu sucesso também esconderia fiascos dos anos recentes como Marcelo, Rubinho, Renato e Yamada, entre outros goleiros da base.

Rafael joga contra o São Paulo nesta tarde - Felipe, lesionado, é desfalque - para dar uma resposta à intenção de o clube contratar um novo goleiro. Bicampeão paulista juvenil em 2006 e 2007, ele tem personalidade muito forte e é do tipo que "narra o jogo". Da defesa, orienta todos sem muito pudor.

Atualmente já é possível dizer que Rafael Santos vai superando o concorrente Júlio César, mais velho, mais experiente, mas também mais instável. Na maioria dos jogos de 2010, é ele quem fica no banco. Uma grande participação no clássico, e até em um possível jogo contra o Cerro na quinta, pode afastar Harlei do Corinthians. Potencial, o jovem arqueiro tem.

Os 5 jogos de Rafael pelo Corinthians


29/11/2008 - América-RN 2 x 0 Corinthians
19/08/2009 - Inter 1 x 2 Corinthians
26/08/2009 - Barueri 2 x 2 Corinthians
21/11/2009 - Corinthians 2 x 3 Náutico
20/02/2010 - Corinthians 0 x 0 Rio Branco

quinta-feira, 25 de março de 2010

Estaduais, mas também pode chamar de máquina de moer carne


Costuma se dizer que os campeonatos estaduais valem muito pouco, mas a temporada 2010 vai provando justamente o contrário no futebol brasileiro. A queda de treinadores de Série A inflacionou um bocado neste ano e, dos 20 clubes da primeira divisão, oito já trocaram de comandante. O último foi Vagner Mancini, sacado do Vasco após perder para o Americano.

Na mesma altura da temporada dos últimos dois anos, eram quatro demitidos (2008) e cinco (2009) - ou seja, o índice dobrou. Como é contado até o fim do mês, Fossati, no Inter, e Vadão, no Guarani, que se cuidem.

O Campeonato Espanhol, que também tem 20 clubes, chegou a oito demitidos na última semana com a saída de Manolo Jiménez do Sevilla, mas isso demorou sete meses a ocorrer. Mais que o dobro do tempo em relação ao futebol brasileiro.

O nome que impressiona da lista é justamente Mancini, que troca de clube no primeiro trimestre pelo terceiro ano seguido. Em 2009, deixou o Vitória para trabalhar no Santos. Em 2008, caiu no Grêmio após quatro vitórias e dois empates, dando lugar para Celso Roth na época.

Desta vez, no Vasco, Roth também parece o mais cotado para o lugar de Mancini.

Trocaram de emprego entre janeiro e março de 2008 - 4 treinadores:
Vadão (Vitória), Vagner Mancini (Grêmio), Emerson Ávila (Ipatinga) e Alfredo Sampaio (Vasco)

Trocaram de emprego entre janeiro e março de 2009 - 5 treinadores:
Vágner Mancini (Vitória), Roberto Fernandes (Náutico), Toninho Moura (Barueri), René Simões (Fluminense) e Márcio Fernandes (Santos)

Trocaram de emprego entre janeiro e março de 2010 - 8 treinadores:
Hélio dos Anjos (Goiás), Artur Neto (Atlético-GO), René Simões (Ceará), Antonio Lopes (Atlético-PR), Vinícius Eutrópio (Barueri), Vágner Mancini (Vasco), Estevam Soares (Botafogo) e Muricy Ramalho (Palmeiras)

terça-feira, 23 de março de 2010

O que penso sobre as polêmicas no Santos

Contrariando o perfil deste blog, esse é um post a ser escrito em primeira pessoa - logo, muito mais opinativo que qualquer outro. Quem acompanha meu trabalho, ou simplesmente lê o Terra, a Revista Placar e o Olheiros, de uns tempos para cá, tem acompanhado notícias importantes acerca do Santos Futebol Clube. Muitas delas em conjunto com o amigo Samir Carvalho, colega de classe de longa data dos tempos de FaAC e destaque absoluto em informações na imprensa da Baixada Santista.

Disponibilizei informações importantes a respeito do domínio do Grupo Sonda sobre a base do Santos - por exemplo, o parceiro tem 40% de Neymar, 50% de Paulo Henrique Ganso e 25% de André. Curiosamente, a matéria foi publicada dias antes da eleição no clube, o que desesperou gente ligada ao ex-presidente Marcelo Teixeira.

Em primeira mão na grande imprensa, também demos voz ao ilustre Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro. Samir e eu nos encontramos com ele, ainda sem candidatura oficializada, no Shopping Miramar, em Santos. Não era nosso papel, mas estava claro que a política santista precisava de oxigenação após quase 10 anos com Teixeira. O corpo de eleitores do clube cresceu em relação aos últimos pleitos e Luis derrubou o império de seu antecessor.

Recentemente, obtive informações importantes e, novamente com Samir, mostrei em primeira mão a ligação de agentes próximos a Kia nas vindas de Zezinho e Alex Sandro. Na última semana, o Terra mostrou que Robinho tinha o salário atrasado e também que estava indignado, assim como parte do elenco, com o sistema de premiação. São informações verdadeiras, não boato. Asseguro.

Então, para chegar ao ponto importante: nos últimos dias, fui bombardeado com mensagens ofensivas via internet, inclusive aqui, em que se dizia até sobre uma suposta ligação com o antigo presidente do Santos. Uma mensagem até questionava se eu já havia descido a Serra do Mar até a Baixada. Oras, é meu caminho diário, de ida e vinda, para o trabalho.

Ressalto que não há nada pessoal contra os santistas nem contra qualquer dirigente em particular do clube. Meu trabalho é pela verdade, seja sobre o Corinthians, o Palmeiras, o Flamengo ou o Paysandu. É o tipo de jornalismo que faço.

Pessoalmente, torço para que Luis Alvaro, uma figura honesta e bastante agradável, afaste de seu entorno essas nuvens todas, e que possamos falar apenas de Neymar e companhia quando o assunto for sobre o Santos. Me preocupa ouvir agora, por exemplo, que Pini Zahavi é que quer levar o garoto para o Chelsea. Zahavi, todos sabem, é outro ligado a Kia.

Messi: bem acima de Ronaldinho Gaúcho


Os dois grandes anos de Ronaldinho no Barcelona, entre 2004 e 2006, não são suficientes para superar o que tem feito o argentino Lionel Messi, já intitulado "Rei do Barça". Autor de três gols contra o Zaragoza no domingo, Messi chegou a números impressionantes e bastante acima do que conseguiu o brasileiro a serviço do clube catalão.

Em sua primeira grande temporada, a 2004/05, Ronaldinho disputou 40 jogos na soma de Campeonato Espanhol e Liga dos Campeões. Nesse período, anotou 13 gols e ofereceu 10 assistências. O brasileiro atuava como ponta esquerda, treinado pelo holandês Frank Rijkaard, e tinha 25 anos.

Já em 2005/06, ano do bicampeonato espanhol e do título da Liga dos Campeões, Ronaldinho disputou 41 partidas. Nesse período, aumentou sua média de gols, chegando a 24, e ainda ofereceu seis assistências.

Na comparação com Ronaldinho, seu amigo dos tempos de Barcelona, Lionel Messi atropela também somando Liga dos Campeões e Campeonato Espanhol: em 2008/09, temporada coroada por três títulos, o argentino disputou 43 jogos. Jogando na ponta direita e três anos mais jovem, marcou um total de 32 gols e 16 assistências.

Em 2009/10, ainda há 11 jogos do Campeonato Espanhol por fazer e de dois a cinco pela Liga dos Campeões, mas Messi já deixou Ronaldinho muito para trás: são 29 gols em 31 partidas, além de oito assistências.

Comparação total:

Ronaldinho: 81 jogos, 37 gols e 16 assistências
Messi: 74 jogos, 61 gols e 24 assistências

- Publicado no Terra

sábado, 20 de março de 2010

Quem já venceu a Liga dos Campeões na casa do maior rival?

O Ajax e a taça das orelhas: só eles venceram na casa do rival


Catalães e madrilenos já se agitam com a possibilidade de o Barcelona decidir a Liga dos Campeões no Santiago Bernabéu. O sorteio da Uefa colocou os azuis-grenás do lado visitante, o que indica que, em caso de chegar até a final, o time responsável por tentar impedir o bi europeu do Barça usará o vestiário do Real Madrid. E afinal, quem já venceu a competição na casa do principal rival?

A única vez que isso de fato ocorreu foi na temporada 1971/72: no Feijenoord Stadion, o Ajax conquistou o segundo de sua genuína trinca de títulos europeus. A rivalidade entre Amsterdã e Roterdã é histórica e foi na cidade do principal rival que os Godenzonen derrotaram a Internazionale, com Facchetti na defesa e o brasileiro Jair da Costa mais à frente. A partida terminou 2 a 0, ambos os gols de um certo Johan Cruyff.

A Inter, entretanto, tem a honra de ter sido um dos únicos dois a vencer a competição em casa. Foi em 1964/65 - 1 a 0 sobre o Benfica de Eusébio e Coluna, gol do próprio Jair da Costa. O Real Madrid, que gostaria de vencer no Bernabéu nesta temporada, foi o outro a atingir o feito: em 1957, 2 a 0 sobre a Fiorentina de Julinho Botelho, gols de Di Stéfano e Gento, as feras do time.

Atual campeão, o Barcelona é o principal candidato ao título que será disputado no Bernabéu -Manchester United, Internazionale e Arsenal, nesta ordem, são os que podem atrapalhar. É também na casa do Real Madrid que o time de Messi pode conseguir outra taça: a do Campeonato Espanhol, a ser definida na casa do Real: 11 de abril, na 31ª rodada.

- Ficha
31/05/72 - Ajax 2 x 0 Internazionale

Ajax: Stuy; Suurbier, Hulshoff, Blankenburg e Krol; Haan, Neeskens e Mühren; Cruyff, Keizer e Swart - Téc: Stefan Kovacs

Inter: Bordon; Burgnich, Facchetti, Bellugi e Oriali; Giubertoni (Bertini), Bedin e Frustalupi; Jair da Costa (Pellizaro), Sandro Mazzola e Boninsegna - Téc: Giovanni Invernizzi

Gols: Cruyff aos 47min e aos 78min
Árbitro: Robert Helles
Público: 61.354

Corinthians é o mais seguro dos brasileiros na Libertadores

Mano Menezes é o tipo de treinador que muda seu time de acordo com o adversário, sobretudo este ainda inacabado Corinthians. Apesar dessas alterações e do efeito que provocam como às vezes os jogadores ainda não se sentirem parte de um time formado, os corintianos compõem a equipe brasileira mais segura neste início de Copa Libertadores.

A leitura do treinador corintiano para montar a equipe nos dois jogos longe de São Paulo foi bastante precisa. Para enfrentar o Independiente de Medellín, ofensivamente muito forte pela esquerda, Jorge Henrique veio perseguir o lateral canhoto adversário, em um espaço bem preenchido por Jucilei e com Marcelo Mattos fixo como zagueiro-lateral, algo perto de um 4-1-3-2. Foi certeiro em quase toda a partida, mas ainda assim o gol colombiano – impedido por pouca coisa - saiu pelo setor.


No Paraguai, a troca por Moacir, ainda muito instável, ofereceu uma opção ofensiva a mais para o Corinthians, que tomou conta do jogo pelo lado esquerdo, com Danilo e Roberto Carlos. As jogadas do Cerro Porteño eram mais centralizadas, mas foram muito bem controladas pela dupla Jucilei e Ralf, dono de sete desarmes no jogo. O perfil do rival permitiu o retorno ao 4-2-3-1 de sempre. Com um atacante como Dentinho mais próximo, Ronaldo evoluiu um pouco em relação às suas últimas baixas apresentações. Pode e deve melhorar, claro.



O grande defeito do Corinthians nas duas partidas passa pela baixa incisão no ataque. Foram muitas trocas de passe – no Paraguai, a posse de bola foi de 57% -, mas poucas finalizações. Embora controlando a partida quase sempre, faltou envolver o adversário, mantê-lo na defesa, mostrar a ele qual equipe era superior.

Em suas avaliações, Mano Menezes provavelmente pense que isso é um ponto para a equipe evoluir, mas ainda assim o Corinthians da Libertadores é um time seguro e consciente. Dificilmente, capaz de cometer deslizes como em suas últimas participações no torneio. Até aqui, mais confiável que todos os outros brasileiros.

terça-feira, 9 de março de 2010

Breve pausa

Amigos, tirarei um tempo fora disso para resolver alguns problemas e para aproveitar uma semana de folga.

Retorno no dia 22 desse mês.


Um abraço a todos

sexta-feira, 5 de março de 2010

Santos muito perto de romper barreira maldita*


Se bater a Portuguesa dentro do Canindé no próximo domingo, o Santos deixará Corinthians, Palmeiras e São Paulo para trás em sequências de vitórias. Já são 10 triunfos consecutivos da equipe santista e, na última década, nenhum dos rivais santistas conseguiu 11 vitórias seguidas, esbarrando sempre no "maldito" número 10.

Em 2001, o Corinthians conseguiu uma campanha impressionante de recuperação no Campeonato Paulista, saindo da zona de rebaixamento até o título. Na ocasião, a equipe dirigida por Vanderlei Luxemburgo atingiu 10 vitórias, somando três pela Copa do Brasil, mas caiu contra o São Paulo no 11º jogo, perdendo por 3 a 1.

Luxemburgo também era o treinador à frente do Palmeiras quando, em 2008, acumulou 10 vitórias consecutivas ao longo da campanha do título paulista, intercalando também dois jogos pela Copa do Brasil. O fim da sequência foi contra o mesmo São Paulo, que venceu o jogo de ida das semifinais do Estadual, jogo marcado por gol de Adriano com o braço.

O Santos foi o responsável por quebrar a sequência de 10 vitórias do São Paulo em 2002. Ao contrário dos rivais, a equipe de Kaká e Ricardinho obteve tal marca no Campeonato Brasileiro, mas caiu diante de Diego e Robinho, duas vezes, no mata-mata daquela Série A.

Ao contrário de seus rivais, o Santos não conseguiu uma sequência de 10 vitórias seguidas na última década. O máximo que alcançou foi em 2007, com nove triunfos com Vanderlei Luxemburgo no comando.

As 10 vitórias do Corinthians
Inter de Limeira 1 x 2 Corinthians
Corinthians 5 x 0 Santos
Joinville 1 x 3 Corinthians
Mogi Mirim 0 x 3 Corinthians
União Barbarense 3 x 4 Corinthians
Goiânia 0 x 1 Corinthians
Corinthians 5 x 2 Portuguesa
Corinthians 3 x 1 Goiânia
Botafogo-SP 1 x 5 Corinthians
Corinthians 3 x 2 União São João

As 10 vitórias do Palmeiras
Cene 0 x 2 Palmeiras
Palmeiras 1 x 0 Corinthians
Bragantino 2 x 5 Palmeiras
Palmeiras 2 x 1 Ponte Preta
Palmeiras 4 x 1 São Paulo
Paulista 0 x 2 Palmeiras
Palmeiras 1 x 0 Portuguesa
Palmeiras 3 x 1 São Caetano
Central 1 x 5 Palmeiras
Barueri 0 x 3 Palmeiras

As 10 vitórias do São Paulo
Flamengo 2 x 3 São Paulo
São Paulo 3 x 1 Coritiba
Figueirense 0 x 3 São Paulo
São Paulo 3 x 2 Santos
Guarani 1 x 2 São Paulo
Portuguesa 1 x 3 São Paulo
São Paulo 5 x 2 Ponte Preta
São Paulo 5 x 3 Vasco
São Paulo 3 x 2 Vitória
Botafogo 0 x 1 São Paulo

* Originalmente no Terra

quinta-feira, 4 de março de 2010

Momento ou continuidade, Maradona ou Dunga


Muitas coisas mudam muitas vezes em quatro anos. No tempo em que Zagallo comandava a seleção, costumava-se criticá-lo por acumular bem mais de 100 jogadores convocados nesse período. Dunga chegará na lista da Copa com 85 nomes lembrados, mas o claro prêmio à regularidade com a camisa amarela desde a estreia contra a Noruega em 2006.

De última hora, sopram aos seus ouvidos os nomes de jogadores que vivem grande fase, mas que não estiveram dentro da tal regularidade. Ronaldinho Gaúcho é o principal, mas também se pede Alexandre Pato, Neymar e até mesmo Paulo Henrique Ganso. Grafite, que entrou bem contra a Irlanda em sua primeira e única chance, deve tirar o sono de Dunga. Cegamente, o técnico confia em Josué, Doni e Júlio Baptista, nomes em queda livre. É o prêmio à continuidade, que também engloba praticamente o mesmo sistema tático.

De fato, independente dos momentos que vivem em seus clubes, os contestados de Dunga podem e devem compor um time forte na Copa. É outra camisa, é outro treinador, é a química mundialista. No meio do caminho, também haverá um tempo razoável para os ajustes em treinos, jogos e para uma aclimatação. Dunga pode vencer desprezando o momento de quem joga muito nestes meses de 2010.

Situação completamente oposta vive Maradona. A albiceleste, no mesmo período, teve Alfio Basile em primeiro lugar com um sistema todo montado em cima de Riquelme, hoje uma realidade que não existe para El Pibe. Diego, aliás, já chamou mais de 100 jogadores, testou inúmeros sistemas e, a 100 dias da Copa, achou um time.

Tão importante quanto vencer a Alemanha em solo germânico foi encontrar respostas positivas em alguns setores, como a zaga com Demichelis e Samuel (não há melhor opção), o meio-campo forte e lutador apostando em Verón e o ataque rápido para o bote com Messi e Higuaín, o melhor atacante puro da Argentina hoje. As laterais, eterno calcanhar de Aquiles, é que merecem atenção – e Javier Zanetti.

Diferente dos times argentinos que foram às últimas Copas, a Argentina de agora parece ter identidade para a competição e não para o show. Resolver a parada fica para os homens de frente, ainda muito talentosos. Uma receita, sem qualquer continuidade, que Maradona conhece bem e resultou no bicampeonato em 1986.

Todos os convocados por Dunga:

Goleiros:
Gomes, Doni, Julio Cesar, Renan, Helton, Fábio, Diego Alves, Victor e Cássio

Laterais direitos: Maicon, Léo Moura, Rafinha, Daniel Alves, Cicinho e Ilsinho

Laterais esquerdos: Kléber, Marcelo, Carlinhos, Gilberto, Adriano Correia, André Santos, Juan, Filipe Luís, Michel Bastos, Richarlyson e Fábio Aurélio

Zagueiros: Luisão, Lúcio, Thiago Silva, Miranda, Juan, Edu Dracena, Naldo, Breno, Gladstone, Alex Costa, Alex Silva, Léo, André Dias e Henrique

Volantes: Edmílson, Josué, Gilberto Silva, Hernanes, Mineiro, Jônatas, Lucas, Tinga, Denílson, Dudu Cearense, Fernando Menegazzo, Felipe Melo, Ramires, Kléberson e Sandro

Meias: Elano, Daniel Carvalho, Morais, Wagner, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Diego, Júlio Baptista, Anderson, Thiago Neves, Mancini, Alex, Diego Souza, Cleiton Xavier e Carlos Eduardo

Atacantes: Afonso Alves, Jô, Robinho, Fred, Adriano, Ricardo Oliveira, Rafael Sobis, Vagner Love, Pato, Luís Fabiano, Bobô, Nilmar, Diego Tardelli, Hulk e Grafite

O capitão que Capello quer


No amistoso desta quarta contra o Egito, com vitória por 3 a 1 em Wembley, Gerrard foi o primeiro capitão do English Team após o escândalo Terry-Bridge. A braçadeira, no entanto, será de Rio Ferdinand, ausente da partida por conta de uma lesão nas costas. Ele é exemplo do que pretende Fabio Capello para encerrar a sina de fracasso dos ingleses em grandes torneios, no que será provavelmente o último Mundial de Beckham, Gerrard, Lampard, Terry e dele próprio, os cinco integrantes da geração de ouro inglesa.

Em entrevista exclusiva ao Guardian, assinada por Stephen Moss, Rio Ferdinand mostra a seriedade que dá desespero aos tablóides sensacionalistas britânicos, mas um alento para uma equipe também famosa pelo desastre em suas recentes preparações. Se Dunga quer esquecer Weggis, os ingleses também elegeram esse como um problema na Alemanha. “O circo que nos seguiu foi uma piada e não quero vê-lo novamente”, critica Rio.

Ele também elogia Capello com entusiasmo e o compara a Alex Ferguson. “Brilhante, sério, com ele é preto no branco. Você sabe exatamente o que ele quer de você antes de entrar em campo e isso nos faltou nas últimas campanhas”, diz Ferdinand, que em outros trechos da entrevista se refere a Eriksson e Steve McLaren.

Na Inglaterra, há certo temor pela lesão nas costas de Ferdinand, que assegura estar 100% em breve. Restam ainda assim dúvidas na defesa, e Capello sinalizou com respostas diante do Egito. Green no gol, abdicando da experiência de David James e da boa fase de Hart. Para a lateral esquerda, sem o contundido Ashley Cole, o testado foi Baines, do Everton. Na frente, Defoe iniciou ao lado de Rooney, que segundo o italiano sempre terá um parceiro e não jogará só como no United. Nenhum dos dois brilhou, mas sim Peter Crouch, dois gols.

O English Team, a despeito dos problemas de Terry, chega firme para tentar sua segunda Copa confiando principalmente na competência e na seriedade de seu treinador. Contra o Egito, o italiano somou sua vitória de número 15 em 21 jogos, com ainda dois empates e quatro derrotas a serem relativizadas: em amistoso sem graça contra o Brasil, contra a Ucrânia com reservas nas Eliminatórias, e contra Espanha e França ainda no início de Capello.

- Leia entrevista de Rio Ferdinand
- Todos os jogos da Inglaterra com Capello (estreia 03/08)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Neverkusen


O Bayer Leverkusen quebrou um recorde histórico da Bundesliga ao empatar contra o Colônia no último sábado, o que representou 24 partidas sem perder na temporada do Alemão. Única equipe a não perder em uma grande liga europeia em 2009/10, o time das aspirinas tem no comando o experimentado Juup Heynckes. Justamente, o dono do recorde anterior sob o comando do Bayern de Munique na distante época 88/89.

A prova de que os números muitas vezes não dizem tudo é que certamente Heynckes não terminou o fim de semana feliz, apesar da marca incrível superada. No domingo, o Bayern de Munique ganhou do Hamburgo com um golaço de Ribery e atingiu 10 vitórias e um empate em 11 jogos pela mesma Bundesliga. Com a sequência inacreditável, assumiu a ponta pela primeira vez e dá a impressão de que não vai mais largar.

Apesar da perda do título soar como bem possível para o Leverkusen, não dá para dizer que Heynckes fracassaria, já que os bávaros estão um patamar acima em quase todos os fatores. Juup deu mais consistência a um time que já era bom com Bruno Labadia, mas falhava em vencer os jogos.

O Bayer desta temporada vence mais partidas que pode, mesmo desfalcado do selecionável Rolfes, com grave lesão. Conta com as grandes fases de Derdiyok, Kiessling, a ótima revelação Reinartz e principalmente Toni Kroos, o nome do campeonato com nove gols e oito assistências em 24 partidas disputadas nas 24 rodadas da competição.

A sina do Leverkusen, no entanto, deve prosseguir: em 105 anos de vida, jamais venceu o Campeonato Alemão.

O exército de Neymar*


Fala Neymar: "Ele (Chicão) me xingou e falou que ia começar a bater de verdade em mim. Eu falei: 'vem, quero ver você me achar'". A afirmação do jovem talento santista, logo após o fim do clássico contra o Corinthians, ilustra bem o desempenho ofensivo do Santos, também favorecido pelos problemas defensivos da equipe corintiana, até então a mais eficiente do Campeonato Paulista nesse quesito.

De acordo com dados do Footstats, Neymar foi destaque do clássico em alguns fundamentos. Entre os santistas, o atacante foi quem mais driblou (três), finalizou (três) e recebeu faltas (cinco), além de ser o terceiro com mais tempo de posse de bola (1min24s). Apesar de perder um pênalti, defendido por Felipe, fez um gol e ofereceu uma assistência precisa a André.

Grande parceiro de Neymar, Paulo Henrique Ganso também teve exibição marcante na Vila Belmiro. Deu 49 passes, sendo 44 corretos, e assim foi o jogador mais acionado na partida - também recebeu quatro faltas. Se mostrou fundamental também na marcação e, com quatro desarmes, foi o segundo maior ladrão de bolas do clássico.

Em meio a reclamações pelo excesso de faltas marcadas pelo árbitro José Henrique de Carvalho, o Corinthians teve dificuldades na marcação. Dos 10 jogos disputados pelo Campeonato Paulista, o contra o Santos foi o segundo em que a equipe de Mano Menezes conseguiu desarmar menos (17) e a que cometeu mais faltas (22).

Principais marcadores da equipe, Alessandro e Ralf foram sacados no intervalo sem conseguir nenhum desarme. O retrato do desempenho do lateral direito corintiano é o gol de Neymar, que recebe na grande área, gira e bate sem receber nenhum contato do seu principal perseguidor na jogada.

Os nomes de Alessandro e Ralf não aparecem à toa: eram os jogadores que batiam na marcação a Neymar e Paulo Henrique Ganso, respectivamente. Depois das substituições no intervalo, o Corinthians melhorou no jogo e conseguiu equilibrar mais ações, mesmo que com dois jogadores a menos a partir das expulsões de Roberto Carlos e Moacir.

* Publicado no Terra